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18.8.11

Que falta fazem os goleadores?

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Na verdade, o título é ambicioso. Assumidamente, esclareço já, para não haver confusões. As razões, deixo-as a seguir...

"Desses, qualquer um marca!", ou, "Não marca, mas contribui para o colectivo". São algumas das expressões ouvidas, nas várias discussões sobre avançados. O tema é actual, porque se fala da eminente saída de Falcao, de Cardozo e, até, de Postiga. Quanto marcam, todos sabem. Mas, quanto marcam as suas equipas quando eles jogam? Ou, quanto marcam quando eles não jogam? Melhor... qual é a diferença entre quando jogam, e não jogam?

E é isso que trago, quanto marcaram as equipas (não eles, mas as equipas, reforço), quando eles estiveram em campo, e quando não estiveram. E a diferença. Para os 3 casos do momento, e para mais 2, os últimos grandes goleadores a sair do campeonato.

E, agora, explico porque o título é ambicioso. Porque a análise precisa de consistência e coerência. Consistência, no número de observações, coerência, no enquadramento das mesmas. Coerência, tento garantir pela observação, apenas, de jogos da Liga Portuguesa, onde a tipologia de jogos é mais estável. Coerência, ainda, porque todos os jogadores analisados foram utilizados com frequência. O problema maior vem da consistência. São precisos muitos jogos para diluir efeitos de casos pontuais. Os 10 jogos que Falcao não jogou, são muito pouco consistentes. Os 38 de Liedson, muito mais conclusivos. Ainda assim, o ponto mais importante é que as regras são simples e iguais para todos, pelo que não há favorecimentos à priori. Quanto ao resto, ajustem, a gosto, as margem de erro.

Conclusões? Cada um tirará as suas. Eu tenho as minhas, mas não faço questão de as partilhar. Apresento apenas os dados, que são factuais, e espero que eles possam contribuir para alguma coisa. Porque deviam. Apenas uma ressalva: o grau de impacto pela ausência dos jogadores tem a ver com a qualidade de quem os substitui. Ou seja, não é por um jogador ter tido um grande impacto, no tempo em que jogou num clube, que fará falta no futuro. Depende de quem o venha a substituir. O caso de Lisandro (substituído por Falcao), é um bom exemplo.

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19.5.11

Porto - Braga: Estatística e Opinião

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1- Tinha a expectativa sobre a estratégia de Domingos. Iria ser especifica, perante a qualidade do adversário? Se tivesse de apostar, diria que não, mas o facto é que essa especificidade se confirmou. O Braga jogou em 4-1-4-1, e, na minha perspectiva, foi uma boa opção. Porquê? Porque permitiu um controlo permanente do espaço entre linhas (Vandinho) e permitiu também que houvesse uma pressão mais estratégica sobre o meio campo portista, nomeadamente, anulando/limitando a influência de Moutinho em posse, em vez de lançar 2 homens numa pressão mais alta, menos discriminante, e, previsivelmente, sem apoio grandes possibilidades de apoio da linha média (aqui, pelo efeito do tal posicionamento organizacional do Porto, em posse).

2- A alteração organizacional do Braga é importante na definição do balanceamento do jogo (não foi tanto para o resultado), porque, ao alterar, o Braga criou, de facto, problemas de penetração ao Porto, que ainda encontrou alguns espaços em passes largos nos primeiros minutos, mas que foi progressivamente perdendo essa capacidade. É importante, também, porque permite especular - nunca saber exactamente - sobre o peso que terá tido a mudança especifica no rendimento do próprio Braga. É que, se em termos defensivos a equipa conseguiu grande parte do seu objectivo, foi também evidente o seu rendimento abaixo do normal em transição. Muito mérito para a qualidade que o Porto tem na resposta a esse momento táctico (Moutinho, Fernando e Otamendi, em destaque), muito demérito para a desinspiração individual de várias individualidades arsenalistas, mas... até que ponto houve influência de uma menor identificação com o posicionamento base adoptado? Na minha opinião, diria os dois factores que elenquei primeiro serão bem mais decisivos.

3- Mas, se da parte do Braga houve um rendimento abaixo do esperado, também do lado do Porto isso aconteceu, como, aliás, Villas Boas teve a lucidez de reconhecer. O treinador lamentou o facto, deu o mérito ao Braga e mostrou compreensão pelo sucedido, dada a natureza do jogo. De facto, foi um jogo bem abaixo do rendimento habitual da equipa, em vários parâmetros, nomeadamente ao nível da sua ligação ofensiva. É mais normal que tal tenha acontecido na primeira parte, onde, de facto, havia pouco espaço para jogar, mas esperar-se-ia mais, sobretudo quando o Braga arriscou mais em termos de zonas de pressão. Dentro das atenuantes, claramente, a organização do Braga é aquela que me merece mais relevância.

4- Há um ponto que importa salientar (não será a primeira vez que o faço) na estratégia do Braga e, em particular, na dificuldade que o Porto sentiu em encontrar espaços. Artur repôs a bola em jogo por 31 vezes, mas apenas por 1 vez não bateu a bola longa para o meio campo contrário. Ora, isto impede o Porto de pressionar e de ganhar a bola mais vezes no meio campo contrário. Obriga a uma primeira "batalha" (que o Porto venceu muitas vezes, diga-se) e nem sempre permite uma saída em boas condições para as acções ofensivas. Se juntarmos a esta preocupação estratégica, a qualidade do Braga em organização defensiva, fica fácil perceber porque é que o Porto teve tantas dificuldades em encontrar os espaços para ser mais perigoso ofensivamente. Mesmo, se poderia ter feito mais.

5- Feito o esboço do que foi o jogo, não admira muito que o jogo tenha sido definido da forma que foi: ou seja, no aproveitamento de um lapso (raro) de uma das equipas. Aliás, também o Braga o poderia ter feito numa situação do mesmo tipo. Perante isto, teria de ser a eficácia a decidir e foi o Porto a levar a melhor, muito porque, realmente, teve do seu lado o único rasgo de alguma inspiração que o jogo conheceu.

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29.4.11

Porto - Villarreal: Estatística e Análise

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1- Tenho de começar por abordar a atipicidade do jogo. É que, sendo objectivo, a goleada encontra a sua principal justificação na enorme diferença de eficácia entre as duas equipas, e não no número de oportunidades que estas construíram, que, tudo somado, foi muito próximo. Não posso, portanto, concluir que o Porto foi substancialmente mais competente do que o seu adversário na interpretação da proposta que trazia para o jogo, e a forma mais correcta que encontro para tentar explicar o sucedido é através do recurso a uma expressão utilizada pelo próprio Villas Boas: "a transcendência dos jogadores". Se, para além da eficácia, constatarmos ainda que a maioria dos lances de perigo eminente do Villarreal foram salvos por jogadores portistas, e não apenas desperdiçados pelos adversários, então fica clara a conclusão de que o resultado, sendo a consequência de um diferencial de aproveitamento, é também o reflexo da diferença da capacidade de superação dos jogadores nos momentos chave do jogo. Mérito para eles, portanto.

2- O jogo começou com intenções claras de parte a parte. O Porto, percebendo a natureza do adversário e a sua disponibilidade para sair em apoio praticamente de qualquer zona do campo, arriscou no potenciamento do erro, subindo linhas e tentando roubar a bola em zona alta. O Villarreal, por seu lado, trouxe um 4-2-3-1 muito assimétrico, disposto a tentar tirar partido da profundidade à direita (Nilmar) e do apoio interior vindo da esquerda (Cani). O momento de transição seria, assumidamente, a sua aposta. O facto é que, perante este balanceamento foram os espanhóis quem conseguiram maior aproveitamento qualitativo das suas intenções, e de longe. Por 4 vezes nos primeiros 50 minutos Helton teve jogadores contrários isolados na sua frente, num registo provavelmente sem paralelo nesta temporada. O Villarreal sai goleado do Dragão, e nada servirá de prémio de consolação perante este desaire, mas fica, para quem viu, o registo da equipa que mais problemas causou ao Porto no seu estádio esta temporada. Mais do que os vencedores Benfica, Sevilha ou Nacional.


3- Ainda sobre os problemas do Porto na primeira parte, é verdade que a maioria dos lances aconteceu sobre a direita, mas mais relevante do que distinguir o lado dominante para o desfecho das acções, parece-me ser identificar a origem das mesmas. E, aí, a meu ver, entram três factores. A zona de perda da bola (muito baixa, com alguns erros na primeira parte), o risco da linha defensiva ("batida" várias vezes na tentativa de jogar alto e encurtar espaços) e o mérito do Villarreal (jogadas simples, por vezes condicionadas, mas que, mesmo assim, encontraram o tempo e definição certas). Sobre este último ponto, volto a lembrar algo que referi há tempos a propósito de um golo sofrido pelo Benfica nesta prova: nota-se uma grande diferença no aproveitamento que fazem jogadores de ligas como a espanhola ou alemã da "armadilha" do fora de jogo. Uma diferença que tem muito a ver com o hábito de jogar contra este recurso defensivo nesses campeonatos.

4- Da parte do Porto, o seu mérito tem muito a ver com a manutenção da intencionalidade e indiferença à adversidade. O jogo demorou a sair, mas quando saiu teve um impacto tremendo em termos mentais no jogo. Aliás, se houve equipa que mudou o jogo através de alterações próprias foi o Villarreal, retirando três dos seus melhores jogadores no jogo, e desfazendo a estrutura inicial. A reacção táctica ao impacto emocional da momento portista acabou por ser contraproducente, a equipa perdeu ordem, identificação e qualidade, acabando o "submarino" por afundar-se completamente. Foi, usando uma imagem do boxe, uma vitória por KO, e não aos pontos.

5- Nota para o segundo golo, provavelmente o que mais impacto teve no jogo. A jogada, com Hulk a abrir no flanco e Guarin a entrar no espaço entre o central e o lateral, é uma espécie de "clássico" desta época. Na goleada ao Benfica, por exemplo, esteve em foco o mesmo tipo de movimentação, então com Belluschi como protagonista.

6- Algumas notas individuais:
Sapunaru e A.Pereira - estrategicamente pouco participativos numa primeira fase, tentando levar com eles os extremos e deixando as despesas da construção para o corredor central. O costume. No último terço, e também num movimento habitual, Alvaro Pereira foi solução repetida para os cruzamentos, mas foi uma noite pouco inspirada.

Rolando e Otamendi - Um jogo muito difícil para ambos, tendo de jogar alto e assumir o risco de saber que se tem muito espaço atrás de si. Creio que não é por acaso que jogou Otamendi, que tem uma capacidade de reacção e recuperação muito maior do que Maicon. Se assim foi, Villas Boas acertou, porque foram decisivas as intervenções que ambos conseguiram em recuperação. De resto, e como é hábito, Otamendi muito mais interventivo defensivamente, Rolando muito mais certo com bola.

Fernando - Um jogo terrível para ele. Cometeu vários erros em posse, não conseguiu ser influente como é seu hábito e viu vários passes de rotura a serem protagonizados na sua zona.

Moutinho e Guarin - Dentro do melhor que se pode esperar deles. Moutinho, foi o mais influente e certo com bola, a melhor garantia da posse, e destacando-se pela excelente reacção à perda. Guarin foi outra vez o "homem bomba" da equipa, e uma espécie de barómetro da equipa. As suas primeiras tentativas foram um completo falhanço, mas quando acertou, teve um enorme impacto.

Falcao - De novo, a mesma referência. É repetitivo fazer-lhe os mesmos elogios, mas ele não deixa outra hipótese. Ou seja, é um temível finalizador dentro da área e a equipa tem tirado enorme partido dessa sua capacidade.

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19.4.11

Porto - Sporting: Estatística e notas do jogo

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- Tinha antecipado a alta probabilidade do Sporting não ser capaz de discutir o jogo em termos territoriais com o Porto. Não se trata de opção estratégica, mas simplesmente de incapacidade para o fazer. Isso, sem qualquer surpresa, verificou-se, ficando depois por perceber até que ponto o preço dessa diferença de supremacia podia ser custosa para o Sporting. Não foi muito, em boa verdade.

- Começando pela incapacidade do Sporting em discutir o jogo, ela explica-se (e recapitulando a ideia já explicada noutros jogos) em dois eixos: 1) pelo contraste entre as soluções que ambas as equipas criam para a sua posse, e 2) pela diferença de capacidade pressionante precisamente sobre a posse contrária.

- Em termos defensivos, o Sporting voltou igualmente a mostrar as suas fragilidades em vários aspectos. Primeiro, o pressing, embora tenha vindo a melhorar, está longe de ser uma barreira difícil de ultrapassar. Depois, quando é obrigado a jogar em zonas mais baixas, a equipa fundamenta a sua capacidade defensiva sobretudo pela presença e equilíbrio numéricos, e isso foi perfeitamente notório na facilidade com que se permitiram cruzamentos e finalizações em zona circundante da área.

- Se houve algo que equilibrou o jogo foi o jogo menos concentrado do Porto em posse, tendo em conta aquilo que lhe é hábito. Cometeram-se vários erros evitáveis e que acabaram por permitir ao Sporting uma proximidade com o golo indesejável do ponto de vista portista. Há também mérito do Sporting, mas, como referi, face ao rendimento que o Porto costuma apresentar, a prestação foi bem abaixo do que se pode exigir.


- Em termos de dados estatísticos, sem surpresa mais e melhor posse por parte do Porto, e maior incidência do Sporting nos momentos de transição. Embora, a equipa portista tenha tirado também partido de alguns ataques rápidos, conseguindo 3 dos seus 8 desequilíbrios por essa via. Já agora, em termos de desequilíbrios, 4 dos 8 desequilíbrios portistas resultaram de cruzamentos, e 3 deles foram “salvos” por Rui Patrício.

- Em relação ao Sporting, Couceiro voltou a registar um novo mínimo de passes completados num jogo, bem como a percentagem de passe. Um “recorde” que havia sido batido em Guimarães, mas que, sem surpresa, volta a ser piorado no Dragão. Como já expliquei, são tendências que têm a ver com a matriz de jogo que o Sporting passou a apresentar desde a entrada de Couceiro.

Notas individuais (Porto)
Álvaro Pereira – Foi, a grande distância, o jogador mais interventivo no jogo. Acabou, também por isso, por ser um dos melhores em campo, sobressaindo pelos cruzamentos que tirou, sobretudo de primeira, num movimento característico da equipa do Porto.

Guarin – Confirma que a sua mais valia é mesmo em termos ofensivos. Como “pivot” fez um jogo regular, mas longe dos níveis que Fernando pode dar à equipa nessa função.

Moutinho – É curioso como fez um jogo em contra-ciclo com o que lhe é hábito. Ou seja, desta vez Moutinho não foi o relógio habitual no meio campo. Falhou vários passes, e ficou intimamente ligado à origem do lance do primeiro golo. Porém, Moutinho compensou com uma participação ofensiva que teve uma importância acima do que lhe é hábito, estando directamente ligado a alguns desequilíbrios, nomeadamente o que resultou na assistência para o segundo golo. Em termos defensivos terá estado ao seu nível e acima dos restantes elementos do meio campo.

R. Micael - Grande jogo do madeirense. Por vezes discreto, mas quase sempre presente. Foi o jogador com mais influência em termos de posse - a grande distância - sobretudo por ter sido aquele que garantiu mais consistência na entrega. Complementou essa presença com aparições importantes em termos ofensivos, sobretudo nas jogadas mais perigosas em ataque rápido.

Falcao - Não há muito a dizer quando um jogador faz uma exibição destas. Sozinho, pulverizou a defensiva do Sporting em situações de finalização. Mesmo se houve lances em que a defesa deixou a desejar, Falcao é um fora de série na resposta a cruzamentos, e é essa característica que o torna verdadeiramente especial.

Walter - Uma nota para ele. Reapareceu muito tempo depois e voltou a mostrar que tem qualidade de sobra para ser uma aposta de futuro. E não apenas pelo golo. Enfim, posso-me enganar, mas acho realmente estranho se Walter tiver sido preterido apenas por critérios técnicos.

Notas individuais (Sporting)
Evaldo - Na realidade, não fez um mau jogo em vários aspectos. Esteve mais interventivo do que é habitual, conseguiu algumas antecipações que lhe são raras e dar alguma dinâmica ao corredor. Só que a sua exibição não pode deixar de considerar (outra vez!) a passividade com que aborda alguns lances. Nomeadamente, no primeiro golo de Falcao, onde pelo menos deveria ter saltado com o atacante, e numa ou outra jogada em que a sua falta de agressividade no espaço condicionou a equipa em termos defensivos.

Polga - Foi batido no terceiro golo e tem responsabilidades na forma como se "perdeu" posicionalmente, mal Moutinho saiu do drible após o canto. Seja como for, está longe de ser o principal responsável no lance. De resto, voltou a revelar-se como o jogador com mais intervenções defensivas (o que é um hábito). Com bola, teve a responsabilidade de tentar sucessivas saídas longas em face da pouca preparação colectiva para a saída em apoio.

André Santos - Fez um bom jogo em quase todos os planos. Apenas "borrou" a pintura já numa fase adiantada do jogo em que perdeu segurança em posse, acabando por estar na origem de alguns ataques rápidos contrários. Confirma-se, porém, que é muito melhor como "pivot" do que como médio.

Matias - Não foi um jogo fácil para quem gosta de ter bola. Matias soube esperar pelos seus momentos para desequilibrar.

Valdes - Jogo muito fraco no Dragão. A nota vai para a sua influência negativa para a equipa no inicio da segunda parte. Não teve a intensidade exigível no lance do segundo golo, e, poucos minutos depois, a frieza suficiente para não se deixar atemorizar pela "locomotiva" Sereno, quando tinha tudo para pelo menos finalizar melhor.

Djalo - Está num bom momento, voltou a ser desequilibrador e útil em termos defensivos. Tem lacunas evidentes e pode não ter o estilo mais simpático para a generalidade dos adeptos, mas é um jogador que o Sporting deve obviamente ter em conta para o futuro.

Izmailov - Uma boa notícia o seu regresso e um bom sinal o seu rendimento, entrando tanto tempo depois e a meio de um jogo tão intenso. Ainda assim, podia e devia ter feito melhor no terceiro golo.

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17.4.11

O clássico do Dragão (Breves)

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- Antecipando a análise posterior, de referir apenas que foi um jogo que acabou por confirmar boa parte das suspeitas sobre a superioridade portista, nomeadamente na dificuldade que o Sporting teria em discutir o jogo pelo domínio e pela posse. Sem surpresa nesse plano, e sem surpresa, também, na diferença de oportunidades que as equipas construíram. Aqui, nas oportunidades, começa a outra constatação: este foi um jogo que correu bem ao Sporting e só isso acaba por justificar a margem mínima verificada. Correu bem, por um lado, porque houve uma diferença de eficácia óbvia, mas também porque da parte do Porto o jogo esteve longe de ser perfeito, com alguns erros a penalizar a equipa. E até podiam ter penalizado mais, se bem que seria totalmente injusto.

Nota evidente para o festival de Falcao. Voltarei ao tema, para já recordo apenas uma reflexão sobre os ponta de lança e a sua movimentação na zona de finalização. Falcao foi um dos destaques na altura.

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5.4.11

Benfica - Porto: estatística e notas individuais (Porto)

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Falcao – Foi perdulário, mas decisivo. Ou seja, pode-se criticar Falcao pelos golos que perdeu, mas tem de se lhe dar o mérito de ter chamado a si os principais momentos da equipa. Sou da opinião de que é na área e no ataque às zonas de finalização, que Falcao é mais forte. Este não era um jogo propício para isso, mas, porque Falcao é um jogador completo, isso não impediu que representasse uma mais valia para a equipa.

Guarin – Dá para dizer que é um dos melhores do campeonato? Na minha opinião, sem dúvida. Tem tempo e rendimento suficiente para isso. Esta é uma época excepcional, porém, porque não se pode esperar de um jogador da sua posição que desequilibre tanto e com tanta frequência. Ou melhor, eu pelo menos não espero. E é no capítulo ofensivo que Guarin mais destaca. Tem capacidade de trabalho, sim, mas Belluschi e Moutinho também a têm, e em níveis que, na minha opinião, não são menos elevados.

Moutinho – Continuo a pensar que o seu rendimento é crescente ao longo da época. Foi o jogador com maior influência na posse da equipa e esteve até perto de proporcionar o golo a Falcao, após um roubo de bola. Na segunda parte caiu um pouco, perdendo protagonismo com o encolhimento da equipa, após a expulsão. É que, para um jogador com a intensidade de Moutinho, o jogo fica melhor quando o “campo aumenta”.

Rolando – Não sou um "entusiasta" de Rolando. É um jogador seguro e forte tecnicamente, também com bons atributos defensivos que deveriam fazer dele um central de eleição. Mas falta-lhe muitas vezes agressividade e uma atitude mais dominadora na sua zona. Desta vez – e tem melhorado, diga-se – esteve mais próximo da personalidade que se exige a um herdeiro de uma já longa linhagem de centrais marcantes na história do clube e do próprio futebol português.

Otamendi – Um pouco às avessas de Rolando, falta-lhe em sobriedade o que lhe sobra em personalidade e atitude. Cometeu alguns erros, mas teve também várias intervenções importantes no jogo. Apesar de ser por vezes imprudente nas suas acções, desta vez creio que foi mais vitima da má fortuna do que qualquer outra coisa...

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1.3.11

Olhanense - Porto: Análise e números

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E o título ao virar da esquina... Não foram muitas as vezes em que o Porto demorou tanto a ganhar vantagem num jogo, e esse constituiu-se, desde logo, como um ponto de interesse para a reacção da equipa. A resposta foi positiva e, mais importante de tudo, foi suficiente para garantir os 3 pontos e encurtar ainda mais o caminho que falta para fechar o campeonato. E já falta pouco! De resto, talvez a nota mais surpreendente do jogo seja o elevado número de ocasiões permitido pelo Olhanense. É que a equipa de Daúto Faquirá havia sido, até agora, das que menos desequilíbrios havia permitido frente aos “grandes”. Algo que se explica por vários factores...

Notas colectivas
A meu ver, o melhor período portista deu-se nos primeiros minutos. Uma atitude fortíssima, com uma posse dinâmica e com critério e com uma óptima reacção à perda de bola. O Olhanense não pagou, nesse período, a factura em golos, mas mal respirou. De resto, a vulnerabilidade dos algarvios, nessa fase, encontrou-se no espaço entre centrais e laterais e em algumas perdas de bola no inicio de transição que expuseram a equipa.

O facto é que o Porto foi perdendo essa capacidade com o tempo. Menos critério em posse e menos controlo do primeiro passe de transição do Olhanense. O jogo tornou-se mais físico e mais dividido, e Villas Boas resolveu alterar na segunda parte, mexendo e dando-nos uma novidade em termos estruturais: o losango.

A intenção, pareceu-me, passou por tentar ter uma presença mais constante nas costas dos médios do Olhanense, obrigando os centrais a fazer aquilo que a estratégia de Faquirá tanto parece querer evitar: sair da sua zona. Tudo isto pressupõe, igualmente, mobilidade ofensiva e maior largura dada pelos laterais – daí a entrada de Fucile.

O Porto colheu os frutos na etapa complementar do jogo, mas, em boa verdade, não posso dizer que foi aí que esteve globalmente melhor. É que foi nesse período também em que o jogo se esticou mais e em que houve menos controlo por parte do Porto. De todo o modo, será interessante perceber até que ponto esta opção táctica – que gosto, particularmente – será desenvolvida no futuro.

Sobre o Olhanense, também um comentário. Será, provavelmente, a equipa tacticamente mais conservadora do campeonato. Organiza-se bem, mas sempre à custa de um risco mínimo em termos de desposiccionamento táctico. A linha defensiva está quase sempre baixa e os centrais muito protegidos, quase nunca sendo obrigados a sair da sua posição. Daí tornar-se uma equipa difícil de bater, não sendo mais porque acontecem também alguns erros individuais com frequência. De resto, em termos ofensivos tem alguma qualidade individual – nomeadamente a capacidade de retenção de bola de Paulo Sérgio – mas não se viu uma transição muito capaz de fazer a equipa subir no terreno e respirar melhor. Também por mérito do Porto, obviamente.

Notas individuais
Sapunaru – Não me parece que tenha sido pela sua produção que foi substituído, porque creio que estava a fazer um bom jogo. Penso que terá sido mais pelas suas características.

Otamendi e Rolando – De novo espelhadas as diferenças entre os dois. Otamendi muito mais interventivo e dominador nas suas acções. Rolando muito mais seguro e menos exposto ao erro individual.

Belluschi – Marcou um grande e importante golo, mas fez um dos piores jogos em termos de intensidade nos momentos defensivos do jogo. Esteve longe de ser uma das suas melhores exibições em termos globais.

Moutinho – Um pouco ao contrário de Belluschi, não foi decisivo nem desequilibrador (normalmente não é), mas teve um papel importantíssimo no jogo da equipa, quer em termos de posse, quer em termos de equilíbrio e recuperação.

Falcao – Não começou bem, mas acabou por ir crescendo no jogo e acabar por ser o homem do jogo. Trabalhou bem fora da zona de finalização e, dentro desta, fez a diferença.

James Rodriguez – Foi a “chave” do jogo, segundo a generalidade das leituras. Obviamente que discordo do exagero, porque se o Porto materializou a sua vantagem na segunda parte, já o poderia ter feito também antes. Ainda assim, esteve inegavelmente em bom plano, decidindo sempre bem (característica que se mantém), estando disponível no jogo e com participação decisiva. Será que o veremos mais vezes nas costas dos avançados a partir de agora?
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29.11.10

Porto - Sporting (Análise e números)

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Como balanço, dá para dizer que foi um jogo deveras interessante. Teve uma envolvente própria destes jogos, teve fases distintas que pareceram fazer o jogo pender para ambos os lados, e teve, também, variantes que obrigaram os dois treinadores a reagir. Não teve espectacularidade, muitas ocasiões de golo, nem, tão pouco, a carga de um jogo decisivo em termos pontuais. Mas teve, parece-me, o bastante para estar à altura de um jogo com estatuto de “clássico”. No final, quer Sporting, quer Porto, ficarão a pensar que poderiam ter ganho o jogo, mas também não vejo que algum dos lados guarde a sensação de que o empate foi curto ou imerecido para o balanceamento do jogo. E não foi, foi justo.

Notas colectivas: Sporting
Grande parte do interesse do jogo foi despoletado pela abordagem estratégica escolhida por Paulo Sérgio. O treinador conseguiu provocar um efeito surpresa e, na primeira parte, obrigar o Porto a jogar num cenário diferente daquele que provavelmente teria previsto. Foi eficaz e feliz o suficiente para retirar partido disso, também é verdade, mas não desmereceu a vantagem que levou para o intervalo. Com o que não posso concordar, porém, é com a exibição “tacticamente perfeita” reclamada pelo treinador leonino.

Em termos estratégicos, parece-me, a única parte que o Sporting alterou significativamente foi na forma como se posicionou sem bola, perante a organização do adversário. A estratégia passou por pressionar numa primeira fase, mas apenas com o tridente da frente. Depois, mal o Porto passasse essa barreira, o Sporting recorria a um pressing mais baixo, que esquecia a construção e se concentrava em absoluto na limitação da fase criativa portista. Com isto, Belluschi e Moutinho tiveram muito menos bola do que é costume e, tanto Varela como Hulk, nunca tiveram espaço para explodir individualmente.

Esta foi a parte que resultou, mesmo se a pressão não foi feita com especial mérito ou qualidade – Portugal, com muito menos tempo de treino, por exemplo, conseguiu um pressing muito mais bem feito frente aos espanhóis. O grande problema do Sporting esteve no momento seguinte, no desenvolvimento após ganhar a bola. O Porto errou e não poucas vezes, mas raras foram aquelas em que o Sporting conseguiu desdobrar os momentos de transição para ataques rápidos e apoiados. É certo que o Porto tem mérito pela forma como prepara e reage à perda, mas não hesito em atribuir muito mais demérito à transição do Sporting neste desaproveitamento ofensivo. Afinal, a falta de qualidade em transição é algo que é visível desde o inicio de época e isso penaliza imenso a equipa em termos ofensivos, como tantas vezes já referi. Muito mais do que o fado bolas ao poste, por exemplo.

Este problema – o da transição defesa-ataque – foi ganhando importância com o tempo. O Porto reagiu, passou a errar menos e a tornar-se mais agressivo na recuperação. O Sporting ganhava a bola no seu bloco baixo, mas não saía do aprisionamento territorial. Foi assim – em múltiplas insistências – que o Porto desenhou a jogada do empate, e seria assim, igualmente, que o Sporting se preparava para abordar os últimos 20 minutos de jogo. Valeu-lhe o pequeno “milagre” de Liedson.

Falar, por fim, de 2 aspectos. (1) O sistema, para dizer que o Sporting parece capaz de jogar em qualquer sistema, não porque seja bom em todos, mas porque não é especialista em nenhum. (2) Os minutos finais, para dizer que não dá para retirar Maniche e Pedro Mendes, colocar Vukcevic e Djalo e depois queixar-se da falta de qualidade de circulação da equipa.

Notas colectivas: Porto
Não creio, de facto, que a postura do Sporting estivesse nas primeiras previsões de Villas Boas. Talvez seja isso que justifique a dificuldade que a equipa teve para reagir às características do jogo, na primeira parte. Falou-se muito dos extremos, com Hulk à cabeça, mas mais importante parece-me ter sido a incapacidade da equipa para encontrar os seus médios no processo construtivo. Belluschi, por exemplo, tocou pela primeira vez na bola aos 9 minutos, quando isolou Falcao.

Ainda assim, a equipa voltou a mostrar, tanto a sua qualidade como a sua confiança, fruto de um trabalho continuado e consistente que vem desde o inicio de época. Viu-se isso na forma como procurou sempre jogar em apoio e como foi capaz de reagir sempre bem nos momentos sem bola. Quer imediatamente após a perda, quer no seu pressing em organização, que quase sempre obrigou o Sporting a jogar mal.

Há um aspecto que gostaria de realçar nesta equipa, que é a concentração com que está em campo. Isto vê-se, e sugiro que reparem, na velocidade com que a equipa reage, colectivamente, a todas as incidências do jogo. Por exemplo, sempre que há a posse de um guarda redes, quer de um lado quer do outro, a equipa é rapidíssima a reagir.

O Porto, e mesmo perante a surpresa que lhe foi preparada, só não terá ganho o jogo por 2 motivos. O primeiro tem a ver com alguns erros individuais em posse (provocados, diga-se). Aqui, Fernando e Maicon serão os principais réus, mas não os únicos. Depois, na resposta da dupla de centrais. A força do colectivo tem poupado grandes sobressaltos a Rolando e Maicon, mas, se esta era uma debilidade identificada na pré época, não é o bom percurso da equipa que a desfaz. Neste particular, a meu ver, o Porto está menos bem servido do que os rivais. Claramente.

Notas individuais: Sporting
João Pereira – Fez um jogo semelhante ao que conseguiu na Selecção. Excelente em termos defensivos, faltando-lhe apenas a parte ofensiva. É um grande lateral e não apenas para o futebol português. Uma ideia que defendi aquando da sua chegada ao clube, e que agora reforço.

Polga – É um jogador fortíssimo na leitura do jogo – repito-o – e Falcao sentiu-o sempre que apareceu na sua zona e tentou servir de apoio frontal. O jogo de Polga fica marcado pelo erro do golo. Já o escrevi, é inexplicável o que fez naquela situação. Um erro pouco notado mas que me parece o mais grave cometido por um central do Sporting nesta temporada. Para além disso, teve um jogo difícil em construção, muito por mérito do adversário.

Pedro Mendes – Ainda o vamos ver, assim a condição física o permita, a fazer jogos mais exuberantes. É um jogador com uma cultura posicional fantástica e uma segurança em posse igualmente rara. Já sem Maniche em campo, seria importante tê-lo nos últimos minutos para tentar um domínio mais sustentado.

André Santos – Foi muito destacado porque foi dos que mais apareceu ofensivamente, mas não foi dos que mais produziu em termos de trabalho colectivo, quer com bola, quer sem ela. Não serve isto para lhe fazer uma critica, antes para alertar para a forma como somos iludidos pelas percepções que o jogo oferece. O próprio Paulo Sérgio o pareceu não perceber ao mantê-lo em campo em vez dos outros 2 médios.

Maniche – Não fez o jogo que projectei, e terá sido mesmo um dos seus piores jogos na liga. Ainda assim, e enquanto esteve em campo, nenhum médio foi mais influente do que ele no jogo da equipa. Nunca o retiraria na fase terminal do encontro e esse parece-me ter sido o primeiro erro que impediu o Sporting de exercer maior domínio na fase terminal.

Valdés – Fantástica primeira parte! Não só pelo golo que marcou, mas por tudo aquilo que fez. Jogou quase menos meia hora do que Postiga, mas conseguiu produzir o mesmo em termos de intercepções e passes, do que o jogador que actuou numa posição simétrica. Voltou a jogar na ala, mas reforço que é um erro. Valdés deve jogar no meio e de preferência com liberdade de movimentos. Caso contrário, sou capaz de arriscar, a boa fase vai terminar.

Postiga – Fez um bom jogo, numa posição que não lhe é habitual. Lutou muito e foi útil, mesmo se essa não é de todo a sua especialidade. Deu boa sequência à maioria das jogadas, mas faltou-lhe capacidade desequilíbrio. Algo que os seus agora recorrentes remates de 30 metros raramente poderão dar.

Liedson – Incrível a sua capacidade de trabalho! Jogar isolado, numa equipa que não pressiona particularmente bem e que não solta muitos apoios em transição... a maioria dos jogadores teria feito um jogo nulo. Basta ver, por exemplo, como, jogando num sistema idêntico e com a equipa muito mais distante, foi muito mais influente do que Falcao. Liedson conseguiu uma quantidade enorme de intercepções, iniciou transições e provocou, até, uma expulsão vinda do nada. Para mais, deu quase sempre sequência às jogadas que passaram por si. À parte de uma má decisão na área, não é exagero dizer-se que valeu por 2 neste jogo.

Notas individuais: Porto
Emídio Rafael – é uma boa solução, mas, tal como defendi numa caixa de comentários recente, está longe de garantir, quer a intensidade, quer a profundidade de Álvaro Pereira. Por exemplo, o mínimo de intercepções que o uruguaio conseguiu num jogo da liga foram 12, precisamente o mesmo que Rafael na sua estreia na competição. Ainda assim, reforço, é um problema relativo – de comparação – e não absoluto.

Rolando – A sair a jogar garante uma qualidade muito elevada e dificilmente cometeria o erro de Maicon, mas Rolando tem de render mais para justificar o estatuto que lhe é atribuído. Apenas é dominador nas situações de bola parada, de resto, nem é forte em antecipação, nem agressivo nas primeiras bolas aéreas (como se viu no golo), nem sequer fica ausente de erros pontuais em situações posicionais. Na minha opinião, tem de produzir mais, até porque tem aptidões para isso.

Maicon – É muito mais agressivo e dominador do que Rolando, mas é também tecnicamente mais débil e isso custou-lhe a expulsão. No golo, como já disse, leu mal a jogada, mas divide responsabilidades com Rolando. Adivinha-se a perda da titularidade...

Fernando – Os seus erros toda a gente viu, mas há também que ver a coisa de uma perspectiva relativa. Fernando errou mais do que os outros, mas foi também aquele que, de longe, mais passes certos fez. Na segunda parte corrigiu a sua saída em posse e acabou por ser também muito influente na recuperação.

Moutinho – Terá sido um dos vencedores relativos do jogo, mas não fez uma grande exibição. Foi condicionado pelo jogo do Sporting, na primeira parte, mas acabou por estar envolvido na jogada do golo. Foi, enfim, mais uma exibição "à Moutinho". É um grande jogador, que é excepcionalmente regular, mas não regularmente excepcional. Desde que não se confunda isto, estou de acordo...

Falcao – Não se pode dizer que tenha sido muito influente ou que tenha ganho algum duelo em particular. Mas, a verdade é que as 3 grandes oportunidades do Porto são dele e é isso o que mais se pede a um jogador da sua posição. Primeiro, que “chame” o golo e depois que o marque. Foi isso o que fez Falcao.



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28.10.10

Falcao, o primeiro poste, e a agilidade do goleador

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Estou certo que, como em quase tudo, existirão excepções à regra, mas permitam-me a generalização: qualquer grande goleador de área tem uma movimentação característica.

Ora, reflectindo um pouco talvez se chegue a um paradoxo conceptual. Ou seja, se a movimentação é característica, não será mais facilmente anulável? A resposta é um pouco a mesma que encontramos para o modelo de jogo do Barcelona ou para o famoso drible de Garrincha. Isto é, na prática a qualidade prova-se muito mais importante do que o factor surpresa.


E daqui parto para Falcao. Repare-se no golo que marcou de cabeça frente ao Leiria. Quando Varela faz o movimento de aproximação à linha, Falcao ataca o primeiro poste. Mas Varela não cruza e recua. Falcao, quase como que em exercício de treino, volta para trás, para a posição inicial, para repetir o movimento. O cruzamento aparece finalmente e Falcao ganha a frente do lance, fazendo o golo. No meio de tudo isto há um defensor – Zé António. Pode pensar-se que ele foi inocente e que deveria ter previsto o movimento do avançado, mas Zé António, como todos os defesas que marcam Falcao, sabem exactamente o que vai fazer, só não conseguem pará-lo.

A agilidade e o primeiro poste
Se cada goleador tem o seu movimento preferido, o caso de Falcao não é o mais comum.

Normalmente, o que é mais fácil é explorar as costas do defensor e o motivo é simples. O defensor tem de dividir a atenção entre a bola e o atacante, pelo que terá sempre dificuldade em controlar visualmente o atacante se o tiver nas suas costas. É isso que é normalmente explorado. Ou seja, os avançados procuram o “lado cego” porque é este que lhes permite maior afastamento do marcador directo, e, consequentemente, uma finalização em melhores condições.

Falcao também marcou golos neste registo, mas não é o que o caracteriza. Muito mais difícil é jogar de igual para igual com o central e batê-lo à frente dos seus olhos. Não se trata apenas de reagir mais rápido e chegar primeiro. O problema é que, ao contrário das finalizações nas costas, o avançado tem invariavelmente de finalizar apertado, requerendo da sua parte uma grande agilidade para poder finalizar tecnicamente bem. Não é para todos.

Repare-se no dado comum de todas as finalizações de Falcao apresentadas no vídeo. São feitas em queda.

Outros casos
Certamente que será fácil encontrar especificidades noutros goleadores conhecidos. Jardel, provavelmente o mais eficaz que o futebol português conheceu, era fortíssimo ao segundo poste. Toda a gente sabia o que fazia, mas ninguém o parava. Actualmente, e ainda em Portugal, Cardozo também prefere esse destino. Já Liedson é um caso algo semelhante a Falcao, sendo capaz de finalizar de várias maneiras devido à sua agilidade e velocidade de reacção. Ainda assim, Liedson é mais conhecido pelas suas reacções de fuga ao segundo poste do que por jogadas de antecipação.

No caso de jogadores hábeis a finalizar ao primeiro poste, um dos jogadores actualmente mais fortes a fazê-lo é Gilardino. Aliás, há na escola transalpina alguma tradição neste particular, com Inzaghi e Pazzini a serem outros casos que identifico.

Para finalizar, e voltando ao futebol português, talvez o jogador que mais se distinguiu pela sua agilidade e técnica de finalização de cabeça não tenha sido um homem de área. Falo de João Vieira Pinto.

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25.10.10

O capital de confiança portista (Breves)

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- Tinha avançado com a hipótese do jogo de Istambul, pela sua natureza, vir a representar um acréscimo de confiança importante. Até que ponto vai a influência desse efeito é algo que nunca saberemos, mas o facto é que no regresso à competição, o Porto conseguiu aquela que foi, provavelmente, a entrada mais forte de uma equipa num jogo deste campeonato. Outra evolução importante, agora no capítulo individual, surgiu na exibição de Falcao. E também esse foi um ponto que antecipei depois da vitória da última Quinta Feira. Não é a primeira vez que o digo, mas, mais do que em pontos, é no capital de confiança que está alicerçada a grande vantagem portista no campeonato. A única dúvida é esta: Até que ponto esta vantagem é já decisiva?

Aqui fica o resumo com o sempre mais emotivo relato radiofónico. Já agora, o link para o de ontem do Sporting. Ambos os vídeos, são da autoria de VascoNapoleao.


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28.9.10

Porto - Olhanense: análise e números

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Foi, realmente, um jogo pouco interessante. De facto, e tendo em conta os indícios deixados pelas duas equipas, este era um cenário bem provável à partida. Tivesse o Porto a eficácia suficiente para abrir o marcador na primeira parte e dificilmente este seria um jogo de grande intensidade emocional. E assim foi. Golo marcado, jogo resolvido. Ganhar, com os mesmo a fazer a mesma coisa. Mais do que “solidificar processos”, o Porto está a “solidificar a confiança nos processos”. Não é a mesma coisa...

Notas colectivas
Não é de hoje, mas fica muito claro especialmente neste tipo de jogos. A preocupação de ter segurança em organização ofensiva e no inicio do ataque posicional. A circulação ocorre sempre em zonas baixas de forma fluída mas paciente, esperando o momento certo para fazer o primeiro passe vertical. E este passe é muito importante. É-o porque é nele que se define muito do lance. Se vai acabar com o adversário a defender dentro da sua área, ou numa transição no outro sentido. A segurança neste passe é determinante para que a equipa não perca o seu posicionamento ofensivo, por isso mais vale esperar pelo momento certo do que impulsivamente procurar furar o bloco contrário. Parece, pelo menos, ser esta a ideia de Villas Boas.

É claro que para isto é necessário muita lucidez e controlo emocional. É precisamente por isso que as vitórias são importantes. Porque retiram a ansiedade dos jogadores e do público, dando-lhes mais margem para não serem impulsivos na escolha das suas acções. Neste momento o Porto não impressiona nem entusiasma pelo jogo que realiza, mas apresenta um dado que pode ser bem mais importante do que qualquer espectacularidade: A eficácia. O seu aproveitamento face às oportunidades que cria é bem maior do que a média das equipas (dados que obviamente tenho). Há 2 hipóteses: ou estamos perante um fenómeno pontual que se dissipará com o tempo, ou é uma consequência dessa lucidez emocional que Villas Boas se tem esforçado por incutir. A minha convicção aponta para a segunda e, se estiver certa, a eficácia apenas abandonará a equipa quando esta perder a lucidez.

Por fim, talvez mereça salientar a perda de qualidade da equipa na segunda parte em termos ofensivos. Sobretudo ao nível da decisão, e também pelas mexidas a que a equipa foi submetida, o Porto perdeu alguma fluidez, num período em que poderia ter entretido um pouco mais as bancadas. Como isso nunca colocou em causa o controlo do jogo e como não se perdeu mais do que isso – o entretenimento das bancadas – não é um facto que mereça muito realce.

Notas individuais
Se do ponto de vista colectivo, este foi um jogo que representou pouco em termos de novidades, em termos individuais, há a introdução de Fucile e Otamendi. Uma introdução que, creio, terá sido planeada em função da própria calendarização e que possivelmente terá continuidade para o futuro.

A primeira coisa que há para dizer é que esta alteração retira centímetros à equipa portista. Um aspecto que poderá ter mais importância nas bolas paradas defensivas, onde Sapunaru e Maicon eram 2 jogadores com muita importância. De resto, sobre Fucile não há muito a dizer porque todos o conhecemos e fica fácil de perceber o que pode acrescentar em relação ao romeno.

Otamendi teve a estreia ideal e revelou um pouco do seu ADN. Muito interventivo e confortável a sair da sua zona. A sua natureza, porém, contrasta um pouco com a mentalidade de Villas Boas e o teste ao central precisa de ser prolongado no tempo. O jogo aéreo – sobretudo quando cair na sua zona um avançado com mais 10 ou 15 centímetros – é uma interrogação, mas o risco principal está na mentalidade. Na forma como gosta de arriscar a antecipação e na forma como assume riscos em posse. O choque de mentalidades é grande e é preciso que o irreverente Otamendi seja “domesticado” para que o seu potencial se ajuste à cultura do colectivo. Para mim, que já o conhecia do Velez, é um caso que acompanharei com especial curiosidade.

Em relação às restantes exibições, nada fora do normal. A regularidade de Moutinho, mais critério e menos inspiração de Belluschi, o desequilibrador do costume, ainda que em dose reduzida, e o regresso às exibições menos conseguidas por parte de Varela. Os números sugerem o destaque de Fernando e eu acho que é justo.

Finalmente, falar do caso do momento de Falcao. Claramente o seu rendimento e confiança estão afectados e isso sente-se quase todas as vezes que toca na bola. É um caso que pode ter algumas semelhanças com o de Liedson. Talvez Falcao precise de estar mais em jogo para se encontrar e talvez tanto tempo de “isolamento táctico” lhe tenha feito mal em termos de confiança. Talvez...



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24.9.10

Os melhores da liga até agora (3 "grandes") - 5ª jornada

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Deixo nova actualização das estatísticas individuais, agora acumuladas até à 5ªjornada. Já várias vezes expliquei o elevado interesse que entendo ter este complemento de análise e, de facto, essa é uma realidade que confirmo com enorme regularidade. Frequentemente ouvimos e lemos análises que colocam o ónus do rendimento colectivo, seja ele bom ou mau, no desempenho individual de um ou outro jogador. O mais curioso é que, seja durante o próprio jogo ou à posteriori, não raras são as vezes em que essas opiniões não têm qualquer sustento factual. O futebol não é uma ciência exacta, já sabemos, mas a sua subjectividade por vezes é levada ao extremo da gratuitidade de opinião. Enfim, não é nada que me surpreenda. Afinal, este exercício tem precisamente o objectivo de fundamentar, ou não, percepções - sobretudo as minhas.

Aqui ficam alguns apontamentos específicos:


Sapunaru – O seu rendimento não é fantástico, mas é talvez o jogador que melhor espelha o rigor de Villas Boas. Tem uma % de passe elevada e não acumulou nenhuma perda, apesar de não ser um jogador tecnicamente forte. Porquê? O enfoque na lucidez de decisão.

Nuno André Coelho
– É o jogador, entre todos, que mais intercepções faz por jogo - aqui vemos o seu potencial. É o defesa com mais perdas de bola por jogo - aqui vemos como precisa de ser “calibrado”.

Fernando – Confesso que me surpreende um pouco o seu número de intercepções, que esperava ser mais alto. Veremos se se torna mais influente com o tempo.


Maniche – Será, seguramente, o caso mais claro da falta de rigor nas análises que são feitas. É o jogador com mais passes completados e o médio ofensivo com mais intercepções e melhor % de passe. Não se pode pedir que seja mais influente, intenso ou regular. E, no entanto, não faltam opiniões de que “está velho” e que não "dá intensidade" ao meio campo. Não sei se terá motivação para durar toda a época, mas, para já, Maniche é o melhor jogador do Sporting e um dos “craques” do campeonato.

Aimar – Os problemas do Benfica reflectem-se no seu desempenho. Ser, entre todos, o jogador que mais perdas de bola, é uma constatação chocante para a qualidade que se lhe reconhece. Mas esse dado – as perdas de bola – é precisamente aquele que mais contribuiu para o atraso pontual do Benfica na Liga.

Saviola – Apesar de não marcar, é o melhor dos avançados. Não espanta. É aquele que se envolve mais e que mais cria. Não está a fazer uma época excepcional, mas continua a ser um elemento fundamental e preponderante.

Pontas-de-lança – Há um dado comum entre Liedson, Falcao e Cardozo. A pouca participação. Quem julgo ter mais responsabilidade própria – como já várias vezes referi – é Cardozo. No caso de Falcao, há um aumento de participação, mas o jogador continua sem conseguir vincar em campo a qualidade que obviamente tem. No caso de Liedson, há também o erro de o prender em demasia ao centro, quando sempre foi determinante como avançado móvel. Um contra senso. Ainda assim, Liedson é exageradamente criticado. Primeiro, por esse erro na sua utilização, depois porque, mesmo assim, comparativamente com os rivais (Falcao e Cardozo), não deixou a equipa a perder nestes primeiros 5 jogos.



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2.9.10

Os melhores da Liga até agora (3 "grandes")

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A tabela é - ou pretende ser - auto explicativa. No fundo, trata-se apenas de uma média dos números que aqui tenho apresentado como complemento às análises dos jogos. Nesta lista incluí apenas 10 jogadores de campo de cada 1 dos 3 clubes analisados, como que sugerindo um 11 base para cada equipa. Os dados são obtidos pela média em 90 minutos de jogo de cada jogador.

O número de minutos é ainda curto e pode ter o forte efeito de uma boa ou má exibição no peso global da estatística. É seguro que com o passar do tempo algumas das tendências apresentadas se alterarão, mas, ainda assim, há já tempo suficiente para algumas conclusões interessantes sobre o rendimento de vários jogadores. Deixo alguns comentários pessoais sobre alguns casos:


Álvaro Pereira: A sua exibição frente ao Beira Mar tem um peso grande nesta estatística. É, entre todos, o jogador mais participativo, mas é no capítulo da eficácia que provavelmente mais virá a quebrar com o tempo. Isto porque o tal jogo com Beira Mar representou um nível de exigência muito baixo em termos de posse, permitindo-lhe acumular imensos passes completados, sem que essa seja uma tendência que se confirme noutros jogos.

Carriço: É o mais bem cotado dos centrais, mas os seus números têm de ser vistos com cuidado. Não porque não sejam fieis ao seu potencial, mas porque jogou muito tempo noutras posições.

Fernando: Tem potencial para ser ainda mais interventivo. É um jogador nuclear no Porto muitas vezes a sua exibição serve de barómetro para a própria equipa. Por exemplo, no jogo com a Naval teve a sua pior prestação e frente ao Rio Ave foi, no melhor período da equipa, o jogador mais influente.

Belluschi: Um dos casos em que os números revelam uma aptidão escondida. Belluschi é um dos jogadores mais úteis nos momentos defensivos e, embora isso nunca lhe tenha sido reconhecido, repete-o praticamente todos os jogos. O critério do passe em determinadas situações é a única coisa que o separa de um nível ainda mais elevado.

Maniche: Já o elogiei e, assim a equipa o permita, pode tornar-se ainda mais importante. A sua capacidade de passe não tem paralelo na Liga, pela rapidez, amplitude e eficácia com que o faz. Por isso é o jogador com maior número de passes completados por jogo, sendo que muitos deles são tudo menos triviais. Conhecendo-se a sua capacidade para ser também decisivo - ainda não o foi na Liga - é provável que se torne um jogador ainda mais determinante.

Gaitan: Os seus números estão muito influenciados por 1 jogo particularmente feliz. Mesmo reconhecendo-lhe potencial para evoluir, não é provável que mantenha tanta influencia decisiva.

Saviola: Tem potencial para ser muito mais determinante. É um avançado muito desestabilizador e que conseguiu já um jogo bastante bom na Madeira. Dele, porém, espera-se mais e não tenho dúvidas que acabará por vincar maior importância com o passar do tempo.

Falcao: É o caso mais enganador de todos. Não que os números mintam, obviamente, mas porque é fácil reconhecer-lhe capacidade para ser muito mais influente. Conseguiu a exibição mais marcante dos 9 jogos analisados (frente ao Beira Mar), mas acabou esquecido pela equipa nos outros jogos, com um nível de participação reduzidíssimo. Um desperdício, na minha opinião, mas disso também já tenho falado.



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31.8.10

Rio Ave - Porto: Análise e números

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Sem descarrilar. O Porto segue o seu caminho dentro dos mesmos eixos, mantendo a sua orientação em bases tão objectivas quanto possível. Não troca o controlo por uma ambição mais dominadora, e privilegia a precaução nos riscos assumidos enquanto espera pacientemente pelo seu momento ofensivo. Afinal, a diferença individual é sempre suficiente para acreditar que, em 90 minutos, haverá pelo menos 1 lance em que essa diferença possa ser espelhada. Para o nível do campeonato pode perfeitamente chegar, mas não podemos ser hipócritas ao ponto de dizer que o Porto deste ano “está melhor”. Pelo menos para já, não está. Continuo à espera desse indicador que marque a diferença em relação ao passado recente e pode até ser que ele chegue na situação em que falta testar a equipa: o teste de “stress”.

Notas colectivas
Carlos Brito queixou-se da sua equipa e tem razões para isso. O Rio Ave permitiu demasiada liberdade à construção portista durante boa parte do primeiro tempo. Deu-lhe tempo e espaço para pensar e isso começou por condicionar as aspirações do Rio Ave no jogo. A facilidade com que Fernando se tornou no elemento mais influente do jogo é o espelho dessa imprudência.

Ainda assim, nunca o Porto encurralou o Rio Ave e nunca teve um período em que conseguisse grande ascendente junto da baliza contrária. O jogo acabou por se decidir naquilo em que, pelo menos para já, o Porto de Villas Boas parece apostar tudo: na concentração e no talento individual. Foi assim no primeiro golo, em que a bola podia ter sido aliviada e acabou perdida na lateral da área. E foi assim também no segundo, em que uma perda de bola se transformou num ataque rápido e bem conduzido pelos jogadores portistas. Fora isso, e em boa verdade, poucos mais motivos houve para justificar a vantagem portista. Mas também não era preciso.

Para já – e repito a ideia – este Porto sabe o que quer dos jogos e esse é o seu grande mérito. Mas, para já também, não é uma equipa que mereça grandes elogios. A importância da componente individual é enorme e talvez seja aí onde o trabalho de Villas Boas mais deva ser destacado. No rendimento que tem tirado de unidades fundamentais como Hulk e Belluschi. É verdade que com esse “poder de fogo” o que existe pode chegar para o objectivo interno, mas também é verdade que não se vê uma equipa particularmente entusiasmante em nenhum aspecto. Sem bola, prefere isolar Falcao e fazer dele o “leme” do pressing, em vez de arriscar mais em termos de agressividade sobre a saída de bola contrária. Em organização, há uma boa circulação, mas nada que mereça, para já, particular adjectivação.

Este Porto está a ganhar e pode até continuar a fazê-lo, mas, pessoalmente, continuo à espera de mais...

Notas individuais
Começo por Falcao. Na verdade este seria um assunto mais próprio para a análise colectiva porque o “apagão” da Falcao tem muito mais a ver com o isolamento a que é sujeito, do que com a uma responsabilidade do próprio. Sem bola, tem uma missão importante, que é de orientar o pressing, mas a sua agressividade não serve de muito em organização defensiva porque está demasiado isolado para poder ambicionar recuperações. Talvez seja um desperdício mas é, ainda assim, uma opção colectiva legítima. A maior critica que tenho a fazer – e outra vez! – é para o pouco uso do jogador nas acções ofensivas. Falcao não serve de referência para as primeiras bolas e é pouco solicitado em apoios frontais. A sua função é esperar pelo momento da finalização que, como foi o caso do jogo dos “Arcos”, pode nem chegar. É pena porque é um grande jogador e um jogador para muito mais do que isto.

Depois Belluschi. Está visto que Belluschi é muito mais do que um criativo. A sua capacidade de trabalho nunca foi elogiada, mas uma análise rigorosa e contínua dos jogos mostra-nos que é neste aspecto um dos elementos mais valiosos da equipa. Espantoso! Assim fica fácil ser sempre um dos melhores. Como já disse, arriscar-se seriamente a ser uma das grandes figuras da liga. Só lhe falta trabalhar um pouco o critério de passe em determinadas situações, porque de resto está um jogador enorme.

Quero também abordar o caso de Moutinho. Um pouco ao contrário de Belluschi, tem sido com alguma desilusão que tenho assistido às suas primeiras exibições. Não tenho uma análise comparativa com os seus tempos de Sporting, mas para já Moutinho é um jogador útil e certo, mas... apenas isso. Não desequilibra e sobretudo não tem uma grande participação em termos de eficácia no trabalho colectivo. Não dá para dizer que está a jogar mal – nunca dá! – mas esperava mais dele em termos de influência.



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25.8.10

Porto - Beira Mar: Análise e números

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O resultado e o momento convidam a outro estado de espírito, mas julgo que não há ainda grandes motivos para euforias no Dragão. Isto porque, apesar das vitórias e da vantagem comparativa em relação aos adversários, o futebol do Porto está ainda longe de dar sinais de grande fulgor. Escrevi-o no fim de semana: mais do que tudo, o que existe são boas condições para evoluir e chegar a um patamar qualitativo mais elevado. Mas esse patamar ainda não foi atingido. De resto, um olhar mais frio para a recepção ao Beira Mar indica precisamente isso. Houve prudência, maturidade e inteligência. Mas ajuda muito marcar 2 golos nas únicas oportunidades que se constrói em 45 minutos.

Notas colectivas
Realmente, acabou por ser um jogo desinteressante do ponto de vista da análise. O Porto não teve uma grande entrada, não conseguiu desmontar facilmente a estratégia aveirense, mas teve a eficácia para chegar à vantagem nas raras oportunidades que teve. Depois, o próprio Beira Mar arriscou sempre pouco, permitiu uma circulação baixa e paciente antes de, nos últimos 15 minutos, perder níveis de organização e concentração que culminaram, aí sim, num grande número de desequilíbrios no seu último terço. Ou seja, não deu para ver um grande Porto em termos ofensivos, mas também não deu para testar a sua capacidade de o ter de ser sobre pressão.

O que dá para ver – e isto marca um pouco a diferença para os outros 2 grandes nesta altura – é que o Porto é uma equipa sóbria, que sabe bem o que não deve fazer e os riscos que não deve correr. Ora isto pode não garantir grande coisa em termos de arrojo ofensivo, mas garante, pelo menos, que a equipa sabe bem o que quer de cada jogo: ganhar, isto é.

A organização continua a centrar-se num 4-3-3 que é bem mais um 4-1-4-1 quando a equipa não tem a bola. Falcao é o leme do pressing que espera densamente na linha média por uma oportunidade para atacar. Não se viram muitas transições resultantes de recuperações altas, é certo, mas o Beira Mar também nunca facilitou. Depois, com bola, paciência, certeza e busca pelas combinações nos flancos.

Na verdade, é neste momento – de organização ofensiva – onde a equipa está mais fraca em relação ao passado. As combinações não são tão fluídas, o que pode ser normal em Agosto, e continuo a achar que há um défice de aproveitamento de Falcao e do apoio frontal. Voltou a ser pouco participativo na criação e penso que tem potencial para uma utilidade bem maior.

Enfim, enquanto se esperam mais entusiasmos dá pelo menos para dizer que todos gostariam de trocar de papel com os adeptos portistas neste momento. E esse é sempre o melhor indicador.

Notas individuais
Em termos de destaques, as conclusões são bastante triviais. Falcao não esteve muito participativo, mas esteve em 5 dos 7 desequilíbrios da equipa, marcando 2 golos. Álvaro Pereira teve uma participação enorme (que contraste com o lateral direito!) e acrescentou a isso uma influência positiva em termos ofensivos. Depois, Belluschi que foi decisivo, voltou a mostrar a sua apetência para recuperar e ser participativo mas voltou também a ser displicente em muitas ocasiões. Um aspecto que já abordei no passado e que tem a ver com a forma como foi “educado” a decidir.

Mas a nota que talvez mais interesse, é Souza. Entrou cedo e entrou muito bem. Um jogador discreto mas bastante participativo e útil. Não me parece que garanta ainda o mesmo nível de rendimento de Fernando na posição 6, especialmente na recuperação, mas talvez o possa vir a conseguir com o tempo. Vi-o jogar poucas vezes no Brasil, mas nunca nessa posição, por isso talvez seja preciso dar-lhe tempo de adaptação. Para já, porém, revela uma performance muito superior a muitos casos falhados no passado recente e no mesmo sector.

Outro apontamento para Ruben Micael. Obviamente que a altura em que entrou o beneficiou, mas voltou a mostrar como pode ser um jogador fantástico em determinados aspectos. Sempre com uma visão muito objectiva e abrangente do jogo, reflectida nos seus movimentos sem bola e na facilidade com que encontra a melhor opção. Esperemos que possa evoluir também fisicamente ao longo da época.



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19.8.10

Naval - Porto: Análise e números

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Se o mais importante é ganhar, pode dizer-se que o Porto se restringiu ao essencial. De facto, a produção azul e branca na Figueira não foi a melhor, e o empate não seria, de forma nenhuma, uma surpresa para aquilo que foi o jogo. Pode parecer um paradoxo para quem vê estas coisas de uma perspectiva mais distante e simplista, mas as boas indicações frente ao Benfica pouco ou nada relevavam sobre a capacidade de resposta da equipa neste e noutros jogos. Mais do que o grau de dificuldade, é preciso olhar para a especificidade do desafio e, aí, Benfica e Naval nada têm em comum para que se possa projectar um jogo a partir do outro. Para este Porto, e nesta altura, a má notícia é que terá muito mais “Navais” do que “Benficas” na caminhada que tem pela frente.

Notas colectivas
Frente ao Benfica, o Porto dominou pelo pressing estratégico que impôs à construção encarnada. Agora, o que fazer se o adversário não quiser construir? Esse foi o problema portista. Sem surpresa, a Naval começou por recorrer a uma abordagem directa para evitar enfrentar o pressing azul. Para levar a melhor, o Porto teria de ganhar a segunda bola no seu meio campo defensivo e, depois sim, fazer o seu jogo. Não foi fácil, e por diversos motivos. Primeiro, e na origem, a recuperação, na resposta ao jogo directo da Naval nem sempre funcionou. Depois, mesmo quando recuperava, nem sempre o primeiro passe saiu, o que poderia até ter custado outro preço, se algumas perdas tivessem tido outro aproveitamento. Finalmente, quando saiu desse primeiro passe, foi sempre difícil ligar o meio campo com o trio da frente.

Face a estas dificuldades, tivemos um deserto de oportunidades durante praticamente 1 hora de jogo. Depois, o Porto entrou no seu melhor período. Por desgaste da Naval, que começava a perder mais duelos no “miolo”, porque Hulk se tornou mais difícil de controlar e, sobretudo, porque a alteração de estrutura para o 4-4-2 facilitou a criação de apoios e aumentou os elos de ligação entre o meio e a frente. Ainda assim, diga-se, poucos foram os lances verdadeiramente perigosos junto da baliza da Naval e é muito duvidoso que a vitória sorrisse sem o lance da grande penalidade.

Enfim, para já temos uma vantagem prematura que oferece também a primeira liderança em termos de níveis de confiança. Porém, as reticências daquilo que se vira em Paris mantêm-se. Ou seja, este não é ainda um Porto que garanta um melhor rendimento em relação ao passado. Há aspectos que precisam de ser trabalhados: a sua ligação precisa de ser melhor, o seu pressing precisa de produzir mais perante equipas que não assumam tanto a construção e há também a questão dos centrais, onde me parece que seria benéfica a introdução de um elemento com mais qualidade.

Notas individuais
Há dois casos que ajudam a perceber o jogo e as dificuldades portistas: Fernando e Falcao. Em ambos os casos, estamos perante jogadores muito participativos, com Fernando a ser regularmente o mais interventivo do colectivo, e Falcao a ter um peso grande no jogo, para além da finalização. Ora, isso não se passou neste caso, podendo ser feita uma ponte entre este dado estatístico e o rendimento colectivo.

No caso de Fernando, podemos ligar essa dificuldade de se impor no jogo com a dificuldade que o Porto teve em dominar o jogo de primeiras e segundas bolas à frente da sua área. É verdade que foi melhorando – e a equipa com ele – ao longo do jogo, mas demorou mais de 20 minutos para que Fernando tivesse a sua primeira intercepção na partida, o que é sintomático.

O caso de Falcao leva-nos à ligação entre meio campo e ataque. Poucas vezes foi solicitado o seu apoio frontal e esse será um aspecto a melhorar no futuro, porque o colombiano é normalmente garantia de uma boa ligação quando a bola passa por ele. Desta vez, para além de não ameaçar junto da baliza, esteve também muito ausente dessa ligação. Tal como no caso de Fernando, a equipa sentiu-o.

Falar, para terminar, de Belluschi. Voltou a evidenciar uma capacidade interventiva elevada, mesmo não estando especialmente inspirado. É um dado importante – muito! – para quem joga naquela zona. Acredito que a sua substituição não foi benéfica em termos de opção individual, mas tenho-lhe um reparo a fazer. Mais do que a inspiração na criação, é importante que Belluschi reveja a certeza no passe. É que não está a jogar tão perto da área contrária como foi habituado durante tanto tempo na sua carreira. Se melhorar nisto, e mantendo outras indicações, pode ser um dos craques do campeonato.



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27.4.10

Cardozo, Falcao e Liedson: a jornada dos goleadores

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A julgar pela necessidade de emparelhar todos os jogos da penúltima jornada num mesmo espaço temporal, dir-se-ia que este é um campeonato completamente em aberto. Puro engano. De tal forma as decisões estão por um fio, que o mais provável é nada estar por decidir na última ronda. Nada, excepto o pouco relevante duelo sobre o título de melhor marcador. Não é sobre a contabilidade de golos que quero falar, já que essa fala por si mesma, mas sobre os 3 melhores marcadores da prova, utilizando como ponto de partida os seus dados individuais da jornada.

Seguramente com algum exagero, os números da jornada dizem muito do que tem sido a prova dos próprios goleadores. Em particular, creio que mostram que o número de golos está longe de dizer tudo e que por vezes ele pode ser muito mais o produto de circunstâncias colectivas do que de um grande mérito individual. É o caso de Cardozo. O paraguaio é o mais provável vencedor do título de melhor marcador, mas, um pouco como na jornada 28 (onde actuou fisicamente limitado), o número de golos de Cardozo está longe de fazer dele o melhor 9 da liga. Pelo menos na minha leitura.

Entre os 3, claramente Falcao é aquele que mais se tem destacado e aquele que melhor avaliação merece. Ganhe ou não a competição de golos. O colombiano partilha com Liedson algumas características que os distinguem de Cardozo em termos de perfil. Em particular, a intensidade com que se apresentam constantemente ao jogo. Este aspecto, e apesar da finura técnica do paraguaio, torna-os menos dependentes dos golos para que o seu contríbuto seja, ainda assim, apreciável.



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26.3.10

Outra vez... Falcao!

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- Não fosse este pequeno detalhe entre 4 paredes, e o destaque do dia iria, claro, para o golo de Ronaldo...

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22.2.10

Porto - Braga: A fúria do campeão

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Se este era um jogo em que a pressão se vestia de azul, ela demorou apenas 35 minutos a evaporar-se por completo das bancadas do Dragão. De facto, embora fosse previsível maior domínio e iniciativa portista, dificilmente alguém projectaria tamanha diferença no marcador e, mais ainda, tão célere definição do destino dos 3 pontos. Mérito, como tanto se esforçou por vincar Jesualdo, para a frescura de um Porto renovado e que, agora, ganha novo ânimo para um final de época onde, apesar de tudo, a margem de erro continua muito perto do zero. Do outro lado, do bracarense, resta saber qual o efeito desta abrupta descida à terra. Será que se viu no Dragão um momento de viragem?

Diferença... avassaladora
Afinal, o que explica tão radical diferença num jogo supostamente equilibrado? A eficácia é uma resposta tão óbvia como incontornável, mas há naturalmente bem mais para dizer. Se o Braga vinha com a missão de previligiar, sobretudo, o controlo do jogo, fundamentalmente pelo equilíbrio táctico em todos os momentos, bem como por um constrangimento dos espaços, a verdade é que... falhou rotundamente. E falhou porque do outro lado esteve uma equipa que, fazendo lembrar o jogo com o Sporting, esteve avassaladora. Avassaladora na velocidade com que pensou e reagiu a cada momento do jogo, e avassaladora, também, em termos de inspiração. Tudo isto aconteceu muito rápido, sem tempo para uma chuva de oportunidades, mas perfeitamente suficiente para o KO bracarense.

Os destaques de um Porto renovado
Os destaques individuais mais evidentes da partida serão, provavelmente, Varela e Falcao. O primeiro foi o epicentro dos desequilíbrios que definiram o jogo. Em particular, 2 assistências notáveis e plenas de intenção, com o pormenor de terem sido protagonizadas com o pior pé. Algo que, afinal, não é novidade. O segundo, não só pelos golos e pela já mais do que destacada apetência para se movimentar na área, mas também pela utilidade que tem noutros momentos. Em particular, a sua incansável entrega, quer em termos de mobilidade, com bola, quer no trabalho defensivo, sem ela.

Compreender o crescimento do Porto, porém, passa sobretudo por compreender o crescimento da sua inteligência nos movimentos do meio campo. Micael tinha trazido essa qualidade de movimento sem bola, Belluschi vinha acompanhando com um crescimento individual nessa matéria, mas, com Meireles, tudo se faz com muito maior naturalidade e velocidade. É normal destacar-se a inteligência dos jogadores quando em posse da bola, mas eu pergunto: se um jogador passa muito mais tempo sem bola do que com ela, não será mais importante ainda a inteligência sem bola? Para já, o Porto, como colectivo, parece concordar com a ideia...

A impotência do Braga
Domingos quis, muito claramente, controlar. Privilegiou o equilíbrio táctico em todos os momentos e a proximidade das suas linhas para manter o Porto sem espaço. Se esta fórmula já lhe rendeu resultados no passado, desta vez foi completamente insuficiente. Primeiro, em termos defensivos, o facto de defender em 4-4-2, com 3 linhas defensivas, permite-lhe preencher bem toda a largura do campo, mas impede uma boa pressão em profundidade. Domingos, face a isto, abdicou de subir o bloco, mantendo-o próximo e relativamente baixo, na tentativa de encurtar o espaço entre linhas. O problema foi a tal velocidade de pensamento e movimento do meio campo portista que, juntamente com Falcao, fizeram parecer o comportamento táctico do Braga muito pior do que realmente foi.

Depois, com bola, outro problema. Era importante ser capaz de ter bola, e, talvez mais importante ainda, manter o Porto desconfortável na sua retaguarda. Isso nunca foi conseguido, primeiro por alguma incapacidade da equipa em termos de decisão com bola, e, depois, por um excesso de conservadorismo no desdobramento ofensivo. Preocupou-se demasiado com os equilíbrios tácticos e, quando deu por isso, já era tarde de mais.

Ainda assim, e apesar de tudo, não posso deixar de destacar Mossoró. Será um jogador fundamental para o Braga neste final de época e é aquele que maior qualidade dá à equipa em termos de dinâmica ofensiva. Quer pela mobilidade com que actua, quer pela qualidade que empresta em cada participação.



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19.1.10

Avançados na jornada: Falcao, Liedson, Roberto e Cardozo

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Falcao – Na primeira jornada, referi que o golo de cabeça que marcara seria o primeiro de muitos. Talvez fosse uma afirmação estranha para um ponta de lança de pouca estatura, mas, conhecendo-o, não poderia duvidar do impacto que teria nesse particular. A verdade é que, apesar de nem sempre revelar uma eficácia ideal, Falcao vem-se afirmando como um verdadeiro terror de área. Um jogador combativo e ágil, mas que se destaca sobretudo pela capacidade e qualidade com que se movimenta na zona de finalização e, em especial, como se antecipa aos defensores.
Frente ao Paços foi impressionante o número de lances que ganhou na área e, num deles, marcou mesmo. Destaque, mais uma vez, para a leitura que faz dos espaços, antecipando a possibilidade de atacar o primeiro poste, aproveitando a má colocação do defensor. Por tudo isto, Falcao é e continuará a ser um goleador furtivo.

Liedson – Ele está de volta e, como escrevi ontem, penso poder estar no inicio de uma óptima fase a nível pessoal. O segundo golo que marcou é sintomático, não só do porquê deste meu palpite, como também do porquê do próprio jogador se sentir melhor em sistemas de 2 avançados. É que se Liedson é reconhecidamente um jogador forte na área, é-o especialmente quando pode, primeiro, sair fora dela e só depois atacar a zona de finalização. O motivo é simples. O “levezinho” não é um jogador que facilmente consiga ganhar vantagem se estiver parado entre os “gigantes”. Por outro lado, se retirar a referência de marcação e puder obrigar os defesas a reagir em movimento, aí, raramente levará a pior. Sobre o golo, talvez não seja a finalização mais admirável do ponto de vista estético, mas reagir a um lance em movimento e finalizar (não desviar!) de primeira, estando a meio da trajectória entre o cruzamento e a baliza... não é para todos!

Roberto – A sua carreira não lhe permitirá outros voos, mas Roberto estará seguramente entre os avançados mais completos em termos aéreos dentro do futebol nacional e só se estranha que tenha chagado a este nível tão tardiamente. Utilizo o termo “completo” porque combina 2 virtudes que poucos conseguem combinar. Ou seja, a elevada estatura (1,88m) e uma movimentação sagaz dentro da área. O lance que trago não tem o melhor desfecho e talvez reflicta o aspecto onde o jogador é menos forte em termos aéreos – o gesto técnico – mas o quero destacar é o movimento do jogador. O seu posicionamento nas costas dos defesas é fundamental, permitindo-lhe ter uma perspectiva completa do lance. Ou seja, pode ver não só o momento em que a bola vai partir como também controlar o limite do fora de jogo. Ou seja, em vez de engolir o “veneno” da defesa (o fora de jogo), é ele quem o dá a provar.
Nota, no lance, para o facto decisivo do cruzamento surgir sem pressão. Uma defesa em linha só pode funcionar quando o portador da bola é permanentemente pressionado e, caso isso não aconteça, a única solução é a defesa antecipar, ela própria, o passe e avançar. Caso contrário, abre-se a oportunidade para que seja o avançado a fazê-lo.

Cardozo – Ao contrário dos casos anteriores, o destaque para Cardozo não tem a ver com movimentos de finalização, antes sim com a curiosidade do lance que deu inicio à goleada no Funchal. 3 toques do paraguaio. O primeiro, uma conclusão fácil, roça o péssimo e o segundo, com o guarda redes praticamente imóvel, não é melhor. No final de tanta mediocridade, eis que surge um passe preciso e a denotar grande visão num momento de óbvia pressão. É claro que não é difícil perceber este contraste em Óscar Cardozo. O seu sublime pé esquerdo contrasta quase em absoluto com a vulgaridade do outro que o acompanha. Por isso, o rendimento do “Tacuara” também pode variar enormemente de lance para lance.


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