Julguei que podia quebrar a profundeza a imensidade Com o meu desgosto nu sem contacto sem eco Estendi-me na minha prisão de portas virgens Como um morto razoável que soube morrer Um morto cercado apenas pelo seu nada Estendi-me sobre as vagas absurdas Do veneno absorvido pelo amor da cinza A solidão pareceu-me mais viva que o sangue Queria desunir a vida Queria partilhar a morte com a morte Entregar meu coração ao vazio e o vazio à vida Apagar tudo que nada houvesse nem o vidro nem o orvalho Nada nem à frente nem atrás nada inteiro Havia eliminado o gelo das mãos postas Havia eliminado a invernal ossatura Do voto de viver que se anula Tu vieste o fogo então reanimou-se A sombra cedeu o frio de baixo iluminou-se de estrelas E a terra cobriu-se Da tua carne clara e eu senti-me leve Vieste a solidão fora vencida Eu tinha um guia na terra Sabia conduzir-me sabia-me desmedido Avançava ganhava espaço e tempo Caminhava para ti dirigia-me incessantemente para a luz A vida tinha um corpo a esp...
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.