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24.3.12

Empatas...

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Um golo, como se sabe, não precisa de apresentações, mas se há nulos que se anunciam, este terá sido um deles. Isto, pela escassa proximidade que ambas as equipas mantiveram com o golo ao longo de toda a partida. O Benfica pode e deve lamentar-se de si próprio, claro, porque não fez o suficiente para se aproximar do seu objectivo. Pode, também, relativizar a frustração pelo contexto (ainda que isso lhe sirva de pouco). Pelo campo, aparentemente com poucas condições para promover uma boa circulação. Pelo adversário, que aparenta ter como nenhuma outra equipa, um culto do empate. Pelo desgaste da sequência de jogos que, apesar de tudo, ainda está no inicio. E abordo estes últimos dois pontos, o culto do empate do Olhanense, e o desgaste do Benfica...

Sobre a tendência para o empate do Olhanense, não terá a ver com os treinadores, já que esta é a equipa que nas últimas 3 épocas, e com diferentes lideranças, sempre averbou mais empates nos seus jogos. São 38 em 84 jogos desde que regressou ao primeiro escalão... Impressionante! Não tenho resposta para o porquê da tendência, mas há de facto equipas que tendem mais para o empate do que as outras, parecendo estimular-se sobretudo pela aversão à perda. Dois exemplos onde este fenómeno aparece exacerbado são a segunda liga portuguesa e o recente 4-4 entre Olhanense e Nacional, com o marcador a surgir sempre de forma alternada. Enfim, como sempre digo: o futebol constata-se, muito mais do que se explica.

Sobre a sobrecarga competitiva, não faltam exemplos de equipas que sentem dificuldades em manter níveis exibicionais quando jogam poucos dias após um grande desgaste emocional e físico. O próprio Jesus por várias vezes se referiu ao problema do "terceiro jogo", focando-se bastante na questão física. A minha dúvida, porém, tem mais a ver com a possibilidade de haver uma dificuldade de manutenção dos índices de concentração em ciclos competitivos apertados.

Para além de todas estas dúvidas, claro, está a questão do futuro imediato do Benfica, que não se afigura fácil. Este empate, surgindo antes de um ciclo absolutamente decisivo, vem acrescentar ainda mais pressão sobre a equipa. Não tarda muito para termos as respostas, mas todos percebem que um final feliz começa a afigurar-se como um cenário de cada vez menos probabilidade...

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24.1.12

Olhanense - Sporting: estatística

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Dada a descaracterização da equipa do Sporting devido às inúmeras mexidas, a análise ao jogo, sendo centrada precisamente no Sporting, seria sempre pouco relevante em termos de continuidade e sempre demasiado centrado num contexto circunstancial. Assim sendo, proponho outra reflexão mais abrangente (que escreverei no post seguinte), em relação à importância dos treinadores, partindo do actual caso do Sporting e de Domingos. Sobre o jogo, e para quem tiver curiosidade, fica o relatório estatístico...

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7.11.11

Olhanense - Porto: opinão

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- Várias vezes ouvimos ou lemos sobre a complexidade no futebol. A verdade, porém, é que raramente essa característica fundamental do jogo é respeitada na hora de olhar mais concretamente sobre os acontecimentos reais, particularmente na explicação de momentos negativos. E é natural que assim seja, porque, afinal, enquanto ser humano evoluímos com o instinto de reduzir a complexidade e não linearidade a relações lineares causais. Foi esse instinto que nos trouxe até aqui, e por isso somos totalmente incompetentes quando nos propomos inverter a orientação deste raciocínio. Para o caso, a "crise" do Porto será alvo das mais variadas reduções, cada qual ao melhor gosto do seu analista. O jogador "A" ou "B", a substituição "C" ou "D" ou a opção "E" ou "F". Analisando cada uma destas reduções possíveis, porém, facilmente se concluí sobre a sua inviabilidade explicativa. Qualidade individual não falta, e as orientações tácticas são boas e as mesmas que conduziram ao sucesso no passado, e, por muito que se possa discutir pormenores em cada um destes planos, não são esses pormenores que explicam o contraste de rendimento entre a realidade actual e o passado recente. O Porto viverá o problema do tenista (que recupero de outras ocasiões) que, depois de ganhar um set por 6-0, se vê na eminência de perder o seguinte. Ora, se o tenista não é capaz de explicar a si próprio este fenómeno, como seremos nós capazes de explicar as oscilações de momento num contexto muito mais complexo como é o futebol? Não somos. No fim de tudo isto, porém, vem a conclusão de que o mais provável será que, mais tarde ou mais cedo o momento negativo se desvaneça. Acompanhado de vitórias, seguramente, mas partindo com o mesmo mistério com que chegou. Isso, enquanto nos entretemos a encontrar relações causais, que nos parecem trivais e óbvias, mas que realmente explicam muito pouco. É sempre assim...

- Talvez no papel não o parecesse, mas pelos motivos que expliquei no comentário ao Benfica-Olhanense, este não seria o jogo ideal para uma equipa intranquila. O Olhanense ir-se-ia sempre defender muito e bem, sem grandes probabilidades de marcar, é certo, mas com boas hipóteses de resistir durante uma boa parte do tempo sem sofrer golos e espevitar ainda mais os índices de ansiedade dos portistas. Por isso, e mais do que nunca, o penalti madrugador era uma oportunidade de ouro, mas como ditará o corolário de uma qualquer lei de Murphy, também esse era um momento destinado ao fracasso. Assim sendo, o mais provável seria termos o que acabamos por ter. Ou seja, não forçosamente o nulo, mas um Porto incapaz de se encontrar de forma continuada enquanto o golo não aparecesse. E como ele não apareceu...

- Em termos de abordagem táctica, houve alguns pontos de interesse no jogo. Para mim, o mais interessante era ver James voltar a coexistir com Hulk e, em particular, até que ponto veríamos as suas dinâmicas por zonas mais interiores. Na primeira parte, essa mobilidade aconteceu, mas esta teve também um complemento do outro lado do campo, com Moutinho a abrir mais claramente à esquerda quando James abandonava o corredor. Uma complementaridade que me parece essencial para que o movimento faça sentido, não se perdendo a largura ofensiva com o apelo à mobilidade de James, que foi o que aconteceu várias vezes no passado. Na segunda parte, porém, a sua simetria com Hulk foi mais clara, e este tipo de movimentos interiores não se repetiu com tanta frequência. Foi um jogo pouco conseguido por ambos, especialmente por James, que não conseguiu nenhum desequilíbrio e se expôs em algumas perdas de maior risco pela sua propensão para aparecer mais cedo no jogo colectivo. De todo o modo, diria que descontando o momento colectivo e a sua pouca inspiração, me agradaram mais os movimentos dos extremos do que em outros jogos. Especialmente pela tal questão da preocupação com a manutenção com a largura e pela menor obcessão de trazer sempre James para dentro.

- A dificuldade que o Olhanense representa, em termos defensivos, tem a meu ver muito a ver com o bom bloqueamento lateral assim que a bola entra no bloco. Aqui, parece-me que houve alguma diferença de abordagem entre a primeira e segundas partes. Ou seja, na primeira parte, o Porto foi obrigado a ligar os corredores pela sua linha mais recuada, o que está perfeitamente previsto pela organização do Olhanense, conseguindo esta sempre um bom ajustamento lateral à circulação. Assim, o Porto raramente conseguiu chegar em boas condições ao último terço, na primeira parte. Na segunda, por outro lado, houve uma melhor circulação lateral, muitas vezes tentando ligações mais directas com os laterais, outras tentando ligar dentro do bloco algarvio, mas sempre com a preocupação de dar maior intensidade ao movimento. Creio que, depois, poderia ter sido explorada mais vezes a combinação nos corredores e o espaço entre o lateral e o central. O Porto conseguiu algumas boas situações de cruzamento com essas iniciativas, mas tentou-o poucas vezes. Há dois factores que me parecem ter contribuído para que o Porto não tivesse tido outro aproveitamento apesar desta melhoria na segunda parte. O primeiro tem a ver com a característica de Maicon, e o segundo, mais importante, com a própria ansiedade da equipa perante o correr do relógio, perdendo-se lucidez e qualidade.

- Abordar, finalmente, da aposta em Mangala. Percebe-se o potencial do jogador, pela idade, pela capacidade física e técnica. Percebe-se que jogar com um canhoto do lado esquerdo pode ser uma vantagem (ainda que a sua qualidade em posse não o justifique totalmente), e que é uma referência já para os lances de bola parada. Mas, pelo menos pelas observações que tenho, não posso concordar que represente uma mais valia em relação às opções do passado, Maicon e Otamendi. Em particular, à margem da estatura não me parece que represente qualquer mais valia em relação ao argentino. Aliás, o que Otamendi tem de pior, a propensão para o erro, Mangala partilha. Por outro lado, e embora seja menos talentoso, Maicon é mais sóbrio do que qualquer um dos dois, oferecendo mais garantias de estabilidade. Não será por aqui que se explicam os problemas, mas parece-me justo fazer esta referência porque, no meio de tanta rotatividade, o belga parece ter ganho um lugar bastante estável entre as primeiras opções.
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2.11.11

Benfica - Olhanense: opinião e estatística

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- Nova vitória tangencial, novamente com sentimento de segurança e, novamente também, sem uma grande capacidade para ultrapassar o bloco defensivo contrário. A dúvida persiste. É bom ganhar consecutivamente, é bom estar confiante, mas é incerto o que poderá fazer o Benfica quando o jogo não lhe for tão favorável como vêm sendo os últimos. Será a equipa capaz de acelerar os níveis de intensidade e agressividade ofensiva, fazendo valer a capitalização do seu bom momento emocional? Ou, pelo contrário, ficará presa à menor produtividade ofensiva e sempre refém da eficácia? Não se sabe. Querem mais indícios contraditórios? O Benfica de Jesus tem como traços marcantes características perfeitamente opostas a estas. Por um lado, a agressividade e capacidade ofensiva sempre foi uma característica, por outro, a resposta mental na adversidade nunca foi um ponto forte. Há, notoriamente, uma tentativa de corrigir os malefícios de um futebol eufórico, entusiasmante mas tantas vezes instável nos grandes momentos. Os resultados desse esforço, porém, ainda não são uma certeza...

- Não é normal, mas vou começar por abordar aspectos individuais, no que ao Benfica diz respeito. Na minha leitura, torna-se mais interessante abordar o curso do jogo pelo lado do Olhanense e, por isso, reservo essa opinião para os pontos seguintes. Em termos individuais, quero falar de três jogadores, Rodrigo, Witsel e Matic. Sobre Rodrigo, o destaque do jogo e a promessa do momento, tenho pouco de conclusivo a adiantar. O talento é evidente, mas de identificar talento a projectar rendimento, vai uma grande distância, sendo muito mais fácil a primeira parte da questão. Mais fácil, mas também de muito pouco valor acrescentado. Para já, é bom que Rodrigo tenha a capacidade de responder de forma positiva nas oportunidades que tem, mas não é minimamente conclusivo para o tempo de jogo que teve. Dá, também, para perceber traços do perfil enquanto jogador e, aqui, há uma clara diferença entre o seu caso e o de Cardozo, por exemplo, apesar do espanhol ser muitas vezes projectado como uma alternativa ao paraguaio. Rodrigo gosta da mobilidade e de se mostrar presente no jogo, Cardozo não faz questão. É uma tarefa difícil de gerir para Jesus, querer lançar Rodrigo ao mesmo tempo que tem dois jogadores com bom rendimento até ao momento, como Cardozo e Saviola.

- Sobre Witsel, a sua qualidade, sobretudo na capacidade extraordinária que tem para oferecer segurança a cada posse de bola fica evidente a cada jogo. A verdade, porém, é que o rendimento do belga está muito longe de ser óptimo ou dentro daquilo que o jogador realmente pode oferecer. Pelo menos, no que ao campeonato diz respeito, já que na Europa a sua produção tem sido significativamente superior. Para abordar esta questão, parto da sua produtividade ofensiva, no que respeita a golos e assistências. Se formos ver o seu perfil, quer no Standard, quer na selecção belga, Witsel esteve sempre acostumado a ser um jogador decisivo neste capítulo, e com grande regularidade. No Benfica, porém, isso não tem acontecido. Para além dos efeitos de circunstância, há uma explicação, obviamente. Ao contrário do que acontecia anteriormente, Witsel tem no Benfica uma missão que lhe exige presença constante no inicio de cada ataque. Baixa para receber, dar, mas com isto capta atenções sobre si e perde o timing de aparição, como elemento surpresa, numa fase posterior. A diferença nesta utilização do jogador não contrasta apenas com o histórico da carreira do próprio, mas também com a do próprio Ramires no Benfica, que tinha um envolvimento completamente diferente. E sabe-se como Jesus pensou em Ramires quando projectou a utilidade de Witsel. O belga pode ser catalogado como "jogador de transição", mas, na prática e ao contrário do que aconteceu com Ramires, pede-se-lhe que seja protagonista sobretudo em organização.

- Finalmente, Matic. O seu rendimento não é ainda tão constante como o de Javi, tanto ao nível do rendimento em posse, como da resposta defensiva. Não é, mas isso não impede que Matic protagonize já exibições com um nível de protagonismo e utilidade que raramente se viu no espanhol. Já Airton o conseguia no ano anterior, o que é uma evidência clara de como o Benfica pode e deve exigir-se mais para uma posição tão nuclear como esta. No que respeita a Matic, o seu principal problema tem a ver com o ajuste do critério em posse, relativamente às posições onde actua. É um jogador com maior potencial técnico do que Javi, isso é evidente, mas o seu perfil de decisão só lhe permite nesta altura ser uma mais valia em relação ao espanhol, quando tem a oportunidade de definir no último terço. Não porque Javi seja um exemplo a seguir no que respeita à segurança em posse (não é, de forma nenhuma), mas porque a segurança que Matic oferece em posse não é ainda melhor. E, é bom notar, a segurança em posse do pivot persiste como um dos grandes pontos fracos da equipa, havendo uma distância significativa para o que Porto e Sporting conseguem extrair das suas unidades para esta posição. De todo o modo, se Matic evoluir positivamente, sobretudo ao nível do critério em posse, pode facilmente suplantar Javi em termos de nível de rendimento.

- E agora, então, o Olhanense. Muito do que o Benfica não fez ofensivamente no jogo tem a ver com o perfil defensivo da equipa de Dauto Faquirá. Aliado ao facto do resultado se ter rapidamente precipitado para o conforto do 2-0, claro. Aquilo que observamos na generalidade das equipas que defrontam os "grandes", é que há uma qualquer tentativa de condicionar a primeira fase de construção, desde os centrais, ou mesmo do guarda redes. O que, porém, raramente produz grandes resultados. O Olhanense, por seu lado, não se exige a mesma profundidade defensiva, raramente condiciona a primeira fase de construção, nem sequer tentou obrigar o guarda redes a bater longo. Já agora, um dado que ilustra bem a ausência de presença da equipa de Olhão na pressão sobre a primeira linha são os dados de Artur, que teve os menores índices de participação, com os pés, de qualquer guarda redes dos 3 "grandes" no campeonato. Nem o Benfica foi forçado a jogar com o seu guarda redes, nem este a bater longo. Ora bem, o que fez o Olhanense foi concentrar a sua atenção na segunda fase ofensiva do Benfica, aproximando as duas linhas mais recuadas, tentando não baixar demasiado a sua última linha, mas garantindo sempre a presença das duas linhas entre a bola e a baliza. Aqui, sobretudo, o destaque vai para o condicionamento e bom ajuste à circulação larga na primeira fase de construção, não permitindo a entrada do jogo pelos laterais, como acontece muitas vezes. As excepções, os golos, surgem na sequência de uma circulação à largura, mas nesses casos ela aconteceu numa segunda linha ofensiva, dentro do bloco, expondo imediatamente o controlo dos espaços laterais na última linha. O problema do Olhanense, porém, surgiu no momento de transição defesa-ataque, já que raramente o protagonizou com qualidade suficiente para ultrapassar a barreira de reacção do Benfica. Um ponto que deve ser revisto, sem dúvida, mas de todo o modo parece-me já interessante reflectir sobre os resultados da organização defensiva de Dauto, que não são de hoje e que aparentam ser bem melhores do que a generalidade das equipas da mesma dimensão (sobretudo fora de casa). Vem aí mais um teste, na recepção ao Porto...
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15.8.11

Sporting - Olhanense: opinião

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- Começo com uma reflexão em torno de "jogar bem" e "ganhar". "Eu quero é que a equipa jogue bem!", ouve-se e lê-se, com frequência da parte dos adeptos. Mas, será mesmo que uma boa exibição seja mais satisfatória do que uma vitória? A resposta, a meu ver, é óbvia. Para os adeptos (pelo menos, para a maioria), e para os protagonistas, uma boa exibição, sem vitória, traz frustração. Uma vitória, sem boa exibição, traz, no mínimo, alívio. "Ganhar" é o objectivo do jogo, e "jogar bem" é o garante de que se está mais próximo de atingir esse objectivo, com regularidade. Por isso, "jogar bem" é o objectivo dos treinadores no inicio das temporadas, e "ganhar" é o objectivo das finais, e do jogo-a-jogo. Ou alguém já ouviu algum adepto ou protagonista abordar uma final apontando "jogar bem" como principal objectivo? "As finais são para ganhar!", foi a frase que Mourinho celebrizou, e o verbo não é um pormenor. Enfim, o ponto (que recupero de outras reflexões recentes...) é que o Sporting, como qualquer equipa, tem de começar por se preocupar em "jogar bem", sim, mas não pode esquecer certos pormenores, se quiser realmente "ganhar".

- Mantendo-me no mesmo âmbito - da eficácia - parto para os casos específicos deste jogo, alertando, porém, que 1 jogo não serve para fazer generalizações. Aliás, se é certo que o Sporting não repetirá com facilidade jogos em que exerça tanta supremacia, é também evidente que só por muito azar terá outro exemplo de tão grande desnível de eficácia. E aqui, na eficácia, importa abordar os 2 extremos do campo, porque se é improvável que se faça apenas 1 golo em tantas ocasiões, é-o também, e bastante, que se sofra algum, perante tão escassa produtividade ofensiva do adversário.

- Começando pelo lado defensivo, diria que o golo não parece ser, de todo, indefensável. O remate é muito forte e tem uma trajectória difícil, porque a bola desce rapidamente, mas parece ser, também, uma grande distância, havendo uma margem considerável (1 metro?) para o poste mais próximo, relativamente à zona em que a bola entra na baliza. Juntando estes 2 factores, parece-me claro que a reacção de Patrício não é tão rápida como seria desejável, mas admito poder estar a ser injusto para o guarda redes. Nesta altura, é-me difícil fazê-lo, mas durante este ano farei uma avaliação mais consistente da resposta do guarda redes, neste aspecto...

- Relativamente ao capítulo ofensivo, que é aquele sobre o qual mais tenho escrito, quero começar por reforçar a ideia acima levantada. Ou seja, não é por um jogo que se podem analisar tendências, ou, tão pouco, que o meu ponto se revela correcto. Postiga podia ter feito, facilmente, 2 ou 3 golos neste jogo e isso não faria dele uma grande solução, a prazo, para o papel que lhe foi destinado (finalização). Entendo a avaliação que faço como extremamente sólida por ser baseada em factos de longo prazo, e é no longo prazo que ela se aplica, também. No fundo, é a lei dos grandes números, pode-se ganhar ou perder no imediato, mas, a prazo, será a tendência a prevalecer. Mas há uma coisa que estava correcta na minha avaliação (e que, creio, poucos anteciparam no inicio da temporada), desde que analisei Wolfswinkel: Postiga seria o mais sério candidato a partir para a temporada como principal referência ofensiva.

- Passando a outros capítulos do jogo, começo por realçar as diferenças de qualidade entre a oposição que o Sporting teve nos últimos 3 jogos da pré época, e aquela que encontrou no primeiro dia da temporada. Nada a ver. O Olhanense foi uma equipa submissa em termos de presença pressionante, baixou demasiado as linhas e permitiu que o Sporting chegasse ao meio campo ofensivo. Um erro, ou uma incapacidade? Não sei ao certo, mas o facto é que, com a reactividade à perda que o Sporting tem, isso determinou uma diferença avassaladora no domínio do jogo. A reacção na transição ataque-defesa, é um primeiro sinal da qualidade acrescida que o Sporting 2011/12 terá. Um sinal relevante, e que tem origem na natureza organizativa e colectiva da equipa. Ainda assim, quero destacar a característica dos 2 centrais do Sporting (omito o óbvio, Rinaudo), porque são, talvez com Otamendi, os 2 jogadores que melhor jogam em antecipação em Portugal. E, como já referi anteriormente, jogar com linha alta não serve apenas para aumentar a estatística do fora de jogo. Serve para criar condições para pressionar no espaço reduzido.

- Ao nível da construção, como já escrevi, o Olhanense pareceu não ter grande preocupação em condicionar essa fase de jogo, ou potenciar o erro. Ainda assim, o Sporting surgiu bem, diversificando pontos de saída, e com boa dinâmica. Destaco 2 movimentos que, sem grande pormenor na análise, me pareceram intencionais. 1) A colocação de Rinaudo, descaído para a esquerda dos centrais, e 2) a ligação directa de Polga para Evaldo, aproveitando a boa capacidade de passe do central, para fazer, repentinamente, variar o ponto de saída. Há, ainda assim, que continuar a evoluir, destacando-se o potencial da ala direita.

- Ao nível dos corredores laterais, alguma assimetria de potencial. À direita, Jeffren parece confirmar-se como um excelente mais valia, dando ao Sporting a tal capacidade no 1x1 que faltava. Para além disso, a presença de João Pereira pode significar uma ala direita de grande dinâmica e qualidade, num entendimento que pode, e deve, conhecer evolução. Isto, apesar de não me parecer um grande inicio de temporada do lateral, abaixo do que pode fazer. À esquerda, por outro lado, Evaldo não tem a mesma capacidade, e não me parece, tão pouco, ser o melhor complemento para Djaló, nas dinâmicas do corredor. O português tem uma óptima relação com o golo, mas não pode ser explorado em acções junto à linha, porque tem uma má capacidade de transporte e gestão da posse. Como já referi noutras ocasiões, é uma solução que tem características diferentes das de Capel ou Jeffren, mas tem de ser devidamente enquadrado, o que não me parece ter acontecido.

- Foi, enfim, uma boa estreia, no sentido em que o "jogar bem" promete poder fazer a equipa "ganhar" mais vezes. Não há surpresa, é algo que a chegada de Domingos já prometia, fosse qual fosse o contexto. Sobre isso, e porque escrevi noutras ocasiões que o plantel não me parecia mais forte do que o de há 1 ano, quero aproveitar para rectificar a opinião, após as contratações de Capel e Jeffren (posteriores a essa avaliação). Há, de facto, mais qualidade, também no capítulo individual. Mesmo se continuo a pensar que se mexeu demasiado, e menos bem em alguns sectores (Onyewu e Wolfswinkel parecem dar-me razão), e que faz muita diferença, para quem quer "ganhar", ter ou não ter um Liedson. Mas, para isso, também há remédio...
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1.3.11

Olhanense - Porto: Análise e números

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E o título ao virar da esquina... Não foram muitas as vezes em que o Porto demorou tanto a ganhar vantagem num jogo, e esse constituiu-se, desde logo, como um ponto de interesse para a reacção da equipa. A resposta foi positiva e, mais importante de tudo, foi suficiente para garantir os 3 pontos e encurtar ainda mais o caminho que falta para fechar o campeonato. E já falta pouco! De resto, talvez a nota mais surpreendente do jogo seja o elevado número de ocasiões permitido pelo Olhanense. É que a equipa de Daúto Faquirá havia sido, até agora, das que menos desequilíbrios havia permitido frente aos “grandes”. Algo que se explica por vários factores...

Notas colectivas
A meu ver, o melhor período portista deu-se nos primeiros minutos. Uma atitude fortíssima, com uma posse dinâmica e com critério e com uma óptima reacção à perda de bola. O Olhanense não pagou, nesse período, a factura em golos, mas mal respirou. De resto, a vulnerabilidade dos algarvios, nessa fase, encontrou-se no espaço entre centrais e laterais e em algumas perdas de bola no inicio de transição que expuseram a equipa.

O facto é que o Porto foi perdendo essa capacidade com o tempo. Menos critério em posse e menos controlo do primeiro passe de transição do Olhanense. O jogo tornou-se mais físico e mais dividido, e Villas Boas resolveu alterar na segunda parte, mexendo e dando-nos uma novidade em termos estruturais: o losango.

A intenção, pareceu-me, passou por tentar ter uma presença mais constante nas costas dos médios do Olhanense, obrigando os centrais a fazer aquilo que a estratégia de Faquirá tanto parece querer evitar: sair da sua zona. Tudo isto pressupõe, igualmente, mobilidade ofensiva e maior largura dada pelos laterais – daí a entrada de Fucile.

O Porto colheu os frutos na etapa complementar do jogo, mas, em boa verdade, não posso dizer que foi aí que esteve globalmente melhor. É que foi nesse período também em que o jogo se esticou mais e em que houve menos controlo por parte do Porto. De todo o modo, será interessante perceber até que ponto esta opção táctica – que gosto, particularmente – será desenvolvida no futuro.

Sobre o Olhanense, também um comentário. Será, provavelmente, a equipa tacticamente mais conservadora do campeonato. Organiza-se bem, mas sempre à custa de um risco mínimo em termos de desposiccionamento táctico. A linha defensiva está quase sempre baixa e os centrais muito protegidos, quase nunca sendo obrigados a sair da sua posição. Daí tornar-se uma equipa difícil de bater, não sendo mais porque acontecem também alguns erros individuais com frequência. De resto, em termos ofensivos tem alguma qualidade individual – nomeadamente a capacidade de retenção de bola de Paulo Sérgio – mas não se viu uma transição muito capaz de fazer a equipa subir no terreno e respirar melhor. Também por mérito do Porto, obviamente.

Notas individuais
Sapunaru – Não me parece que tenha sido pela sua produção que foi substituído, porque creio que estava a fazer um bom jogo. Penso que terá sido mais pelas suas características.

Otamendi e Rolando – De novo espelhadas as diferenças entre os dois. Otamendi muito mais interventivo e dominador nas suas acções. Rolando muito mais seguro e menos exposto ao erro individual.

Belluschi – Marcou um grande e importante golo, mas fez um dos piores jogos em termos de intensidade nos momentos defensivos do jogo. Esteve longe de ser uma das suas melhores exibições em termos globais.

Moutinho – Um pouco ao contrário de Belluschi, não foi decisivo nem desequilibrador (normalmente não é), mas teve um papel importantíssimo no jogo da equipa, quer em termos de posse, quer em termos de equilíbrio e recuperação.

Falcao – Não começou bem, mas acabou por ir crescendo no jogo e acabar por ser o homem do jogo. Trabalhou bem fora da zona de finalização e, dentro desta, fez a diferença.

James Rodriguez – Foi a “chave” do jogo, segundo a generalidade das leituras. Obviamente que discordo do exagero, porque se o Porto materializou a sua vantagem na segunda parte, já o poderia ter feito também antes. Ainda assim, esteve inegavelmente em bom plano, decidindo sempre bem (característica que se mantém), estando disponível no jogo e com participação decisiva. Será que o veremos mais vezes nas costas dos avançados a partir de agora?
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16.2.11

Olhanense - Sporting: Análise e números

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Na alegoria do “boxeur”, utilizada pelo treinador recentemente, Paulo Sérgio continua em ringue e, segundo o próprio, disposto a “levar porrada”. O que se constata, porém, é que Paulo Sérgio já só está mesmo em ringue para “levar porrada”. O próprio deixou de acreditar na sua capacidade de inverter o sentido do combate, e limita-se agora a esbracejar e resistir sem sentido ou estratégia. Ficar de pé e esperar por um milagre é tudo o que lhe resta.

Murros e combates à parte, a desistência de Paulo Sérgio vê-se na forma como a equipa deixou de tentar interpretar a filosofia que o próprio treinador havia definido no inicio de época. E o jogo de Olhão foi apenas mais um exemplo.


Notas colectivas
É sempre triste para um clube com a vivacidade do Sporting ter uma equipa mais crente na sua impotência do que na sua capacidade. Mais triste se torna quando isso acontece com 2 troféus e tantos jogos ainda por disputar. O maior problema desta fase do Sporting é que não está a ser feito um diagnóstico correcto da situação. Há uma focalização excessiva na componente individual, uma incapacidade de reconhecer as mais valias e de identificar potencial nas soluções existentes.

Pede-se e prepara-se, quase seguramente, uma revolução no plantel. Quase sempre, esse tipo de revoluções acontecem quando não há noção do que está mal. Opta-se por uma espécie de exercício de fé: muda-se tudo e reza-se para que se acerte.

Sobre o jogo, volto a salientar alguns aspectos que denunciam a má preparação colectiva da equipa do Sporting:

Primeiro, a filosofia. Conformista com uma posição submissa, quando no inicio de época o Sporting tinha como objectivo, declarado e anunciado, o domínio permanente do jogo. Nada pode denunciar mais a falência de crença do que esta constatação.

Depois, a incapacidade da equipa construir de forma planeada e organizada. Não é uma equipa que tenta jogar directo por opção, mas que acaba frequentemente por ser obrigada a tal. Isto porque quem tem a bola em zona de construção fica frequentemente sem opções seguras de passe, expondo-se ao pressing. Para além disso, a movimentação na zona criativa continua a ser apenas intuitiva. Dentro disto tudo, pode o Sporting congratular-se por ter feito golo praticamente na única jogada que conseguiu fazer em apoio, na primeira parte.

Finalmente, e em termos defensivos, jogar Torsiglieri ou Polga faz toda a diferença. Com Torsiglieri, a equipa tenta com mais frequência o fora de jogo, com Polga muito menos. Porquê? Porque não há uma orientação colectiva clara e bem definida. De resto, vários erros, quer em posse (João Pereira), quer em termos posicionais (Carriço), numa equipa que foi especialmente fustigada à esquerda (intencional?) e que continua a fazer da presença numérica o factor mais decisivo para o sua eficácia defensiva.

Ainda sobre o Sporting, será curioso ver os próximos jogos. Não é liquido que tenham desfechos negativos, apesar do momento e de algumas ausências relevantes. Há qualidade individual, experiência e haverá também mais motivação por parte dos jogadores. Também para o treinador poderá ser um “alívio” poder montar estratégias mais conservadoras e com jogadores mais motivados a interpreta-las. Para ver...

Notas individuais
João Pereira – Foi talvez o jogo mais desastrado da temporada. Desconcentrado com bola, tomou algumas decisões incompreensivelmente más, nomeadamente uma, que desencadeia o desequilíbrio no segundo golo.

Evaldo – Foi invulgarmente participativo, muito porque foi “obrigado” a isso pelo Olhanense. Não se saiu especialmente bem, mas também não especialmente mal. Como quase sempre, aliás. Desde que Grimi não recupere para o jogo do Benfica, pode até nem ser uma má notícia a sua ausência...

Carriço – Não é pelo auto golo que mais merece criticas. E se as merece! Esteve ligado à reacção e recuperação do Olhanense, com posicionamentos estranhos e que abriram por 2 vezes caminho a finalizações na cara de Patrício. Nesses lances pareceu demasiado agarrado a referências individuais e perdeu completamente a noção do seu enquadramento posicional. É estranho nele, mas nesta equipa, com esta organização, já nada se estranha...

Torsiglieri – O Sporting tem aqui um bom valor, sem dúvida. Tranquilo e seguro com bola e muito forte no choque. Precisa de um treinador e de uma organização diferente, que o ajude a evoluir posicionalmente e que, por exemplo, não o obrigue a olhar para trás para perceber se estão todos a respeitar uma linha de fora de jogo que ele está a definir. Precisa ele e muitos outros...

Pedro Mendes – Fez um jogo em crescendo, acabando por ser dos melhores da equipa, como, aliás, não podia deixar de ser. Com Maniche, pode fazer um meio campo de grande qualidade e critério.

Maniche – O melhor exemplo do absoluto desnorte nos diagnósticos que são feitos a esta equipa? Maniche. Haverá poucos jogadores com a qualidade e regularidade do seu rendimento, mas Maniche é sempre apontado como um “problema”. Enfim, outra vez o mais influente com bola, um pouco aquém do que é hábito em termos de eficiência defensiva e interveniente também em termos de acções de desequilíbrio.

Postiga – Foi o destaque do jogo e de facto esteve inspirado nas suas acções ofensivas. A apontar-lhe apenas a completa ausência em termos defensivos. Um problema que é sobretudo colectivo e que com Liedson ficava mais disfarçado.

Cristiano – Jogou pela primeira vez mais tempo e, não se podendo dizer que foi uma estreia auspiciosa, foi pelo menos uma exibição com boa entrega e sem qualquer excesso de individualismo – critica que lhe é normalmente feita. Aliás, se há coisa que lhe faltou foi individualismo numa jogada em que devia ter sido mais expedito a finalizar e que acabou por se perder numa tentativa de assistência.


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13.1.11

Vitórias de Benfica e Porto na taça (Breves)

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- Na Luz, o Benfica até falhou antes de marcar, mas, depois, conseguiu uma eficácia enorme nos 5 golos obtidos. Um domínio completo, jogo resolvido, e, sem necessidade de acelerar muito, a goleada foi sendo naturalmente concretizada. O Benfica confirmou e reforçou a confiança e, até, errou bem menos do que em jogos anteriores. O resultado foi uma goleada que denuncia também uma enorme impotência de uma das equipas mais fortes no plano interno actual. Mas esse é outro problema...

- No Dragão, um atraso inesperado na resolução de uma eliminatória que parecia completamente resolvida logo no sorteio. É verdade que o Porto foi uma equipa absolutamente dominadora, que rematou muito e que poderia, facilmente, ter encontrado o caminho do golo bem mais cedo. O facto, também, é que não fez uma grande exibição dentro das expectativas que se poderiam ter, que não conseguiu grandes situações de finalização dentro da área e que deixou perigosamente o jogo arrastar-se para uma fase em que tudo já era possível. No Porto, já comentei que me parece clara a aposta em James, mas também me parece estranho a súbito esquecimento de Walter. Afinal, estamos a falar de um jogador jovem, recentemente contratado e com uma notável relação golos/minutos nas oportunidades que lhe foram dadas.

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6.12.10

Benfica - Olhanense: Análise e números

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A pouca exuberância da exibição encarnada é tão indiscutível como a justiça da vitória. Ou seja, se é evidente para todos que furar o bloco algarvio não foi tarefa fácil, também fica bastante claro que foi sempre o Benfica quem teve o domínio do jogo. Aliás, de forma crescente no jogo. Neste contexto, haverá alguns dados quantitativos que deverão surpreender quem viu o jogo. Dados que evidenciam o tal domínio encarnado, mas que, bem vistas as coisas, faziam já parte do “filme” que estava preparado para este jogo.

Notas colectivas
Começando então pelos números: o Benfica conseguiu seu o maior número de passes completados num jogo, nesta liga. Conseguiu também a maior % de sucesso ao nível do passe, aqui com uma distância substancial em relação ao anterior máximo colectivo (76%, frente ao Paços). Tudo isto se torna um pouco mais normal se analisarmos o que o Olhanense havia feito, tanto no Dragão, como em Alvalade. Ou seja, também nesses jogos havia permitido uma enorme quantidade de passes aos adversários (mais de 400), mas havia também limitado a sua capacidade de desequilíbrio no último terço. Aliás, é de assinalar que Porto e Sporting conseguiram menos ocasiões frente à equipa de Olhão do que o Benfica.

Fica fácil de perceber, por estes números, que a proposta de jogo do Olhanense dificilmente causaria problemas à circulação baixa do Benfica – nunca causou. Mas é também fácil perceber que as dificuldades do Benfica no último terço não são apenas consequência de demérito próprio, mas o destino natural de quem defronta uma equipa tão confortável a jogar “em cima” da sua área, como é o caso do Olhanense.

O jogo só não teve uma toada mais monótona, logo desde o inicio, porque na primeira parte o Olhanense permitiu-se dar profundidade a algumas transições, colocando em sentido a defensiva encarnada. Situações que tiveram sempre origem em recuperações baixas, mas que, ou por displicência em posse, ou por desequilíbrio posicional do Benfica, acabaram do outro lado do campo, perto da baliza de Roberto. Algo que o Benfica corrigiu com o tempo, particularmente na segunda parte, controlando melhor o momento de transição do Olhanense e tornando-se mais seguro em construção – aqui, com a contribuição da maior segurança dada por Carlos Martins.

Corrigido esse problema, controlado o Olhanense e encontrado o caminho do golo – desvendado por Moretto – o jogo ficou realmente monótono. O Benfica continuou a tentar, Jesus experimentou algumas variantes ofensivas, mas a toada nunca fugiu da repetição de ataques posicionais perante um bloco baixo mas pouco permeável. Perante este cenário, o segundo golo explica-se pela aplicação do ditado da “água mole em pedra dura”, terminando assim com o jogo e com quase todo o interesse que o mesmo poderia ter.

Notas individuais
Maxi – Chegou tarde e não começou bem. Mas Maxi é um bom lateral, capaz de valer muito mais do que tem valido. Frente ao Olhanense fez, finalmente, um grande jogo. Estatisticamente foi o jogador mais participativo e teve, na segunda parte, um papel importante no controlo do primeiro passe de transição do Olhanense.

Coentrão – Continua a ser um excelente lateral, mas perdeu grande parte da sua confiança no jogo do Dragão. De lá para cá – e já vamos com 3 jogos – não foi protagonista de 1 só desequilíbrio ofensivo. Desta vez, Jesus até tentou abrir-lhe caminho, colocando Amorim muito tempo do seu lado, mas não foi desta que Coentrão voltou a explodir. Tem tempo...

David Luiz – Outro que, como Maxi, fez a sua melhor exibição em termos globais, na liga. Tem sido muito criticado e, de facto, não tem sido uma época condizente com o seu potencial. Estou de acordo até certo ponto, mas há muito exagero nas apreciações que lhe têm sido feitas. Muito, mesmo!

Javi Garcia – Continuo a pensar que não dá as melhores garantias para o lugar. É culto em termos posicionais e forte nas primeiras bolas. Mas não é, nem dominador na sua zona, nem seguro em posse – todos os jogos acumula perdas de bola em zona de construção. Numa equipa que procura tantas vezes verticalizar e que perde, por isso, noção da segurança em zona de construção, não era mal pensado se Jesus procurasse uma solução que oferecesse à equipa mais segurança e presença na construção.

Aimar – Permanece longe do rendimento da época passada e parece-me discutível se deve ser titular, tendo em conta o rendimento que vem apresentando. Fala-se muito nas alas do Benfica, mas parece-me que é no eixo Garcia-Aimar que o Benfica mais tem a perder em relação ao ano passado. Muito mais, aliás!

Gaitan – O mito de que é um jogador de corredor central, desfaz-se em 2 constatações. A primeira é que um jogador de corredor central não pode construir em transporte de bola, como faz Gaitan. As suas investidas em zona central podem desequilibrar, mas têm de ser controladas porque continua a perder algumas bolas de forma proibitiva quando aparece em construção (creio que foi por isso que saiu). A segunda constatação tem a ver com a sua capacidade de cruzamento: é o jogador que, para mim, melhor cruza no futebol português e isso é suficiente para lhe valer uma capacidade de desequilíbrio acima da média.

Ruben Amorim – Diz-se que a equipa ganha equilibro com a sua chegada. Concordo, sim, mas faço uma nota idêntica à que utilizo sempre com Moutinho. Ou seja, Amorim não é um jogador excepcional em nenhum aspecto específico. É, isso sim, um jogador útil em tudo. Tem uma óptima percepção táctica e posicional, quer ofensivamente, quer defensivamente, é seguro em posse e tem boa capacidade de trabalho. Neste momento, ninguém combina tudo isto no meio campo do Benfica.

Cardozo – Duvido que haja algum avançado no mundo que não jogue melhor quando marca golos. Desde que regressou, Cardozo está mais participativo (embora ainda não muito) e, sobretudo, bem mais inspirado e eficaz (não falo de golos, mas de todas as acções).

Paulo Sérgio – O Olhanense tem outros jogadores a observar, mas este mereceu-me especial atenção. Foi muito importante na melhor fase colectiva, aparecendo bem em transição e transportando a equipa para alguns ataques rápidos. Jogou muitas vezes solto e revelou boa capacidade de movimentação, boa intensidade sem bola e um notável critério com ela. Não lhe faço com isto uma avaliação definitiva, mas creio que nesta altura da sua carreira merece uma análise cuidada de clubes maiores...



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4.12.10

Benfica vence Olhanense (Breves)

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- É tão fácil reconhecer a justiça do resultado, como a importância do erro de Moretto na definição do mesmo. Isto porque, por um lado, o Olhanense nunca deu sinais de poder recuperar o empate e, por outro, o Benfica também não havia feito muito pela vantagem que lhe foi "oferecida", pouco antes do intervalo. Mas esse é, também, o primeiro requisito de quem quer sobreviver a este tipo de jogos. A eficácia. O Olhanense não a teve e, sendo assim, poucas esperanças lhe restavam. Para o Benfica, e tal como fez ver Jesus, esta poderia ser uma vitória importante. Por ser mais uma na liga, e por não ter golos sofridos. O problema é que há feridas demasiado profundas para que este tipo de vitórias representem muito em termos de confiança. Sem ter ainda analisado o jogo com detalhe, referencio a importância que as bolas paradas continuam a ter para o Benfica. São a equipa mais forte nesse plano no futebol português e esse é, hoje em dia, o seu principal "abre latas". Mérito de quem trabalha.

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24.10.10

Braga e o duelo de Vitórias (Breves)

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- Há algum tempo alertei aqui para a invulgar carreira de Domingos a jogar em casa. Pois bem, a caminhada continua, mas conheceu no seu último episódio uma prova de fogo. Porquê? Porque a equipa estava - e está - numa fase de recuperação dos índices de confiança, francamente abalados por 3 derrotas contra adversários bem mais poderosos. Depois, porque do outro lado estava uma das equipas em melhor fase na Liga, muito confiante na interpretação da sua proposta. Gostaria de saber o que disse, e como disse, Domingos ao intervalo. A verdade é que a equipa entrou para fazer o que tinha a fazer. Dentro do seu plano e da sua proposta, e não na base de correrias e desespero. O resultado chegou em 15 minutos...

- É muito por aqui que se distinguem aqueles que ganham mais vezes. Porque são capazes de ter maior lucidez e competência nos momentos de maior intensidade emocional, porque não perdem o "mapa" e continuam a confiar na sua proposta. É por isso que Domingos perdeu tão poucas vezes em casa. É por isso que o Braga fez o campeonato que fez no ano anterior. É por isso que este ano volta a ser um candidato muito sério ao pódio. E é por isso, finalmente, que depois de Domingos muito dificilmente o nível do Braga se poderá manter na fasquia actual.

- Um pouco antes, muito curioso o duelo entre Vitórias. Depois de Coimbra, Setúbal. Machado provou de novo o seu próprio veneno, apanhado no espaço e nos momentos de transição ataque-defesa. Com grande eficácia, é verdade, o Setúbal deu 2 golpes que se provaram fatais no jogo. Não há nada a dizer da atitude por trás da reacção do Guimarães, mas há que notar a forma como escolheu atacar. Tendo uma equipa obviamente superior à do seu adversário, o Guimarães escolheu o "bombardeamento", com jogadas pouco trabalhadas, cruzamentos largos e muita gente alta na área. A pergunta que faço é: será que esta é uma filosofia capaz de vingar num clube de maior dimensão? Finalmente, um elogio a Manuel Fernandes. As suas equipas têm tido uma atitude fortíssima e uma óptima lucidez sobre quais devem ser a sua proposta jogo-a-jogo.

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28.9.10

Porto - Olhanense: análise e números

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Foi, realmente, um jogo pouco interessante. De facto, e tendo em conta os indícios deixados pelas duas equipas, este era um cenário bem provável à partida. Tivesse o Porto a eficácia suficiente para abrir o marcador na primeira parte e dificilmente este seria um jogo de grande intensidade emocional. E assim foi. Golo marcado, jogo resolvido. Ganhar, com os mesmo a fazer a mesma coisa. Mais do que “solidificar processos”, o Porto está a “solidificar a confiança nos processos”. Não é a mesma coisa...

Notas colectivas
Não é de hoje, mas fica muito claro especialmente neste tipo de jogos. A preocupação de ter segurança em organização ofensiva e no inicio do ataque posicional. A circulação ocorre sempre em zonas baixas de forma fluída mas paciente, esperando o momento certo para fazer o primeiro passe vertical. E este passe é muito importante. É-o porque é nele que se define muito do lance. Se vai acabar com o adversário a defender dentro da sua área, ou numa transição no outro sentido. A segurança neste passe é determinante para que a equipa não perca o seu posicionamento ofensivo, por isso mais vale esperar pelo momento certo do que impulsivamente procurar furar o bloco contrário. Parece, pelo menos, ser esta a ideia de Villas Boas.

É claro que para isto é necessário muita lucidez e controlo emocional. É precisamente por isso que as vitórias são importantes. Porque retiram a ansiedade dos jogadores e do público, dando-lhes mais margem para não serem impulsivos na escolha das suas acções. Neste momento o Porto não impressiona nem entusiasma pelo jogo que realiza, mas apresenta um dado que pode ser bem mais importante do que qualquer espectacularidade: A eficácia. O seu aproveitamento face às oportunidades que cria é bem maior do que a média das equipas (dados que obviamente tenho). Há 2 hipóteses: ou estamos perante um fenómeno pontual que se dissipará com o tempo, ou é uma consequência dessa lucidez emocional que Villas Boas se tem esforçado por incutir. A minha convicção aponta para a segunda e, se estiver certa, a eficácia apenas abandonará a equipa quando esta perder a lucidez.

Por fim, talvez mereça salientar a perda de qualidade da equipa na segunda parte em termos ofensivos. Sobretudo ao nível da decisão, e também pelas mexidas a que a equipa foi submetida, o Porto perdeu alguma fluidez, num período em que poderia ter entretido um pouco mais as bancadas. Como isso nunca colocou em causa o controlo do jogo e como não se perdeu mais do que isso – o entretenimento das bancadas – não é um facto que mereça muito realce.

Notas individuais
Se do ponto de vista colectivo, este foi um jogo que representou pouco em termos de novidades, em termos individuais, há a introdução de Fucile e Otamendi. Uma introdução que, creio, terá sido planeada em função da própria calendarização e que possivelmente terá continuidade para o futuro.

A primeira coisa que há para dizer é que esta alteração retira centímetros à equipa portista. Um aspecto que poderá ter mais importância nas bolas paradas defensivas, onde Sapunaru e Maicon eram 2 jogadores com muita importância. De resto, sobre Fucile não há muito a dizer porque todos o conhecemos e fica fácil de perceber o que pode acrescentar em relação ao romeno.

Otamendi teve a estreia ideal e revelou um pouco do seu ADN. Muito interventivo e confortável a sair da sua zona. A sua natureza, porém, contrasta um pouco com a mentalidade de Villas Boas e o teste ao central precisa de ser prolongado no tempo. O jogo aéreo – sobretudo quando cair na sua zona um avançado com mais 10 ou 15 centímetros – é uma interrogação, mas o risco principal está na mentalidade. Na forma como gosta de arriscar a antecipação e na forma como assume riscos em posse. O choque de mentalidades é grande e é preciso que o irreverente Otamendi seja “domesticado” para que o seu potencial se ajuste à cultura do colectivo. Para mim, que já o conhecia do Velez, é um caso que acompanharei com especial curiosidade.

Em relação às restantes exibições, nada fora do normal. A regularidade de Moutinho, mais critério e menos inspiração de Belluschi, o desequilibrador do costume, ainda que em dose reduzida, e o regresso às exibições menos conseguidas por parte de Varela. Os números sugerem o destaque de Fernando e eu acho que é justo.

Finalmente, falar do caso do momento de Falcao. Claramente o seu rendimento e confiança estão afectados e isso sente-se quase todas as vezes que toca na bola. É um caso que pode ter algumas semelhanças com o de Liedson. Talvez Falcao precise de estar mais em jogo para se encontrar e talvez tanto tempo de “isolamento táctico” lhe tenha feito mal em termos de confiança. Talvez...



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14.12.09

Olhanense - Benfica: alguém viu o cérebro desta águia?

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Há muito que se percebeu que este Benfica tem qualidade de sobra para poder ser campeão. O problema, porém, é que a qualidade, por si só, não basta. Algo que, aliás, estranhamente o Benfica parece determinado em provar . Já havia alguns exemplos nesta matéria, mas, em Olhão, terá sido dada provavelmente a mais incrível prova de incompetência encarnada em toda a época. Um jogo e uma situação no campeonato terrivelmente mal geridos, fizeram voar 2 pontos, comprometeram um clássico relevante e colocam como possível um cenário à partida impensável do Benfica ter, no final da primeira volta: uma média de 3 golos por jogo e... um 3º lugar!

Para começar, convém esclarecer que poucos adversários serão tão fáceis de bater pela inteligência como o Olhanense. É uma equipa com talento de sobra e jogadores que muito provavelmente acabarão por alinhar num “grande”, mas também não é por acaso que a época vai como vai. O talento não chega para contornar os problemas de uma equipa demasiado emotiva, quer disciplinar, quer tacticamente. Aproveitar com serenidade os prováveis devaneios da equipa de Olhão seria suficiente para o Benfica ganhar com facilidade a partida. Ao invés, entrou na “bebedeira” do descontrolo emocional e, claro, deu-se mal.

O azar, é certo, esteve presente do lado encarnado, mas nunca em doses suficientes para se sobrepor ao mar de equívocos verificados. Começando pelas opções de Jesus. Colocar Di Maria na posição 10 foi uma solução demasiado estranha. Dar o corredor central a um jogador em permanente tentação pelo drible e com reconhecidos problemas ao nível da decisão?! Depois, tudo começou numa série de más e invulgares decisões que marcaram o inicio de jogo encarnado, com más opções de passe a comprometerem o sucesso das jogadas. Não espanta, pois, que esta falta de concentração tenha resultado em fragilidades nos lances de bola parada. Depois, o aspecto disciplinar, com jogadores a perder inexplicavelmente o controlo emocional e comprometendo as aspirações da equipa, quer para o clássico, quer para o próprio jogo. Como se não bastasse, a reacção na segunda parte foi também equivocada, mexendo demasiado na estrutura base e perdendo rotinas e identidade colectiva.

Enfim, tudo somado vem aí um clássico em que, para além de condicionado, o Benfica entra mais pressionado do que o seu rival. Algo impensável há poucas semanas...
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23.9.09

Análise vídeo: lances da jornada

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Foi um jogo marcado pelo equilíbrio, é certo, mas isso não significa que não tivessem acontecido oportunidades dignas de destaque. E, no caso dos portistas, com alguns denominadores comuns. Na primeira parte, em organização ofensiva, pelo lado direito e aproveitando o espaço entre linhas e alguma falta de capacidade defensiva do lado esquerdo do meio campo contrário. Isto, claro, só possível porque existe do lado portista uma saída a jogar organizada sobre as alas, com qualidade e rotina. Tudo isto, claro, não chegou para ganhar nem mesmo para evitar a derrota. É que para além disto, houve pouco mais e, para além disto ainda, sobrou uma exibição essencialmente desinspirada e com pouco intensidade. Em especial no inicio do segundo tempo.


Hulk & Guarin – A primeira nota vai para o papel de Meyong, quem melhor pressiona no Braga. A sua acção obriga o Porto a organizar pela direita, dando uma vantagem ao Braga que deveria ter encurralado os portistas. Não foi isso que aconteceu. Não houve agressividade dos restantes jogadores e abriu-se uma linha de passe para Hulk, a quem também foi permitido rodar e sair da zona de pressão. Depois percebe-se a pouca reactividade de Viana que perde totalmente o controlo sobre o espaço nas suas costas, explorado por Guarin. Como o Braga joga com 2 linhas de 4 e não tem nenhum jogador posicional entre elas, o colombiano ficou completamente livre para atacar a zona mais recuada dos minhotos.

Meireles & Hulk – De novo a distância entre linhas. Desta vez, notória entre os avançados e a linha média. Este factor aliado à pouca agressividade de Mossoró sobre Meireles permitiu que o médio azul ganhasse tempo e espaço para libertar Hulk no flanco oposto. Um 1x1 muito perigoso e que apenas não teve outras consequências porque Evaldo conseguiu evitar o pé esquerdo de Hulk.

Guarin & Varela – De novo o lado direito portista. O primeiro ponto a realçar é a boa dinâmica entre o extremo e o médio, com troca de posições entre eles. Um rotina bem assimilada e que é solução comum na saída de bola portista, seja à esquerda, seja à direita. O ponto aqui tem a ver com a forma como Varela consegue rodar, não havendo a pressão exigível para a situação em que se encontrava. Aliás, este lance tinha tudo para dar uma recuperação e originar transição do Braga. Mas não deu. E tudo por Viana e Paulo César voltaram a denotar grande insuficiência defensiva e porque, claro, houve qualidade do lado contrário. Aliás, esta dupla não só permite que Varela rode como depois perde controlo sobre o extremo portista, não compensando, nenhum deles, o espaço de Evaldo que vem pressionar Guarin. Só por muito pouco este lance não termina em golo.

Desacerto azul – Se há lance que espelha a desinspiração portista é aquele que culmina numa finalização de Vandinho. Uma das mais perigosas do Braga. É que a jogada só acontece porque há uma série de deslizes individuais na sua origem. Primeiro o mau pontapé de Hélton, depois o não domínio de Guarin e, finalmente, uma trapalhada de Fernando finalizada com uma "assistência" em zona central. Ainda assim, saiu barato...

Pateiro – O Benfica ganhou em Leiria, mas muito facilmente poderia ter... perdido. Tudo isto por causa de um lance de inspiração de Pateiro que só não terminou em golo porque dos pés de Kalaba não houve a qualidade correspondente. Muito mérito, obviamente, para a acção de Pateiro, mas é também curioso analisar porque é que tudo foi possível. A última arma da transição defensiva encarnada é o fora de jogo, executado ao limite e, diga-se, com excelentes resultados até ao momento. Ora, quando todos esperavam o passe de Pateiro, este bateu, ele próprio, o fora de jogo. Ainda assim não parece uma fórmula copiável para casos futuros.

Rabiola – O primeiro golo do Olhanense em Alvalade tem os holofotes sobre Carriço e Abel. Podemos começar por aí e por dizer que, na minha opinião, não há nada de errado com o comportamento dos 2 defesas. Existe um 2x2 nessa zona, o que torna tudo muito complicado caso, como aconteceu, o cruzamento saia bem. Aliás, Carriço está bem posicionado e reage bem à trajectória da bola. Simplesmente não chegou e fica muito claro que o principal motivo é a falta de... centímetros. O grande erro está, por isso, na origem do lance. Ou seja, do lado esquerdo e na falta de agressividade sobre a posse de Ukra. Quando se cria uma zona de 1x3 tem de haver maior agressividade e aqui é Vukcevic quem deveria ter impedido o jovem extremo de ter uma solução de recuo. Isso não aconteceu, Ukra teve muito mérito e Miguel Garcia apareceu para dar a solução que o Sporting permitiu.

Edgar – O Marítimo começa a ameaçar ser uma desilusão séria desta liga. Pela segunda semana consecutiva com tudo para vencer e, de novo, incapaz de o fazer. Desta vez 1 lance compôs o cenário improvável no derby madeirense e perante um Nacional com 10 jogadores. Edgar foi o protagonista e trabalhou muito bem a jogada, mas... o que dizer de Olberdam?! Permitir que o avançado cortasse para dentro quando tinha já um ângulo tão fechado... e tão facilmente ele o fez! Assim, torna-se difícil...

Xavi & Messi – Há alguém que não conheça esta jogada? Há alguém que nunca tenha visto Xavi a receber da esquerda, virar-se e solicitar a diagonal de Messi nas costas do lateral?! Não me parece. Jogadores e treinadores sabem todos disto e, no entanto, tudo se repete com sucesso. E pensar que tantas vezes ouvimos gente a falar de previsibilidade pelo conhecimento que se tem das equipas. Hoje em dia nada é imprevisível, tudo é conhecido, tudo é previsível. A diferença está na qualidade. É por isso que Messi há-de marcar mais golos tão “previsíveis” quanto este...

Eto’o & Milito – Eto’o não marcou, não assistiu, mas que impacto teve! O Inter perdia e foi muito pelo camaronês que a situação se inverteu. Sempre ligado, sempre reactivo, pressionou e provocou a perda que isolou o mortal Milito. É uma característica que não dá nas vistas, mas vale muito mais do que se pensa.

Foster & Ferdinand – Um derby que ganhou outra dimensão e que teve uma emoção invulgar. O United ganhou, mas bem se esforçou para que isso não tivesse acontecido. O erro de Foster é primário, mas o que faz Ferdinand no último minuto é difícil de classificar. Valeu-lhes o “Mickey”.

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22.9.09

Sporting - Olhanense: O culto do sofrimento

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Parece ser sina da época leonina. O sofrimento, a recorrente urgência em correr atrás de resultados e a necessidade de os conseguir em resgates de última hora. Não dá para branquear os erros próprios, mas desta vez, e ao contrário do que acontecera na Holanda, a atípica eficácia do adversário foi o motivo que mais contribuiu para o pesadelo que foi o inicio de jogo para o Sporting. Valeu que o Olhanense se revelou tão talentoso como inocente e permitiu uma reacção rápida que colocou de novo o Sporting no jogo. E assim tudo se tornou mais dramático e interessante. Mas só do ponto de vista da emoção porque de qualidade este jogo pouco mais teve do que alguns detalhes individuais.


Muito estranho, de facto, este jogo para o Sporting. Sem pré aviso, viu-se numa dupla desvantagem que aconteceu. Como se isso não bastasse, a noite foi de desinspiração quase geral ao nível das individualidades, com vários erros e más decisões. Tinha, portanto, tudo para ter perdido, mas... ganhou. Ganhou porque teve alma e vontade suficiente para acreditar e, mais importante ainda, porque teve um adversário que na primeira parte lhe deu demasiados espaços e demasiadas facilidades para poder atacar. Aliás, suspeito mesmo que a reviravolta se teria consumado bem mais cedo caso o intervalo tivesse tardado mais alguns minutos. É que se o Sporting, mesmo sem qualidade acrescida em relação ao seu registo recente, foi suficiente para criar uma catadupa de embaraços na área do Olhanense na primeira parte, na segunda isso não aconteceu. E não aconteceu porque os de Olhão jogaram mais juntos e mais baixos, reduzindo os espaços e potenciando a tal tendência para o erro dos jogadores do Sporting.


Como balanço colectivo, não se pode dizer que algo tenha piorado ou melhorado em relação ao passado recente. A maior critica a fazer neste plano vai para a reacção à perda de bola, mais lenta do que o desejável, e para a performance da sua transição defensiva. Não que isso tivesse permitido ao Olhanense muitos lances de perigo, mas impediu um domínio mais continuado no jogo e um jogo mais aberto do que aquilo que interessava ao Sporting. Fica agora a expectativa para um teste difícil e relevante para a qualidade da equipa.


Olhanense: talentosos e inocentes
Não foi de espantar a exibição da equipa de Olhão. Tem grandes executantes do meio campo para a frente, temíveis no 1x1 e a definir jogadas. E como o foram no inicio do jogo! A verdade, porém, é que este Olhanense de Jorge Costa é também a continuidade dos defeitos que o treinador já revelara em Braga. Uma equipa demasiado estendida no campo, com muitos espaços entre os jogadores e que, por via disso, se torna permeável. E foi-o imensamente no primeiro tempo. Na segunda parte juntou mais as linhas, tornou-se menos capaz de chegar à frente com bola mas, pelo menos, resistiu mais. O problema, claro, é que já foi tarde de mais. Fica, desde já, o aviso para outras experiências deste gênero e que lhe podem ser bem mais penosas, bem como a idéia de que num campo mais pequeno poderá ser mais eficaz. Por fim, dizer que faltou ver o outro lado do Olhanense e das equipas de Jorge Costa que é a capacidade mental para reagir à adversidade e acreditar sempre. Fica para outras núpcias...

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