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13.2.12

A circulação baixa do Marítimo

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Terá sido, aos meus olhos, o aspecto mais marcante do ponto de vista táctico, no jogo. O que define o resultado é uma discussão menos trivial, sendo impossível de rivalizar, por exemplo, com o peso fatídico de lapsos pontuais, como o erro de Patrício, ou a escorregadela de Xandão, mas no que respeita à definição do balanceamento do jogo, ao que marcou o ascendente do Marítimo e as dificuldades de imposição do Sporting, nenhuma fase do jogo terá contribuído tanto como a circulação baixa dos insulares.

Foi uma situação que se repetiu sucessivamente no inicio do jogo e que estaria, inclusivamente, na origem do lance do segundo golo, mesmo numa altura em que a resposta das equipas era já bastante diferente daquilo que acontecera na primeira parte. Há, aqui, algum contraste com aquilo que tem acontecido na generalidade dos jogos do Sporting, nomeadamente na abordagem que é feita pelos seus adversários. O Marítimo, desta vez, assumiu o risco de promover uma circulação baixa, tentando chamar e envolver o Sporting, antes de explorar os espaços mais adiantados. Foi uma situação de risco, sobretudo porque confrontou a intencionalidade do Sporting de subir o bloco e potenciar o erro no meio campo contrário. Por mérito de uns e demérito de outros, foi o Marítimo quem saiu repetidamente por cima deste confronto e, por isso, quem ficou desde logo mais próximo das zonas que definiu como essenciais para criar vantagem.

Aqui ficam alguns pontos de opinião sobre esta situação:

- intencionalidade/mérito do Marítimo: Nada foi um acaso. Centrais abertos, laterais profundos, uso do guarda redes e apoio dos médios, como solução de passe no corredor central. Não creio que haja a intenção de fazer uma ligação muito apoiada entre as diferentes fases, mas há pelo menos o objectivo de criar a dúvida no posicionamento do bloco contrário, atraindo as linhas mais adiantadas para depois explorar alguma abertura do bloco, quer através de uma circulação mais larga, quer através de um jogo mais directo. Para além da intencionalidade e de alguma qualidade, penso que se deve destacar, porque não é muito comum a este nível, a tranquilidade e confiança com que os jogadores do Marítimo o fizeram.

- presença pressionante do Sporting: Domingos juntou Matias a Van Wolfswinkel, o que não é uma surpresa. O pressing do Sporting pretende ter um impacto vertical imediato e não tanto uma acção orientadora da sua primeira linha, e para isso é quase inevitável a utilização de dois jogadores no inicio de pressão. Mas as dificuldades surgiram, a meu ver, por dois factores. O primeiro tem a ver com o controlo da acção dos médios (Roberto Sousa/Rafael Miranda) no corredor central, que nunca foi bem conseguida pelos elementos da segunda linha, sempre algo distantes dos dois elementos mais adiantados. Depois, mesmo quando conseguiu criar dificuldades, o Sporting não as materializou, devido a uma aparente incapacidade ao nível da agressividade. Finalmente, nem sempre se verificou uma boa prioridade na acção pressionante dos elementos da primeira linha, sendo um excelente exemplo o lance do segundo golo, quando o Sporting consegue fechar o Marítimo num lado do campo, mas depois Van Wolfswinkel é batido numa tentativa de desarme, quando a prioridade deveria ser não deixar a bola sair do corredor. O Sporting fica assim exposto, porque a sua equipa está balanceada para um lado do campo e a bola circula rapidamente par o lado oposto, aumentando a abertura lateral da equipa (basta reparar na distância de Arias para os centrais na fase terminal do lance).

- última linha: quase sempre a última linha é a mais visada, porque são sempre estes os protagonistas da fotografia final. Mas, como bem retrata o lance do segundo golo, raramente a questão se pode resumir de uma forma assim tão simples. Neste jogo, por exemplo, não sou da opinião que a última linha do Sporting tenha feito um mau jogo, apesar de ter sido muito exposta pela perda de presença pressionante sobre o portador da bola. Aqui, na reacção da última linha a este tipo de situação, reside uma das questões mais difíceis de responder pela generalidade das principais equipas do futebol actual. O que fazer quando há perda de presença pressionante sobre o portador da bola? Bom, cada equipa/treinador definirá o que pretende, mas o que se vê é que a generalidade das linhas defensivas mantém o posicionamento nestas situações, aumentando ainda que instantaneamente o risco de exposição do espaço nas suas costas. Pessoalmente, penso que o ideal é que se corte a profundidade, mesmo que se aumente o espaço entre sectores. Parece-me preferível baixar, aguentar e reorganizar do que correr o risco.

- guarda redes: não é novidade que o guarda redes ganha importância com a postura pressionante das equipas. De um lado, quando em posse de bola, porque tem de ser parte da circulação. Do outro, em situação defensiva, porque tem de estar preparado para cortar o espaço nas costas da sua linha defensiva. Neste jogo, Peçanha foi fundamental na circulação e Patrício no auxilio ao controlo da profundidade. O caso de Patrício, porém, não merece grandes elogios apesar do bom desempenho neste jogo (a este nível). Para além do seu já conhecido jogo de pés, muito aquém do que se exige nos dias de hoje, tem revelado dificuldades comprometedoras na decisão de sair da baliza. Já havia sido decisivo em Braga, valendo um golo aos bracarenses, e voltou a sê-lo a meio da semana, quando não reagiu a cruzamento feito na linha média e que acabou com uma finalização de cabeça perto da marca de penalti, perante a imobilidade do guarda redes. Preocupante!
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20.12.11

Porto - Marítimo: opinião e estatística

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- O último jogo do ano no Dragão não trouxe grandes motivos de interesse, muito pela monotonia do domínio portista, ainda mais potenciada após a expulsão. Ainda assim, o jogo pareceu confirmar algumas tendências do passado recente, nomeadamente no que respeita ao contraste entre a facilidade com que a equipa domina e controla o adversário e a dificuldade que mantém em conseguir uma tradução fiel desse domínio em jogadas de real proximidade com o golo. Não se trata de volume, pois remates não faltaram, mas de qualidade no desfecho das inúmeras acções ofensivas. De todo o modo, abre-se uma interrogação para o futuro próximo, que passa por perceber até que ponto Vitor Pereira está disposto a abdicar deste onze que tão fielmente vem repetindo, para rever algumas opções que não parecem oferecer o máximo potencial à equipa.

- Em termos colectivos, apenas uma nota em relação ao que referi nos últimos jogos. Desta vez, e particularmente na primeira parte, a ligação de jogo no último terço não me pareceu tão eficaz, nomeadamente na ligação com Álvaro Pereira. Aqui, pareceu haver uma assimetria com influência no rendimento. Com James muitas vezes próximo de Hulk e com ambos a descair para a direita, quando as jogadas se iniciavam pelo flanco direito, a equipa tinha dificuldade em fazer uma boa entrada na zona de finalização, essencialmente porque não parecia capaz de ligar o jogo com o flanco oposto, acabando mais dependente de cruzamentos ou tentativas de penetração em zonas bastante densas. Por outro lado, quando iniciou pelo corredor esquerdo, a sua capacidade de aproveitar o espaço no flanco oposto pareceu muito maior e muito boa, com Hulk ou James como destino dessas acções ofensivas. É a tal questão da largura na última linha, que me parece ser importante para conseguir criar mais dificuldades a quem defende.

- Individualmente, quero deixar algumas notas de opinião, e começo por Hulk. Este foi o jogo interessante, porque Hulk actuou na primeira parte como referência mais central e na segunda mais preso à linha. Pessoalmente, não tenho quaisquer dúvidas sobre o seu maior rendimento na primeira parte. Hulk é um jogador excepcional, que pode desequilibrar a qualquer momento, jogue onde jogar. O que se nota é que partindo de posições mais centrais, Hulk é solicitado em zonas mais ofensivas, e com muito menor tendência para cair na tentação do drible forçado e repetitivo. Com alguma surpresa, a sua prestação como elemento de apoio frontal é muito boa, mais influente e certo nesse papel do que Kleber ou Walter, ou do que qualquer dos avançados dos outros dois grandes. Veremos como evolui, mas pessoalmente sou da opinião de que o seu rendimento pode ser de facto mais potenciado partindo dessas posições, desde que complementado por outros jogadores que ocupem os espaços que abre com a sua mobilidade. Uma ideia ainda não explorada, seria tentar uma relação de maior mobilidade entre Hulk e Kleber, já que sempre que actuam juntos fazendo em posições muito fixas. Kleber tinha um papel deste tipo no Marítimo, pelo que pode não ser assim tão estranho. É uma ideia, embora me pareça improvável que seja tentada...

- Outro caso é Djalma, que continua a não conseguir um grande entrosamento com os restantes elementos mais ofensivos e, também, sem protagonizar muitos desequilíbrios. Continuo a pensar que se esta relação for melhorada, o Porto poderá potenciar significativamente o número de ocasiões que consegue, mas teremos de esperar para ver o que acontece. Deste jogo, sobram mais duas ideias: Cristian Rodriguez e Iturbe. Cristian Rodriguez, particularmente, é um jogador de boa dinâmica e com capacidade para aparecer em zonas interiores, o que pode ser importante num ataque que se pretende móvel. A melhor época de Rodriguez no Porto, aliás, foi num ataque com essas características. Mais incerto, mas muito promissor é Iturbe. Será um jogador de características diferentes, mas cujo potencial torna imprevisível o impacto que possa vir a ter.

- Finalmente, falar de Belluschi que foi o jogador que mais desequilíbrios protagonizou no jogo, quase sempre sem sorte nas situações em que finalizou, mas com influência decisiva no primeiro golo. Belluschi mantém, para já, um rendimento inferior ao de Defour nesta posição, sendo menos irregular na certeza das suas abordagens e integrando menos vezes a zona de finalização, dentro da área. Por outro lado, e tal como frente ao Beira Mar, apareceu sucessivamente a finalizar à entrada da área. A questão passa por saber se Belluschi consegue ser verdadeiramente eficaz dessa posição, ou se o azar por que aparenta passar é mais do que apenas isso. É outra questão para a qual só o tempo poderá dar resposta...
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15.7.11

Reforços 2011/12: Kléber (Porto) (Parte I)

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Perfil evolutivo - Kléber ascendeu a profissional nos quadros do Atlético Mineiro. Com pouco espaço no "Galo" (um dos "grandes" do futebol brasileiro, note-se), acabou por vir para Portugal e para o Marítimo, onde aproveitou da melhor maneira a oportunidade. Apesar do clube madeirense não ter propriamente um problema no que respeita à posição (Babá vem, há muito, garantindo bom rendimento continuado como finalizador), Kléber fez valer o seu potencial e conquistou um espaço tão inquestionável que poucos meses após a sua chegada a Portugal, o "salto" para um clube maior era já visto como inevitável.


Perfil táctico/técnico - Kléber é um jogador que combina de forma invulgar a capacidade física com a habilidade técnica. Isto permite-lhe ser um jogador invulgarmente forte a jogar de costas para a marcação. O papel de pivot ofensivo, particularmente em situações de transição é extremamente difícil de interpretar, mas pode, também, acrescentar muito a esse momento do jogo, sendo por isso, e na minha opinião, um dos aspectos que mais diferencia os avançados. Kléber é, neste ponto, fortíssimo, tendo sido essa sua aptidão explorada (até exageradamente, diria) pelo Marítimo na passada temporada. A potência física do jogador não lhe permite apenas fazer uma boa protecção da sua posição, mas também se revela útil na exploração do espaço, pela velocidade que tem. Mais uma vez, esta aptidão foi muito explorada no Marítimo 2011.
As suas características permitem a Kléber participar em várias situações de golo. A sua capacidade de finalização não é particularmente forte, não se notando, por exemplo, um tipo de movimento ou execução característica, em que se destaque. Kléber tem, porém, um desempenho sólido na finalização, conseguindo dar uma complementaridade razoável às inúmeras ocasiões em que intervém.
Para um jogador de zona de finalização, os golos marcados (ou assistidos) são uma métrica incontornável, sendo pouco inteligente centrarmo-nos demasiado em questões de gosto e estilo quando o que conta, no final, é apenas a eficácia. No que respeita a Kléber, e ressalvando que não tem um período que considere muito extenso para esta análise, os números são claros: relativizando por tempo de utilização e enquadramento colectivo, a sua capacidade goleadora foi elevada e consistente.

Futuro no Porto - A aposta deverá estar dependente, como é óbvio, da continuidade de Falcao, mas tudo indica que Kléber possa merecer vários minutos de utilização, seja qual for a concorrência que venha a ter. Mais do que Walter no ano anterior, por exemplo. Há, parece-me, algum caminho a percorrer relativamente à evolução do jogador. Primeiro, na calibragem dos seus movimentos para fora da zona de finalização, já que habitualmente se afasta muito mais das zonas de finalização do que acontece com os outros avançados do plantel. Depois, porque pode tornar-se mais forte nos movimentos dentro da área, em relação ao que até agora apresentou. Seja como for, as suas características podem dar à equipa um potencial maior no que respeita ao jogo exterior, sendo, e como escrevi antes, os seus indicadores de concretização igualmente bons, pelo que, tudo indica, Kléber terá sido mesmo uma grande aposta do Porto para os próximos anos.

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14.7.11

Reforços 2011/12: Djalma (Porto) (Parte II - vídeo)

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Todas as acções de Djalma no último Marítimo - Nacional (1-1).

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13.7.11

Reforços 2011/12: Djalma (Porto) (Parte I)

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Perfil evolutivo - O percurso de Djalma não é mistério para qualquer adepto atento ao futebol português. Fez-se todo no Marítimo, com ascendente rápido e estabilização dentro de um estilo e de um nível de rendimento muito constantes. Há, aqui, que fazer uma nota - para mim, importante - para a contextualização do jogador: o futebol do Marítimo na última época. Poucas equipas terão praticado um futebol tão pouco trabalhado como a equipa de Pedro Martins. Muita verticalização, pouco ou nenhum apoio ao portador da bola e um apelo constante à capacidade que os 3 da frente (Djalma, Kléber e Babá) tivessem para resolver os problemas ofensivos da equipa.

Perfil táctico/técnico - Como todos reconhecem, Djalma é um jogador forte no 1x1, fundamentalmente pela capacidade de explosão que possui. Essa será a característica mais reconhecida do jogador, mas eu acrescentaria mais duas: a qualidade de remate/finalização do seu pé direito e a capacidade de trabalho, tendo uma boa capacidade de recuperação, pela rapidez, mas também uma assinalável reactividade defensiva.

Futuro no Porto - Durante a época, não fui muito generoso nas apreciações que lhe fiz. Para tal contribui a sua propensão para verticalizar o jogo e uma aparente incapacidade para fazer uma melhor gestão da posse. Hoje, porém, tenho de me questionar sobre a justiça dessa avaliação, não estando completamente certo da origem da limitação. Ou seja, essa constatação indicia uma dependência de um jogo com mais espaços, próprio dos momentos de transição, que, por norma, as equipas "grandes" não encontram com facilidade.

Fazendo uma contextualização de Djalma no colectivo do Marítimo, porém, vemos que a sua certeza em posse é substancialmente superior à média da equipa. Se tivesse de arriscar, diria que a capacidade técnica de Djalma lhe poderá permitir uma transição sem problemas de maior para este novo cenário, ao contrário do que inicialmente pensei. Haverá sempre um importante processo de adaptação ao critério de decisão colectivo, faltando saber a capacidade de resposta de Djalma a este nível. Pessoalmente, e mesmo percebendo-se a minha incerteza, arriscaria num desfecho positivo, acrescentando ainda o meu especial interesse no acompanhamento deste "caso".

À margem da questão da posse (decisão), Djalma tem tudo para ser um jogador determinante em termos ofensivos. Para fazer golos e assistências, aproveitando a sua capacidade, não só no 1x1, mas também na finalização. Aliás, tenho poucas dúvidas que terá um impacto relevante a esse nível, face ao tempo de utilização que lhe for dado. De acordo com as potencialidades descritas, creio que poderá ser também um jogador que acrescente algo em termos de agressividade defensiva, em relação a outras soluções. Como ponto negativo terá, talvez, a capacidade e propensão para o cruzamento a partir de zonas mais largas.

Mais do que o seu sucesso na próxima época, a questão que me coloco nesta avaliação é sobretudo se Djalma tem capacidade para jogar a um nível mais elevado, e numa equipa a quem se exige uma incidência maior nos momentos de organização e não tanto em termos de transição. Isto porque, seja qual for a resposta a essa questão, a missão de Djalma será sempre muito complicada no que respeita à afirmação entre os titulares. Se continuar Hulk, uma vaga estará inevitavelmente ocupada, restando um lugar. Varela foi a escolha mais comum na época anterior, mas o problema principal para Djalma não será o extremo habitualmente convocado por Paulo Bento, com quem, creio, poderia realmente discutir o lugar. É que na corrida aparecem ainda James Rodriguez, que surge numa trajectória ascendente, Cristian Rodriguez, também um sério candidato se tiver um ano com menores problemas físicos, e ainda Iturbe, um prodígio emergente. Não será fácil, seja qual for a resposta do extremo angolano.

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7.2.11

Porto, Benfica e a jornada (Breves)

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- No Dragão, não é difícil constatar o que toda a gente viu: o Porto fez uma das mais fracas exibições da temporada e muito se poderá valorizar a eficácia do minuto 7, porque, depois, pouca coisa se viu. Villas Boas valorizou a vitória, mas atirou a responsabilidade da quebra de rendimento para a sobrecarga de jogos. A mim, parece-me que o motivo pelo qual os 3 pontos são importantes é o mesmo pelo qual a sobrecarga de jogos não serve de explicação: a confiança. Enfim, voltarei a este jogo com mais detalhe, mas não quero deixar de comentar que o Rio Ave, e apesar do mau jogo portista, não conseguiu criar ocasiões de golo. Este dado é relevante quando comparamos o mau período portista com a fase menos boa do Benfica, onde as ocasiões dos adversários sucediam-se.

- Em Setúbal, em primeiro lugar, um elogio ao Vitória. São cada vez menos os clubes verdadeiramente populares em Portugal, mas em Setúbal mora um dos últimos resistentes. Também ao nível do jogo, o Vitória enriqueceu o interesse de que se sentou para ver a partida. Poucas equipas no campeonato serão capazes de dar tamanha réplica ao Benfica, nesta altura. Não que o trajecto do Vitória mereça grandes elogios, mas porque Manuel Fernandes tem essa particularidade de fazer as suas equipas parecem melhores do que são nos jogos "grandes". Estratégia e atitude, são os segredos desta característica. A verdade é que não chegou. Porque o Benfica foi melhor e porque o Vitória não conseguiu um elemento fundamental para o sucesso da sua proposta: a eficácia. De resto, os argentinos insistem em desconstruir muitas análises precipitadas que sobre eles foram feitas.

- No resto da jornada, nota para o super entretido e interessante Marítimo-Braga. Uma chuva de ocasiões e muita felicidade para a equipa de Domingos já na recta final. No outro duelo Minho-Madeira, um cenário bem mais pobre. O Vitória mereceu mais, mas não mereceu muito. Mais divertido é ouvir Jokanovic no final dos jogos: "Se houve equipa que merecia ganhar, foi o Nacional". Repete sempre isto, seja qual for a história do jogo. Nota ainda para o facto de Mozer continuar a ser o único protagonista de uma "chicotada" com algum efeito positivo nos resultados das equipas que trocaram de treinador - e aqui reporto-me apenas aos resultados, e não faço qualquer análise a jogos que não vi. Finalmente, em queda livre está o Leiria, desde a viragem do ano. É impossível para mim não recordar a saída de Carlão: era um jogador determinante para o Leiria, e é um desperdício que não tenha continuado a evoluir cá dentro.

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26.1.11

Marítimo - Sporting: Análise e números

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Haverá, na minha perspectiva, poucos jogos tão fracos como este em termos de dinâmica e estratégia colectiva. Acabou por levar a melhor o Sporting, graças a uma assinalável diferença de eficácia, mas também porque durante toda a primeira parte, e apesar de tudo, acabou por ser a única equipa com algum esboço de intenção de perturbar o jogo do seu adversário. Tem, por isso, muita culpa própria o Marítimo no destino que lhe calhou. O facto é que jogavam duas das equipas tecnicamente mais fortes do campeonato e o que se viu foi um desperdício mútuo, onde, no final, sorriu o Sporting.

Notas colectivas
Não quero escrever muito sobre o jogo, porque me parece desinteressante e pouco merecedor de grande atenção. Ainda assim, destacar a opção estratégica do Sporting em jogar numa estrutura mais densa em termos de presença de meio campo, mas onde a dinâmica com bola era tão escassa que a equipa parecia estar sempre em organização defensiva, mesmo quando tinha a bola. Isso não impediu, porém, que fosse o Sporting quem mais tentasse pressionar e condicionar o jogo do adversário. Quanto ao Marítimo, de facto, fica difícil perceber o que quis fazer. Manteve um jogo demasiado posicional e pouco agressivo sem bola, permitindo que o Sporting jogasse facilmente em zonas baixas e não potenciando os problemas da má dinâmica da equipa de Paulo Sérgio, com bola. Quando tinha a oportunidade de jogar, não demonstrou qualquer arrojo na circulação, acabando por ser condicionada por uma pressão do Sporting, que nem sequer era muito agressiva. Exigia-se mais também do Marítimo, que teve a infelicidade de sofrer um golo numa primeira parte nula de ambas as partes, é verdade, mas que – e como se viu na segunda parte – se tivesse mais agressividade e arrojo, poderia facilmente ter submetido o Sporting a vários problemas.

Sobre o Sporting, e numa observação menos centrada neste jogo, é curioso observar como a equipa se desvia, hoje, tanto das ideias que o seu treinador pareceu querer implementar no inicio de época. Começou por tentar uma linha defensiva agressiva, mas não conseguiu, acabando por apelar de novo à dupla Carriço-Polga e a um comportamento menos agressivo da sua linha mais recuada. Em termos defensivos, aliás, não é difícil perceber o porquê de tanta dificuldade de potenciar os centrais que tem ao seu dispor. Basta ver a facilidade com que são atraídos para fora da sua zona.

Mas também em termos de ideia ofensiva, a equipa é cada vez mais um improviso. No inicio de época, havia a intenção clara de fixar o ponta de lança em zonas centrais e fazer uma circulação à largura, que ligasse corredores à procura de cruzamentos. Hoje, a circulação depende de quem está e da estrutura, que também oscila. Liedson voltou a ser móvel e os rasgos não vêm dos cruzamentos, mas daquilo que a mobilidade e qualidade de Valdés vai conseguindo.

A coisa menos inteligente que Paulo Sérgio tem para fazer em relação à sua carreira é achar que esta oportunidade falhou por culpa de factores que não têm a ver com ele. Essa é a via certa de quem não quer evoluir.

Notas individuais
Rui Patrício – Foi, talvez até mais do que Zapatar, o herói do jogo. Patrício é já um bom valor e uma aposta que merece continuidade. Como já referi noutras ocasiões, seria um disparate, depois de todo este esforço, não dar seguimento ao seu desenvolvimento. Não me tenho procurado especializar muito na avaliação de guarda redes, mas sei que há sempre um exagero nas apreciações que lhes são feitas. Um grande guarda redes vê-se mais na ausência de erros do que em exibições brilhantes. O mesmo é dizer que Patrício precisa de continuar a evoluir.

João Pereira – Mesmo jogando à direita, tem uma enorme influência no jogo da equipa, pela facilidade com que se integra com bola nas acções ofensivas. Não está bem aproveitado – basta contar as poucas vezes em que a equipa o utiliza no último terço – e tem algumas debilidades em termos defensivos. Mas é o melhor lateral direito deste campeonato e uma mais valia clara para a equipa.

Evaldo – Dado o histórico de laterais esquerdos nos últimos anos, Evaldo e a sua regularidade são até uma boa novidade para o Sporting. Mas, de facto, continua a ser quase ridícula a forma como não se consegue impor nas suas acções. Não compromete, mas, para se ter uma ideia, Torsiglieri jogou cerca de 1/3 do tempo e conseguiu praticamente o mesmo número de intercepções.

Polga – O Marítimo facilitou-lhe a vida porque permitiu jogar facilmente em várias ocasiões. Mas sempre que tentou o passe longo, foi um desastre. É um jogador experiente e tem, como já realcei, qualidades raras, mas precisa de ter um jogo, quer ofensivamente, quer defensivamente, mais calibrado. Algo que, como já se percebeu, não acontecerá com Paulo Sérgio.

Pedro Mendes – Regressou e, jogando na posição em que jogou, foi de novo a placa giratória do meio campo. Isso, e a falta de pressão dos madeirenses, explica o elevado número de passes que conseguiu. Mas Mendes não está ainda no nível que dele se espera. Falhou demasiadas vezes quando tentou passes mais difíceis e também não teve uma presença muito dominadora em termos de recuperação. Seria bom que jogasse com mais regularidade.

André Santos – Não está, de facto, numa boa fase e a aposta nele só se explica pela juventude e necessidade de o fazer jogar. Comparativamente com Zapater, teve uma utilidade muito baixa, notando-se muito a diferença de percepção posicional em relação ao espanhol (não tem a ver com os golos). Para evoluir é importante jogar, mas não menos importante é ganhar cultura posicional e capacidade de integração ofensiva sem bola.

Zapater – Não é apenas a eficácia ofensiva que faz dele o melhor em campo. Bem posicionalmente e beneficiando do ritmo lento do jogo, antecipou sempre correctamente onde devia estar – o que lhe valeu, também, os golos conseguidos – e o tempo das suas acções. Não merecia ter sido ele a sair do onze depois do jogo frente ao Braga, e confirma agora o seu bom momento.

Liedson – No inicio de época aparecia preso na área, o que o impedia de ser ele próprio. Jogando mais livre, torna-se um jogador verdadeiramente difícil de parar. Quer sem bola, onde mantém uma utilidade invulgar para um avançado, quer com ela. É certo que não é jogador forte e constante em termos de decisão em zonas mais longe da baliza - muitas vezes parece mesmo contra producente. Mas é um jogador sempre muito imprevisível e que ganha muito por abordar as zonas de finalização vindo de fora, não dando possibilidade aos defensores de definir a marcação. O rendimento de Liedson depois da saída de Paulo Bento caiu, não porque estivesse "acabado", mas porque a exploração das suas características deixou de ser a mesma.

Djalma – Pode ter explosão e qualidade de definição. Pode até ser um jogador com capacidade de trabalho. Com o tipo de decisões que tem em espaços mais densos, porém, dificilmente triunfará numa patamar mais elevado.
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11.1.11

Porto - Marítimo (Análise e números)

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Não se pode dizer que a resposta foi brusca, mas foi seguramente uma boa reacção à primeira derrota da época, numa exibição que foi ganhando qualidade e consistência, acabando por se saldar como muito positiva. Na verdade, jogando em casa, era um cenário que, como já havia escrito, se adivinhava. É que o Marítimo, tendo alguns bons jogadores, não tem andamento para repetir o prato do seu rival insular. Por mérito próprio e falta de competitividade interna, é de facto muito difícil uma equipa com a qualidade do Porto tropeçar 2 vezes seguidas.

Notas colectivas
Começando pelas opções de Villas Boas, houve alguma surpresa na adaptação de Hulk a uma posição central. Uma solução que, creio, tem muito mais a ver com a intenção de dar continuidade à aposta em James, mas que implicava algum risco. Não que Hulk não possa jogar a partir de posições centrais – já o fez no passado e com sucesso – mas porque o seu tipo de movimentação tem de ser muito diferente daquilo que acontece com Falcao, por exemplo. Implica não só maior mobilidade no trio ofensivo, mas sobretudo um relacionamento posicional diferente dos extremos, que habitualmente ligam muito mais os seus movimentos com laterais e médios mais próximos do que com o elemento mais central do ataque.

Não foi apenas por isto que o Porto sentiu algumas dificuldades numa etapa inicial, embora o crescimento da equipa tenha também coincidido com uma melhor relação de movimentos do trio ofensivo. Essencialmente, houve uma fase em que o Porto não conseguiu manter o jogo no meio campo adversário, como tanto gosta. Algo que resultou de uma qualidade e velocidade de circulação menos intensa, mas também de uma intenção do Marítimo de condicionar a saída de bola portista, obrigando a que se jogassem mais segundas bolas e tornando mais físico o jogo. Por incapacidade próprio ou por mérito portista, o facto é que o sucesso dessa intenção durou pouco.

Há um elogio que, não sendo novo, deve ser feito a esta equipa portista: a sua qualidade em organização ofensiva. A maior parte das equipas precisa de situações de ataque rápido e transição para atingir um grande número de jogadas de golo, mas o Porto parece ser capaz de jogar sempre perante adversários posicionados e organizados. O segredo, parece-me, está na combinação de 2 elementos: a qualidade de circulação e a tranquilidade com que aborda esse momento. Qualidade de circulação, pela velocidade e boa movimentação dos jogadores e da bola. Tranquilidade, pela forma como raramente se precipita neste processo, não caindo na tentação de uma verticalização imediata, mas procurando o melhor “timing” de entrada no bloco contrário. Este último aspecto talvez seja o mais raro em equipas que sentem muito a pressão de ter de chegar rapidamente ao golo.

Ainda dentro da qualidade de circulação, uma nota para o peso de Moutinho no inicio da construção. O Porto ganha muito mais quando é ele o protagonista do primeiro passe. Garante mais certeza e segurança do que Guarin, Belluschi ou Fernando, por exemplo.

Notas individuais
 Sapunaru – Normalmente gosto pouco de laterais ditos “defensivos”. Porque esse rótulo geralmente não resulta de um significativo acréscimo de fiabilidade defensiva, mas, antes sim, de uma substancial incapacidade para dar profundidade ao flanco onde jogam. O facto é que Sapunaru, dito “defensivo”, tem-no sido realmente. Muito certo nas suas acções com bola – sem grande capacidade de dar profundidade, é certo – e sobretudo muito forte no domínio que impõe na sua zona. Uma boa surpresa nesta temporada.

Emídio Rafael – Não repetiu, desta vez, a exibição errática frente ao Setúbal. Pode dizer-se que cumpriu, é verdade, mas também é um facto que foi tudo menos deslumbrante num jogo onde tinha boas condições para ser mais protagonista em termos ofensivos. Tem tido a sorte de ter boas oportunidades, mas ainda não se mostrou uma alternativa à altura de Álvaro Pereira.

Guarin – Foi o homem do jogo, conseguindo um protagonismo ofensivo raro para quem joga como “pivot”. Pode ter aumentado a dúvida sobre o titular do lugar nos próximos jogos, mas, se Guarin tem muito maior aptidão ofensiva do que Fernando, é também muito claro que não domina tão bem a posição como o seu rival pelo lugar.

Moutinho – Ao contrário do que muitas vezes se diz, não é sempre o jogador mais influente em termos quantitativos do meio campo portista. Mantém sempre uma bitola elevada e uma grande importância, mas não é sempre o mais influente. Desta vez, porém, foi-o claramente, protagonizando provavelmente a sua melhor exibição no campeonato. A única que rivalizará com esta será a que conseguiu na Madeira, frente ao Nacional. Foi o verdadeiro “dono do jogo” portista, batendo o seu recorde de passes e intercepções, e sendo ainda determinante em alguns lances ofensivos. Não marcou, nem assistiu, mas com este rendimento também não é preciso...

James – Percebe-se, pela idade e rendimento, tão declarada aposta. James correspondeu, aproveitando sobretudo bem a fase de maior exposição do Marítimo e acabou como um dos destaques do jogo. O seu rendimento, porém, não me parece ainda suficiente para que se possa esperar dele uma presença determinante sobretudo nas fases de definição do jogo. Veremos que tipo de confiança lhe trará o golo que marcou...

Hulk – Jogou a partir de posições mais centrais e teve dificuldade em ser tão influente como é hábito. Apareceu menos e com mais dificuldade de dar sequência às suas acções. Hulk, porém, está mesmo imparável e, mesmo assim, marcou um grande golo e fez uma assistência. Entre golos marcados e assistências, valeu 1,7 golos por jogo, em metade do campeonato. A equipa inteira do Sporting, por exemplo, só conseguiu 1,5!

Djalma – É um jogador a quem se projecta capacidade para mais altos voos. Correu muito e foi muitas vezes útil, mas foi, também, demasiadas vezes inconsequente com a bola nos pés. Para jogar a um nível mais elevado não são só precisas explosões, é preciso também critério nas decisões.



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27.9.10

Marítimo - Benfica: Análise e números

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O Funchal foi apenas a primeira curva de uma longa maratona para o Benfica. Um desafio a que se vê agora obrigado depois do seu mau inicio de época, e que força a equipa não só a ser competente, como a superar a carga psicológica que quem vai atrás sente sempre. O problema, basicamente, é que para quem vai atrás ganhar não chega, e isso impede a equipa de beneficiar de todo incremento de confiança que cada vitória traz. Para já, pode dizer-se, o Benfica passou o primeiro teste porque foi, simplesmente, demasiado competente para o Marítimo que apanhou. Mesmo com todos os problemas de eficácia. A qualidade de jogo não se questiona - nunca se questionou - mas esta eficácia dificilmente chegará para contornar o próximo obstáculo: o Braga.

Notas colectivas
Criou várias oportunidades de golo, mas não dá para dizer sequer que o Benfica tenha feito uma exibição fulgurante em termos de uma superação própria. Um pouco à imagem do que acontecera com o Sporting – embora com evidentes diferenças de qualidade e abordagem ao jogo – o Marítimo foi uma equipa demasiado inocente e permissiva em termos defensivos. Assim, e face a este Benfica, não só não podia disputar a posse – algo que estrategicamente não se propôs fazer – como não podia controlar defensivamente o adversário.

Mais do que os níveis de organização em cada um dos momentos, deve-se questionar a fraca intensidade dos insulares no desempenho da sua proposta de jogo. Baixar o bloco para depois jogar com o espaço era a estratégia, mas o Marítimo acabou a permitir que o Benfica fosse perigoso pela exploração do espaço a partir de momentos de transição e, até, a partir de situações simples como lançamentos laterais no meio campo contrário. Ora, se o objectivo é tirar o espaço ao adversário, como se pode querer ganhar se durante o jogo se permite tantas vezes que este explore a profundidade na transição?

E, assim, sempre dentro da qualidade do seu modelo, com a influência de Carlos Martins e a capacidade desequilibradora de Gaitan, Coentrão e Saviola, o Benfica foi criando e criando até chegar, finalmente, ao seu golo. O alerta escrevi-o no inicio: é preciso mais eficácia e tranquilidade em vários pormenores. A finalização é um capítulo óbvio, mas houve também 2 ou 3 perdas de bola em posse que ofereceram situações de golo que o Marítimo usufruiu e pouco fez por criar.

Notas individuais
Vou optar por comentar alguns jogadores individualmente:
Luisão – Está ser um inicio de época muito bom em termos individuais e na Madeira terá feito, talvez, a sua melhor exibição. Impressionante o domínio que consegue sobre a sua zona, a eficácia com que se move tacticamente fora dela e a lucidez que revela. Houve um tempo em que era muito criticado. Hoje, com organização e estabilidade no seu sector, percebe-se o grande jogador que é. Um alerta para que se distinga sempre o que é colectivo, do que é individual.

Javi Garcia – Continuo a achar que Airton tem mais capacidade para o lugar. Talvez não tenha a personalidade do espanhol, mas é tecnicamente muito mais fiável. Javi Garcia sabe de cor o que tem de fazer. Restabelece equilíbrios, pressiona no momento da saída em transição do adversário e é tacticamente quase perfeito. O problema é que em posse compromete em quase todos os jogos e dessas situações resulta, quase sempre, uma oportunidade de perigo para o adversário. Deve corrigir isso rapidamente.

Carlos Martins – Fez um bom jogo, muito influente e com a intensidade que se lhe conhece. Neste momento, e face ao rendimento do argentino, o Benfica não fica a perder com ele em relação a Aimar. Fica a perder, isso sim, em relação ao Aimar do ano anterior, mas isso é outro assunto. Apenas a apontar-lhe alguma necessidade de ser mais criterioso no passe.

Coentrão e Peixoto – Coentrão é o melhor extremo do Benfica. Mas também é o seu melhor lateral, e é melhor lateral do que extremo, digo eu. Peixoto fez um jogo muito bom, mas não tenho grandes ilusões. Se for solução, o Benfica acabará por pagar por isso. Tem técnica e capacidade, mas não tem intensidade para jogar numa função defensiva. Intensidade em termos de agressividade defensiva e, sobretudo, intensidade ao nível da concentração em posse. São várias as perdas de Peixoto ao longo dos jogos que analisei – não neste – e essa é uma tendência que não desaparece subitamente.

Gaitan – Fez o seu melhor jogo e prova que vem em crescimento. Jogou bem, movimentou-se bem, criou vários desequilíbrios e – importante! – teve também uma grande utilidade colectiva em termos defensivos. Como reparo fica o trauma da finalização e, ainda, alguma falta de preocupação com a certeza do passe em certas zonas – uma reincidência que deriva da tal diferença com a forma como decidia na Argentina.

Saviola – Voltou a jogar ao mesmo nível. Movimentando-se e criando apoios em todas as situações ofensivas, é o garante da fluidez do jogo do Benfica no último terço. O que o torna especial, é que faz isto todos os jogos.

Cardozo – Acabou muito criticado e não fez o jogo que conseguiu frente ao Sporting. Não fez porque não marcou, e não fez porque voltou a não ter – nem de perto! – o mesmo nível de influência e participação. Ainda assim, esteve em vários lances ofensivos e teve também períodos onde se moveu e apareceu mais. Só joga quando lhe apetece e esse continua a ser o problema.

Salvio – É um jogador em formação e duvido que o Benfica seja, nesta altura, o melhor para si. Mas talvez ainda dê para perceber o potencial enorme que este jogador tem.



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15.9.10

O momento do Benfica, Van der Gaag e Tino Costa (Breves)

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- O Benfica ganhou, mas não fica claro se o impacto emocional do jogo foi positivo ou negativo para a recuperação emocional que a equipa precisa. Não pela exibição, que foi suficiente (apenas isso, no entanto), mas pelo episódio de Óscar Cardozo. Pessoalmente, custa-me perceber a tolerância de Jesus com este inicio de época de Cardozo. Para além de jogar sempre os 90 minutos e quase sempre com um rendimento ridículo, temos agora a justificação da sua limitação física. Para mim, simplesmente não se justifica, mas também é só a minha opinião.

- Ainda no Benfica, questiono-me sobre a utilidade prática - para equipa - desta rábula do protesto. Não é uma iniciativa nova no futebol português, mas parece-me servir mais para entreter os adeptos do que para corrigir o que quer que seja. Talvez venha a falar um pouco mais disso brevemente, mas para já fica a pergunta: quantas tomadas de posição contra arbitragens tiveram um efeito prático útil no rendimento da equipa?

- Van der Gaag já foi despedido. A "chicotada" deve ser um objectivo de temporada no Marítimo e esta até deve ter sido das que mais custou ao orgulho do Presidente. Talvez seja o clube português com menor aproveitamento relativo nos últimos 10 anos. O meu palpite para o seguimento vai para a Naval. Uma equipa que comete tantos erros não pode durar muito tempo...

- Na Champions, nota para o golo de 'Tino' Costa, uma revelação que acompanhei no ano passado no Montpellier. Há 2 anos jogava na segunda divisão francesa e ninguém o resgatou. A outra nota vai para o Barcelona, mas apenas pelo regresso da normalidade...

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24.8.10

Sporting - Maritimo: Análise e números

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Equipas perfeitas, não há. É trivial. Agora, há-as boas e mesmo muito boas. Também todos o sabemos. O que eu não conheço é nenhuma equipa que se aproxime da excelência, fazendo-o de várias formas e feitios, consoante a oportunidade e disposição. Isto é, as equipas que conseguem atingir um patamar elevado em termos qualitativos, conseguem-no invariavelmente pela especialização no que fazem e não pela diversificação. Posso ir até um pouco mais longe, e afirmar que raros são os casos que conseguem este patamar de excelência, sem a repetição de um elenco base de jogadores que dê qualidade e consistência à interpretação das ideias do modelo.

Por tudo isto, e ao ver novo jogo do Sporting, é fácil para mim concluir que, mais do que a psicologia do momento, Paulo Sérgio tem à sua frente uma barreira filosófica que ameaça ser-lhe fatal. A sua abordagem de “tentativa e erro” acabará por expor todos os erros possíveis, minará a confiança para evoluir e o cimentar dos pontos fortes – alguns deles já desapareceram. Paulo Sérgio tem poucas semanas para perceber que o seu maior erro está na metodologia que escolhe para encontrar o sucesso. E isso parece-me muito difícil que aconteça em tempo útil.


Notas colectivas
É difícil falar muito sobre o colectivo, pelos motivos que expus anteriormente. É tudo muito volátil. Demasiado para justificar grandes motivos de reflexão. Já vi o Sporting fazer uma boa circulação, que dava prioridade à dinâmica e certeza de passe dos médios. Faltavam-lhe outras coisas, mas isso era bom. Hoje, continua a querer circular, a fazer muitos passes, mas já são os centrais os protagonistas. Sai uma circulação baixa, um passe vertical, mas não sai mais nada deste jogo de circulação. Sei que não é bonito dizer isto, mas o que produziu mais resultados no jogo foram alguns passes longos, a procurar diagonais nas costas, ou segundas bolas.

Depois o problema defensivo. Primeiro, o “pressing” continua a produzir pouco – no caso deste jogo, nada. Já vimos o Sporting a tentar pressionar alto, a não o fazer bem porque não juntava sectores e porque os jogadores alicerçavam prioritariamente a tarefa na agressividade e determinação e não na organização com que pressionavam. Hoje, já não é isso que vemos. A equipa tem mais medo de subir para pressionar e quando o faz, continua a não o fazer com grande organização. Com tudo isto, claro, transições a partir de recuperações altas, são zero. E isso, como já várias vezes tentei explicar, é meio caminho andado para se ter dificuldades em marcar frente a adversários mais conservadores.

Finalmente, a linha defensiva. Continua sem ser capaz de jogar alto com eficácia, não se percebendo se os jogadores sabem bem que referências utilizar em cada acção. É fácil contar o número de vezes que a linha defensiva se contradiz nos movimentos defensivos, com uns a subir e outros a descer. Agora, a salvação parece ser o posicionamento alto de Patrício. É preciso que aconteça, mas nunca será uma solução.

Notas individuais
Estava a ver o jogo e a pensar para mim que, há 1 ano e com esta equipa, Paulo Bento dificilmente teria abandonado o Sporting da forma como aconteceu. Aliás, provavelmente teria melhores condições do que nunca para tentar o título. É que a qualidade do plantel leonino subiu bastante desde há 1 ano. Bastam os laterais, onde há hoje uma grande qualidade, para a diferença ser enorme. Mas há mais. Maniche, André Santos e Pedro Mendes são garantias de uma qualidade e certeza no passe como não existia antes (sim, incluindo aqui Veloso e Moutinho). Nos centrais – e pode parecer um paradoxo para quem vê estas coisas a “olho nú” – há uma qualidade fantástica nos recursos ao dispor. São os jogadores mais expostos em todo jogo, quer com bola, quer sem ela, não há uma movimentação defensiva coordenada e eficaz e, mesmo assim, eles erram muito pouco para aquilo a que são submetidos. Nuno André Coelho, por exemplo, fez um jogo fantástico frente ao Marítimo. Torsiglieri não tem 1 minuto, tem muito valor – digo-o, porque o conheço – e não posso sequer afirmar que seja injusto.

Ou seja, mesmo preferindo outras abordagens em termos de modelo em relação a Paulo Bento, o que o Sporting perdeu em relação a um passado recente em que lutava claramente pelo título e jogava noutras frentes, foi qualidade e consistência naquilo que é transmitido por quem lidera o processo. Mas isso também não é novidade, sempre afirmei que dificilmente o Sporting encontraria melhor do que Paulo Bento quando este abandonasse.



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9.11.09

Maritimo - Porto: Maus ventos para o campeão

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Quem acompanhasse o percurso das duas equipas no passado recente só poderia prever uma noite difícil para os portistas. Aí nada de surpresas e, daí, este ser um resultado, não previsível, mas possível. O inesperado, o surpreendente não surge tanto pelo desfecho, mas pela forma como ele foi construído. É que, ao contrário do que é espectável, natural e totalmente habitual, o Marítimo foi melhor, não tanto pela agressividade, não tanto pela eficácia, mas sobretudo pela superioridade técnica. Daqui retira-se, de imediato, uma grande dose de mérito para os madeirenses, mas, também, mais um indicio problemático para um Porto que poderá este ano ter alguns desafios que lhe têm sido invulgares no passado recente.

Começando pelo Marítimo. Não é de hoje que nos Barreiros mora um dos mais técnicos elencos da liga. Provavelmente o “4º grande” neste particular. O problema é que isso nunca foi colocado em prática de uma forma colectiva e só agora se percebe que a equipa joga dentro do seu potencial. E que bem que joga! A velocidade de circulação em zonas densas foi notável, permitindo, primeiro, frustrar as zonas-pressing portistas e, depois, criar desequilíbrios. Isto aconteceu particularmente sobre a esquerda, com Marcinho, Alonso e Manu em grande destaque. Não é tão forte em termos de pressing e agressividade como outras equipas, mas tem virtudes que, mantendo, serão seguramente uma mais valia importante.

Se o Marítimo esteve bem, o que dizer do Porto? “O pior da época”. Será? É que este Porto não vem propriamente melhorando. Desde o inicio que tem menos eficácia ao nível do pressing em relação a anos anteriores, mas agora vislumbra-se um empobrecimento contínuo da qualidade nos momentos com bola. Seja em organização, seja em transição. Jogadores muito distantes, poucas linhas de passe e, muitas vezes também, más decisões. Tudo isto impediu que o Porto se sobrepusesse num jogo em que o Marítimo se disponibilizou a dividir.

Mas o Porto passará seguramente por uma experiência nova, um desafio onde Jesualdo nunca foi testado. A capacidade de resposta mental com a pressão de ter adversários directos a uma distância assinalável. Este ano, para além da necessidade de evolução colectiva em termos técnicos e tácticos, vai ser preciso também uma resposta mais forte em termos anímicos. Para começar, num momento em que não está bem, o Porto tem de colocar outra atitude, outra agressividade e outra determinação em campo. O que não aconteceu. Depois, terá também de lidar com o perigo da frustração.

Jesualdo pode ter tido o seu pior Porto da época, mas esta pode também vir a ser a pior época do seu Porto.
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29.9.09

Até que ponto vai o falhanço de Carvalhal?

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Clássico no Dragão, goleada na Luz, alguém terá reparado? Reparado sim, importado provavelmente não. Não faz parte dos principais pratos do futebol nacional, não faz parte do “produto final”, não importa. No meio do Atlântico, Carvalhal afundou-se. E isso, mesmo que não seja tema de montra, é uma das principais notícias da temporada até ao momento. Pelo menos para mim...

Era decisivo para um treinador que se pensava ser um dos próximos candidatos a dar “o salto”. E Carvalhal teve tudo para estar à altura. Na Madeira teve qualidade, condições e até mesmo esse raro privilégio de terminar uma época sem sucesso e poder começar a seguinte. Mas falhou. No inicio e no fim, falhou. Mas esse poderá não ter sido o principal falhanço de Carvalhal...

Responder ao insucesso de médio prazo com estatísticas de posse de bola e ocasiões perdidas pode ser o maior erro de um treinador. É negar o erro em vez de o tentar identificar para corrigir. E é isso que Carvalhal tem de fazer se quiser, realmente, chegar ao nível a que há muito parece destinado. Identificar e corrigir o erro. Porque se o futebol por vezes engana, seguramente não mente.

Carvalhal tem muito do que é preciso para atingir o nível mais elevado como treinador. E é isso que faz deste um tema especialmente relevante. Não perdeu nada com esta experiência. Nem capacidade, nem conhecimento. Há, no entanto, uma característica que, não tenho dúvidas, é fundamental para quem quer vencer, seja no que for. A capacidade para aprender e, neste caso, aprender com os próprios erros. Não é uma questão de humildade, é uma questão de inteligência.
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23.9.09

Análise vídeo: lances da jornada

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Foi um jogo marcado pelo equilíbrio, é certo, mas isso não significa que não tivessem acontecido oportunidades dignas de destaque. E, no caso dos portistas, com alguns denominadores comuns. Na primeira parte, em organização ofensiva, pelo lado direito e aproveitando o espaço entre linhas e alguma falta de capacidade defensiva do lado esquerdo do meio campo contrário. Isto, claro, só possível porque existe do lado portista uma saída a jogar organizada sobre as alas, com qualidade e rotina. Tudo isto, claro, não chegou para ganhar nem mesmo para evitar a derrota. É que para além disto, houve pouco mais e, para além disto ainda, sobrou uma exibição essencialmente desinspirada e com pouco intensidade. Em especial no inicio do segundo tempo.


Hulk & Guarin – A primeira nota vai para o papel de Meyong, quem melhor pressiona no Braga. A sua acção obriga o Porto a organizar pela direita, dando uma vantagem ao Braga que deveria ter encurralado os portistas. Não foi isso que aconteceu. Não houve agressividade dos restantes jogadores e abriu-se uma linha de passe para Hulk, a quem também foi permitido rodar e sair da zona de pressão. Depois percebe-se a pouca reactividade de Viana que perde totalmente o controlo sobre o espaço nas suas costas, explorado por Guarin. Como o Braga joga com 2 linhas de 4 e não tem nenhum jogador posicional entre elas, o colombiano ficou completamente livre para atacar a zona mais recuada dos minhotos.

Meireles & Hulk – De novo a distância entre linhas. Desta vez, notória entre os avançados e a linha média. Este factor aliado à pouca agressividade de Mossoró sobre Meireles permitiu que o médio azul ganhasse tempo e espaço para libertar Hulk no flanco oposto. Um 1x1 muito perigoso e que apenas não teve outras consequências porque Evaldo conseguiu evitar o pé esquerdo de Hulk.

Guarin & Varela – De novo o lado direito portista. O primeiro ponto a realçar é a boa dinâmica entre o extremo e o médio, com troca de posições entre eles. Um rotina bem assimilada e que é solução comum na saída de bola portista, seja à esquerda, seja à direita. O ponto aqui tem a ver com a forma como Varela consegue rodar, não havendo a pressão exigível para a situação em que se encontrava. Aliás, este lance tinha tudo para dar uma recuperação e originar transição do Braga. Mas não deu. E tudo por Viana e Paulo César voltaram a denotar grande insuficiência defensiva e porque, claro, houve qualidade do lado contrário. Aliás, esta dupla não só permite que Varela rode como depois perde controlo sobre o extremo portista, não compensando, nenhum deles, o espaço de Evaldo que vem pressionar Guarin. Só por muito pouco este lance não termina em golo.

Desacerto azul – Se há lance que espelha a desinspiração portista é aquele que culmina numa finalização de Vandinho. Uma das mais perigosas do Braga. É que a jogada só acontece porque há uma série de deslizes individuais na sua origem. Primeiro o mau pontapé de Hélton, depois o não domínio de Guarin e, finalmente, uma trapalhada de Fernando finalizada com uma "assistência" em zona central. Ainda assim, saiu barato...

Pateiro – O Benfica ganhou em Leiria, mas muito facilmente poderia ter... perdido. Tudo isto por causa de um lance de inspiração de Pateiro que só não terminou em golo porque dos pés de Kalaba não houve a qualidade correspondente. Muito mérito, obviamente, para a acção de Pateiro, mas é também curioso analisar porque é que tudo foi possível. A última arma da transição defensiva encarnada é o fora de jogo, executado ao limite e, diga-se, com excelentes resultados até ao momento. Ora, quando todos esperavam o passe de Pateiro, este bateu, ele próprio, o fora de jogo. Ainda assim não parece uma fórmula copiável para casos futuros.

Rabiola – O primeiro golo do Olhanense em Alvalade tem os holofotes sobre Carriço e Abel. Podemos começar por aí e por dizer que, na minha opinião, não há nada de errado com o comportamento dos 2 defesas. Existe um 2x2 nessa zona, o que torna tudo muito complicado caso, como aconteceu, o cruzamento saia bem. Aliás, Carriço está bem posicionado e reage bem à trajectória da bola. Simplesmente não chegou e fica muito claro que o principal motivo é a falta de... centímetros. O grande erro está, por isso, na origem do lance. Ou seja, do lado esquerdo e na falta de agressividade sobre a posse de Ukra. Quando se cria uma zona de 1x3 tem de haver maior agressividade e aqui é Vukcevic quem deveria ter impedido o jovem extremo de ter uma solução de recuo. Isso não aconteceu, Ukra teve muito mérito e Miguel Garcia apareceu para dar a solução que o Sporting permitiu.

Edgar – O Marítimo começa a ameaçar ser uma desilusão séria desta liga. Pela segunda semana consecutiva com tudo para vencer e, de novo, incapaz de o fazer. Desta vez 1 lance compôs o cenário improvável no derby madeirense e perante um Nacional com 10 jogadores. Edgar foi o protagonista e trabalhou muito bem a jogada, mas... o que dizer de Olberdam?! Permitir que o avançado cortasse para dentro quando tinha já um ângulo tão fechado... e tão facilmente ele o fez! Assim, torna-se difícil...

Xavi & Messi – Há alguém que não conheça esta jogada? Há alguém que nunca tenha visto Xavi a receber da esquerda, virar-se e solicitar a diagonal de Messi nas costas do lateral?! Não me parece. Jogadores e treinadores sabem todos disto e, no entanto, tudo se repete com sucesso. E pensar que tantas vezes ouvimos gente a falar de previsibilidade pelo conhecimento que se tem das equipas. Hoje em dia nada é imprevisível, tudo é conhecido, tudo é previsível. A diferença está na qualidade. É por isso que Messi há-de marcar mais golos tão “previsíveis” quanto este...

Eto’o & Milito – Eto’o não marcou, não assistiu, mas que impacto teve! O Inter perdia e foi muito pelo camaronês que a situação se inverteu. Sempre ligado, sempre reactivo, pressionou e provocou a perda que isolou o mortal Milito. É uma característica que não dá nas vistas, mas vale muito mais do que se pensa.

Foster & Ferdinand – Um derby que ganhou outra dimensão e que teve uma emoção invulgar. O United ganhou, mas bem se esforçou para que isso não tivesse acontecido. O erro de Foster é primário, mas o que faz Ferdinand no último minuto é difícil de classificar. Valeu-lhes o “Mickey”.

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18.8.09

9 lances da jornada...

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Ruben Amorim (Benfica, 88m) – Uma das últimas jogadas do jogo e, seguramente, das melhores.Do lado do Benfica destacar a forma como a equipa consegue progredir de forma vertical e com grande mobilidade dos jogadores, destacando-se a inteligência de Nuno Gomes sempre que sai da zona de finalização e, claro, o movimento vertical de Ruben Amorim. Mais uma vez, no entanto, tem de ser destacada alguma permissividade do Marítimo. Primeiro, o bloco demasiado baixo, permitindo que o Benfica comece a jogada já dentro do meio campo ofensivo e estendendo a marcação até zonas demasiado baixas, retirando densidade ao posicionamento. Apesar do mérito encarnado, não é muito aceitável que se construa tão facilmente a jogada, permitindo, por exemplo, que Nuno Gomes receba e rode sem pressão.


Di Maria (Benfica, 57m) – A jogada é construída praticamente toda pelo ‘slalom’ de Aimar. O 10 baixa para participar na primeira fase de construção e acaba por protagonizar uma jogada rara no futebol moderno de progressão individual pela zona central, e perante um bloco baixo. Aimar tem o mérito de tirar partido da situação, mas neste caso, e fosse qual fosse o jogador, a responsabilidade primária é da defesa. Pouca agressividade e um demasiado espaço entre os jogadores permitem que “El Mago” fure o bloco madeirense. No final do lance, outro aspecto a salientar. O facto de Di Maria atacar tardiamente a zona de finalização faz com que os defensores não o tenham como referência, acabando por ser surpreendidos...

João Aurélio (Nacional, 26m) – O golo do Nacional é apenas mais um exemplo das dificuldades do Sporting nos lances de bola parada defensivos. Aliás, podia facilmente encontrar-se outros lances como exemplo. O canto é, como é característica do Nacional, marcado para fora da zona do guarda redes (normalmente são, até, mais largos) e o problema não é o marcador do golo João Aurélio. O problema é a recorrente incapacidade leonina para resolver a primeira bola aérea. A partir do momento em que esta não é tirada da área, tudo pode acontecer...

Matias Fernandez (Sporting, 82m) – A primeira, e importante, nota no lance vai para o espaço que é dado a Pereirinha na direita. É um problema que tem a ver com a organização defensiva do Nacional (orientada por referências individuais) e que já vem de trás. Os metros de terreno que lhe são dados são fatais e o perigo fica à distância de um duelo individual, que Djalo ganha. A finalização, apesar de não ter eficácia também não merece cirticas, já que era um lance de resolução para Matias Fernandez. O lance não termina em golo mas acaba por ser o espelho da forma como o Sporting acabou o jogo, criando muitas dificuldades ao Nacional.

Matheus (Braga, 18m) – A imagem inicial é clara, quer quanto ao posicionamento defensivo da Académica – e de Rogério Gonçalves – quer quanto ao problema principal do lance. Linhas juntas, com a mais recuada a usar o fora de jogo como arma. A vulnerabilidade está, sobretudo, nas costas. O erro (maior) está na ausência de pressão sobre o portador da bola. Só faz sentido jogar alto se houver pressão constante, caso contrário o portador da bola pode pensar e escolher o timing ideal para solicitar uma desmarcação. Tudo isto é mais grave se o portador da bola for tecnicamente dotado. No caso, era Hugo Viana...

Meyong (Braga, 87m) – O golo que valeu os únicos 3 pontos da jornada. Mais uma vez, a dependência da defensiva da Académica da cortina do fora de jogo. Quando a bola entra nas costas do lateral e se criam condições para o cruzamento, acontece o que já muitas vezes sublinhei. Por estar em recuperação, a zona central da defesa falha, quer no posicionamento, quer na definição de referências. Isso é evidente na forma desastrada como o defensor aborda a bola e quem aproveita é Meyong que ataca, também, muito bem o lance. De resto, nota apenas para a já conhecida capacidade de Alan em cortar para dentro sobre a direita, apesar de ser destro. Um quebra cabeças para os marcadores.

Baiano (Paços Ferreira, 5m) – Tal como na Supertaça a oportunidade foi dele. Flagrante e de cabeça. O Porto tem o posicionamento defensivo bem definido no centro. O problema é, primeiro, alguma permissividade sobre Cristiano, conseguindo este o cruzamento. E, segundo, a abordagem de Fucile. A sua leitura da trajetória da bola é errada e é por isso que faz com perda a frente do lance, que tinha ganha à partida. Baiano acaba por cabecear em zona frontal, apenas por se antecipar.

Fucile (Porto, 64m) – O Porto é quem ganha a segunda bola e, de imediato, vira o flanco encontrando espaço para Fucile progredir e rematar. 2 notas sobre o lance. A primeira tem a ver com a origem do lance, uma disputa aérea após pontapé longo. Na Mata Real, mais do que em qualquer campo desta liga, estes lances são marcantes. Ganhar a segunda bola permite, muito rapidamente, chegar a uma situação de cruzamento ou remate. Tudo por causa das dimensões do campo. A segunda tem a ver com o principio de tirar a bola da zona de pressão. O Porto não conseguiu por em prática esse principio com muita frequência, particularmente em transição, e isso explica em boa parte as dificuldades sentidas.

Falcao (Porto, 77m) – No golo portista, de novo, a importância de, na origem do lance, fazer a bola circular lateralmente, buscando o espaço para Fucile progredir. Isto é conseguido com alguma facilidade, apesar da inferioridade numérica. Depois, há um misto de mérito de Falcao e de demérito, muito, do Paços. A bola é cruzada para a zona central, o Paços tem 4 jogadores na área, contra apenas 2 portistas, mas o seu posicionamento é demasiado incidente sobre o primeiro poste. Depois aparece a forma como Falcao domina o duelo. O segredo está em ler e reagir mais rapidamente à trajetória da bola. Falcao ganha de forma avassaladora o lance, cabeceando sem que o defensor tenha, sequer, saltado. Esta é, a meu ver, a característica que melhor define os bons cabeceadores, sejam eles altos ou baixos..


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17.8.09

Liga 09/10: Notas do 1ª jornada

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Para mim é um arranque a “meio gás”. O período de férias não me permite um acompanhamento dos jogos com o detalhe habitual e, por isso, não posso comentar com o detalhe habitual. Fica para mais tarde. Ainda assim, deu para ver praticamente tudo dos jogos de Porto e Sporting e uma boa fase da segunda parte da partida da Luz. Aqui ficam algumas notas...


Empates e poucos golos
Não é propriamente novidade numa liga com uma das médias de golos mais baixas do mundo e, logicamente também, com um elevado número de empates. Mesmo tendo em conta esta tendência de há muito, e faltando ainda um jogo para terminar a ronda, porém, dá para dizer que esta primeira amostra de 09/10 foi tudo menos promissora. 6 empates em 7 jogos, com uma média inferior a 1,3 golos/jogo (nenhum teve mais do que 2). Tenho uma explicação que entendo ser lógica para esta situação. Talvez mais tarde a debata com maior detalhe, mas para já fica a nota que, mesmo em Portugal, vai ser difícil de bater este registo da jornada inaugural.

Nacional – Sporting: desilusão... mutua
Na Choupana confirmou-se a fase de mutação táctica leonina, evidenciada na primeira parte do jogo frente ao Twente. Tenho dificuldade em perceber esta mudança, nesta altura, e não tenho dúvidas que isso está a retirar qualidade a este Sporting que, afinal, não é tão estável como parecia. Mas falarei deste particular mais tarde.
Sobre o jogo, e mais concretamente, importa destacar a desilusão que representaram as prestações de ambos os conjuntos. Qualquer 1 sentirá que a equipa do ano anterior teria vencido o jogo sem problemas.

Começando pelo Sporting. No 4-3-3 (mais precisamente 4-2-3-1) já referido a equipa assumiu um domínio que lhe foi, em boa parte, consentido. É verdade que muito raramente sentiu dificuldades em controlar o espaço nas suas costas, mas denotou uma dificuldade aflitiva nos lances de bola parada. É verdade que não foi uma equipa incisiva no último terço – de novo – mas dificilmente não teria vencido o jogo com outra capacidade neste aspecto defensivo. De positivo, fica a reacção da segunda parte, onde, em boa verdade, facilmente poderia ter chegado ao 1-2 na recta final da partida.

Se o Sporting está uns bons furos abaixo do que se viu no passado, o que dizer do Nacional? A estratégia do costume, os mesmo métodos, com referências homem e ajustes tácticos ao adversário (notório nas substituições reactivas de M.Machado). O Nacional tinha tudo para vencer o jogo, uma vez conseguida a vantagem. O Sporting estava mal e expunha-se. Mas não. A equipa nunca foi capaz de explorar a profundidade e, à margem dos tais lances de bola parada, apenas conseguiu aproveitar um lapso de Polga/André Marques. Defensivamente, o problema de sempre. Bloco muito baixo, mas com dificuldade em ter eficácia quando o adversário se movimenta e faz aparecer elementos surpresa no ataque. O problema de quem joga demasiado centrado num “encaixe” individual. Os madeirenses estão ainda longe do que fizeram no ano anterior e, para já, fazem muita falta Alonso, Nené e, também, Mateus.

Paços – Porto: dificuldades esperadas e...potenciadas
Depois da Supertaça ficava fácil prever um jogo muito complicado para o Porto na Mata Real. O Paços seria o mesmo, sim, mas o problema em controlar o espaço seria agora muito menor. Tudo se confirmou e, pior para os portistas, ficou ainda mais difícil com as incidências do jogo. A eficácia nas bolas paradas neste campo é, mais do que em qualquer outro da liga, fundamental e foi o Paços quem dela beneficiou. Mais tarde, a expulsão de Hulk. No fim, tudo junto, pode dizer-se que o empate foi, de facto um mal menor para o Porto.

Sobre os campeões nacionais, é até escusado reforçar o que já venho dizendo desde o primeiro jogo. Esta é uma equipa em formação, que tem ainda vários aspectos que a distanciam do rendimento ideal. Consequências do defeso. Dificilmente os ‘dragões’ terão jogos potencialmente tão complicados como o da Mata Real (será uma dos campos mais difíceis este ano), mas têm no tempo um risco evidente. Quanto mais demorar a afinação, mais pontos estarão em causa na maratona da Liga. Nota para Falcao. O golo que marcou, revelando grande capacidade no jogo aéreo, é uma imagem de marca do colombiano. Esperem por mais deste tipo...

Benfica – Marítimo: a diferença da competição
Tenho pouco a dizer sobre um jogo do qual vi pouco. Já o disse, espero muito deste Marítimo, onde Carvalhal tem tudo para triunfar. Por isso, e apesar do Benfica 09/10 não me oferecer quaisquer dúvidas, este era um jogo particularmente interessante e potencialmente complicado para os encarnados – não haverá visitantes muito mais dificeis neste campeonato.

Sobre os 25 minutos finais, único período que acompanhei, posso apenas referir o que foi óbvio para todos. Domínio avassalador do Benfica, muito dinâmico e imaginativo, tendo feito muito e bem, se tivermos em conta que jogava perante um bloco muito denso e fechado. Não deu para vencer mas, por esse período, foi apenas por falta de felicidade.

Não sei se foi por estar ainda pouco afinado, faltando ainda ver a equipa com peças que se pensam ser preponderantes, mas foi para mim evidente que o Marítimo se encolheu em demasia neste período, permitindo que o Benfica fizesse o primeiro passe sem pressão, e numa zona demasiado alta. Diria que jogou uns 20 metros atrás do que deveria ter acontecido.

Para o Benfica, nada de particularmente preocupante por um primeiro resultado menos conseguido. Ainda assim, para quem tinha dúvidas, fica bem claro. Mesmo sendo os adversários menos fortes, em competição, há outra resistência e, logicamente, outra dificuldade.



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19.5.09

O injustiçado Marítimo de Carvalhal e outros lances em análise...

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Para quem vê o futebol na base dos resultados, a contratação de Carvalhal para o Marítimo não terá trazido nada de bom. Muito pelo contrário. Para quem procura ver algo mais, no entanto, a evidência de melhorias qualitativas é clara. O futebol é mais do que um jogo e isso torna-o particularmente imprevisível, no curto e longo prazo. Normalmente, os resultados acabam, mais tarde ou mais cedo, por reflectir a qualidade existente. Como a coisa é mais complexa, não posso jurar que tal irá eventualmente acontecer.



Poucas equipas serão tão organizadas defensivamente como o Sporting, mas nos Barreiros, as dificuldades sentidas pelos defensores verde e brancos foram enormes. Há algum demérito pontual de quem defendia, mas há, sobretudo, uma grande qualidade ofensiva madeirense. A qualidade técnica dos jogadores é um ponto fundamental, mas praticamente todos as ocasiões são construídas através de lances bem trabalhados do ponto de vista colectivo. Nos lances que apresento há uma característica comum, que é o retirar da bola da zona de pressão, procurando zonas menos povoadas e causando dificuldades para que o Sporting se reorganize convenientemente . Este não é um comportamento espontâneo, assim como não é um acaso o facto de 2 lances resultarem de mudanças de flanco a partir de lançamentos laterais. No lance do golo, por exemplo, é muito elogiado o pontapé, mas o facto é que ele surge em zona frontal e sem oposição, havendo, na minha perspectiva, muito mais mérito na forma como é trabalhada a jogada.

Outros lances ofensivos do Marítimo:
Sporting (51’)
Marítimo – Sporting (70’)
Marítimo – Sporting (86’)

Marítimo – Sporting (Golo I Liedson) – É, em final de época, mais um exemplo, do efeito que tem a pressão leonina e, em particular, da capacidade da dupla Liedson-Derlei neste aspecto. É óbvio que há um erro individual na origem do lance, mas este é um erro que é potenciado pela acção dos avançados leoninos e a prova disso é a freqüência com que este tipo de situações surjem frente a estes jogadores.

Marítimo – Sporting (Golo II Liedson) – É um destaque previsível para quem vem lendo o que escrevo. A importância do primeiro toque. Pela segunda semana consecutiva, Liedson consegue um golo após um recepção orientada e o destaque é tão óbvio como obrigatório.

Marítimo - Sporting (Jogada Djaló-Liedson)
– 2 aspectos fundamentais neste desequilíbrio. O primeiro é acção de Liedson, “baixando” para criar superioridade na criação do lance. Depois, a capacidade de explosão de Djaló. Uma característica que, por diversas razões, não apareceu com freqüência este ano mas que deve de ser potenciada no futuro.

Trofense – Porto (Golo Lisandro) – Será o golo mais bem trabalhado da semana. Primeiro, a dinâmica na ala esquerda, com Mariano (de novo) em destaque. Depois, a forma como a bola progride lateralmente em apoio, à procura do espaço de penetração. Encontra-o em Lisandro que, como se não chegasse a jogada, aidna finaliza com um chapéu soberbo. Ao nível do melhor que se vê nos melhores campeonatos.

Braga – Benfica (Golo Cardozo) – O golo que abriu a vitória encarnada merece-me 2 reparos à defesa do Braga. O passe de Katsouranis é obviamente meritório, mas o ponto mais importante é a relevância da pressão para quem defende com uma linha defensiva alta. Ao “largar” Katsouranis, o Braga permite que este leia e pense o lance, vendo e solicitando o espaço. Depois, há o erro de Eduardo. Diria, com algum exagero, que é um erro táctico do guarda redes. Quem defende numa equipa com uma linha defensiva alta, tem de estar permanentemente concentrado para este tipo de passes. Claramente, não o foi o caso de Eduardo.

Braga – Benfica (Jogada Renteria) – Um exemplo do que é o ataque do Braga. Circulação pelas zonas laterais, onde surgem vários apoios ao extremo, de forma a que sejam criadas as condições para servir a zona central onde aparecem invariavelmente 2 e 3 jogadores a finalizar. A situação de finalização é excelente, a execução fraca. Um filme várias vezes visto nesta época...



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4.5.09

Marítimo – Porto: O mérito de um campeão antecipado

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O resultado indicia um jogo igual às mais recentes deslocações portistas. Não foi. O Porto sofreu, teve a sorte do seu lado, mas sobreviveu e manteve intacta a sua qualidade colectiva que lhe permite, mesmo com 3 baixas de vulto, triunfar num campo difícil. Está anunciado o campeão!


Resistir às contrariedades – Azar é algo de que o Porto não se pode queixar neste jogo. Marcou cedo e, mais tarde, ainda viu o adversário desperdiçar algumas ocasiões flagrantes que poderiam muito facilmente ter virado o rumo do jogo. Há, no entanto, que ter em conta a forma como a equipa, mesmo sofrendo, soube reagir às contrariedades. Lucho e Hulk são baixas de peso, juntar-lhes Meireles pode parecer mesmo de mais, tal a qualidade e importância destes 3 elementos. A capacidade de sofrimento e a lucidez para nos momentos certos matar o jogo, são o grande elogio que se pode fazer a esta equipa, num passo decisivo para o título.

A melhor equipa – Escrevi aqui a dado momento do campeonato que este era um campeonato definido por detalhes e sem grande superioridade de qualquer uma das equipas. É verdade que o foi durante muito tempo e até se pode dizer que a vantagem do Porto foi essencialmente construída nesse período, mas nesta segunda volta o Porto arrancou para um nível qualitativo que o aproxima, ainda que de forma diferente, do ano anterior. Foi neste período claramente a melhor e mais superior equipa do campeonato. Normalmente os campeonatos distinguem os melhores, mas nem sempre é assim. Neste caso, por esta recta final, o Porto poderá dizer sem problemas que não só venceu, como foi a melhor equipa.
Já o disse e repito-o. Para quem vê e quer ver, esta qualidade tem um responsável principal. Parece-me que Jesualdo não continuará no Porto e duvido muito que quem venha consiga fazer melhor...




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27.4.09

Benfica – Marítimo: Jogo aberto

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Este foi um jogo com uma característica que raramente se vê durar tanto tempo. O espaço para jogar. O Benfica confirmou a sua vocação mais ofensiva neste final de época e o Marítimo respondeu, mostrando-se disponível para dividir o jogo, colocando muita gente a sair para as acções ofensivas. A história foi a que se conhece, mas em boa verdade foi muito marcada por um rasgo de eficácia do Benfica no final de uma primeira parte de bom nível (em termos ofensivos) mas sem as oportunidades que fizessem por merecer tantos golos. No final, a vitória parece-me inteiramente justa, até por ter sido pela margem mínima.


Novo Benfica – Quique falou de uma nova fase para a sua equipa. Na realidade trata-se da adaptação a um ponta de lança como Cardoso, dando prioridade a um jogo mais apoiado e não tanto em busca da profundidade imediata. É por isso que agora Reyes joga sobre a direita e Aimar sobre a esquerda, procurando movimentos interiores que abram espaço para os laterais, havendo mais gente nas acções ofensivas. A qualidade nesta fase é agora maior, pela quantidade – mais gente a atacar – e pela qualidade que jogadores como Nuno Gomes e Reyes emprestam quando é preciso encontrar espaços. A verdade, porém é que o risco é muito maior, primeiro porque a equipa se expõe demasiado em posse e depois porque Ruben Amorim e Carlos Martins abrem um buraco imenso nas suas costas que facilmente poderá causar dissabores em termos defensivos. Seja como for, para já, não falta quem aplauda.

Marítimo de Carvalhal– Tinha grande curiosidade em ver este Marítimo de Carvalhal. É uma equipa com muita qualidade técnica mas a quem falta alguma ordem e Carvalhal será aos meus olhos uma fantástica opção para dar outra dimensão a esta equipa. Fica também claro que este tem de ser um processo lento e que leve, provavelmente, algumas reestruturações. Falta alguma agressividade e pragmatismo na forma como a equipa aborda certos momentos do jogo. Em particular neste jogo houve um enorme desaproveitamento das situações em que a equipa teve bola no espaço entre linhas, não havendo movimentos de rotura que oferecessem solução ao portador da bola. Com isto o Marítimo terá perdido várias oportunidades para fazer mais golos.
Duas notas sobre esta equipa. A primeira para dizer que poderá ser uma das chaves para definir este final de época, já que não prevejo facilidades nas visitas de Porto e Sporting aos Barreiros. A segunda para referir que embora concorde que Carvalhal tenha apresentado uma equipa aberta na Luz, não gosto de ouvir um treinador dizer que não veio com “estratégias de autocarro”. Para mim o futebol é um jogo com regras claras e, desde que dentro delas, qualquer estratégia é válida cabendo ao treinador definir o melhor caminho para si e para os seus. Não é por não ser defensiva que uma estratégia é melhor ou pior, mais ou menos respeitável...
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12.1.09

Sporting - Marítimo: A lei do... mais competente

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À italiana – O jogo fez-me lembrar aquilo que podíamos ver, repetidamente noutros tempos, sempre que uma equipa portuguesa defrontava formações italianas. De um lado uma equipa com bom recursos técnicos, e um grande enfoque defensivo, que, com bola, não consegue traduzir boas fases de posse de bola em ocasiões e, sem ela, fica irremediavelmente refém de uma estratégia à base de referências individuais, uma estratégia que é, em si mesma, uma contradição para alguém que precisa de ter na força colectiva a forma de colmatar diferenças individuais. Do outro, uma equipa racional, forte defensivamente e objectiva na forma como aproveita as ocasiões e gere o jogo após a vantagem. Como na maioria desses clássicos luso-italianos, foi a segunda que ganhou. Sem surpresas, portanto.
No Sporting, nota para a repetição do quarteto de meio campo que, acaso ou não, coincidiu com uma boa entrada do Sporting no jogo, resolvendo-o cedo. É um hábito que, tal como venho escrevendo, me parece importante para que a equipa consolide rotinas e se encontre mais facilmente do ponto de vista colectivo. Tanto mais agora que se avizinham confrontos decisivos e que o meio campo vem apresentando uma dinâmica algo diferente de épocas anteriores.

Na frente – Fruto de tropeções alheios, o Sporting recuperou uma situação em que não tem menos pontos que nenhuma outra equipa na Liga. Isto, apesar de ter perdido os 2 clássicos. A fórmula, centrada numa defesa eficaz e uma gestão inteligente dos jogos, é a mesma que identifiquei há várias jornadas e que, como referi na altura, pode trazer muitas alegrias aos sportinguistas. Seguem-se agora 4 jogos antes dos clássicos, em que 3 são deslocações e a outra é a recepção ao Braga. Fica fácil perceber que muito do campeonato do Sporting se joga nos próximos 6 jogos.

Liedson – Voltou a ser decisivo. Primeiro a assistir, depois a marcar, em mais uma finalização repentina na área. Terá sido o melhor em campo e arrisco mesmo que em termos de rendimento global (ou seja, não avaliando apenas os golos) estará a realizar a sua melhor época no Sporting. Aliás, o “Levezinho” arrisca-se mesmo a ser a figura maior do campeonato. Finalmente, uma nota individual para outro jogador que entrou com muita qualidade: Rochemback.


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