Com que palavras ou que lábios é possível estar assim tão perto do fogo e tão perto de cada dia, das horas tumultuosas e das serenas, tão sem peso por cima do pensamento? Pode bem acontecer que exista tudo e isto também, e não só uma voz de ninguém. Onde, porém? Em que lugares reais, tão perto que as palavras são de mais? Agora que os deuses partiram, e estamos, se possível, ainda mais sós, sem forma e vazios, inocentes de nós, como diremos ainda margens e diremos rios? Manuel António Pina
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.