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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cd do Sonantes sairá no Brasil via Oi Música

É estranho pensar que em tempos de mp3 o lançamento físico de um disco no mercado ainda seja um fato importante. Vejamos, pois, o caso do Sonantes, projeto coletivo idealizado por Céu, Pupillo, Dengue, e os irmãos Rica e Gui Amabis, que contou com participações de nomes não menos eminentes, tais como Fernando Catatau, Lucio Maia, Siba e Beto Villares.

O laboratório de criação da turma se ativou após a reunião para gravação de duas faixas, "Doce Guia", para o disco Na Confraria das Sedutoras, do 3naMassa, e "Frevo da Saudade", para a coletânea Frevo do Mundo. Sem um compromisso definido a não ser o de fazer um som, eles acabaram concebendo um disco inteiro, lançado em 2008 somente no exterior, pela Six Degrees Records. E aquele que certamente foi um dos melhores discos produzidos no Brasil naquela ocasião acabou passando quase em branco por aqui. Falou-se nele apenas aqui e acolá. A bem da verdade, o G1 e a Rolling Stone Brasil chegaram a noticiá-lo antes do lançamento. Depois, nada. Inclusive, não figurou na lista de melhores daquele ano eleitos pela revista. Ausência que chegou a ser comentada na sessão destinada às opiniões dos leitores.

E por quê? Arrisco uma opinião, ainda que sem qualquer base empírica. O disco não foi lançado fisicamente e por conseqüência não chegou às redações, às mãos dos ditos formadores de opinião. Talvez tenha sido tema de uma ou outra reunião de pauta, mas acabou na gaveta por questões de "mercado", fundamentalmente a falta de uma assessoria de imprensa para divulgar a obra e cavar espaços na mídia.

Conclusão: no Brasil o suporte físico ainda é fundamental e o vácuo mercadológico de um não-lançamento oficial - ainda que as faixas estejam desde então circulando livremente no território da pirataria autorizada - é uma razão forte para tanto.

É de se ressaltar também que o cd não fora lançado aqui à mesma época que saiu lá fora porque os músicos envolvidos não conseguiram um contrato que os satisfizesse. Ponto para o selo Oi Música, que vai desengavetar o disco para lançá-lo em terras brasileiras. Dois (ou três) anos depois, poderá ser descoberto pela mídia oficial com sabor de novidade. Só a faixa de abertura, com Céu no vocal à frente dos integrantes da Nação em uma versão de "Carimbó", gravada originalmente pela banda pernambucana em Rádio S.A.M.B.A, já faz dele um clássico.


Lamenta-se apenas que a iniciativa não sirva de ensejo para uma reunião dos músicos envolvidos no intuito de levar o disco aos palcos. Por enquanto não há planos nesse sentido. Quem sabe depois de uma turnê pelo exterior?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os 10 Melhores Discos de 2009

1. Vagarosa - Céu

Ritmo e melodia em perfeita harmonia com uma lírica inspirada pela beleza presente nas coisas simples e corriqueiras. Quando o futuro se faz presente incorporando também o passado, a música brasileira de domínio público encontra o século 21.

A todo volume: Bubuia / Cordão da Insônia / Cangote / Comadi

2. Violas de Bronze - Siba e Roberto Corrêa

A tradição da cantoria, reprocessada por Siba, encontra-se e funde-se com as modas de viola peculiares de Roberto Corrêa. Juntos, munidos de violas e rabeca, os dois passeiam por veredas nunca antes exploradas.

A todo volume: Casa de Reza / Nos Gerais

3. São Mateus não é um Lugar Tão Longe Assim - Rodrigo Campos

Nos fim de uma década marcada pela onipresença do samba, na qual os pastiches prevaleceram sobre a originialidade, um paulista surgiu para realmente trazer um sopro de novidade ao mais carioca de todos os gêneros. Suas crônicas da vida na periferia, de lírica pesada e acabamento delicado, soam como se os Racionais se encontrassem com Paulinho da Viola para levar um som.

A todo volume: California Azul / Mangue e Fogo

4. Uhuuu! - Cidadão Instigado

Cada vez mais, Catatau coloca a sua poesia a serviço de uma musicalidade que vai muito além de tentativas de categorização pré-existentes. Nesse disco, as neuroses do cidadão extrapolam questões regionais e locais para ilustrar a paranoia universal.

A todo volume: Homem Velho / Deus é uma Viagem

5. Imã - +2

Nesta trilha para o balé do grupo Corpo, o trio dilui as identidades que se impunham nos três discos anteriores e alcançam a síntese de sua musicalidade e vão além de qualquer fronteira definível.

A todo volume: Sol a Pino / Você Reclama

6. No Chão sem o Chão - Romulo Fróes

Retrato nu e cru de um artista em crise de identidade expondo todas as suas qualidades e os seus defeitos, sem pudores.

A todo volume: O Que Todo Mundo Quer/Ninguém Liga / Caia na Risada

7. Sweet Jardim - Tiê

A melancolia da chanson francesa encontra tradução na língua portuguesa, deixando-se contaminar pelas sutilezas da música brasileira, passando ao largo de suas referências mais óbvias.

A todo volume: Chá Verde / Passarinho

8. Dois Cordões - Alessandra Leão

Três guitarras trançando a rede harmônica sobre a qual Alessandra faz ecoar suas melodias balouçantes com sua voz ao mesmo tempo potente e acolhedora.

A todo volume: Boa Hora / Trancelim

9. Sem Nostalgia - Lucas Santtana

Em termos semânticos, "Sem Nostalgia" é equivalente a "Chega de Saudade". Lucas Santtana fez o Chega de Saudade da geração nascida na primeira década do século 21. O formato voz e violão nunca mais será o mesmo. Ao menos pelos próximos 40 anos.

A todo volume: Cira, Regina e Nana / Cá pra Nós

10. Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos - Otto

Uma alma atormentada faz a trilha solora de um grande amor despedaçado na era das celebridades instantâneas e do fim da privacidade.

A todo volume: Crua / O Leite

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Vagarosa ao vivo: os variados tons de Céu

Atualizada em 20 de outubro.

Hoje na noite chuvosa do Rio de Janeiro:

Obs: leia sobre este show no último parágrafo deste texto


Há discos cuja sonoridade não pode ser reproduzida ao vivo. Limitações que poderiam representar uma perda significam renovação. Era o caso do disco de estreia de Céu. Ganhava em densidade em proporção idêntica ao que perdia em delicadeza e se transformava em outro, como à época falamos por aqui. O DJ Marco era o elemento catalisador da banda, fazendo as funções de multi-instrumentista, soltando os vocais de apoio, os metais, além dos scratches.

Vagarosa, o disco, é diferente. Como Céu mesmo afirmou em várias entrevistas, ela buscou uma sonoridade mais orgânica e elétrica, com menos beats eletrônicos e instrumentos acústicos. Na transposição para o palco as músicas novas estão mais próximas das versões de estúdio, mesmo que a banda tenha perdido um integrante. O antes percussionista Bruno Buarque assumiu a bateria no lugar de Serginho Machado, transferindo ao DJ Marco a responsabilidade por fazer os contrapontos ritmícos que anteriormente lhe cabiam. Guilherme Ribeiro agora reveza-se entre o seu teclado usual, a guitarra e o acordeon, por vezes trocando-os durante a execução de uma mesma música. Lucas Martins não larga o baixo.

A intensidade dos arranjos continua a mesma, embora as poucas canções do primeiro disco incluídas no repertório do show tenham ganhado nova roupagem. Destacadamente "10 Contados", agora com a base harmônica lindamente levada no acordeon, realçando ao vivo a delicadeza registrada em estúdio.

Mais de oito shows assistidos na esteira do lançamento de CéU, Pindzim conferiu até agora dois espetáculos da turnê atual: a estreia, no dia 27 de agosto, no Bar Opinião, em Porto Alegre, e a segunda de três noites no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, no último sábado, 4 de outubro. Entre um e outro, bateu a saudade. Vagarosa(s), show e disco, são o que de melhor apresentou a música brasileira neste ano, o que não é pouco, considerando-se os grandes discos já lançados e aqueles ainda por sair.  Futuramente 2009 será lembrado tal qual 1959 (marco inaugural da bossa nova) ou o biênio 1967/1968 (consolidação e glória de uma nova geração formada por Chico, Gil, Caetano, Gal, Mutantes, Paulinho da Viola, etc), mas isso é outro assunto.

Vagarosa Tour
Um vídeo promocional da Natura, patrocinadora da turnê, com belas imagens e pouco conteúdo, em que Céu divaga sobre a sua música, anuncia que o show está para começar. Enquanto os músicos se posicionam, o DJ solta a vinheta de abertura - "Sobre o Amor e seu Trabalho Silencioso". A cidade e a casa onde acontece a apresentação dão o tom do que se verá a seguir.

Em Porto Alegre, mesmo sem a guitarra de Fernando Catatau, os primeiros compassos de "Espaçonave" causam estardalhaço preparando a cena para a entrada de Céu. Pisando macio, discreta sob a penumbra, ela toma a cena e sorri. Já iluminada, no centro do palco, deixa-se balançar ao ritmo da música, canta os primeiros versos e assume o comando da nave mãe com a qual nos conduzirá pela próxima hora e meia de viagem na mais alta classe sonora.

Céu está cada vez mais a vontade no palco. Se antes parecia utilizar a dança como um refúgio nas passagens instrumentais, agora os movimentos do corpo acompanham os versos, se expandem e se retraem instintivamente, sem muita racionalização. Só no meio da primeira música, ela faz uma rápida saudação ao público gaúcho. Acabado o primeiro número, sorri e, antecipando-se à banda, que se apressa a segui-la, emenda: "A comadi é ponta de lança". Algumas vozes na plateia a acompanham como se fosse um clássico, que, se ainda não se pode dizer que já é, certamente um dia será. Domínio público, festa de rua. Na boca da cena, os mais animados caem na dança.

Em Porto Alegre, Céu dedica "Cangote" a Gigante Brazil, que tocou a bateria no disco

Em São Paulo, o Auditório do Ibirapuera confere um ar solene ao espetáculo. Comportadamente sentados na sala lotada, todos estão ali para vê-la e ouvi-la com atenção. Cria-se uma distância entre os músicos e o público e, mesmo em casa, Céu começa o show menos confortável do que na estranha Porto Alegre, nem sempre receptivas aos músicos e bandas que trabalham reprocessando e subvertendo as tradições da música brasileira.

Já na largada, "Espaçonave" e "Comadi" ganham o reforço de Pupillo e de Fernando Catatau. O primeiro, baterista da Nação Zumbi, além de exímio musicista do ritmo, é um dos grandes produtores em atividade na borbulhante cena atual; o segundo, cabeção central do Cidadão Instigado, é um compositor de peças conceituais que fazem jus à melhor tradição pop das operas-rock do Pink Floyd e do The Who, e ainda por cima um dos dois guitarristas mais originais da cena, posto que divide com Lucio Maia.

Está certo que ambos fizeram parte da banda de Otto, ou seja, não é tão incomum vê-los juntos no palco. Mas é diferente. Não estão ali pela fanfarra. É uma cantora quem está a frente da banda, uma daquelas que é injustamente associada à incontível proliferação de cantoras ao mesmo tempo festejadas e criticadas, dependendo do gosto do freguês, apesar dos detalhes cosméticos de perfume, cabelo, caras e bocas que (não) as diferenciam uma das outras. Está claro que Céu não precisa deles no palco para além da celebração de estarem reunidos para tocar aquelas músicas juntos. Músicas sobre as quais anteriormente eles trabalharam juntos em estúdio para dar-lhes a forma final. Ela se sai muito bem somente com os usuais companheiros de banda.

Quando anuncia a participação dos dois, ambos já saíram do palco e nesse momento deixa transparecer um certo nervosismo inexistente durante a execução das músicas. É o primeiro momento em que se dirige aos presentes e a comunicação com o público não é algo que Céu encara com naturalidade. O lance dela é cantar e fazer um som: na sequência emenda "Lenda" e "Malemolência". Depois de cantá-las, as dedica ao parceiro Alec Haiat, presente no recinto, e os últimos fiapos de tensão se dissipam.



"Grains de Beaute" segue o roteiro impresso no programa, tal qual em Porto Alegre, porém, quando logo em seguida Céu conta que foi surpreendida por um telefonema de Siba presenteando-a com uma letra para o  novo álbum, "Nascente" é a segunda pista de que aqueles três shos do Ibirapuera são, na verdade, uma mini-temporada especial. Rasgue-se o programa. No Auditório do Ibirapuera, Céu, banda e convidados tocaram todas as músicas de Vagarosa.

Com letra de Siba, "Nascente" foi incluída no roteiro do show a partir do Ibirapuera


"Vira Lata" não contou com o contraponto grave da voz de Luiz Melodia e ela lamentou a ausência. Por outro lado, como no disco, teve a graça do cavaquinho de Rodrigo Campos, anunciado como o compositor de um dos melhores discos de 2009 - São Mateus não é um Lugar Tão Longe Assim. Assino embaixo. Rodrigo assume o pandeiro em "Visgo de Jaca" e enquanto a banda estende a parte instrumental no final da canção, Céu deixa o palco para trocar de roupa e voltar com Anelis Assumpção, Catatau e Pupillo na "Bubuia". No sábado, Thalma de Freitas não apareceu, ao contrário de sexta e de domingo. O trecho que ela canta ficou de fora. Reverência bonita à terceira coautora da canção, pouco notada diante da sintonia entre a dupla presente.

Logo na estreia, em Porto Alegre, ficou evidente que Céu está muito a vontade com o repertório de Vagarosa e isso tem reflexo naquilo que é o mais importante para uma cantora: a voz. Está mais segura, límpida e potente. No palco, Céu continua se mostrando mais compositora que intérprete, focada no som, sem grandes salamaleques para com a platéia, mas em "Cordão da Insônia" e "Two to Tango" chega a ser performática. Esta última, pinçada de um disco que reuniu Ray Charles e Betty Carter, reafirma sua sensibilidade para escolher músicas alheias para o seu repertório.

Com um vocal no melhor estilo Motown sobre uma base de ska e uma breve citação ao tango do título da canção, Céu reafirma que mesmo quando assume o papel de intérprete não deixa de lado sua veia autoral. Suas versões para músicas alheias as transportam para o seu domínio particular de renovação inovadora. Fato raro no panorama da música brasileira, mais ainda quando ela transgride sobre patrimonios do samba ("Visgo de Jaca") e do reggae ("Concrete Jungle"), gêneros sobre os quais os puristas costumam renegar aquilo que não se enquadra fielmente à tradição.

Antes de ir embora, no Ibirapuera, ela chama todos os convidados especiais ao palco para uma versão estendida e festiva de "Rainha". Cumpridos os rituais de agradecimento e despedida, fica a expectativa pelo bis. Porto Alegre teve "Bobagem" e a repetição de "Comadi". Em São Paulo, a volta com Pupillo e Catatau não chega a ser uma pista, mas o instrumental etéreo que sai das caixas entrega: para o derradeiro final Céu guardou "Rosa, Menina Rosa" e aí dispensam-se palavras. Fiquem com as imagens e o som:



Menos de uma semana depois, Céu veio tocar no Rio. Era uma sexta-feira chuvosa, véspera de um fim de semana estendido pelo feriado de 12 de outubro. Realizou um desejo antigo: o de subir no palco do Circo Voador. A celebração festiva que se seguiu à sua entrada em cena, da primeira à última música, mostrou que ela estava certa em sua intuição. E o Rio de Janeiro, indiferente à decadência cultural a que atravessa - ainda mais agora, com a elevação da autoestima proporcionada pelo triunfo olímpico - mostrou que nem toda sensibilidade carioca está perdida. Se ainda faltava uma apresentação apoteótica para confirmar aquilo que é óbvio (Céu: a melhor cantora do Brasil), depois do 9 de outubro no Circo Voador não falta mais. O show no Rio de Janeiro foi a consagração definitiva, a lona mambembe em frente aos seculares arcos da Lapa tem uma nova dona. Céu, quando quiser é só chegar, a casa é sua.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Curumin toca Cangote em show na França

Esse é tirado do blog oficial da Céu, do qual falamos na postagem anterior. Depois de tocar "Compacto", Curumin emenda uma versão reggae roots de "Cangote", do recém lançado Vagarosa, de Céu e ainda explica o que vem a ser cangote. Difícil é que os franceses tenham entendido, afinal ele se dirige ao público falando inglês: "now I'm gonna sing song from a singer from Brasil called CéU". Mas o que vale é o som, e este ficou massa.

Céu agora tem um blog oficial

Entrou no ar ontem o blog oficial de CéU, como a própria anuncia no vídeo abaixo:

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

CéU anuncia datas da turnê de Vagarosa no Brasil

De volta ao Brasil depois dos shows de lançamento de Vagarosa nos Estados Unidos, CéU divulga em sua página no Myspace as datas de sua primeira turnê brasileira. Embora tenha tocado em grande parte das cidades pela qual o show passará neste segundo semestre, nunca o fez em um pequeno espaço de tempo como agora.

A estreia acontece no dia 27 de agosto em Porto Alegre, no Bar Opinião. Em São Paulo serão três noites no Auditório do Ibirapuera, com a participação de convidados, como a cantora e compositora Anelis Assumpção. Realização de um antigo desejo, no Rio o show será no Circo Voador. Veja abaixo as apresentações já confirmadas.

27 de agosto - Bar Opinião - Porto Alegre (RS)
28 de agosto - John Bull Music Hall - Curitiba (PR)
18 de setembro - Teatro da UFPE - Recife (PE)
19 de setembro - Centro de Convenções - Fortaleza (CE)
24 de setembro - Teatro Paulo Pontes - João Pessoa (PB)
26 de setembro - Concha Acústica - Salvador (BA)
2 de outubro - Auditório Ibirapuera - São Paulo (SP)
3 de outubro - Auditório Ibirapuera - São Paulo (SP)
4 de outubro - Auditório Ibirapuera - São Paulo (SP)
9 de outubro - Circo Voador - Rio de Janeiro (RJ)
27 de novembro - Music Hall - Belo Horizonte - (MG)
28 de novembro - Teatro Brasília - Brasília (DF)
3 de dezembro - Teatro Amazonas - Manaus (AM)
5 de dezembro - Teatro Gasômetro - Belém (PA)

Vale lembrar que antes disso, no dia 13 de agosto, CéU se apresenta em São Paulo na choperia do Sesc Pompéia em noite de comemoração pelos 10 anos do projeto Prata da Casa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

CéU: músicas de Vagarosa no show do Roxy LA

O show que CéU fez no último dia 17 no Roxy em Los Angeles foi bem documentado. Até agora, surgiram no Youtube cinco vídeos da cantora e sua banda interpretando músicas de Vagarosa.

Os melhores, em termos técnicos, estão logo abaixo. Primeiro, um trecho de "Comadi", parceria com Beto Villares que atualiza a influência da música de tradições populares, dita de domínio público, que CéU assume como uma referência importante na construção de sua musicalidade.


Em seguida, "Bubuia", que no disco tem a participação das coautoras Anelis Assumpção e Thalma de Freitas. Ao vivo, CéU canta sozinha, com o acompanhamento do coro comandado pelo DJ Marco nas pick ups.



Por fim, "Cangote" para ir preparando o clima para a volta de CéU ao Brasil, mais especificamente no dia 13 de agosto, na choperia do Sesc Pompéia em noite dividida com Lucas Santtana.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

CéU de volta aos palcos em Seattle

Já que neste mês, CéU tem sido presença constante por aqui, voltemos a ela. Há poucas horas surgiu no Youtube um vídeo de sua primeira apresentação no Triple Door, em Seattle (hoje tem de novo), que marca o retorno da cantora aos palcos após o lançamento de Vagarosa.

É um trecho pequeno, pouco mais de um minuto, de "Takes Two to Tango", de Ray Charles, postado via iPhone por Karen, americana moradora de Seattle. Por isso, talvez, tenha um estranho formato vertical. Não fosse a excelente qualidade do som, mal seria possível identificar CéU.

Da banda, ouvem-se as intervenções de um DJ fora de quadro, provavelmente Marco, que a acompanha desde os primeiros shows; não fica claro quem é o baterista, mas no baixo está Lucas Martins; em frente a um teclado, porém tocando acordeon, parece ser Guilherme Ribeiro. Bem interessante o uso deste instrumento, raras vezes incorporado aos arranjos de CéU, seja no palco ou em estúdio. Até então aparecera exclusivamente em uma versão ao vivo de "Valsa pra Biu Roque". Casa bem com a sonoridade etérea de algumas canções do novo disco, especialmente aquelas com vibrações jamaicanas.

Mas chega de conversa, vamos à música:

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pelas Tabelas: Céu, Beto Villares, o novo e o antigo


Quando gravamos o Pelas Tabelas com CéU e Beto em abril, as últimas sessões de Vagarosa ainda estavam rolando, então eles não quiseram revelar detalhes do disco lançado nesta semana. CéU o definiu como jamaicano, mais banda e com menos beats pré-gravados. A primeira colocação cabe bem ao EP Cangote, mas não compreende o conjunto das canções, vai além. A segunda é irrefutável, mas estes trechos da entrevista acabaram de fora da edição que vai ao ar hoje, logo mais às 21h, no Canal Brasil.

O pouco material diretamente relacionado ao disco aparece em trechos do making of da gravação das faixas "Bubuia" e "Cordão da Insônia". A linha narrativa do programa parte das primeiras notas musicais de ambos, CéU já pensando em ser cantora, descobrindo-se compositora e as experimentações sonoras que resultaram na mais interessante carreira feminina da música brasileira atual; Beto descobrindo a guitarra como porta de entrada para o irrestrito universo sonoro sobre o qual viria a trabalhar como produtor e compositor.

Afirmando estar em uma nova fase na carreira sem oferecer muitas pistas para a compreensão do que viria a ser esta nova fase além das quatro músicas do EP. Mesmo assim, para nós, em nenhum momento ficaram claras as diferenças entre uma fase e outra. E agora, ouvindo o novo disco na íntegra, entende-se que nem para ela mesma. Com sua visão geral de produtor, Beto já identificava algumas das conexões - e também das rupturas - entre o álbum de estreia e o seu sucessor.


É nas entrelinhas, quando o assunto sai do específico e versa sobre o processo criativo colaborativo que rola entre os dois que se pode captar as sugestões evidenciadas pela audição de Vagarosa. Jorge Ben, a música brasileira de domínio público magistralmente registrada por Beto no projeto Música do Brasil, os jogos vocais de coro e resposta. A fase é diferente, mas tais elementos, por ela reconhecidos no disco de estreia, e que à primeira vista ela não identificava durante o processo de gravação do novo trabalho, estão lá.

Na relação musical desenvolvida por eles, cada novo trabalho é um processo de descobertas norteado pela imaginação de sonoridades. Não apenas uma, mas várias, fruto do reprocessamento de influências diversas, que se abrem também aos demais colaboradores. No caso de Vagarosa a lista é extensa. A unidade e o sentido vão ser encontradas no futuro de uma obra ainda tão nova mas que já fez por merecer a classificação de clássica e atemporal.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

CéU: Vagarosa já está na rede

Antes mesmo do lançamento oficial no exterior, o segundo disco de CéU, Vagarosa, já bastante comentado aqui, vazou na rede.

Ainda não deu tempo de ouvi-lo, mas quem quiser pode ir se adiantando. O segundo disco da cantora e compoitora já pode ser baixado no Som Barato.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

CéU: disco na rede em julho, show no Brasil em outubro

A capa é esta aí do lado. Vagarosa já está em pré-venda nos Estados Unidos, com lançamento marcado para o próximo dia 7, através da Six Degrees Records. No Brasil, não se sabe o quanto vai demorar apesar da promessa de que sai ainda neste mês de julho, embora deva cair na rede tão logo o primeiro fã tenha acesso a ele.

Através da Amazon.com é possível ouvir uma prévia das 13 músicas que compõem o álbum - três delas presentes no EP Cangote ("Visgo de Jaca", em boa rotação na rádio carioca MPB FM ficou de fora). Informações sobre as faixas podem ser encontradas no site da gravadora.

A produção, conforme revelado aqui anteriormente, é dividida entre Beto Villares, Gustavo Lenza, Gui Amabis e integrantes da Nação Zumbi. Sob a alcunha de Los Sebozos Postizos, eles formam a banda de apoio de CéU em "Rosa Menina Rosa", pinçada do repertório de Samba Esquema Novo (1963), de Jorge Ben. Embora na bateria haja participações do finado Gigante Brasil em suas últimas gravações em estúdio ("Cangote" e "Papa"), de Curumin ("Nascente", "Grains de Bauté" e "Cordão da Insônia") e de Serginho Machado ("Sonâmbulo"), Pupillo é presença recorrente no comando das baquetas. Em "Ponteiro", com a companhia do baixo de Dengue.

"Espaçonave" é uma parceria com Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, que além de tocar guitarra nesta faixa, participa também de "Bubuia", composição coletiva de CéU, Anelis Assumpção e Thalma de Freitas.

Outras participações especiais são de Luiz Melodia em "Vira Lata", que CéU compôs especialmente para a voz do cantor. Guizado toca trumpete em "Nascente", cuja autoria é dividida com Siba. O cavaquinho de Rodrigo Campos está presente na vinheta de abertura "Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso" e em "Vira Lata".

Para promover o disco lá fora, no dia 10, CéU dá início a uma breve turnê pelos Estados Unidos, cujas datas são as seguintes:

7/14 - The Triple Door - Seattle, WA
7/15 - The Triple Door - Seattle, WA
7/17 - The Roxy - Los Angeles, CA
7/18 - Herbst Theatre - San Francisco, CA
7/21 - The HighLine Ballroom - New York, NY

Os primeiros shows anunciados no Brasil serão no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, nos dias 2, 3 e 4 de outubro. Não é certo que seja a estreia em terras brasileiras, embora seja bem provável. Os ingressos já estão a venda.

Abaixo, as músicas que compõem Vagarosa:
1. Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso (0:56)
(Letra e música: Céu)
2. Cangote (4:02)
(Letra e música: Céu)
3. Comadi (3:29)
(Letra: Céu / Música: Céu e Beto Villares)
4. Bubuia (3:14)
(Letra e música: Céu, Anelis Assumpção e Thalma de Freitas)
5. Nascente (3:19)
(Letra: Siba / Música: Céu)
6. Grains de Beauté (3:34)
(Letra: Céu / Música: Céu e Beto Villares)
7. Vira Lata (3:37)
(Letra e música: Céu)
8. Papa (1:20)
(Letra e música: Céu)
9. Ponteiro (3:38)
(Letra e música: Céu)
10. Cordão da Insônia (2:42)
(Letra e música: Céu e Beto Villares)
11. Rosa Menina Rosa (4:41)
(Letra e música: Jorge Ben)
12. Sonâmbulo (3:50)
(Letra: Céu / Música: Céu, Serginho Machado, Bruno Buarque, Lucas Martins, Guilherme Ribeiro e DJ Marco)
13. Espaçonave (3:35)
(Letra: Céu / Música: Céu e Fernando Catatau)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

CéU: segundo disco sai em julho

O nome é Vagarosa, referência ao tempo "caymmiano" de levar a vida e a carreira próprio da cantora e compositora. E o lançamento do segundo disco de Céu está previsto para o fim do mês de julho, através do selo Urban Jungle, com distribuição da Universal Music.

Quando estive em São Paulo gravando com Céu e Beto Villares para o Pelas Tabelas, em abril, ela pouco falou sobre a musicalidade do segundo disco, além de que se tratava de uma nova fase musical - em uma palavra, definiu-a como "jamaicana". Mas assumiu estar em dúvida sobre a melhor maneira de lançar o novo trabalho.

Céu e Beto Villares no estúdio Ambulante

As sessões de gravação ainda rolavam na noite de 29 de abril, com a participação de integrantes da Nação Zumbi, quando, antes de abrir as câmeras, conversando informalmente sobre o disco, ele colocou em cheque a viabilidade econômica (incluídas aí as questões de logística de lançamento e principalmente de distribuição) de lançar o novo disco de forma independente. Mais do que isso, na atual fase de transição do modelo de negócios da música, que tanto ela quanto ele consideram inexoráveis, em que o suporte físico vem sendo trocado pelo digital e a pirataria é um vetor fundamental ao sucesso e à propagação das músicas, Beto se revelou confuso sobre a melhor forma de lançar o novo conjunto de canções. Se diretamente pelo sistema de download legal - como acabou sendo feito com o EP Cangote nos Estados Unidos, através da Six Degrees Records -, cedendo os direitos de distribuição a uma grande gravadora, ou simplesmente disponibilizando as canções aos poucos através do site do estúdio.

A única certeza era de que o selo Ambulante havia ficado pequeno para lançar o novo disco. Não tem a estrutura necessária para divulga-lo e distribui-lo, dado o patamar alcançado por Céu entre o primeiro disco e agora. A estreia, de 2005, fora lançada pelo selo oriundo do estúdio Ambulante, que Beto mantém em parceria com Antônio Pinto. Depois de ultrapassar a marca de 12 mil cópias vendidas, passou a ser distribuído pela Warner, que, muito antes fizera uma proposta, recusada por Céu, para que ela assinasse contrato com a gravadora.

No dia seguinte, Céu revelou ainda o porquê de o disco dos Sonantes não ter sido lançado no Brasil. A banda preferiu recusar um contrato de lançamento que repassaria à gravadora os direitos sobre o disco do que lançá-lo com uma tiragem de mil cópias que, uma vez esgotada, significaria o engavetamento do disco por tempo indeterminado. Então, está na rede, grátis, pirata e perene, ao alcance de quem quiser.

domingo, 10 de maio de 2009

CéU lança EP e antecipa segundo disco de vibrações jamaicanas

Saiu lá fora e não demorou para chegar aqui. Já está na rede o EP Cangote, com quatro músicas que estarão no segundo disco de CéU,antecipando sua nova fase musical. A sonoridade é bem diferente daquela do disco de estreia.

Segundo a própria CéU, as principais diferenças são as seguintes: Nos arranjos, menos beats e intervenções eletrônicas, trata-se de um disco de banda, muito embora convidados diversos participem de cada uma das faixas; o jogo de coro-resposta dos vocais mudou e apresenta uma nova dinâmica - os coros continuam, menos como resposta e mais como segunda voz, criando ambiências; a conexão sonora mais explícita é com a música jamaicana, quando antes era com a música brasileira.

A produção é assinada por Beto Villares, responsável pelo disco de estreia, de 2005, mas não só. Gui Amabis e o núcleo baixo, guitarra e bateria da Nação Zumbi - Dengue, Lucio Maia e Pupillo são responsáveis pela produção de algumas faixas. A arte da capa será do vocalista Jorge du Peixe e Valentina Trajano.

"Já que não estamos aqui só a passeio / já que a vida, enfim, não é recreio / na bubuia eu vou" são os primeiros versos de "Bubuia". A faixa é assinada por Anelis Assumpção e Thalma de Freitas que dividem os vocais com CéU.

"Cangote" estabelece ponte direta com o reggae com um arranjo dub sinuosamente vaporoso. O finado Gigante Brasil toca bateria na faixa, em uma de suas últimas gravações em estúdio.

"Sonâmbulo" foi composta com os integrantes da banda que a acompanha nos shows e pelo menos desde 2006 vinha sendo tocada nos shows. É um bom exemplo do que CéU diz quando afirma que haverá menos beats no novo disco. Em estúdio, tornou-se mais orgânica.

Também conhecida dos shows, "Visgo de Jaca" retoma a ponte com o Brasil reconfigurando o samba de Sérgio Cabral e Rildo Hora gravado originalmente por Martinho da Vila. Ao lado de "Bubuia" é um desafio às tentativas óbvias de classificação, enquanto "Cangote" e "Sonâmbulo" deixam explícitas a conexão jamaicana a qual ela e Beto Villares se referem ao falar do disco ainda a ser lançado.

Conexão esta reforçada por "Cordão da Insônia", um reggae que não está no EP, que conta com a participação de Curumin na bateria. Outras músicas que não fazem parte do EP mas devem estar no disco são "Vira-lata", composta especialmente para a voz de Luiz Melodia em participação especial, "Comadi", parceria com Beto Villares, além de "Nascente", em coautoria co com Siba.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sonantes serão ouvidos antes no exterior

Se já haviam conseguido criar uma lenda virtual a partir de uma página no Myspace, chegou a hora de os Sonantes tomarem de assalto o espaço tridimensional. A dominação sonora terá início nos Estados Unidos e na Europa e já tem data marcada. O primeiro disco do projeto, nascido a partir da reunião da cantora Céu com Pupilo e Dengue, da Nação Zumbi, e Rica Amabis, do Instituto, por ocasião da gravação do disco do 3naMassa, e que conta ainda com a participação do compositor e produtor Gui Amabis, será lançado lá fora no dia 20 de maio, pela gravadora Six Degrees.

O processo de composição e gravação do disco obedeceu aos princípios da amizade e da afinidade musical entre cada um dos integrantes. "Devido à confiança mútua e à abertura a experimentação musical característica a todos os envolvidos no projeto, não foi nenhuma surpresa que o processo de composição do disco tenha rolado de uma forma imprevisível e descontraída", declarou Rica Amabis em depoimento no site da gravadora. Sempre que alguém apresentava uma canção, todos trabalhavam nela reunidos em torno do computador em um estúdio caseiro improvisado no apartamento do próprio Rica. Para Céu, seu disco de estréia era quase um "diário pessoal" e com os Sonantes ela quis fazer um som diferente, que não partisse exclusivamente da sua personalidade artística: "a idéia era que cada um cedesse o controle aos outros sem abrir mão de sua própria identidade musical, todos nós contribuímos com sugestões e idéias ao longo do processo".

Às já velhas conhecidas quatro músicas disponíveis no Myspace, uma nova foi adicionada esta semana. "Quilombo te Espera" remete à África. O batuque dos tambores ancestrais sob uma guitarra elíptica, a lírica de contornos épicos que evoca a resistência, ora pela força, em convocação à guerra, ora pela cultura, pelo rufar dos tambores que anunciam a sambada, em contraponto ao doce cantar de Céu.

Outras músicas que estarão no disco são "Toque de Coito", em que um sintetizador emula a sonoridade de uma guitarra elétrica misturada a elementos tradicionais da música brasileira. A faixa conta com a participação de Siba no vocal; "Mambobit" revisita o universo do samba-jazz; "Defenestrando" é um rock pulsante com múltiplas camadas de de baixo acústico e elétrico e um sintetizador analógico sci-fi que remete ao repertório do 3naMassa; "Frevo da Saudade", que está na coletânea Frevo do Mundo, lançada pela Candeeiro Records, também foi incluída no repertório do disco.

Até agora praticamente ignorado pela mídia brasileira, o disco dos Sonantes ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas logo, logo deve chegar aos fãs mais antenados via mp3. Enquanto isso, "Quilombo te Espera" pode ser baixada aqui.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sonantes: trilha sonora para o cotidiano

Quatro músicas apareceram no Myspace de uma banda denominada Sonantes. Quando exatamente, não se sabe, mas as ondas sonoras logo reverberaram do espaço virtual para o cotidiano tomando de assalto as vias auditivas conectadas ao que de melhor se produz na música brasileira atual. Uma ponte erguida nas Perdizes paulistanas unindo o Recife da Nação Zumbi, de Pupilo e Dengue, e a São Paulo do Instituto, de Rica Amabis. Entre estes dois pólos de criatividade, a cantora CéU e o produtor e compositor Gui Amabis. Desdobramento concreto da experiência sônica do 3 na Massa. Inesperado é que ambos venham a luz juntos, tão próximos em sua filiação, mas diversos em seus propósitos. Pois Sonantes não se trata de um projeto, mas de uma banda batizada e abençoada por Jorge du Peixe, e que acolhe convidados tais quais Lucio Maia, Siba, Beto Villares, Toca Ogan, Fernando Catatau, Gustavo Da Lua, Pepe Cisneros, Sergio Machado, B-Negão e Apollo 9. Até então, a melhor novidade do ano de 2008, que promete uma safra excelente de novos discos, potencializada pelo fator surpresa. O texto que apresenta a banda no myspace leva a crer que o disco está pronto e será lançado em parceria entre o Selo Instituto e a Candeeiro. Vá agora à página dos Sonantes para ouvir as músias, ou baixe o EP compilado por um fã de primeira hora, sinta o baque e acione o repeat enquanto espera pela íntegra do possível e desejado álbum.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Retrospectiva 2007: Shows - Parte 1

2007 se encerrou. É comum que se façam balanços retrospectivos sobre o que de melhor aconteceu em diversas áreas. Na música, normalmente, as listas de melhores discos predominam e Pindzim não vai se furtar a oferecer a sua àqueles que estiverem interessados. Porém, os momentos de maior prazer dos amantes da música são os shows. Assistir ao ídolo querido, descobrir uma banda ou um artista novo confrontando-o da platéia, conferir como a sonoridade de um disco é retrabalhada no palco. Enfim, a experiência única de ver a música sendo construída nota por nota em tempo real, sem mediação. 

Lembro abaixo alguns grandes momentos sem pretensões hierarquizantes. Afinal, na música, melhores e piores são determinados por uma questão intransferível de gosto pessoal:

Nação Zumbi - Circo Voador - 14 de dezembro
Fome de Tudo, o disco novo da Nação lançado no fim do ano, não me pegou de imediato. Não porque soasse mais ou menos pop, como se tem discutido. E sim porque é normal que os discos mais relevantes, aqueles que entram para a história, causem em um primeiro momento uma sensação de estranhamento. Com este sentimento aliado a uma certa preguiça devido a fúria que o som da Nação provoca sobre o público, me dirigi ao Circo Voador. Cheguei quando rolava o show de abertura com Ortinho e convidados. Naquele instante, cantava o mago Junio Barreto, "Amigos bons".  Mesmo sozinho, pareceu-me um bom presságio. Me posicionei no melhor ponto da pista do Circo e ali fiquei até o fim, sem sair para beber ou mesmo ir ao banheiro. Transpostas para o palco, misturadas às antigas, as músicas de Fome de Tudo se distinguiram dos velhos clássicos por valorizarem arranjos climáticos, os tambores trabalhados de forma mais sútil, pois a receptividade dos fãs a elas era automática. Apenas as reações mais contidas, entre o balanço e coros eventuais para a voz de Jorge du Peixe. Nas músicas mais antigas e pesadas a insana roda de pogo se espalhava por toda a pista. Confesso que os melhores momentos, para mim, foram os de Fome de Tudo e os poucos que relembraram o disco anterior, Futura. Otto se integrou a banda a partir do meio do show e não saiu mais, revezando-se entre a percussão e o vocal de apoio. Junio Barreto voltou ao palco para cantar "Toda Surdez Será Castigada". O ápice ficou para o fim. Foi quando B Negão subiu ao palco para cantar o refrão de "Manguetown", levada pela guitarra com um efeito espacial. É tudo que eu consigo lembrar daquele que foi o mais festivo show da Nação que assisti até hoje. 

Céu - Mistura Fina - 29 e 30 de novembro
Céu é uma cantora que recria suas músicas ao vivo com auxílio de sua excelente banda. Já escrevi sobre isso aqui. Ao longo destes dois anos de carreira nos palcos, as músicas foram ganhando novos detalhes. Improvisos vocais, as batidas quebradas do baterista Sérgio Machado alterando o ritmo aqui e ali, os scratches do DJ Marco preenchendo espaços com overdubs, injetando um suíngue derivado do hip-hop sem se impor sobre a multiplicidade sonora que caracteriza a musicalidade da cantora. Dependendo da noite, o show pode enveredar por improvisos jazzísticos ou, ao contrário, concentrar-se na linha melódica conduzida pela voz. Na mesa colada ao palco do Mistura Fina, o retrato fez-se nítido: da aparente oposição entre a energia irradiada pelo som e a delicadeza de sua presença, inconscientemente, sem artifícios ou grandes cuidados de produção, Céu forja naturalmente a mais interessante personalidade artística da música brasileira atual. Ave Céu!



Rodrigo Maranhão - Temporadas no CCC
Do Rodrigo Maranhão nervoso e de poucas palavras da estréia do show de lançamento de Bordado, ao bem humorado e falastrão da mais recente apresentação em novembro último, nota-se, além da mudança de comportamento, um compositor e uma banda cada vez mais a vontade com o repertório. Os arranjos permanecem os mesmos, privilegiando instrumentos acústicos, embora algumas músicas tenham incorporado baixo e guitarra, mas, agora, há margens para maiores improvisos. Especialmente, a partir do acordeão de Marcelo Caldi. A participação de convidados especiais, como Edu Krieger e Roberta Sá, renderam números memoráveis no palco do Centro Cultural Carioca. Se já estava afirmado como compositor, o carinho da platéia presente em seus shows indica que somente as canções não nos satisfazem. É na delicadeza de sua voz e de seu violão, na cumplicidade com seus velhos companheiros de Bangalafumenga, que Rodrigo Maranhão cria as mais belas interpretações que suas canções podem ter. Sendo um cara generoso, de vez em quando ele pode convidar uma ou outra intérprete para cantá-las em dueto. Com Roberta Sá, "Olho de Boi", inédita tanto nos shows dele quanto nos dela, ficou linda.



Na próxima parte, Thalma "Voz" de Freitas e Paulão 7 Cordas, Bebeto Castilho e Cibelle.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Céu: shows no Rio hoje e amanhã

Quase em segredo a cantora Céu se apresenta hoje e amanhã no Rio de Janeiro inaugurando o novo Mistura Fina - agora em Ipanema, na esquina da Rainha Elizabeth com a Vieira Souto. Serão quatro apresentações, duas em cada noite. A primeira marcada para às 20h e a segunda para às 22:30h. A informação foi divulgada ontem em sua comunidade no Orkut e não há grande divulgação, mas não poderia haver nome melhor para a reabertura do nobre espaço musical.

Depois de causar sensação em Salvador com uma apresentação que atraiu muito mais público do que o espaço comportava, deixando muitas pessoas de fora, e de mais uma bem-sucedida turnê pelos Estados Unidos, a cantora volta ao Rio de Janeiro, onde até agora havia feito poucas e pontuais apresentações: Humaitá pra Peixe, Tim Festival, Palco MPB e no Vivo Rio. Finalmente o Rio de Janeiro a recebe sozinha em um palco a altura. Imperdível.

Serviço:
Céu no Mistura Fina
Dias: 29/11 (qui) e 30/11 (sex)
Horário: 20h e 22h30 (2 showS nos 2 dias)
Preço: R$40,00
Endereço: r. Rainha Elizabeth, 769, Ipanema
Horário da bilheteria: de 14h às 20h antecipado e de 14h até o início do show nos dias dos shows.
Formas de pagamento: dinheiro ou cheque (por enquanto a casa ainda não aceita cartões)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Temporada paulistana 1 - Ave Cruz, Céu

Na semana passada Pindzim esteve em São Paulo para acompanhar alguns shows concentrados em poucos dias na capital. O curioso é que tenha saído de terras cariocas justamente para conferir velhas - mas sempre boas - atrações da cidade maravilhosa. Encontrou uma terra da garoa seca e fria, mas valeu a pena. Especialmente pela primeira apresentação. Confira nas próximas postagens comentários sobre minha temporada paulistana.

Ave Cruz, meu Deus do Céu
Tendo assistido a todos os shows de Céu aqui no Rio de Janeiro, Pindzim resolveu que era hora de assisti-la em casa, diante de um público cativo, pois aqui ainda não rolou esse show ideal, para um público exclusivamente seu. E o Sesc Pompéia não poderia ser melhor, com seu palco centralizado entre dois lances de cadeiras, os integrantes da banda frente a frente com a cantora a flanar de um lado a outro, aproximando-se dos fãs mais ardorosos que se colaram ao palco ao som dos primeiros acordes de "Roda". Antes, a novidade de uma música inédita fez-se anunciar. Mas tratava-se apenas de uma vinheta para dar início ao espetáculo, quem sabe uma música ainda em processo de composição cuja integridade ainda está por vir.

Pindzim viu uma Céu cada vez melhor no palco, algo corriqueiro em se tratando dela, como se fosse fácil ir sempre mais além a cada passo. A cantora citou uma expressão eternizada pelo mestre Paulinho da Viola que talvez explique tal disposição: meu tempo é hoje. Céu é a cantora do agora. Sua música é aberta a imprevisibilidade, vai adquirindo novas formas no instante único de cada execução. Em uma brecha aberta pela cantora nos vocais, o DJ Marco insere a segunda voz, impõem idas e vindas através dos scratches, até que ambas as vozes encontrem-se em uníssono. A melodia conduzida pela voz em intercâmbio com o teclado de Guilherme Ribeiro. As variantes rítmicas determinadas pela bateria de Sérgio Machado e as múltiplas possibilidades percussivas de Bruno Buarque. Lucas Martins altenrando-se entre a gravidade densa do baixo e o suíngue malemolente da guitarra. Tudo girando em torno da voz. A cantora exalando segurança, simpatia e alegria ininterruptas ao longo da apresentação. Em uma troca bonita, espontaneamente, o público canta junto em trechos de "Lenda", "Malemolência" e "10 Contados". No bis, Céu rege o coro em "Bobagem", antes de se despedir de um público extasiado. Se Pindzim pudesse dizer uma frase única para cantora seria: "não se atrase na volta, não! Não, não, não, não."

Céu apresentou todas as músicas do disco de estréia, exceto "Samba na Sola" e "Valsa para Biu Roque", com destaque para a nem sempre tocada ao vivo "Véu da Noite", levada em um improviso jazzístico onde brilha o virtuosismo dos músicos que a acompanham. O já nem tão novo ragga, para quem acompanha atentamente a carreira da cantora, seja nos shows ou através do Youtube, ganhou nome: "Sonâmbulo". O melhor é que esta grande apresentação poderá ser revista, gravada e eternizada pois foi registrada pelas câmeras do Bem Brasil e vai ao ar em 22 de setembro na TV Cultura.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Céu: a cantora da nação

Os acordes do violão ainda não identificavam a música quando se ouviram os primeiros versos de “O Ronco da Cuíca”. A banda, posicionada na porção esquerda do grande palco do Vivo Rio, acompanhava discretamente, respeitando a proeminência do violão do co-autor da canção. Dedilhando as cordas, o mestre de cerimônias João Bosco estendia o tapete vermelho para Céu, a estrela da noite. A banda se retira e os dois se aproximam no centro do palco. O violão percussivo anuncia “Rainha”, cantada em dueto. O acento grave da voz de João contrasta com a delicadeza frágil do timbre da voz da cantora.


Mas é quando João deixa o palco e o DJ dispara a introdução de “Roda” que o show de Céu efetivamente começa. A intensidade musical da cantora no palco está umbilicalmente vinculada aos músicos da banda que a acompanha. Sérgio Machado, na bateria, e Bruno Buarque, na percussão, produzem o substrato rítmico de raiz afro-brasileira. A densidade do som provém do baixo de Lucas Martins. O teclado de Guilherme Ribeiro concentra as linhas melódicas. O DJ Marco é uma verdadeira usina sonora. Saem de suas pick ups a segunda voz, bases de guitarra, naipe de metais, contrapontos percussivos, além dos scratches e efeitos. Na mesa de som, Gustavo Lenza garante a equalização harmônica entre voz e instrumentos. Com esta formação, a música de Céu atinge a perfeição entre o ideal – conforme registrado em estúdio – e o imaginado – as concepções artísticas dela enquanto compositora.

Mesmo quando assume a condição de intérprete em “Concrete Jungle”, de Bob Marley, e “Visgo de Jaca”, de Sérgio Cabral e Rildo Hora, ela imprime seu toque pessoal. Se a variação melódica do reggae, em sua versão original, já expandia os limites do gênero, Céu aprofundou-a explorando as nuances de sua voz e também lhe alterou sutilmente o ritmo com uma marcação menos rígida na guitarra e uma bateria mais quebrada. Já o samba, em nada guarda relação com a versão gravada originalmente por Martinho da Vila. Céu transfigurou-o em um soul funkeado com uma pitada de reggae aqui e ali. No refrão, Céu altera a entonação em benefício do groove e ainda abre espaço para um solo do DJ Marco.

O tempo passado na estrada em apresentações nos Estados Unidos, seguidas por duas temporadas no Tom Jazz, em São Paulo, foi benéfico para aprimorar o desempenho da cantora e de sua banda no palco, mas o show do Vivo Rio manteve a essência do último concerto da cantora no Rio de Janeiro, no Tim Festival. O repertório reuniu as músicas do disco de estréia, excluídas as lentas “Valsa para Biu Roque” e “Véu da Noite”, os sambas “Bobagem” e “Samba na Sola”, e “Mais um lamento”. Também ficou de fora “Ragga”, música composta em parceria com os integrantes da banda durante turnê na Europa que vem sendo tocada ocasionalmente e aponta para a expansão de seus horizontes musicais.


Sua performance no palco é de entrega à música mais do que ao público. Por cantar composições próprias, o sentimento que Céu transmite através de gestos e expressões corporais ao interpretá-las é genuíno. Assim, a imposição de sua presença se dá naturalmente. Seja no estilo de dançar indiferente à platéia, por vezes de costas, interagindo com os integrantes da banda, outras como se estivesse sozinha em uma pista de dança. Ou no improviso travestido de samba, “Chegou de mansinho, veio vagarinho, ô menino bonito...” que ela incorporou definitivamente à “Malemolência”. E ainda, advertindo que não tomem sua gentileza por fraqueza durante a execução de “Rainha”.

Quando dividiu o palco com João Bosco, Céu assumiu uma postura contida, sentada em um banquinho, revisitando clássicos do cancioneiro nacional no formato voz e violão. Apesar de toda beleza contida em sua interpretação de “Isto aqui o que é”, de Ary Barroso, fica claro que Céu fica mais a vontade ao tangenciar a tradição sem apropriar-se dela.

É notório que a música brasileira vive um período fértil de jovens cantoras. Mas, se por um lado boas vozes não faltam, a originalidade esbarra no conservadorismo dos repertórios e dos arranjos. Passada a fase da bossa eletrônica que exportou talentos e ainda rende frutos tardios por aqui, caiu-se na maldição do samba. Revitalizado a partir de um movimento engendrado por uma nova geração carioca em rodas na Lapa e no carnaval de rua, hoje, a tal maldição está espalhada pelo Brasil. Enquanto algumas bandas conseguem mimetizar o samba ao som de baixo, guitarra e bateria, outros através de samplers e scratches, nossas cantoras acabam aprisionadas em arranjos reverentes, seja ao samba, à bossa nova ou mesmo ao pop, deixando-se enquadrar entre seguidoras ou de Elis, ou de Clara, ou de Nara ou de Marisa.

Céu, ao contrário, incorpora o samba sem devoção ou deslumbramento, incorporando-o a outras matrizes da música negra, o que resulta em uma musicalidade original que transcende o mero folclore nacional e é reconhecida pela sua criatividade para além das fronteiras do país. Suas incursões explícitas ao gênero são duas: “Samba na Sola” e “Bobagem”. Esta última, um samba incomum, melancólico e de ritmo lento, cuja introdução de acordes dissonantes deságua numa levada percussiva minimalista sobre a qual Céu entoa: “Minha beleza, não é efêmera, como a que eu vejo em bancas por aí. Minha natureza é mais que estampa, é um belo samba que ainda está por vir”. Uma letra da cantora para a sua nação.


Confira um vídeo de Céu e João Bosco ao vivo no Vivo Rio na Tuba do Pindzim.