A cerimónia de entrega dos Óscares deste ano teve vários momentos interessantes. Se fosse crítico de cinema teria matéria para umas boas páginas; não sendo o caso, fico-me por um pequeníssimo “pormenor” da festa que, dado o limitado “glamour” dos documentários no meio de tal aglomerado de estrelas, poderia passar despercebido.
O Óscar para melhor documentário foi atribuído a "Inside job", de Charles Ferguson e Audrey Marrs, um trabalho que pretende ser um retrato do lamaçal, da podridão, da pulhice e dos crimes que estão na origem da “crise financeira” que ainda atravessamos e sofremos.
Antes de agradecer a toda a gente, como é norma nestas alturas, Charles Ferguson optou por começar o seu discurso dizendo: «Perdoem-me, mas eu preciso começar dizendo que, três anos após a horrível crise financeira causada por uma grande fraude, ainda nenhum executivo foi para a cadeia. E isso está errado!»
Claro que alguns dos presentes o ovacionaram, outros fizeram de conta... mas isso não altera a crua verdade do que ele disse: não há condenados, se exceptuarmos o caso particular de Bernard Madoff, que não passando de um ladrão comum, curiosamente, diz que os bancos - e logo, os seus gestores - foram seus “cúmplices”.
Seja como for, gostei!