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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Gabriel Garcia Marquez - A Aventura de Miguel Littín Clandestino no Chile



Decorria o ano de 1985. O Chile vivia sobre a ditadora militar do general Pinochet, umas das mais duras que a América Latina conheceu. Nos doze anos de ditadura que tinha decorrido até então, Pinochet tinha provocado quarenta mil mortos, dois mil desaparecidos e mais de um milhão de exilados. O país vivia um novo estado de sítio, todos os dias as sirenes assinalavam a hora do recolher obrigatório. É nestas condições que Miguel Littín, realizador de cinema e exilado político chileno, decide entrar no país para “filmar clandestinamente um documentário sobre a realidade do Chile”.
Gabriel Garcia Marquez, Prémio Nobel da Literatura 1982, já então um dos autores mais respeitados em todo o mundo, ao ouvir a história contada pelo próprio Miguel Littín aproveita a sua grande projeção mundial para dar uma ajuda ao povo chileno. Assim nasceu este livro, uma aventura verdadeira em que o autor tentou ser o mais realista possível.
“Eu, Miguel Littín, filho de Hernán e de Cristina, realizador de cinema e um dos cinco mil chilenos com proibição de regressar, estava de novo no meu país, ao fim de doze anos de exílio, embora ainda me encontrasse exilado dentro de mim próprio: usava uma identidade falsa, um passaporte falso e até uma esposa falsa.”
As mudanças constantes de hotéis por razões de segurança, as entrevistas a dirigentes da oposição que viviam na clandestinidade, as filmagens dentro do Palácio La Moneda onde Pinochet trabalha, ou a inesperada visita à sua mãe, onde esta não o reconheceu, são apenas algumas das aventuras que teve durante as seis semanas que permaneceu no Chile.
“Assumi a estranha condição de exilado dentro do meu próprio país, que é a mais amarga forma de exílio.”
Entre muitas coisas, Miguel Littín filmou um país onde as pessoas tinham medo de falar, onde o trabalho escasseava e a fome abondava, onde era preciso autorização para filmar na rua, onde os mineiros tinham péssimas condições de trabalho.
“Este não é o feito mais heroico da minha vida mas sim o mais digno”
Um livro cheio de histórias e aventuras e com a incontornável qualidade literária de Garcia Marquez.
Boa leitura…

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9 comentários:

  1. Adoro Gabriel Garcia Marquez. Esta história parece ser muito boa. Vou ler mais esse.

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    Respostas
    1. Olá deise,

      Neste livro não existe o realismo mágico tão característico em GGM, mas a qualidade que nos habituou está bem presente ao longo do livro.
      É um excelente livro para pessoas que queiram saber mais sobre a ditadura militar do General Pinochet e de como é viver num país onde uma ditadura está no poder.

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    2. Olá Tiago!
      Quero agradecer sua visita ao nosso humilde blog do Colégio. Eu sempre aprendo muito aqui com vc e tiro boas ideias. Nosso País, infelizmente também vivenciou uma ditadura e as marcas se fazem presentes na vida de muitas pessoas até hoje. Ainda vai levar muito tempo para se apagar.

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    3. Olá deise,

      Quando nasci o meu país já se tinha libertado da ditadura fascista há cerca de 10 anos. Por isso, o que sei desse período aprendi nos textos de história o através daquilo que as pessoas contam.
      Mais de 35 anos passaram deste a queda do regime, na minha opinião o esquecimento instalou-se nas pessoas, a mente humano tem tendência para esquecer os piores episódios, mas isso pode ser terrível. A sensação que tenho é que hoje não há politica: é o poder económico quem manda. Hoje o lucro está a cima do bem estar das pessoas e por isso para uns terem muitos lucros outros podem passar fome - infelizmente no meu pais existe hoje muitas mais pessoas carenciadas do que havia à 10 anos atrás. Tenho saudades daqueles políticos que construíram a Europa no final da 2º Guerra Mundial. Hoje, eles não existem e as populações sofrem por isso.

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    4. Concordo com você. O Sistema Capitalista é injusto, desumano e desigual.

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  2. Olá Tiago,
    Já li há muito tempo esta história, baseada em factos verídicos, muito bem contada.
    Vou reler.
    Boas leituras.

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  3. Olá Teresa,

    Garcia Marquez, na introdução ao livro diz que tentou ser o mais realista possível.
    Neste livro, tendo em conta os factos retratados não permitiram ao autor fantasiar, brincar com as personagens como tanto gosta. Mas esta obra prova o grande escritor que é, pois cada palavra está no sítio certo, certamente o povo chileno ficou a ganhar com isso.

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  4. Uma história diferente daquelas a que GGM nos habituou, mas com a mesma excelente narrativa de sempre. Gostei bastante desta aventura real de Miguel Littín, contada por GGM.

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  5. Olá tonsdeazul,

    Sim, este livro é bem diferente dos outros livros que conheço de GGM.
    Tinha uma professora que dizia que uma boa fotografia do por do sol era mias bonita que o próprio por do sol. Neste livro pode aplicar-se a mesma logica.

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