Sigo a sangrar, do peito ao vão das unhas, os dardos do amor: o que há sido e o que há. Naufragado ao vento de um cais sem mar o que serei se alia ao que me opunha. As farpas do desejo – esse tear das aranhas da dor e sua alcunha – fazem da luz do dia uma calúnia, cravam no azul da tarde o zen do azar. Tento amarrar o tempo e a corda é curta, tento medir o nada e nada ajusta. (Meus nervos tocam para os inimigos que chegam sob o som de uma mazurca.) Resta a mó do destino – o desabrigo – a devolver meu pão de volta ao trigo. Salgado Maranhão
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.