Vivia em conserto,
Feito enxurrada, mais
E pedreiros amigos
A cada chuva, o mofo
Até tornar ir embora imperativo.
Orlando ou Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf (fico com ambos)
O homem sem qualidades, de Robert Musil
Pedro Páramo, de Juan Rulfo
Mulheres apaixonadas, de D. H. Lawrence
Persuasão, de Jane Austen
Na verdade, há autores que têm muitos títulos no mesmo patamar de excelência. É o caso de Jane Austen. Lembro que, na lista dos 100, coloquei Emma, mas tanto Razão e sensibilidade, quanto Orgulho e preconceito, ou o título supracitado, todos foram romances grandiosos. Isto costuma ocorrer comigo: esgoto o autor e, depois, fica difícil escolher apenas um romance. Dá para imaginar, então, a lista enorme só contendo os títulos de Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Marguerite Duras, George Eliot, Henry James, Kawabata, Murakami... E a lista com os romances de José Saramago, admiração maior!
Enfim os 100 romances aí estão. Ficaram muitos de fora. Limite é sempre algo enganador, achamos que organiza pensamentos, até ações, mas é vã ilusão, continua sendo apenas uma barreira que desperta o desejo de ultrapassar. Se calhar, seguirei com a lista até um número qualquer, designado tão somente pelo meu gosto. Afinal, e seguindo um debate que o blog Madame K levantou há pouco tempo, para que servem os blogs? Servem ao gosto de cada um, servem para preencher alguma lacuna. No meu caso, o blog serve para registrar leituras, aplaudir textos, divulgar seus autores, compartilhar a literatura.
91- Em busca do tempo perdido (todos os volumes), de Marcel Proust
92-De verdade, de Sándor Márai
93- Minha vida de menina, de Helena Morley
94- Encontro em Samarra, de John O'Hara
95- Giovanni, de James Baldwin
96- Meus dias de escritor, de Tobias Wolff
97- Casa de encontros, de Martin Amis
98- As aventuras do Sr. Pickwick, de Charles Dickens
99-Os anéis de Saturno, de W.G. Sebald
100- O destino de um homem, de Somerset Maugham
TRECHO de Albertina desaparecida, a versão de A fugitiva alterada pelo próprio autor, último volume de Em busca do tempo perdido no qual Marcel Proust (foto) trabalhou.
Albertina já não existia; mas era a pessoa que me havia escondido seus relacionamentos com mulheres, em Balbec, e que imaginava ter conseguido me manter ignorante quanto à questão. Quando consideramos o que há de acontecer conosco após a morte, não é o nosso “eu” vivo que, erroneamente, ao fazê-lo, projetamos? Será mais absurdo, afinal, lamentar que uma mulher que já não existe desconhece ter vindo à tona o que ela fazia seis anos atrás, ou desejar que o público fale bem de nós daqui a um século, quando estivermos mortos? Se o segundo caso tem mais fundamento que o primeiro, o arrependimento, retrospectivo, do meu ciúme partiu do mesmo erro de visão que produz no homem o desejo da celebridade póstuma. Todavia, se a impressão da natureza solene e irrevogável da minha separação de Albertina, momentaneamente, suplantou a idéia que concebi de suas más ações, a mesma impressão serviu tão somente para agravá-las, conferindo-lhes um caráter irremediável. Vi a mim mesmo perdido na vida, como em uma praia infinita, onde estava só e onde jamais a encontraria, seguisse eu em qualquer direção.