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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os 10 Melhores Discos de 2009

1. Vagarosa - Céu

Ritmo e melodia em perfeita harmonia com uma lírica inspirada pela beleza presente nas coisas simples e corriqueiras. Quando o futuro se faz presente incorporando também o passado, a música brasileira de domínio público encontra o século 21.

A todo volume: Bubuia / Cordão da Insônia / Cangote / Comadi

2. Violas de Bronze - Siba e Roberto Corrêa

A tradição da cantoria, reprocessada por Siba, encontra-se e funde-se com as modas de viola peculiares de Roberto Corrêa. Juntos, munidos de violas e rabeca, os dois passeiam por veredas nunca antes exploradas.

A todo volume: Casa de Reza / Nos Gerais

3. São Mateus não é um Lugar Tão Longe Assim - Rodrigo Campos

Nos fim de uma década marcada pela onipresença do samba, na qual os pastiches prevaleceram sobre a originialidade, um paulista surgiu para realmente trazer um sopro de novidade ao mais carioca de todos os gêneros. Suas crônicas da vida na periferia, de lírica pesada e acabamento delicado, soam como se os Racionais se encontrassem com Paulinho da Viola para levar um som.

A todo volume: California Azul / Mangue e Fogo

4. Uhuuu! - Cidadão Instigado

Cada vez mais, Catatau coloca a sua poesia a serviço de uma musicalidade que vai muito além de tentativas de categorização pré-existentes. Nesse disco, as neuroses do cidadão extrapolam questões regionais e locais para ilustrar a paranoia universal.

A todo volume: Homem Velho / Deus é uma Viagem

5. Imã - +2

Nesta trilha para o balé do grupo Corpo, o trio dilui as identidades que se impunham nos três discos anteriores e alcançam a síntese de sua musicalidade e vão além de qualquer fronteira definível.

A todo volume: Sol a Pino / Você Reclama

6. No Chão sem o Chão - Romulo Fróes

Retrato nu e cru de um artista em crise de identidade expondo todas as suas qualidades e os seus defeitos, sem pudores.

A todo volume: O Que Todo Mundo Quer/Ninguém Liga / Caia na Risada

7. Sweet Jardim - Tiê

A melancolia da chanson francesa encontra tradução na língua portuguesa, deixando-se contaminar pelas sutilezas da música brasileira, passando ao largo de suas referências mais óbvias.

A todo volume: Chá Verde / Passarinho

8. Dois Cordões - Alessandra Leão

Três guitarras trançando a rede harmônica sobre a qual Alessandra faz ecoar suas melodias balouçantes com sua voz ao mesmo tempo potente e acolhedora.

A todo volume: Boa Hora / Trancelim

9. Sem Nostalgia - Lucas Santtana

Em termos semânticos, "Sem Nostalgia" é equivalente a "Chega de Saudade". Lucas Santtana fez o Chega de Saudade da geração nascida na primeira década do século 21. O formato voz e violão nunca mais será o mesmo. Ao menos pelos próximos 40 anos.

A todo volume: Cira, Regina e Nana / Cá pra Nós

10. Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos - Otto

Uma alma atormentada faz a trilha solora de um grande amor despedaçado na era das celebridades instantâneas e do fim da privacidade.

A todo volume: Crua / O Leite

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tiê está cada vez mais à vontade

Quando tocou no Rio pela primeira vez, em março, Tiê fez uma apresentação marcada pela tensão. De poucas palavras, com um vestido escuro e sóbrio e maquiagem perfeita, cantou todas as músicas de Sweet Jardim em menos de uma hora para um público acomodado nas mesas distribuídas por um Cinemathèque razoavelmente cheio. A apresentação teria sido impecável, não fosse pela frieza que, diga-se, combina bastante com as suas músicas de arranjos minimalistas e letras confessionais.

Duas apresentações depois, a cantora que voltou ao Rio para sua terceira apresentação no mesmo Cinemathèque parecia outra. Era a mesma, estava apenas mudada. Vestia uma larga blusa xadrez que não se pode chamar de elegante. Chamou mais atenção, entretanto, a sua atitude. Falante desde o momento em que pisou no palco, mostrava-se mais segura em seu ofício após a experiência adquirida em uma bem sucedida turnê europeia. Se da primeira vez o público estava ali para conhecê-la, muitos agora já eram fãs, alguns cantando junto, baixinho, apenas para acompanhá-la sem prejudicar aos demais que estavam imersos na beleza de sua voz e canções.

Ao fim de uma música, anunciou que logo após o show dela os presentes poderiam se balançar ao som dançante da Banda Bife, de seu produtor e (único) companheiro de palco Plinio Profeta. Talvez ignorando que a maioria estava ali para vê-la e ouvi-la, ou então, sabendo disso, apenas divertia-se com um público a que já pode chamar de seu.

Tecnicamente, as interpretações não foram tão perfeitas quanto da primeira vez. Mais divertido e emotivo certamente foi. A ponto de Tiê não se acanhar com uma falha de sua voz ao final de "Aula de Francês" e fazer piada do próprio erro. Antes de terminar, tocou a sua versão de "Se Enamora", clássico do romantismo infantil dos anos 80 e anunciou: as próximas tiragens de Sweet Jardim incluirão a canção do repertório do Balão Mágico graças aos apelos de Plinio Profeta. Nesse momento do show, Tiê retorna à infância e leva junto com ela cada um que reconhece os versos que ela está a cantar, e confirma: pode-se perder a inocência, mas nunca a saudade de sorrir e brincar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Discos para 2009: Tiê, Sweet Jardim

A cantora e compositora Tiê acaba de disponibilizar em sua página no Myspace mais três faixas de "Sweet Jardim", seu primeiro disco. Com produção de Plínio Profeta, terá dez faixas e deve ser lançado em março.

Anteriormente, Tiê lançara um EP que conquistou elogios diversos, mas agora, com a prévia de "Sweet Jardim", ela demonstra ter encontrado o caminho próprio que vinha tateando. São músicas de curta duração que vão ao âmago da canção, com arranjos simples, eminentemente acústicos, valorizando a voz e as melodias. É como se a melancolia da chanson francesa encontrasse tradução na língua portuguesa, deixando-se contaminar pelas sutilezas da música brasileira passando ao largo de suas referências mais óbvias.

Música que dá nome ao disco, "Sweet Jardim" é pontuada por um bandolim que pinga como as primeiras gotas de chuva em um fim de tarde no campo. O cheiro de água e terra se misturam na trama dos violões, na umidade da interpretação, na densidade poética. Em contraste com o cinza das nuvens carregadas, o mato, a grama, as folhas das árvores brilham nos mais verdejantes tons de verde. O sentimento é difuso, compreende emoções variadas entre "mi maior e lá".

"Aula de Francês" é um folk levado em voz e violão sobre um orgão que soa discreto, criando uma ambiência etérea. A delicadeza da sonoridade de Tiê encontra correspondência na letra que flutua do francês ao português, flertando de verso em verso com a tradição da chanson francesa. Em "A Bailarina e o Astronauta" a amplitude melódica da voz da cantora, acompanhada apenas por piano e cordas, é um convite ao voo: o salto da bailarina em direção ao astronauta que vaga no espaço esquecido da lógica da gravidade.

"Te Vaolorizo" e "Assinado Eu" completam a prévia do futuro disco. Mais do que suficiente para saber que 2009 será lembrado por "Sweet Jardim". E que Tiê nunca mais será esquecida.

Depois de postado este texto, Tiê postou mais uma no Myspace. Cantada em inglês, "Stranger but Mine" está abaixo das demais, mas não compromete a beleza do trabalho.