A MULHER DO VÉU por Danka Maia
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Conto,
Danka Maia
A avó
de Tashiro perpetuando suas origens nipônicas contou-lhe inúmeras vezes sobre a
lenda dos contos das cem velas. O jogo das cem velas é um jogo muito
desconhecido no Brasil; é um jogo do folclore japonês, porém, as palavras Hyaku
Monogatari (nome original do jogo) traduzidas significam: "Cem histórias
de fantasmas" onde cem velas precisam ser acesas num círculo e só podem
ser apagadas a cada conto de terror contado. E na finda das cem velas
abrandadas a mulher do véu surgiria para recolher cada flama que fora acesa e
distribuir na escuridão dos espíritos sem luz e perdidos. No término do
jogo terá os 100 espíritos das histórias
ao redor do espaço onde foi feito o jogo, e não se pode desistir e sair da sala
se não algo de ruim vai acontecer com os participante.
A
questão é que Tashiro nos seus lindos dezesseis anos nunca levou a sério o que
a avó lhe contara, quando criança sim, jurava que certa vez teria inclusive
visto a tal mulher recolhendo as velas no quintal de sua casa onde seus avós
faziam o ritual para reverenciar seus ancestrais. Naquela noite deveria estar
atento aos sinais, estavam lá.O vento repentino que correu acima de nuca,a
sombra que brotou de relance no canto do
olho esquerdo, a súbita virada de pé que uma de suas amigas tivera do nada na
grama do cemitério escolhido.É curioso que as pessoas reclamem que certos fatos
deveriam ser alertados, porém são, as vezes nossa bestialidade intelectual e
nossa arrogância humana não nos permite nota-la na sutileza de sua existência.
Ele e alguns amigos acenderam as velas,
contaram as regras e começaram a contar as histórias. E assim foi até dar 01:00
hora da manhã na qual só sobraram uma vela. Tashiro contou uma história e a
apagou, ficando totalmente no escuro. Avistaram uma luz no fim da encruzilhada
entre dois mausoléus, creram que estávamos brincando, só que não tinha ninguém
lá. Particularmente o adolescente ficou com medo da luz, era madrugada e
estavam sozinhos no campo santo, então tomou coragem e falou:
- Tem alguém ai?
Ouviram um barulho na lápide, parecendo ser
um sim. Ouviram uma voz dizendo: "Somos cem".O amigo Rubens,
apavorado saiu correndo do local, e lembrada coisa ruim Tashiro disse no
começo? Não se pode sair de qualquer jeito? Aconteceu. John outro amigo, voltou
estranho, não falando coisa com coisa, e até que falou: "Somos cem".
Então o menino olhou para os meus amigos apavorado:
- Gente acho que tem um jeito de sair desse
jogo, Mike acende uma vela.
- Não quero mais jogar isso! - disse ele.
- Não é para jogar! - Tashiro rogou.- É para
nos libertarmos do jogo em paz.
Mas devido todo frenesi correram, correram
muito todos simplesmente apavorados.No fim da
rua de trás do cemitério, o menino tentava segurar John,ainda muito
esquisito quase dois carros o pegaram, no entanto no fim da segunda rua não viu mais o amigo.Tudo era breu.Tudo era
frio e só.Decidiu volver o cemitério na esperança de achar Rubens e as
meninas,todavia somente ela a mulher de véu jazia ali .Serena, medonha
recolhendo vela por vela.Quis se desvencilhar dela, entretanto alguma coisa o
puxava em sua direção foi quando sua cabeça virou na direção dele e veio
caminhando em passos flutuantes ,estendeu a mão dando-lhe uma vela.
_Segure, vai precisar.
Confuso correu para longe dela,mas bastou
dois dias para que Tashiro alcançasse o intento da aparição.Era o funeral de
sua avó que morrera queimada naquela madrugada num incêndio muito emblemático
em sua residência.Ao lado do caixão ,na hora da despedida o garoto colocou
aquela vela na esperança que ela alumiasse o caminho do espírito de sua avó,
que muitas vezes o alertara e que aceitasse aquele regalo macabro para apaziguar a escuridão que se
encontrara pela morte precoce e descabida,frutos da sua falta de obediência e
ousadia.
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3 comments:
Sempre de arrepiar, estes seus contos, Danka! Não olharei para o nº 100 da mesma forma! :)
beijoca
Danka!
Arrepiei, como a Isa... e ainda não acalmei!
Adorei!
Beijos!
Obrigada amigas! Mas confesso, até eu temi ao escrever este ai...kkkkkk
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