sábado, 30 de novembro de 2024

Fará sentido económico o Trump cobrar tarifas sobre as importações?

A resposta só pode ser "Não faz qualquer sentido mas..."

A questão que vou discutir é o "mas...".


Os esquerdistas acham o comércio internacional mau mas estão errados.

Os esquerdistas acham que o comercio internacional destrói as economias mais fracas a tal ponto que, quando nas minhas aulas de introdução à economia em letras provei que estavam errados apresentando o caso limite em que entram bens a preço zero, roupa usada, numa economia pobre os nativos ficam a viver melhor, acabei acusado de ser racista e xenófobo.

Se duas economia estiveram fechadas e, de repente, abrirem as fronteiras, haverá necessidade de ajustar as economias e isso, no curto prazo, causa prejuízo nos sectores menos competitivos face à outra economia. No entanto, como o conceito de competitividade é relativa, o país que perde no sector menos competitivo vai ganhar mais do que proporcionalmente no sector em que é mais competitivo.

Este facto deve-se a David Ricardo, um dos mais brilhantes economistas da história da humanidade e que era português mas que em Portugal ninguém se lembra disso porque era judeu.

Sim, os portugueses são do mais anti-semita que existe no mundo, mais do que os iranianos, porque é algo entranhado no povo sem necessidade de patrocínio do Estado.


Então, só podemos concluir que as tarifas sobre os bens importados é mau para as pessoas.

Como regra, qualquer tarifa sobre os bens importados ou subsídio sobre os bens exportados é mau para o nível de vida das pessoas porque não permite que a economia se especialize nas actividades em que as pessoas são, em termos relativos, mais produtivas.


O caso concreto dos Estados Unidos da América.

Os USA estão com um grave problema de défice das contas públicas!!!!!!!!!!!!!!!

Estão com uma dívida pública de 125% do PIB e vão fechar 2024 com um défice público próximo dos 7% do PIB.

O Trump tem de controlar a coisa e só existem duas formas de o fazer, subir impostos ou cortar nas despesas.


Quais os impostos que o Trump pode subir?

O IVA, o IRS, o IRC ou as tarifas sobre as importações.

Sendo que cobrar impostos é a "arte de arrancar as penas sem o ganso grasnar muito", as tarifas é a melhor forma de, no curto prazo, corrigir o défice das contas públicas sem o povo dar conta.

O povo pensa mesmo que as tarifas vão ajudar a economia americana a crescer ainda mais.


OS USA têm défice nas contas com o exterior.

O défice nas contas com o exterior mede-se dividindo o total exportado pelo total importado. Um país equilibrado deve ter este rácio próximo de 100%. Acontece que nos USA esse equilíbrio já não se observa desde os anos 1970 e tem estado numa trajectória de constante degradação. Neste momento, por cada 100€ importados pelos USA, apenas são exportados 70€ o que se traduz num endividamento face ao exterior cada vez maior.

Em termos simples, se os USA aplicarem 10% às importações, vai ter 10€ de receita fiscal mas se os países visados responderem com os mesmos 10% só vão ter 7€ de receita fiscal para fazer face às tarifas americanas, havendo um "lucro" para o Trump de 3€.

fig. 1 - Evolução do grau de cobertura das importações pelas exportações.


Está na hora de avaliar o "mas..."

As tarifas sobre as importações vão ser uma coisa má para os americanos mas serão ainda piores para os países porque os USA importam mais do que exportam.

Tenho a certeza que o Trump teria perdido as eleições se prometesse subir o IRS, o IVA ou o IRS porque estes impostos têm um impacto negativo no ganso. No entanto, o aumento das tarifas vai permitir corrigir as contas públicas e o défice externo e teve impacto positivo na votação.

O mais certo é os países exportadores para o USA tentarem uma política de desanuviamento, tentando apaziguar o ímpeto do Trump.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

O Estado financiar um "chatGPT português" é uma parolada que só serve para dar dinheiro a amigos do PSD.

O problema de Portugal é o Estado ir sempre a reboque das modas.

O povo português gosta de viver na mentira da grandiosidade. Se exageramos a história mais exageramos o nosso futuro potencial. 

Sines vai ser o porto mais importante da Europa, o Aeroporto de Lisboa vai movimentar mais passageiros  do que o Aeroporto de Paris, o TGV vai transportar mais de 100 mil pessoas por dia entre Lisboa, Porto e Madrid. 

Nessa loucura colectiva, quem não se lembra da declaração do Galamba de que Portugal vai ser o grande fornecedor de "hidrogénio verde" para a Europa e que levou  à entrega de milhões e milhões aos amigos do PS e dos quais só resultou em prejuízo para o contribuinte (Fusion Fuel insolvência)?

Outra loucura é a dessalinização de água para o Algarve que é uma tecnologia caríssima, pelo menos 10 vezes mais caro em comparação com a construção de barragens e o uso de água do Alqueva?

Apesar de, considerando os 25 anos desde que entramos no euro, o crescimento médio da economia ser de 1,9%/ano, não faltam anúncios de que, com as "novas políticas", vamos quadruplicar esta taxa dos últimos 25 anos passando a crescer acima dos 3,5%/ano.

Fig. 1 - Evolução do PIB português, valores trimestrais a preços constantes de 2021 (dados, INE)

Os parolos que agora controlam o Estado vão "fazer o chatGPT português".

Uns parolos, onde se incluía o reitor da universidade do porto, tudo com letra pequena pois os parolos não merecem mais, fizeram uma reunião em Macau para defender o uso da língua portuguesa na universidade de Macau.

O problema é que o parolo reitor parece que se esqueceu que já praticamente não se ensina em português nos cursos de mestrado da universidade do porto. Com a ideia parola da "internacionalização", os brasileiros têm de assistir as aulas ministradas em inglês!!!!!!!!!!!!!!!


Ninguém avaliou a vantagem para Portugal de ter alunos estrangeiros nas universidade públicas!

Qual a vantagem de ter alunos estrangeiros, que entram com notas muito inferiores às dos portugueses, a frequentar as nossas universidades?

As universidade privadas, tudo bem, é um negócio financiado pelos alunos e têm no mercado internacional uma oportunidade de realizar "vendas". As universidades públicas são financiadas pelos nossos impostos, não faz qualquer sentido estar a financiar pessoas dos outros países.

Mesmo que os estrangeiros paguem um pouco mais de propinas, esses lugares, com essas propinas, têm de ser disponibilizadas aos portugueses em condições de igualdade.

Artigo 13.º (Princípio da igualdade) 1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual (CRP).


Vamos agora à parolada do "chatGPT" português (chat_amália).

O chatGPT tem por base um modelo de tratamento de dados. Eu escrevi um texto sobre esse modelo mas é muito complexo para o apresentar aqui na sua globalidade, desculpem, mas vou dar apenas uma pequena ideia usando um modelo antigo e pouco poderoso.

Pegando num conjunto grande de textos, começo por dividir todas as frases em sequências de 6 palavras (6 é um número exemplificativo). Por exemplo, decomponho a primeira frase do parágrafo anterior em 7 sequências de palavras:

1) O chatGPT tem por base um 

2) chatGPT tem por base um modelo

3) tem por base um modelo de

4) por base um modelo de tratamento

5) base um modelo de tratamento de

6) um modelo de tratamento de dados

7) modelo de tratamento de dados.

Depois, com milhões e milhões de sequências, vou construir uma tabela com todas as sequências que têm as primeiras 5 palavras iguais como a "origem" (é o contexto) e a última palavra como a "seguinte" (é o texto gerado). A tabela vai ter todas as alternativas possíveis, com uma frequência relativa associada a cada uma das alternativas.

Fig. 2 - A aprendizagem do modelo traduz-se na construção de uma tabela com todos os casos possíveis

Agora, quando escrevermos "Quando fui à praia pensei que não há nada como o", o algoritmo vai propor "amor" como a palavra seguinte (por ser a mais frequente nos textos usados na aprendizagem).

O chatGPT é um modelo muito mais sofisticado e que usa um contexto muito grande, talvez 4000 palavras, para prever cada uma das palavras seguintes. Além disso, não usa as palavras directamente mas uma "transformação" (no chatGPT, PT quer dizer Pre-Training Transformer).


Não é possível fazer um "chatGPT" português.

Para treinar o modelo, isto é, para construir a "tabela", são necessários milhões e milhões de textos o que demora muito tempo e é um trabalho repetido, isto é, se a chatGPT já gastou milhares de milhões de euros, sim, milhares de milhões de euros e não os 20 ou 30 milhões que falam os parolos, para aprender todos os textos disponíveis na internet, será uma perda de tempo e de dinheiro voltar a aprende-los, fica muito mais barato usar o que a chatGPT.

É equivalente ao Irão estar a gastar milhares de milhões no desenvolvimento da tecnologia nuclear que já foram gastos pelos países ocidentais (ficaria muito mais barato o Irão usar gás natural ou mesmo comprar uma central nuclear à França).

Também, muitos dos textos são privados, havendo necessidade de pagar direitos de autor. O chatGPT já negociou o acesso a esses documentos, sendo muito difícil fazer contratos com todas as partes que têm direitos de autor.

Finalmente, muito conhecimento está escrito em línguas estrangeiras pelo que não é possível um modelo em português ter acesso a esse conhecimento. A chatGPT tem um modelo de tradução entre línguas altamente potente, capaz de "ler" e "escrever" de forma perfeita nas mais diversas línguas do mundo.


Será que o chatGPT escreve mal em "Português de Portugal"?

Não, escreve de forma perfeita. Se pedirmos "Guarda na memória que quero textos em português de Portugal", a partir daí, sai um perfeito "português de Portugal".

Se disser, "Guarda na memória que quero textos em ucraniano", sai ucraniano perfeito!


Para quê essa parolada do "português de Portugal" e da "informação correcta"?

Isso é apenas para dar 20 ou 30 milhões de euros aos amigos do PSD que mais não vão fazer do que uma interface ao chatGPT usando a API.

Não será isto também o sonho de todos os ditadores? Controlar a "verdade", excluindo dela todos os que pensam de forma diferente? Interessante que no meu processo, o parolo do reitor começa por dizer "a universidade do porto defende a liberdade de expressão e diversidade de pensamento" mas borra logo a pintura com a palavra que vem a seguir "mas".

A liberdade de expressão e de pensamento é termos de ouvir o que não concordamos e mesmo aquilo que temos a certeza de estar errado pois o passado demonstra que parte do que o poder achou errado, executando pensadores de forma cruel, acabou por se afirmar como o verdadeiro. Nem tudo que se afirmou no passado se afirmou como verdadeiro mas, mesmo que tenha sido pouco, mostra ser provável que o que os poderosos de hoje assumem como a verdade pode estar errado.

Os parolos decidem os textos que vão ser aprendidos e, depois, os amigos do PSD carregam esses textos no chatGPT pagando por palavras introduzida e palavras resultantes.

Fig.3 - O chatGPT tem um precário para quem pretende "acrescentar" informação privada ao modelo. Em média, cada palavra são cerca de dois tokens.

Quando faz sentido "comprar" aprendizagem do chatGPT?

Quando uma empresa tem informação privada e que não quer disponibilizar para consulta geral e em que a informação não interessa a quase ninguém.

1) Quando uma empresa desenha um novo processador, para reduzir custos e aumentar a produtividade, tenta usar partes já desenhadas nos processadores mais antigos. Estas partes comportam-se como se fossem "tijolos" que vão ser combinados de forma diferente para fazer a "nova construção". Como interessa que os "tijolos" sejam mantidos secretos, a empresa precisa construir um sistema pericial que aprenda com os desenhos dos processadores anteriores mas que a informação se mantenha dentro da empresa.

2) Uma empresa que monta computadores faz combinações personalizadas de componentes, diferentes disco, memória, processador, placa-gráfica, sistema operativo, software, etc. e precisa comunicar as características particulares de cada componente e o preço a pedido de cada cliente potencial. Esta informação está em documentação privada e não interessa a quase ninguém sendo necessário "mastigar" toda essa informação de forma a construir um call-center que responda de forma automática aos pedidos.

3) Uma sociedade de advogados tem uma base de dados com todas as acções que patrocinou (e que é informação confidencial) e pretende, quando tem um novo caso, construir o articulado recuperando parte do trabalho já feito nas acções que estão na base de dados e cujo resultado foi favorável.

4) Um hospital tem uma base de dados clínicos de todos os doentes que, no passado, foram admitidos e tratados. Esta informação é confidencial e o hospital pretende usar a informação para construir um sistema automático de triagem que, de forma automática, atribua um nível de gravidade a cada novo paciente.


O que faria sentido?

Ensinar as pessoas a usar os modelos que existem no sentido de criarem mais valor.

Mas para isso é preciso redesenhar todo o conteúdo programático das escolas, de cima a baixo, e isso vai contrariar a estagnação que existe nas mentes dos mandantes.

O mais fácil e cómodo para quem manda é proibir sobre o argumento de que "essas coisas só dizem mentiras", fakenews.


Mas será que a verdade existe?

Todos queremos a creditar que a Verdade é o que é verdadeiro e, logo, existe em absoluto.

Mas a verdade no concreto não é  colecção dos factos, vai para além disso porque os factos observados são apenas uma amostra da realidade (quantas estrelas haverá no universo?). 

A verdade tem de ser compatível com os factos mas é uma construção, organização, codificação que é feita no cérebro, com ligações entre neurónios, que abarca os factos da amostra mas que também é uma generalização que abarca o que vai existir fora do observado seja no futuro em em locais distantes.

Todos aceitamos que a Lei da Gravidade observada na Terra se aplica a todo o Universo, mesmo à parte que não é observável.

Como a codificação não existe sem informação prévia (uma criança apenas compreende a língua de quem a rodeia), a verdade vai ser diferente para cada indivíduo.


Vejamos um exemplo gráfico.

Existe o ponto 0 que foi construído pelo cérebro usando toda a história vivida e pensada pelo indivíduo. Como a história dos indivíduos é diferente, este ponto também é diferente de indivíduo para indivíduo.

Depois, existem 3 pontos que são observados por toda a gente e que traduzem o que existe e é observável, é a Natureza de hoje, a realidade (pontos vermelhos). 

Por causa de os indivíduos terem a priori diferentes, apesar de ambas as verdades serem capazes de abarcar os factos observados, a verdade enquanto construção que explica a natureza na sua globalidade, isto é, o ponto 4, é diferente para indivíduos diferentes.

Fig.4 - Representação algébrica da verdade enquanto uma construção sempre compatível com a realidade mas diferente porque usa um a priori que traduz a história de cada indivíduo.


Verdade 1 = 5 - 4.167x + x^2 + 0.167x^3 
Verdade 2 = 0 + 5x - 4x^2 + x^3

Será a verdade absoluta aquela que é construída sem a priori?

Pois seria se fosse possível de ser construída.

E ainda há o problema do Princípio da Incerteza: quem observa altera o observado.


Vemos as diferentes verdades quando explicamos coisas complexas.

Quando, enquanto professores, estamos a expor um certo conteúdo pedagógico, na nossa mente pensamos que os cérebros dos alunos estão a construir uma verdade semelhante à nossa. Acontece que quando damos um exemplo numéricos para os alunos resolverem, o resultado vai ser diferente porque a sua verdade é diferente da verdade do professor.

A diferentes verdades de cada aluno é compatível com a explicação mas dá resultados diferentes quando aplicadas ao exemplo.


Vou acabar com uma anedota ilustrativa (a rã está bem porque isto é apenas uma anedota).

Um cientista pegou numa rã e gritou "Salta para a água" e a rã saltou.

O cientista cortou as patas à rã e voltou a gritar "Salta para a água" e a rã não saltou.

O cientista repetiu a experiência 30 vezes e, com os resultados empíricos, escreveu uma comunicação que foi apresentar a uma conferência. O título da comunicação era "Afinal, as rãs ouvem pelas patas".

Fig. 5 - "Salta para a água" e a rã não saltou :-) 


terça-feira, 12 de novembro de 2024

As sondagens americanas falharam - Como se avaliam sondagens?

Tenho as sondagens e os resultados e agora vou comparar as coisas.

É normal ouvir dizer que a estatística não é uma ciência exacta mas, mesmo que só dê probabilidades, os seus resultados podem ser avaliados. 

Claro que um aluno que fez uma cadeira de estatística não ficou com ferramentas conceptuais que o tornem capaz de fazer esta avaliação, limitação que não se coloca a mim :-)



Tenho que desenhar a experiência estatística.

Começo por identificar H0 e, por oposição, H1.

    H0: As sondagens foram retiradas da população (que são os resultados);

    H1: As sondagens não foram retiradas da população (estavam erradas).

Depois, repito a experiência.

O resultado deu 0,00% de probabilidade de se observar H0, isto é, de as amostras na sua globabilidade estarem correctas.


Código R utilizado.

dados <- data.frame(

  Estado = c("Arizona","Georgia","North Carolina","Pensilvania","Nevada","Wisconsin","Michigan"),

  Respostas = c(34311, 37616, 38732, 57342, 60630, 19176,43634),

  Harris = c(0.4666, 0.4851, 0.4780, 0.4856, 0.4748, 0.4897, 0.4848),

  Trump = c(0.5230, 0.5072, 0.5117, 0.5048, 0.5061, 0.4984, 0.4986),

  Outros = c(0.0104, 0.0077, 0.0103, 0.0096, 0.0192, 0.0119, 0.0166),

  dif_sond=c(0.0190,0.0127,0.0112,0.0010,-0.0001,-0.0021,-0.0047)

  )



# Função para realizar o sorteio e calcular a soma dos deputados de quem ganhar em cada estado

simula_votos <- function(dados) {

   #Avalia se poderiam sair sondagens iguais ou piores que as publicadas 

   avalia=TRUE

   # Percorre os 7 estados

   for (i in 1:nrow(dados)) {

      # Sorteia amostras dos resultados para Harris, Trump e Outros

      votos= sample(c(1,2,3), dados$Respostas[i], replace = TRUE, prob = c(dados$Harris[i],dados$Trump[i],dados$Outros[i]))

      votos = table(votos)

      # diferença na amostra sorteada

      def_TH = (votos[2]-votos[1])/dados$Respostas[i]

      avalia = (avalia) & (def_TH <=  dados$dif_sond[i])

      }

    if(avalia) 1 else 0

    }



niter=10000

avalia=rep(0,niter)

for (i in 1:niter){

    avalia[i]=simula_votos(dados)

    print(i)    

    }

mean(avalia)










quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Os sábios catedráticos de economia erram porque usam como verdadeiras teorias que estão erradas.

Em 1929 houve uma crise económica muito grave, a Grande Depressão.

Hoje, quem sabe economia sabe que a grande depressão foi uma pequena crise económica que foi amplificada por o modelo de controlo do sistema monetário não ser adequado (na altura, a política monetária era manter  fixa a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central"). No então, um país "bem governado" só poderia aumentar a quantidade de moeda em circulação se o banco central adquirisse ouro para funcionar como contra-valor das notas. 

Só posteriormente, com Muth (1961) e  Phelps (1968), é que se compreendeu verdadeiramente que a quantidade de moeda em circulação contabilisticamente "fora do banco central", tem de aumentar durante as crises de forma a manter a quantidade de moeda a circular na economia constante conseguindo-se assim a estabilidade dos preços.

A estabilidade dos preços é fundamental para "estancar" a crise porque há uma dificuldade em ajustar os salários nominais, em termos de euros, para baixo (aquilo que tentou o Passos Coelho).


Vejamos o mecanismo de amplificação que aconteceu em 1929.

1 = Quando há uma crise económica motivada por um choque adverso na produção (por exemplo, uma seca, um cataclismo natural ou uma guerra), há menos produção.

2 = Se há menos produção, as pessoas têm de consumir menos.

Se tenho duas garrafas de vinho e uma parte-se, tenho de beber metade. 

Se no ano passado comi 4 maçãs por dia porque a minha árvore deu 1460 maçãs, se este ano só deu 1095 maçãs, só posso comer 3 por dia.

Esta é uma verdade irrefutável mas, na opinião dos sábios catedráticos de economia, apenas em quem não sabe nada de economia. 

3 = Para as pessoas consumirem menos, há duas possibilidades:

     3.1 = O poder de compra dos salários vai diminuir (o que levou a cabo o Passos Coelho). 

     3.2 = A taxa de juro vai subir (o que aconteceu no mercado). 


Deixar a taxa de juro subir é errado porque destrói o investimento.

Ao subir a taxa de juro, diminui o investimento o que traduz que as pessoas estão disponíveis para consumir o capital. Mas isso destrói a capacidade produtiva do ano seguiste.

Se um agricultor precisa guardar 100 kg de sementes para a safra seguinte, havendo um ano de seca, tem de dar prioridade a guardar os 100 kg de sementes mesmo que para isso, nesse ano passe fome de cão.


Quando há uma crise, aumenta o receio das pessoas.

A generalidade das pessoa vê a moeda como um activo real, tal e qual como se fossem bens. Então, quando há uma crise:

4 = As pessoas, à cautela, guardam mais dinheiro, notas, do que é normal.

5 = Ao guardarem moeda, apesar de a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central" ser a mesma (e dependente da quantidade de ouro em reserva), passa a haver menos quantidade de moeda em circulação na economia (parte da moeda está parada no colchão).

6 = Se a quantidade de moeda a circular na economia diminui, então, a moeda fica mais valiosa o que é a mesma coisa que dizer que os preços dos bens e serviços vai diminuir, é a deflação.


O problema da deflação é que os salários não diminuem em termos nominais.

As pessoas refilam, fazem manifestações, greves e incendeiam carros.

Se os preços diminuem e se os salários se mantêm, então:

7 = O poder de compra dos salários aumenta durante as crises!!!!!!!!!!!!!

Mas durante a crise as pessoas têm de consumir menos porque há menos produção!!!!!!!

aumentar o poder de compra dos salários vai contra o que é necessário para estabilizar a economia.

 

Agora vem a multiplicação da crise.

Se o poder de compra dos salários aumenta e os preços diminuem, então:

8 = As empresas vão à falência o que leva a despedimentos, ainda menos produção, mais queda de preços e maior amplificação da crise até à destruição total.


O que sabemos hoje.

O Banco Central tem de manter a estabilidade de preços, custe o que custar porque não é possível descer os salários em termos nominais e subir a taxa de juro é destrutivo da economia. 

Sabemos também que, se for entendido pelas pessoas que o governador do banco central tem a mais pequena dúvida quanto a controlar a inflação, esta dispara imediatamente para níveis estratosféricos.

Como exemplo, na figura seguinte mostro a taxa de inflação implícita no PIB para a Argentina onde se observa que, em 2000, a taxa começa a subir lentamente de cerca de 10%/ano até que atinge 50%/ano em 2020 e, depois, dispara atingindo um máximo mensal de 1430%/ano em Dezembro de 2023.

Em 10 de Dezembro Javier Milei entra para presidente da Argentina e, mantendo a quantidade de moeda controlada, em Setembro de 2024 a inflação já só foi de 51%/ano.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação na Argentina, 2000-2023


Mas vamos à ignorância dos sábios catedráticos de economia.

Naturalmente que diziam que o Milei era um doido varrido e que ia destruir a Argentina.
a Economia tem algumas "leis na natureza" sendo a primeira:

A) Quanto maior o rendimento, maior o consumo.
Podemos, em termos empíricos, dizer que uma percentagem elevada do rendimento das pessoas vai para o consumo e outra percentagem, menor, vai para poupança. Por exemplo, 
      Consumo = Rendimento * 80% 
      Poupança = Rendimento * 20%
Se considerarmos toda a economia, o rendimento é o PIB subtraído da depreciação do capital (vou-lhe chamar PIL-produto itnerno líquido).
      Consumo = PIL * 80% 
      Poupança = PIL*20%


Erro. Mais consumo não leva a mais rendimento.
Na expressão da "lei da natureza" tenho uma igualdade mas, de facto, é uma implicação já que não pode ser invertida.
Isto é, se aumentarmos o rendimento, implica que vamos aumentar o consumo mas tal não garante que aumentando o consumo vamos aumentar o rendimento.
Pois o primeiro erro é dizer que se o consumo aumentar, o PIB também aumenta segundo um multiplicador:
      PIL = Consumo * 125%


Vejamos o que seriam erros semelhantes:
Ninguém no seu juízo perfeito incorre nos erros seguintes mas, sábios, incorrem no erro anterior que é em tudo semelhante.

Quando a temperatura está elevada,há mais pessoas na praia. Mas irem mais pessoas à praia não faz com que a temperatura aumente.

Quando um bem está com desconto de 50%, mais pessoas se juntam para o comprar. Mas se se juntarem muitas pessoas para comprar um bem, tal não faz com que o preço desça para metade.

Um jogador de futebol muito bom, tem um salário elevado. Mas aumentar o salário de um jogador com "dois pés esquerdos" não faz com que este passe a ser um jogador muito bom.


Este erro tem implicações catastróficas.
O consumo mais a poupança é sempre igual ao rendimento, não há volta a dar a esta igualdade.
Ao dizer que o rendimento é o consumo vezes um multiplicador, algebricamente, esquecem-se desta lei da natureza económica e começam a teorizar fora da realidade.


1) É possível aumentar a despesa pública e diminuir os impostos.

2) É possível aumentar o investimento e aumentar o consumo.

3) É possível aumentar os salários e aumentar os lucros.


A decisão de investir depende do lucro e não dos impostos.
De nada interessa descer o IRC se se aumenta artificialmente o salário mínimo nacional.
Não interessa descer o IRS se se aumenta o imposto sobre os combustíveis.
Será que ninguém vê isto?
Será que em Portugal ninguém sabe economia?
Se calhar não.






 

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TRUMP GANHOU. Agora, a Nato-Europa tem de duplicar a sua despesa militar.

Os Estados Unidos da América gastam uma enormidade de dinheiro para garantir a nossa defesa.

Fui buscar umas estatísticas à Wikipédia e os USA gastam 3.36% do PIB em despesa militar. Não sei se isto é muito ou pouco, é apenas uma percentagem do PIB.

Por comparação, na Europa Ocidental gastamos 1.74% do PIB, praticamente metade do que gastam os americanos.

Claro que os europeus habituaram-se a ter defesa a preço de saldo, choram por causa dos 2% quando os americanos gastam 3.36% do PIB.

No caso português, o Orçamento de Estado para 2015 prevês uma despesa militar de 3065 M€ que representa pouco mais de 1% do PIB tendo então, para acompanhar a despesa americana, de triplicar para 9700 M€.

Lá se vai o excedente de 1000 M€ e ainda é preciso ir buscar mais 5600 M€ a um sítio qualquer para manter as contas públicas equilibradas.

Todos queremos mamar na vaca do vizinho mas não pode ser

A maioria dos europeus comporta-se como uma criança mimada que quer tudo e mais alguma coisa e quem quiser que pague a factura.

Como os americanos pagam grande parte da defesa europeia e, alegadamente, os Democratas iriam continuar com isso, os europeus preferiam que tivesse ganho a Kamala.

Mas temos de ser sérios e temos de gastar mais, muito mais, na defesa contra o Putim.

Quando o Trump avisou os europeus "Não comprem gás aos Russos pois isso fortalece o Putin e obriga os americanos a gastar mais em defesa."

Os esquerdistas europeus gritaram "O Trump quer vender gás à Europa, os russos é que são nos nossos amigos."

E agora, a criança mimada quer que sejam os americanos a pagar os estragos que a política de os europeus comprarem gás à Rússia fez na Europa?

Diz o povo que "Quem não chora, não mama" mas parece-me que não faz sentido.

País = Despesa militar: 

Poland = 3,8%;  Greece = 3,2%; Estonia = 2,9%; Lituania = 2,6%;  Finland = 2,4%;  United Kingdom = 2,3%; Letonia = 2,3%;  France = 2,1%;  Denmark = 2,0%; Hungria = 2,0%; Chipre = 1,8%; Montenegro = 1,8%; Macedónia = 1,7%; Bulgaria = 1,6%;  Italy = 1,6%;  Norway = 1,6%;  Romania = 1,6%; Czeq = 1,5%;  Germany = 1,5%;  Netherlands = 1,5%;  Spain = 1,5%;  Sweden = 1,5%;  Turkey = 1,5%; Croacia = 1,4%; Luxemburgo = 1,3%;  Belgium = 1,2%; Portugal = 1,0%; Austria = 0,8%;  Switzerland = 0,7%; Malta = 0,4%; Irlanda = 0,2%; Islandia = 0,1%

(Dados, Wikipédia e SIPR, 2023)

Média ponderada dos valores europeus


Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code