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17.11.11

Portugal - Bósnia: opinião e estatística

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- Foi ao último suspiro, mas foi! É justo, nesta altura e depois de confirmado o apuramento, destacar o impacto positivo de Paulo Bento. O apuramento tornou-se especialmente difícil, não só pelos dois jogos iniciais, mas porque Noruega e Dinamarca não voltaram a perder pontos, a não ser entre elas ou frente Portugal. Surpreende-me mais esse dado, da óptima campanha dos adversários, do que o próprio rendimento português, praticamente perfeito à margem do mau jogo de Copenhaga. Aliás, escrevi-o na altura da nomeação de Paulo Bento, que ao contrário do sentimento dominante, não pensava que viesse a ser uma solução transitória e que acabaria por qualificar Portugal. Resta saber se irá mesmo ver renovado o seu contrato e ter a oportunidade de liderar a qualificação para o Mundial 2014. De todo o modo, Portugal é hoje uma selecção mais forte do que foi nos últimos anos e um "osso" muito mais difícil de roer para os candidatos tradicionais. O único condicionalismo que afasta Portugal de um maior favoritismo, na minha opinião, é a dependência que tem na presença de certas unidades preponderantes, um problema sobretudo relacionado com a dimensão da base de jogadores e, obviamente, do próprio país. Mas, se todos estiverem disponíveis...

- Em relação ao jogo, na minha leitura qualquer análise tem de começar pelos minutos 8 e 24, e pelo que fizeram Ronaldo e Nani. O apuramento estaria preso por detalhes, como escrevi na sequência do jogo da primeira mão, mas graças ao extraordinário contributo destes dois jogadores, deixou de estar. Portugal passou a ter uma margem de erro, uma almofada emocional que, em boa verdade, lhe viria a ser muito útil. É que a Bósnia acabou por ser extraordinariamente eficaz e se o jogo teve 8 golos, Portugal só precisou de marcar mais 1 para que a sua vantagem emocional tivesse consequências decisivas no desfecho da eliminatória. Depois do 3-1, explodiu o descontrolo emocional dos bósnios, ditando a inferioridade numérica para quase 40 minutos. Agora, imagine-se o que teria sido o jogo depois do 3-2, se ainda estivessem 11 bósnios em jogo! O mérito, repito, vai para os jogadores. Os grandes jogos ganham-se sobretudo nos detalhes, e, acredito mais do que em qualquer outra coisa, na transcendência. Uma coisa é ser super eficaz na conversão de livres, ou em remates de longa distância, mas em fases em que os jogos já estão decididos. Outra, completamente diferente, é estar num jogo decisivo e ao primeiro livre, ou à primeira oportunidade de finalizar de 25 metros, fazê-lo de forma insuperável, como fizeram Ronaldo e Nani. Numa palavra: Fantástico!

- De resto, os dois golos inaugurais acabaram por aligeirar o peso de um jogo que, a meu ver, mostrou ter tudo para ser muitíssimo complicado. A Bósnia não precisou de sofrer o primeiro golo para se mostrar altamente pressionante sobre a primeira linha portuguesa, fê-lo desde o inicio, dificultando um jogo mais apoiado e forçando uma série de ligações directas mal sucedidas nos primeiros minutos. Do mesmo modo, Portugal também pressionou a primeira linha bósnia, mas a reacção do adversário, de novo, voltou a ser muito boa. Não cedeu à tentação de bater longo, não acumulou muitas perdas de risco (pelo menos na primeira parte), e conseguiu sair várias vezes das zonas de pressão criadas, levando o jogo de forma apoiada até ao meio campo ofensivo português. E aqui, lá está, os dois golos conseguidos neutralizaram qualquer sentimento de ansiedade que se pudesse transmitir para as bancadas, mas este não era o perfil de jogo mais confortável que Portugal poderia esperar...

- Do lado português, é importante assinalar a reactividade da equipa, que foi muito forte. Pressionando a construção contrária, a linha média foi depois muito rápida a ajustar posicionamentos, impedindo a tal exposição da última linha, que havia discutido no rescaldo do primeiro jogo. Há uma série de aspectos que me pareceram intencionais: A assimetria, com Ronaldo mais livre de acções defensivas e preparado para a transição (foi assim que se deu o terceiro golo). Moutinho, com mais preocupações de ajustar à esquerda, e Nani sem a mesma liberdade, auxiliando mais João Pereira ao longo do corredor. Mas, Meireles também pareceu mais alertado para a necessidade de fechar rapidamente o espaço nas suas costas, particularmente quando Veloso se aproximava do corredor esquerdo. Este, recorde-se, foi o espaço exposto pelos bósnios em alguns momentos do primeiro jogo. O aspecto da reactividade parece-me fundamental, porque para quem pretende pressionar a partir de zonas mais altas, é decisivo ser capaz de ajustar rapidamente não dando oportunidade para que o adversário capitalize as situações em que consegue sair das zonas de pressão que são criadas. Quanto mais forte for adversário, obviamente, mais decisivo este aspecto pode ser, e se Portugal já havia feito desta capacidade um alicerce do brilharete frente à Espanha, desta vez voltou a estar muito forte a esse nível. É importante que o continue a repetir no futuro, até porque também é verdade que foi quando não o fez que mais sofreu...

- Individualmente, e para além de Ronaldo e Nani, o principal destaque vai para Moutinho e Veloso. Sobretudo Moutinho, que voltou a estar tremendo, tal como na primeira mão. O caso do sub rendimento de Moutinho no Porto é mais ou menos o mesmo que o sub rendimento de Ronaldo na Selecção. Tem sobretudo a ver com a expectativa ilusória, de comparar a estabilidade de rendimentos individuais em contextos de performance colectiva completamente diferentes. Já Veloso, também muito bem, parece ter ganho definitivamente vantagem para constituir com Moutinho e Meireles o trio de médios.

- Na frente será onde, a meu ver, há mais questões a levantar. Já escrevi sobre as limitações de Postiga na resposta que dá em variadíssimas situações especificas, independentemente da questão da finalização. Para além disso, há algo a rever nas movimentações do 9 nas dinâmicas colectivas(não tem necessariamente a ver com Postiga). Tentarei voltar a este tema com imagens, mas para já deixo estes dados de reflexão: Os avançados são quem tem menor participação no jogo colectivo, o que é normal, mas na Selecção a sua acção não tem conduzido, nem a qualquer ocasião criada, nem tão pouco a um acréscimo positivo na fluidez de jogo. Ou seja, o contributo positivo do ponta de lança, na Selecção, tem-se resumido à finalização, e apenas à finalização. Se este marcasse 30% dos golos da equipa, como aconteceu neste jogo, isso seria suficiente, mas essa está muito longe de ser a marca, quer de Postiga, quer de Hugo Almeida. E isto, goste-se ou não, é um problema...
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20.10.11

Selecção: Estatística individual da qualificação

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Deixo os dados dos 8 jogos do apuramento, acrescentando apenas uma nota que tem a ver com o modelo estatístico. Durante a qualificação houve uma actualização do modelo estatístico, pelo que estes dados partem essencialmente da primeira versão, mais simplificada e que não contém, por exemplo, a avaliação dos guarda redes ou uma divisão por momentos tácticos...

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17.10.11

Dinamarca - Portugal: algumas jogadas importantes...

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Conforme planeado, recupero hoje algumas jogadas do Dinamarca-Portugal. Como sempre, o objectivo não é procurar culpabilizações, mas reflectir sobre algumas situações que me parecem justificar correcção. Aqui fica a minha análise:

3' - O ponto sobre este livre lateral tem a ver com o posicionamento da cortina defensiva. Notoriamente, Portugal tenta estabelecer a sua fronteira de posicionamento perto da linha de grande área, mas no momento em que a bola é batida já essa linha está uns bons metros dentro da área (receio?). A consequência é que o objectivo de oferecer ao guarda redes uma margem de protecção não é conseguido e o cruzamento acaba por encontrar o pior dos cenários, com vários jogadores com possibilidade de desviar mesmo à frente da baliza.


6' - Os indícios sobre os problemas de controlo português em organização defensiva, viram-se cedo. Esta fase de circulação de bola da Dinamarca é um excelente exemplo. A bola circula dentro do bloco português, que embora curto não consegue evitar sucessivas mudanças de corredor, obrigando a equipa a constantes ajustamentos laterais. Não adoptando, estrategicamente, uma postura muito agressiva em profundidade, era fundamental que Portugal fosse forte no espaço que definiu para pressionar, sobretudo na pressão lateral. Aqui, destacaria o movimento de ligação entre os centrais através do pivot, que se repetiu algumas vezes, com a presença pressionante a não ser eficaz...

12' - O golo é uma consequência dos problemas do ponto anterior. A bola entra num corredor mas isso não a impede de circular com rapidez e segurança até uma situação de 1x1 no flanco oposto. A imagem parada pretende mostrar o momento em que Moutinho inicia o movimento de pressão sobre Kjaer. Nesse instante, o restante bloco não o acompanha na mudança de atitude, vendo-se bem essa falta de sintonia no posicionamento de Martins, que está ainda a recuar quando Moutinho parte para uma postura mais pressionante. A consequência é a liberdade do pivot (Zimling), que fica com tempo para receber e virar. Mais à frente, o mesmo problema com Bendtner, que oferece o apoio vertical sem pressão. Na minha leitura, estes são os dois apoios fundamentais para o desequilíbrio que é gerado. Aliás, repetiram-se as dificuldades para pressionar, quer o primeiro médio, quer as acções de Bendtner para fora do seu espaço...

24' - Situação estranha, com o movimento de Meireles a ser difícil de compreender, em sentido contrário à subida do bloco e colocando toda a gente em jogo. Já com a Islândia, o segundo golo vem de uma falta de concentração idêntica, no caso de Moutinho...

62' - A nota mais importante vem após a perda, mas não quero deixar de começar pelo bom condicionalismo dos dinamarqueses à posse portuguesa, quer pela neutralização de Meireles, quer, depois, pela boa presença que conseguiam no corredor da bola, durante todo o jogo. De todo o modo, esta transição, na zona em que aconteceu, e com o equilíbrio que Portugal tinha, nunca deveria ter tido tamanha consequência. Para reagir à perda, Portugal fica apenas com Meireles e Ronaldo na zona da bola. Meireles faz, a meu ver correctamente, uma tentativa de manter a bola no mesmo corredor, mas Ronaldo tem uma atitude péssima, não fechando o espaço e permitindo que Eriksen ficasse com tempo e espaço para receber, virar e encarar a linha defensiva portuguesa. Depois, pode-se discutir muita coisa sobre o comportamento da linha defensiva (que teve muitos problemas, diga-se), mas a partir do momento em que o jogador tem o espaço para pensar, de frente, a jogada, tudo fica muito complicado...

84' e 85' - Estas duas jogadas, já no final do jogo, tentam mostrar que o problema português nunca foi a exposição imediata no momento de transição, mas muito mais a qualidade com que (não) se apresentou em todos os momentos defensivos, seja em organização ou transição. Em particular, de novo, a falta de pressão que condicionasse o jogador que recebia a bola (normalmente Bendtner) foi sempre uma grande condicionante. Há também, e reforço outra vez a ideia, um grande mérito dos dinamarqueses, quase sempre lúcidos e inspirados em todas as acções, mas do ponto de vista português, este jogo mostrou vários pontos para Paulo Bento reflectir, e nenhum me parece que tenha ver com a exposição posicional após o 2-0...
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14.10.11

Dinamarca - Portugal: opinião e estatística

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- Os últimos jogos haviam deixado alguns sinais, mas longe de mim supor que os piores indícios se iriam agigantar no momento mais importante. Uma grande surpresa e uma grande desilusão, não tanto pela derrota, mas muito mais pela forma como ela aconteceu. Não esperava uma equipa super organizada, nem tão pouco super inspirada, mas esperava que mantivesse os índices de intensidade, agressividade e atitude que marcaram a mudança de "era", de Queiroz para Bento. Não foi assim, e antes de partir para uma opinião segmentada por momentos tácticos, reforço esta opinião, de que foi na atitude, na agressividade e intensidade que mais se terá ditado o descalabro de Copenhaga...

- Organização defensiva: Muita coisa a dizer sobre este momento, que foi aquele que começou por condicionar as aspirações de Portugal. A equipa não se apresentou muito agressiva em termos de primeira linha, definindo um bloco médio e tentando fazer com Postiga uma pressão lateral sobre o central que saía com bola. Resultou bem com a Islândia, mas não resultou bem com a Dinamarca. Essencialmente, porque os dinamarqueses revelaram grande carácter, não se atemorizaram perante o pressing e fizeram a bola rodar pelo "pivot" (Kvist ou Zimling), alterando o lado de saída e obrigando Portugal a voltar a reorganizar-se defensivamente. Depois, mesmo dentro do bloco, houve vários problemas... A Dinamarca apelava muito à mobilidade das suas unidades, criando muita presença do lado da bola. Portugal nunca lidou bem com isto, houve uma indefinição no papel dos médios (de novo, fico com a sensação de que Martins tem menor familiaridade com os comportamentos defensivos do modelo, relativamente a Micael), houve uma falta de atitude de Ronaldo e uma incapacidade da linha defensiva se manter alta e encurtar os espaços dentro do bloco. O lance do primeiro golo é, de resto, elucidativo de muitos destes problemas, mas possivelmente voltarei a ele no inicio da próxima semana...

- Transição defensiva: Paulo Bento justificou os problemas de controlo das acções a partir deste momento pelo risco que a equipa assumiu depois do 2-0. Pessoalmente, entendo que não é justificação suficiente para o tipo de problemas que se viram. Grande parte das acções desencadeadas a partir do momento de transição não tiveram na verticalização uma iniciativa imediata. Ou seja, na maioria dos casos, houve tempo para uma reorganização e melhor controlo, o que não aconteceu. Aqui, há dois aspectos a salientar. Tacticamente, o papel da última linha, que teve pouca capacidade para ser agressiva na resposta, não fechando os espaços à sua frente e permitindo que o destinatário do primeiro passe se virasse e encarasse de frente a linha defensiva. Muito claramente, Pepe faz muita falta, pela sua capacidade de pressionar dentro do bloco, seja em organização, seja neste tipo de movimentos, em transição. Depois, em termos de atitude, não houve também a entrega que se justificava a este nível. De novo, o lance do 2-0 é sintomático da incapacidade de resposta e falta de atitude que houve (Ronaldo, no caso). Porque nem tudo é mau, destacar o papel de 2 jogadores na resposta que deram neste momento, Moutinho e Meireles, se Portugal não caiu mais cedo e de forma mais acentuada foi muito pela sua reactividade.

- Organização ofensiva: Com bola, em organização, Portugal já havia demonstrado algumas dificuldades frente à Islândia, onde acumulou vários erros. Não errou tanto desta vez, mas nunca teve, nem a fluidez, nem a inspiração para retirar algo das suas iniciativas ofensivas. Paulo Bento corrigiu a tal questão das primeiras bolas, que eram inconsequentes para Postiga, fazendo Patrício bater a bola preferencialmente para a direita (será por isso que Ronaldo começou por aí o jogo?), mas não foi na construção longa que houve mais dificuldades. Em posse, os dinamarqueses bloquearam completamente as iniciativas lusas, sendo-lhes devido grande mérito, mesmo reconhecendo um jogo aquém das expectativas por parte de Portugal. Meireles, nunca entrou na construção, bloqueado pela acção de Eriksen. A acção dos laterais, por onde Portugal tentou sair várias vezes, foi sempre condicionada e a progressão pelos corredores raramente conseguida. Finalmente, o papel da última linha dinamarquesa, muito mais agressiva em altura do que a portuguesa, fechando os espaços dentro do bloco e como que convidando Portugal a explorar o espaço nas costas. Poderia até ser uma alternativa, mas nem Portugal mostrou engenho para o fazer, utilizando o papel dos laterais na profundidade, por exemplo, nem tão pouco era provável que, com Postiga, Portugal conseguisse muito mais do que aumentar a sua estatística de fora de jogo, sempre que tentasse fazer do seu avançado uma solução para estes movimentos de rotura. De resto, continua a ser muito difícil vislumbrar qualquer mais valia consistente do avançado que justifique a sua escolha durante tanto tempo. Mas há outras dúvidas mais interessantes e difíceis de responder, que me sobram da última fase do jogo: Vemos invariavelmente os treinadores a mexer estruturalmente e a esgotar substituições, sempre que o resultado lhes é desfavorável. É ideia generalizada, que o deve fazer, que deve introduzir mais gente na frente, e "refrescar" as suas primeiras escolhas. Talvez por ser ideia generalizada, e por gerar critica pela certa, os treinadores fazem-no também sem grandes hesitações. A questão é que não creio que ninguém tenha alguma vez estudado realmente, e de forma objectiva esta questão, se mudar estrutura e jogadores acrescenta ou não possibilidades de rectificar coisas? Pessoalmente, tenho dúvidas que normalmente seja útil (talvez um dia procure uma resposta mais fundamentada...), e, neste caso, mais ainda porque não me parece que trazer Ronaldo para o meio seja uma boa ideia. Ou seja, parece-me que se deve conseguir que "apareça" no meio, mas não tanto que "esteja" no meio. A diferença pode ser, tão simplesmente, ter Ronaldo de frente ou de costas para a baliza...

- Transição ofensiva: Portugal tinha tudo para fazer deste momento a génese dos seus desequilíbrios. Não foi assim. Primeiro, porque a vantagem dos dinamarqueses implicou sempre um extremo equilíbrio no momento da perda, depois porque Portugal conseguiu potenciar poucos erros que fizessem deste momento uma oportunidade real e, depois, porque quando os conseguiu "arrancar" (fundamentalmente depois do 1-0), nunca teve engenho nem inspiração (outra vez!) para lhes dar a melhor consequência.

- Bolas Paradas: Era o capítulo mais temido, mas não foi por aí que Portugal caiu. Podia ter sido, porque cometeu vários erros, mas podia ter sido também por aí o seu relançamento no jogo, já que Portugal não foi menos perigoso do que a Dinamarca em matéria de bolas paradas...

- Por fim, duas notas. Uma para Rui Patrício, que tem tido um mau inicio de época, mas que fez uma excelente exibição, poupando a Selecção do embaraço a que se sujeitou. Depois, para o embate com a Bósnia, onde Portugal parte como favorito claro mas onde terá de ter outra abordagem, começando pela atitude já que os aspectos de ordem táctica e organizacional continuarão a não ter tempo suficiente para ser muito desenvolvidos.

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22.5.11

Final da Taça e outras notas (breves)

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- Começar pelo mais incrível: 7 golos na primeira parte! Alguém se lembra de ter visto tal coisa? Vejo vários jogos - muitos mesmo! - não digo que nunca o tenha presenciado, mas confesso que não me recordo. Não admira... alguém suspeita qual a probabilidade teórica de isto se verificar num jogo com estas características?

- Sobre o jogo, voltarei com mais detalhes, mas fica claro que tudo ficou definido no primeiro tempo, que ambos os treinadores se deverão lamentar por tantos e tão frequentes momentos de descontrolo defensivo, e, já agora, que a eficácia foi fundamental na definição da diferença expressiva com que o jogo foi para o intervalo.

- Num exercício de apelo à memória, recordam-se das criticas de pré época a um Porto que marcava pouco? Recordam-se das declarações de André Villas Boas, que não precisava de golear, mas apenas de ganhar? Quem diria...

- Em Espanha, consumou-se o feito histórico de Ronaldo. Na verdade, não é apenas um. Não só se tornou no melhor marcador de sempre numa época em Espanha, como se tornará no primeiro jogador a conseguir o título de melhor marcador europeu em dois campeonatos distintos. Não sei qual o lugar que a História lhes reserva, mas quantos jogadores existiram que, jogando a partir de posições exteriores, marcaram tantos golos como fazem Ronaldo e Messi. Assim de repente, lembro-me apenas de Eusébio e Pelé.

- Em França, o projecto de continuidade do Lille atingiu, finalmente, a consagração. Uma equipa que, tal como muitas outras em França, desprezou a Europa em privilégio das competições internas, e que, por isso, não tem tão boa imagem externa como aquela que merece. Entre todos, claro, Eden Hazard é quem mais atenções justifica. Não é para todos ganhar o prémio de Melhor do Ano numa liga como a francesa, com apenas... 20 anos!

- Uma nota, também, para o inicio do campeonato do brasileiro. Ronaldinho começou com um espectáculo individual e Liedson a decidir de forma espectacular numa das mais difíceis deslocações em toda a prova. Lembrando que continua a ser um jogador disponível para a Selecção, a pergunta que me assalta é: que sentido fará, se Paulo Bento o continuar a deixar de fora depois de o pré convocar?

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28.4.11

R.Madrid - Barcelona: Estatística e algumas notas

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1- Como já referira ontem, este foi, na minha opinião, o pior dos três duelos já disputados entre as equipas. O pior, de parte a parte. Do lado do Barcelona, justifica-se a perda de qualidade pelas ausências de Iniesta e Adriano (ou mesmo Maxwell). Esse, aliás, era um ponto a explorar pelo Real Madrid, que não pode ter nas baixas de Khedira e Carvalho explicação suficiente para o jogo menos conseguido em relação aos anteriores. Particularmente, a primeira parte. Como constatação fundamental fica a convergência do jogo em que o Barcelona menos erros cometeu (ou foi forçado a cometer) em posse, e aquele onde o Real menos perigo criou. Sublinho "convergência", para que não se confunda com "coincidência".

2- Começando por essa "nuance", das ausências de Iniesta e Adriano, e num detalhe que gostaria de aprofundar com imagens (mas não sei se haverá oportunidade), creio que Mourinho terá perdido uma oportunidade de ouro para condicionar, melhor e de outra forma, a posse do Barça. Sobretudo, a presença de Puyol à esquerda, e tendo em conta a qualidade dos restantes pontos de saída de bola, devia ter sido explorada, possivelmente libertando o lateral e forçando deliberadamente que a bola entrasse por esse corredor. A ausência de Iniesta era o complemento ideal, porque Keita não é, nem de perto, uma solução tão ameaçadora como o habitual camisola 8. Nada disto foi feito, porém. Puyol foi aquele que menos jogou dos elementos de construção, e teve uma actuação isenta de erros comprometedores, com uma % de sequência em posse próxima dos 90%. Keita, por seu lado, teve cerca de metade da influência em posse de Iniesta na primeira partida, mas sem que isso representasse um problema de segurança em posse para o Barcelona.


3- Na análise ao último jogo, trouxe aqui a importância do aprisionamento dos laterais aos corredores para o sucesso da posse do Barça. Pois bem, Guardiola terá reparado também nisso e, desta vez, abriu claramente Pedro e Villa, impedindo Arbeloa e Marcelo de auxiliar os médios em zonas mais interiores. Este pormenor é importantíssimo para o desconforto do Real no pressing do primeiro tempo. Sobretudo à esquerda, Ozil revelou-se pouco agressivo e útil (também já tinha escrito sobre esta condicionante na utilização criativo alemão), e Lass andou perdido entre a decisão de pressionar a zona de Busquets ou manter a posição na zona de Keita. O resultado foi um notório desconforto do Real no pressing, e um número muito menor de erros em posse do Barcelona. Uma das soluções poderia passar por aproximar mais claramente um dos centrais no espaço entre linhas, ou, como expliquei, "desprezar" deliberadamente a protecção zonal a Puyol.

4- Estes duelos ficam marcados, em termos tácticos, pela adaptação defensiva de Mourinho à fantástica capacidade de posse e circulação do Barça. O que é igualmente importante notar, é que a adaptação faz-se também em relação à capacidade defensiva do Barça. Ou seja, o Real, quando tem a bola, não joga da mesma forma que faz durante toda a época. Tenta soluções mais directas, e os seus jogadores sentem-se muito pouco confiantes com a bola nos pés, como que aterrorizados com a possibilidade da perda. Pode (e deve, a meu ver) discutir-se até que ponto é justificado tamanho respeito, mas o ponto nesta altura mais importante a relevar (e não me canso de o repetir) é que a "revolução Guardiola" dá-se muito pela qualidade transversal que o treinador introduziu na equipa, e que anteriormente não existia. Isto é, o Barcelona não é a melhor equipa do mundo apenas pela sua capacidade em posse, ou pela genialidade de Messi. É, também (e na minha opinião), a equipa que melhor defende no mundo.

5- Importante notar que, apesar da justiça inequívoca da vitória, pouco indiciava que esta fosse tão fácil para o Barça como acabou por acontecer. Ou seja, até à expulsão o jogo distinguiu-se sobretudo pela ausência de oportunidades, tendo havido apenas uma para o Barça, em 60 minutos. Aliás, o Real teve o seu melhor momento precisamente no primeiro quarto de hora do segundo tempo, com a entrada de Adebayor a produzir notórios efeitos, seja pela maior agressividade do togolês, seja pelo acréscimo de clarividência colectiva do Real com essa alteração. Ninguém sabe o que daria o jogo em igualdade numérica, mas sabe-se que, e ao contrário do que acontecera no jogo para o campeonato, foi apenas perante a situação de superioridade numérica que o Barcelona acabou por justificar verdadeiramente o triunfo.

6- Em termos individuais, quero acrescentar algumas notas. Para Piqué, porque quando se fala do "melhor central do mundo", não se pode nunca deixá-lo de fora. Para Pepe, porque a sua utilização à frente do "pivot" voltou a não ser tão produtiva como havia sido no primeiro jogo, onde jogou como elemento mais recuado do meio campo. Para Ronaldo, que tendo feito o jogo mais desinspirado da série, deu um exemplo de entrega, sendo o jogador que mais intercepções conseguiu na sua equipa (notável, para um avançado!), e apenas superado por Piqué, no jogo. Para Messi, que não teve, a meu ver, uma exibição tão boa como noutros jogos, mas que acabou por emergir nos momentos certos, ficando na "fotografia" uma exibição histórica. Para Afellay, sobre quem escrevi algum tempo antes de se transferir para a Catalunha. A sua versatilidade e qualidade permite-lhe jogar em várias posições, mas continuo a pensar que é em zonas de construção que está o seu potencial.

7- Duas notas sobre as peripécias destes duelos (e não só, já agora). Primeiro, para realçar que, ao contrário do que em certos momentos se quis fazer passar, não há equipas mais "nobres" do que outras. Ou, pelo menos, não a este nível. O jogo teatral e de pressão sobre os árbitros em contexto de jogo (e estou a referir-me apenas aos jogadores), é uma "arte" de especialidade latina, mas que acontece em todos os lados e em todos os desportos. O motivo resume-se ao simples facto de os jogadores quererem ganhar e estarem dispostos a fazer tudo o que está ao seu alcance para tal. O ponto deste meu comentário, é que o Barcelona, tal como qualquer equipa, joga essencialmente para ganhar. A sua realização/frustração depende do resultado e não de outras métricas. Não perceber isso, é não perceber boa parte da natureza e mentalidade desta fantástica equipa. Segunda nota, para referir que se adeptos e público não se revêem nos jogos de simulações e pressões sucessivas dos jogadores, então devem censurar quem define as regras do jogo, muito mais do que os jogadores. Os jogadores, como qualquer um de nós, só querem o melhor para eles. E o melhor para eles, hipocrisias à parte, resume-se numa simples palavra: ganhar.

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22.4.11

Final da Taça do Rei (II): Estatística e algumas notas de análise

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1- Começando pelo Real Madrid... Antes de mais, a estratégia foi, senão a mesma, extremamente próxima daquela apresentada no jogo para o campeonato. O que variou foi o resultado da sua aplicação, sendo muito mais produtivo na primeira parte do que no restante deste jogo, ou mesmo na totalidade do embate anterior. Não se confunda, por isso, intenção com concretização. Não é por ter conseguido melhores períodos no jogo que o Real foi intencionalmente "mais ofensivo" desta vez. Apenas o conseguiu ser, a intenção a mesma.

2- Importa, porém, notar algumas diferenças (ligeiras) na abordagem de Mourinho, ainda que elas estejam sobretudo relacionadas com aspectos individuais. A principal alteração tem a ver com Ronaldo. No jogo de Madrid, Ronaldo foi ala, teve de baixar no corredor e frequentemente partiu para a transição de posições demasiado baixas. Mourinho terá pretendido potenciar Ronaldo, colocou-o na frente, parecendo-me, inclusive, com menores restrições defensivas do que Benzema no jogo anterior. Depois, sem Ronaldo na ala, houve os únicos ajustamentos posicionais que diferenciaram desde o último jogo. Ou seja, Mourinho baixou mais os alas, para adiantar Pepe e Khedira para uma pressão ligeiramente mais alta no corredor central. A ideia parecia ser forçar a saída pelos corredores, embora isso raramente tenha acontecido.

3- A primeira parte foi, como ficou fácil de ver, controlada pelo Real Madrid. Conseguiu manter o Barcelona sempre longe da sua área (praticamente não lá entrou) e potenciou, depois, erros pontuais que deram origem às transições pretendidas. Os motivos desta situação têm a ver com a convergência repetida da posse do Barça para zonas superpovoadas de jogadores do Real Madrid. Particularmente na meia-esquerda do ataque catalão onde, como já expliquei no post anterior, Arbeloa estava quase sempre livre para fazer a diferença em zonas interiores. O Barça nunca conseguiu ter posse útil no espaço à frente da linha defensiva e, assim, nunca ameaçou o golo.


4- Sobre as alterações radicais na tendência de jogo, já destaquei o efeito Pedro, pelo que não vou abordar esse relevante factor. Depois, e tal como referiu Guardiola, o Barça foi mais lesto nas segundas bolas, mais rápido a reagir e a sua viragem no jogo passou também pela capacidade que teve acrescentar os momentos de transição à sua ameaça, algo que havia sido restrito ao Real Madrid, na primeira parte.

5- Sobra um aspecto que é importante abordar e que ajudará, igualmente, a explicar as oscilações no jogo, nomeadamente o prolongamento, onde, e contra todas as expectativas, foi o Real quem se voltou a superiorizar de forma clara, em termos de proximidade com o golo. Falo do aspecto emocional e dos momentos das equipas. Durante o jogo foi se falando do cansaço e da possibilidade do Barça usufruir do facto de jogar com bola para se desgastar menos e estar melhor com o desenrolar do jogo. A verdade é que muito daquilo que nos parece meramente físico é também psicológico. Se o Real esteve pior na segunda parte e o Barça melhor, foi também porque os níveis de confiança mudaram com as primeiras jogadas após o intervalo. O Barcelona sentiu que poderia conquistar o espaço e o Real sentiu-se ameaçado. Os jogadores do Barça foram crescendo em termos de desempenho e os do Real perdendo lucidez no posicionamento defensivo e na clarividência do primeiro passe de transição - diria, o momento fulcral para a definição de um jogo com estas características. Do mesmo modo, o estado de crença e confiança dos jogadores terá começado a mudar nos instantes finais da segunda parte, quando o Real voltou a aproximar-se do golo, e terá definitivamente mudado no inicio do prolongamento quando, antes do golo, foi o Real que conseguiu primeiro criar perigo, aproveitando uma perda de Xavi.

6- No Barcelona, Guardiola não parece muito interessado em discutir estratégias ou abordagens. O Barça é muito mais forte dentro do seu estilo e acredita que para aumentar as suas possibilidades de vitória, é suficiente que se preocupe consigo próprio. É uma constatação objectiva que o Barça é melhor e que o Real é que tem de se adaptar. Mas é-o também que a vida não tem ficado mais fácil para o Barça. Pelo contrário, tem perdido jogadores (agora Adriano, que pode vir a fazer falta), e visto aumentar o estado de confiança do rival. Mesmo sendo melhor, convém que o Barça vá procurando também as suas formas de crescer em qualidade. Por exemplo, seria uma equipa ainda mais forte se apresentasse outra valia nos lances de bola parada. Dado o volume de jogo que apresenta, seria um complemento importante para a sua proposta de jogo.

7- No Real, a evolução desta série de jogos é mais interessante de seguir. Mourinho tem de fugir do seu estilo e encontrar um "contra-estilo" para vencer o Barça. Para já, está a correr-lhe de feição. Já tinha abordado o lado positivo do empate anterior e, em termos mentais, esta vitória pode ainda catapultar mais a equipa. Mas, Mourinho ganha também em soluções individuais. Ronaldo representou uma mais valia em transição, Arbeloa-Ramos um duo muito mais forte do que Ramos-Albiol anteriormente. A dúvida pode passar por Ozil, que é um jogador fantástico em termos criativos, mas que tem muito que crescer em termos de agressividade defensiva (a meu ver, um dos motivos principais pelo descalabro dos 5-0, sendo utilizado numa posição central e sem qualquer capacidade de pressão). Finalmente Pepe, utilizado desta vez mais à frente, talvez para ter um médio de maior capacidade de desdobramento em transição, e relegar em Xabi Alonso a qualidade do primeiro passe. É certo que na primeira parte o controlo da zona entre linhas foi completo, mas na segunda parte isso não aconteceu, sendo, talvez, de reflectir os prós e contras de ter um jogador com uma reactividade e agressividade no espaço que, nem Xabi Alonso, nem (sobretudo!) Khedira podem dar.

8- Venha o próximo!
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10.2.11

Argentina - Portugal: Análise e números

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Tal como escrevi ontem, estes jogos, apesar de amigáveis, ficam bem vincados no registo histórico. É aí que começa o sentimento de alguma frustração pela derrota averbada. Uma frustração que se justifica também pelas outras conclusões do jogo. Ou seja, Portugal pode ter defrontado uma das potências do futebol mundial, mas não se mostrou inferior ou com menos possibilidades de poder sair vencedor. Pelo contrário, aliás, creio que mostrou mais qualidades do que o seu adversário. Mais consistência colectiva e menos dependência da sua “estrela”. Messi, de resto, é um personagem fundamental na história do jogo, e não pela penalidade decisiva.

Notas colectivas
A “nuance Messi” começou por marcar o jogo e definiu, também, o único período em que Portugal não foi melhor no jogo: a primeira meia hora.

Messi apareceu a jogar como falso “9”, partindo do meio dos centrais, mas raramente jogando perto destes. Ou seja, ao baixar, Messi criou um problema zonal ao bloco português. Os centrais ficavam sem referência de marcação e o meio campo com uma constante desvantagem numérica, um problema agravado pela qualidade de Messi sempre que tinha a bola. O que fazer?

A resposta é simples. Encurtar os espaços entre sectores, particularmente entre a linha média e a mais recuada. Portugal não o fez imediatamente e, por isso, sentiu algumas dificuldades em controlar os espaços dentro do seu bloco nos primeiros 30 minutos. Quando juntou mais as linhas, Messi teve de baixar progressivamente no campo, recuando para zonas onde o seu protagonismo não tem a mesma consequência.

Aqui, há outro aspecto a abordar, e onde creio que Portugal não esteve tão bem: o pressing. Não era muito fácil, perante o “problema Messi”, subir a linha média para pressionar, mas era importante definir uma zona pressing agressiva e organizada, que diminuísse o tempo de decisão à primeira fase de construção contrária, até pela características incisiva dos extremos – Di Maria e Lavezzi – fortes no aproveitamento das costas. Portugal melhorou na segunda parte, onde subiu linhas com mais critério e menos compromisso dos espaços interiores, mas não teve a agressividade do jogo com a Espanha, por exemplo.

Tudo somado, Portugal perdeu o jogo por algum défice de concentração na recta final, mas foi na parte inicial que menos conseguiu controlar a estratégia argentina. Assim que corrigiu comportamentos e retirou espaço a Messi, Portugal foi claramente a melhor equipa, mais organizada e clarividente em termos tácticos e, também, mais próxima do golo.

Perdemos mas, em definitivo, esta parece-me uma equipa com sérias possibilidades de discutir o título europeu.

Notas individuais
João Pereira – As atenções mediáticas estavam centradas do outro lado do campo, em Coentrão, mas foi João Pereira quem arrancou mais uma excelente exbição. É um grande lateral, com algumas lacunas, é certo, mas não me parece que haja muitas Selecções com alguém melhor do que ele na sua posição.

Coentrão – Não foi, de facto, o melhor jogo para demonstrar o seu valor. Di Maria e Zanetti são um corredor duro de enfrentar. Coentrão bateu-se bem, mas não conseguiu o protagonismo habitual. A pintura, porém, só ficou mesmo borrada no último minuto.

Meireles – Tinha feito um grande jogo com a Espanha e neste não se pode apontar-lhe nada em termos de atitude e entrega. Acontece que foi uma das grandes vitimas da tal liberdade de Messi. Teve sempre mais do que um jogador a cair na sua zona e isso condicionou-lhe a acção de forma determinante. Para mais, acabou por cometer alguns erros invulgares em posse na segunda parte. Note-se, porém, que é um médio de grande qualidade e um indiscutível da Selecção, seja em que posição for do meio campo. A sua valia, aliás, fica bem clara na rapidez com que se impôs no Liverpool.

Hugo Almeida – Todos lhe apontarão o dedo pelos 2 golos que falhou – particularmente o segundo. No entanto, Hugo Almeida teve uma acção preponderante em termos ofensivos. Teve em todos os desequilíbrios da equipa, fez 1 assistência e ainda enviou 2 bolas à barra. Outro aspecto onde esteve bem foi no domínio das primeiras bolas. É importante, porém, que haja um melhor aproveitamento da equipa no posicionamento das segundas bolas, porque poucas foram as vezes em que as suas acções, nesse capítulo do jogo, tiveram consequência.

Messi vs Ronaldo – Aparentemente será um disparate valorizar este duelo. Em termos práticos, porém, a história diz-nos que não é assim. Um particular entre Argentina e Brasil dos anos 80 tem interesse por causa de Zico e Maradona. Nos anos 60, Brasil e Portugal poderiam jogar “a feijões”, que Pelé e Eusébio seriam sempre um ponto de interesse. Se há motivo pelo qual este jogo pode ser relembrado no tempo, é por este duelo e nada mais.
Messi terá levado a melhor, sobretudo pela vitória argentina e pela sua influência directa na mesma. Mas é uma vantagem que se torna irrelevante porque ambos estiveram em grande nível e, claro, porque Ronaldo jogou apenas 2/3 do jogo.



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15.12.10

O melhor do mundo, "ceteris paribus"

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- A discussão é subjectiva e as opiniões várias. “Quem é o melhor do mundo?” Se calhar a pergunta é mais fácil de responder se for feita na forma colectiva: “Qual é a melhor equipa do mundo?” Aí o consenso, não digo que seja total, mas será seguramente muito maior. O problema é que não é essa a pergunta inicial, a pergunta inicial é: “Quem é o melhor do mundo?”

- Não fica difícil de perceber em que bases estou a situar a problemática. Separar o efeito colectivo do individual. Será possível fazê-lo? Talvez não em absoluto, mas creio que é isso que está subentendido na pergunta “Quem é o melhor do mundo?”. Um foco individual, distanciado dos efeitos que o colectivo pode trazer. O melhor do mundo, “ceteris paribus”.

- Messi é o jogador mais encantador do planeta e não tenho dúvidas que poucos discordarão desta avaliação. O problema é isolá-lo. Será que isolado da “máquina Barcelona”, Messi é Messi? Não sabemos. Sabemos que Messi não é tão Messi na Argentina, mas não sabemos se Messi seria igualmente Messi no Real Madrid, Inter ou Manchester United. Fica-me tanto a dúvida, como a suspeita.

- Temos Ronaldo. Jogou em Inglaterra e agora em Madrid. Ronaldo não é Messi, com a bola colada ao pé. Mas, é bom que se diga porque também conta, Messi nem sequer rima com Ronaldo quando a bola está parada ou vem pelo ar. A grande vantagem de Ronaldo, porém, é que é mais fácil de isolar. Jogou em Manchester e Madrid e não é por isso que Ronaldo deixou de ser Ronaldo. Pelo contrário, Ronaldo está cada vez mais Ronaldo. Ou seja, Messi do Barcelona parece-me melhor do que Ronaldo do Real Madrid. Mas não aposto as minhas fichas que Messi seja melhor do que Ronaldo. “ceteris paribus”, isto é.

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18.10.10

Notas de outras paragens (Breves)

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- Até onde pode chegar a Lazio? É uma pergunta que se coloca em Itália, face ao grande arranque da formação romana. Bom, não sei onde pode chegar a Lazio, mas sei que o seu patrão pode chegar muito longe. Falo de Hernanes. No Verão fiz uma observação que não conclui ao campeonato brasileiro e alguns jogadores. Houve 2 que se destacaram e que não tenho dúvidas têm tudo para conseguir grandes carreiras. Um é precisamente Hernanes, o outro é Sandro , entretanto transferido para o Tottenham. O problema de Sandro é que se trata sobretudo de um "pivot" e essa é uma posição pouco conhecida em Inglaterra.

- Já agora, outro talentoso médio que se eclipsou em Inglaterra é Aquilani. Parece estar de volta com o regresso a Itália. Pelo menos é o que indica o golo que marcou.

- Não é a primeira vez que o refiro, mas em Amsterdam mora uma das mais requintadas duplas de atacantes da Europa. Suarez é mais conhecido, mas no pé direito de El Hamdaoui mora mais classe que em muitas equipas inteiras. O chapéu que marcou é a imagem disso mesmo.

- Apenas o observei num jogo, pelo que não posso avançar com grandes garantias. No mínimo, porém, aconselharia a vê-lo com muita atenção e rápido. É uma espécie de Rivaldo colombiano que apareceu aos 24 anos na Argentina. Se o talento se confirmar, há muitos gabinetes de 'scouting' que se deverão perguntar porque não o trouxeram mais cedo e directamente da Colombia. Chama-se Giovanni Moreno e já joga ao lado de Falcao na sua Selecção. Ontem marcou 2 golos.

- Ronaldo foi elogiado por Paulo Bento que destacou, para além do talento, a sua capacidade de liderança. Talvez seja um pormenor sem tanta importância, e talvez esteja a retirar conclusões precipitadas. Ainda assim, é vulgar vê-lo chamar a equipa toda para celebrar os seus golos, e isso não me parece estar descontextualizado da ideia passada pelo actual seleccionador.

- De Ronaldo para Ronaldo. No Brasil, o "fenómeno" teve mais um regresso que pude acompanhar na integra. Incrível como está gordo (ainda por cima dizem que perdeu 7 quilos!!). Incrível como, ainda assim, consegue ser tão perigoso antes e depois da bola lhe chegar aos pés. Incrível como não marcou neste jogo.

- Ainda no Brasil, provavelmente o jogo da semana. Falo do clássico entre São Paulo e Santos.

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14.10.10

Islândia - Portugal: Análise e números

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O jogo era de vitória obrigatória. Quer pelo momento, quer pela diferença de potencial. Confesso que não conheço a equipa islandesa nem a forma como se costuma apresentar, mas a verdade é que fiquei muito bem impressionado com o que fez. Dentro das suas óbvias limitações individuais, teve uma prestação que conseguiu criar muitas dificuldades a Portugal. Quer pela intensidade que colocou em cada lance, quer pela lucidez da sua estratégia. Face a isto, Portugal deu uma resposta que, sendo suficiente para valer e justificar os 3 pontos, não o foi para que ficasse a salvo de algum aperto. Em suma, não foi tão positivo como frente à Dinamarca, mas foi suficiente para manter o optimismo e reforçar a confiança que claramente tem vindo a ser recuperada.

Notas colectivas
Ter mais bola e dominar territorialmente não era um problema. A estratégia islandesa praticamente “ofereceu” esse privilégio a Portugal. O problema seguinte era clássico. Para que este não fosse um presente envenenado, Portugal teria de garantir 2 coisas. A primeira era a consequência da sua posse, já que em transição tornava-se praticamente impossível atacar. A segunda era o controlo sobre o outro lado da estratégia islandesa, as transições e bolas paradas. Portugal, pode dizer-se, não foi sempre muito competente nesse desafio.

Convém separar as 2 partes. Na primeira, e especialmente após o golo, houve alguma dificuldade em lidar com as primeiras bolas islandesas e concederam-se demasiadas situações de bola parada, quer em cantos, quer livres. Outro dado sintomático, são as perdas de bola, muito mais do que no seguríssimo jogo frente à Dinamarca. A boa notícia, porém, foi que, apesar destes problemas, Portugal conseguiu sair ao intervalo em vantagem, graças à sua mais valia individual.

Uma estatística importante para perceber a diferença no controlo que Portugal conseguiu ter entre a primeira e a segunda parte são os cantos. A Islândia teve 6 em todo o jogo, mas apenas 2 na segunda parte e ambos nos primeiros 20 minutos. Ou seja, depois de uma primeira parte algo intranquila, Portugal voltou bem mais lúcido, jogando com o resultado a favor e esperando pacientemente pela oportunidade de selar a vitória. E assim foi. Os islandeses ficaram progressivamente mais longe da baliza de Eduardo e os espaços foram aumentando com a fadiga. As transições passaram a ser possíveis, Portugal marcou mais uma vez e até podia tê-lo feito de novo. Algo que os islandeses, pelo que fizeram na primeira parte, também não mereciam.

Notas individuais Meireles – Já o havia elogiado no jogo frente à Dinamarca, pela cultura posicional que revelou. Desta vez, teve um jogo mais difícil, com mais situações de segundas bolas para disputar. Ainda assim voltou a ser muito importante do ponto de vista defensivo, aliando a este aspecto a não menos importante presença decisiva no jogo. É que, se a sua função passa sobretudo pelo trabalho de coordenação e equilíbrio, dá muito jeito ter alguém tão inspirado...

Carlos Martins – Julgo que o facto de ter sido o jogador com mais passes acertados, mesmo jogando menos tempo, será uma surpresa para a generalidade das pessoas. De facto, Martins teve uma influência assinalável e positiva em posse. O problema é que esse não é o único momento do jogo e para um médio da sua posição é preciso também ter mais utilidade nos momentos defensivos. Não é uma questão de atitude ou entrega, mas de cultura posicional. Continuo a achar Tiago um médio mais completo para a função.

Ronaldo – É sem dúvida a primeira grande conquista de Paulo Bento. Ronaldo fez mais um enorme jogo, útil em todos os momentos e apresentando-se como uma ameaça constante. No Mundial, lembro-me de referir que era impossível alguém rematar repetidamente de 35 metros sem ter instruções claras para isso e que era absurdo atribuir responsabilidades individuais a um jogador que tem o rendimento de Ronaldo em equipas diferentes e épocas sucessivas. Ora bem, a resposta começa a ser dada. Ronaldo voltou a ser um jogador - um grande jogador - e não uma tentativa frustrada de super-homem.

Hugo Almeida – Assinalável o esforço que fez para se manter dentro do jogo. Não é fácil dentro deste sistema e, como já tantas vezes escrevi, o problema da pouca participação está bem mais aí do que numa falta de rendimento individual.

Postiga – A ocasião que falhou, e ao contrário daquela que teve frente à Dinamarca, teve muito mérito do guarda redes. Postiga teve um impacto positivo no jogo, ainda que tivesse alinhado no período em que havia mais espaço para atacar, mas arriscou sair desta dupla experiência com o trauma da finalização de novo reforçado. É por isso que o golo que lhe foi oferecido tem uma importância especial. Se bem o percebo, quem mais poderá agradecer o brinde é mesmo Paulo Sérgio...



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10.10.10

Portugal - Dinamarca: Análise e números

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Já tinha manifestado o meu optimismo, mas não deixa de me espantar como tanto pode mudar em tão pouco tempo. Ontem já deixei aqui a opinião sobre a importância da lucidez colectiva e táctica, para o sucesso da estratégia da equipa. Muito passa por aí, de facto, mas há também do ponto de vista táctico alterações no comportamento colectivo que deverão marcar uma nova “era” da Selecção. Planeio trazer algumas imagens que deixarão claro o que Paulo Bento já mudou no comportamento colectivo, mas, para já, reforço apenas o meu optimismo inicial. Tanto quanto à possibilidade de estarmos no inicio de um “upgrade” qualitativo do jogo da Selecção, como em relação ao potencial excepcional deste conjunto de jogadores.

Notas colectivas
Em primeiro lugar, o grande elogio que tenho para fazer vai para a sobriedade da exibição. Não se trata de querer fazer muito ou tentar elevar os ritmos para patamares difíceis de sustentar. Trata-se, isso sim, de ter uma ideia clara do que se quer fazer, e de o fazer bem. Um plano colectivo para ganhar, onde mais do que “muito”, importa fazer “bem”. Portugal esteve sempre equilibrado em campo, nunca assumiu riscos em posse e teve apenas 1 perda a possibilitar transição, sendo que mesmo nesse caso o lance nunca esteve fora do controlo em termos de equilíbrio numérico. E se estes dados são já de si raros, mais crédito ganham quando se constata que a ausência de risco não comprometeu a qualidade da posse. É que 80% de aproveitamento em posse é igualmente um dado difícil de encontrar num jogo de futebol.

Se deste pragmatismo estratégico já tinha falado, convém também referenciar aquele que é o elemento colectivo mais significativo no jogo: o pressing. Lembro-me de várias vezes ter questionado o desempenho da Selecção neste que considero ser um pilar fundamental de qualquer equipa ambiciosa, e sempre me fez confusão a falta de resultados e qualidade que vislumbrava. Ora bem, desta vez – e com apenas algumas sessões de treino – Portugal teve no pressing um alicerce fundamental para o seu sucesso no jogo. Foram inúmeras as recuperações altas e... contaram as vezes que os dinamarqueses tiveram tempo e espaço para recorrer a futebol directo que no passado tantas vezes tememos frente a nórdicos?

Outro dado que teve também um acréscimo de qualidade neste jogo foi a circulação e posse. Portugal não começou por encontrar facilidade em “furar” por esta via, mas com os golos, surgiram as condições – emocionais e tácticas – para protagonizar alguns momentos já bastante bons. Sem pressa nem urgência de progredir, mas esperando pelo tempo certo para o fazer e apelando também a alguns triângulos sobre as alas. Uma dinâmica fundamental no 4-3-3, mas que tantas vezes faltou à Selecção no passado. Contaram o número de vezes que os extremos ficaram reduzidos à solução do drible, como tantas outras vezes aconteceu em anos anteriores?

É claro que para este rápido “upgrade” conta muito a qualidade individual. No futebol, como na vida, não há milagres. Em particular, é muito mais fácil jogar bem quando se junta aos nossos extremos laterais como Coentrão e João Pereira. É muito mais fácil manter equilíbrios e evitar perdas comprometedoras quando se tem Moutinho como médio de transição. É muito mais fácil cortar o primeiro passe de transição, quando se tem um jogador com a cultura posicional de Meireles. É muito mais fácil desequilibrar quando se tem, só... Nani e Ronaldo.

Notas individuais
Ricardo Carvalho – Foi pena o auto-golo, onde tem muito azar mas também alguma responsabilidade (repararam que mudamos para defesa-zona?). De resto, fez um grande jogo, sempre com uma intensidade enorme no jogo e uma presença impossível de ignorar.

Meireles – Moutinho foi quem mais deu nas vistas no meio campo, mas Meireles não teve menor importância. Aliás, merecia uma análise individual para salientar o tempo de pressing sobre o primeiro passe e o número de vezes que cortou a transição contrária pela raiz (às vezes em falta). Pensar que vem jogando nas costas de Torres no Liverpool e que, de repente, faz um jogo posicional com esta qualidade, só eleva ainda mais o seu mérito.

Moutinho – A confiança nota-se. Continua a ser um jogador intenso e tacticamente irrepreensível, mas agora o seu primeiro toque é melhor e a facilidade com que “salta” o pressing directo faz com que dê um perfume acrescido ao jogo. Falta-lhe o último terço. Só lhe falta isso, mas... ainda lhe falta isso.

Carlos Martins – Não fez um mau jogo, mas foi o elo mais fraco do meio campo. É uma solução, mas creio que lhe falta alguma cultura táctica para ter a utilidade dos outros 2 elementos que com ele jogaram no meio campo. Pela qualidade de Tiago, pessoalmente, acredito que o médio do Atlético seria uma solução melhor. Talvez não tão explosiva, mas globalmente melhor.

Ronaldo – Grande notícia o seu golo. Claramente procurava esse momento e perdia-se algumas vezes por isso. Talvez o golo lhe dê tranquilidade para engrenar de vez. De resto, é um jogador obviamente fantástico e que desequilibra tantas vezes que às vezes nos esquecemos. Vi o jogo uma primeira vez – no estádio – mas só depois de analisar melhor é que me apercebi concretamente do número de situações de golo em que esteve directamente envolvido.

Nani – Quando vejo os jogos do Man Utd, pergunto-me como é possível não ter melhor aproveitamento ofensivo na Selecção, tendo Nani. Ou melhor... também Nani. Está em grande forma e é um dos melhores extremos do futebol actual, como facilmente o mostrou.

Hugo Almeida – Não são exactamente iguais, mas quase que poderia recuperar alguns comentários que fiz a Falcao. É por isso que normalmente (nem todos os casos são assim) prefiro o losango. O triângulo recuado é análogo ao do 4-3-3, mas o triângulo ofensivo, no losango, não ignora tanto um recurso como tantas vezes vemos acontecer no 4-3-3. Hugo Almeida não jogou mal, mas jogou pouco.

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26.3.10

Outra vez... Falcao!

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- Não fosse este pequeno detalhe entre 4 paredes, e o destaque do dia iria, claro, para o golo de Ronaldo...

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10.12.09

A humildade de Ronaldo

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Falta-lhe humildade, teimam. Pois, no meu entender, Ronaldo tem na humildade a sua principal virtude. Não humildade social ou material. Humildade perante aquilo que mais importa para a sua carreira. Humildade perante o jogo, perante a bola. Pode ter chegado ao topo, mas comporta-se sempre como um aprendiz e parece estar sempre a querer melhorar. Há muito que superou os limites do provável, mas, à imagem daquele livre no Velodrome, nada é ainda impossível. Pelo menos se mantiver esta... humildade.

Há muito que lhe reconheço a atitude como uma das mais valias da sua carreira, mas confesso-me, ainda assim, surpreendido. Perante um desafio difícil e, ainda por cima, combinado com lesões perturbadoras, Ronaldo tem superado as expectativas em Madrid. De tal forma é assim que o seu impacto parece ser a única ameaça minimamente provável para o poderio do “Super-Barça”. Porque também se aproxima um mundial, a única coisa que lhe peço é para que não perca esta característica. Que continue sempre a querer mais. Ganhar e melhorar.
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9.12.09

Ballon d'or ou não...

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18.9.09

Ronaldo vs Zurique

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7.8.09

Antonio Valencia: as indicações do substituto

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Fica o meu "bitaite": Se a velocidade é a sua principal característica, vai ter de correr mesmo muito...

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22.7.09

A estreia de CR9

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9.7.09

A ascensão de Ronaldo: A bola e o sorriso

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Nascer com talento não é para todos. Ainda assim, ele há muito mais talentos do que qualquer um de nós pode conhecer. O desafio para cada um destes potenciais craques é saber tirar melhor partido das suas capacidades e, sobretudo, fazê-lo à medida que outras nuances vão aparecendo ao longo da vida. A maioria dos talentos que o futebol conhece acaba inevitavelmente por se perder e não ser capaz de atingir os patamares que o seu potencial permitiria. Ronaldo é, neste contexto, um dos mais evidentes casos de sucesso de um talento nato. Pode hoje estar bem mais na moda dizer mal do que bem do novo galáctico, mas nele continuo a ver inalterados os 2 aspectos que, combinados, julgo serem a explicação do nível a que chegou Ronaldo. E não me estou, obviamente, a referir a nenhuma das suas qualidades técnicas...


Paixão pela bola – O primeiro ponto tem a ver com a bola. Para mim, um craque só o é realmente se mantiver pela bola um fascínio permanente ao longo da vida. Frequentemente ouvimos treinadores referirem que os grandes jogadores são também aqueles que mais e melhor treinam e o motivo tem a ver com esta característica. Ou seja, fazem realmente o que mais gostam e por isso é-lhes mais fácil treinar e evoluir. Foi certamente quando outros estavam a descansar que craques como Maradona ou Ronaldinho desenvolveram alguns pormenores até então inéditos em contexto de jogo. Se há coisa que é frequente em entrevistas com Ronaldo é este brindar-nos com uma série de malabarismos com uma qualquer bola que esteja por perto (e há quase sempre!). Pode parecer um pormenor sem importância, mas diz muito...

O sorriso como arma – Todos já ouvimos alguém dizer que só beneficiamos em sorrir mais. Ora bem, sorrisos é o que continua a não a faltar a Ronaldo. De facto a atitude de Ronaldo diz muito sobre o seu carácter e ajuda muito a explicar o porquê da sua constante superação. Em vez de, como muitos, enfrentar as situações de pressão mediática de uma forma defensiva, ele prefere tentar conseguir alguma empatia, mostrando confiança e naturalidade . Esta é também a evidência de qual a sua forma de abordar os desafios profissionais, sempre de uma forma confiante e positiva.
Se Ronaldo souber manter estas 2 características, então, o céu é o limite!

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