terça-feira, 26 de setembro de 2023

É um erro subsidiar a compra de bicicletas e trotinetes eléctricas

Braga vai gastar 100 mil € em bicicletas.

Não li em pormenor o programa mas parece-me que vão comprar 20 bicicletas para uso partilhado e ainda dar uns subsídios à compra particular.

Também o fundo Ambiental tem, para 2023, 3,5 milhões € em subsídios à compra de veículos com pedais.

Isto é um erro porque a razão para as pessoas andarem de carro não é a falta de dinheiro para comprar uma bicicleta.


Em 1902, Theodore Roosevelt perguntou a Henry Ford...

O que pode fazer o Presidente dos Estados Unidos da América para fazer crescer a indústria automóvel?

Se fosse um português, com certeza que diria, "Tem de isentar os automóveis de IVA e dar subsídios para que as famílias comprem automóveis" mas Henry Ford disse:

"Façam estradas com piso duro e sem buracos."


Muitas tecnologias privadas só vingam se houver infraestruturas públicas.

É aqui que o Estado tem de aplicar os recursos que obtém dos impostos, nas infraestruturas públicas que o privado não consegue produzir.

O privado pode comprar uma bicicleta ou trotinete eléctrica mas não pode fazer estradas com piso duro, sem buracos nem rachadela.


Braga tem vias rápidas e túneis (para os carros) e ruas empedradas (para os outros).

Ninguém pode usar, mesmo que já a tenha, uma bicicleta ou trotinete em Braga porque é perigoso andar nos túneis e impossível andar no empedrado.


Vou dar as minhas ideias sobre as pistas para bicicletas e trotinetes.

Em pelo menos 99,9% das ciclovias, circulam menos de 100 velocípedes por hora (a 20km/h, em média há mais de 200 metros entre cada dois velocípedes).  

Neste caso, a ciclovia deve ser partilhada com os automóveis mas dando prioridade aos velocípedes. Começava por criar um sinal de trânsito que o identificava.

Criava este sinal de trânsito

Enquanto houver menos de 250 velocípedes / horas, metia a ciclovia junto dos automóveis.

Fazer uma ciclovia quando quase ninguém anda de velocípede tem como lógica "é preciso criar hábitos"  mas é contraproducente porque:
1) Não vai ter manutenção, tornando-se rapidamente intransitável e obrigando os ciclistas a usar a rua partilhada com os automóveis.
2) Quando diminui o espaço disponível para os automóveis, cria atritos e inimizades que se propagam para as outras ruas e cruzamentos (partilhados).

O importante é desenvolver nos automobilistas o respeito pelos ciclistas, vincando que:
1) Vai ali uma pessoa frágil, se cair terá um ferimento grave.
2) Cada ciclista é um carro a menos na estrada.
3) Se não respeitar os velocípedes, esta rua vai ficar cortada ao trânsito automóvel ou a velocidade reduzida.

A parte dos carros pode ser empedrado mas a ciclovia tem de ter piso liso e ter manutenção cuidada. Não pode ter buracos, fracturas nem ondulação.
A sarjetas têm de ser desviadas para o centro da via ou para o estacionamento (não podem ficar na ciclovia).


terça-feira, 12 de setembro de 2023

Baixar os impostos é um erro, temos é de baixar a despesa pública

Da extrema esquerda à extrema direita, todos defendem a diminuição dos impostos.

Todos sabem que odeio o António Costa pelo que diz, desonestamente, sobre o trabalho do Passos Coelho. Mas, actualmente, parece que é o único que ainda tem um bocadinho, poucochinho, de tino.

Da esquerda à direita, ao mesmo tempo que defendem a diminuição dos impostos, defendem o aumento da despesa pública (em mais salários, mais funcionários públicos, mais serviços, mais comboios, mais TGVs, mais TAPs, mais EFACECs, whatever) 

Também defendem a diminuição dos preços e o aumento dos custos (mais salários, mais direitos, mais dias de férias, mais compatibilização com a vida familiar, whatever).

Isto é apenas populismo, não bate a bota com a perdigota porque os impostos têm de andar no mesmo sentido que a despesa pública.

Se não se reduz a despesa pública, não se podem reduzir os impostos.

Será que só há mentecaptos na cena política portuguesa?


Não há evidência que indique que diminuir os impostos melhora a economia.

É apelativo e parece fazer sentido que baixando os impostos, as pessoas ficam a viver melhor. O pior é que os impostos são quem paga a despesa pública e não havendo impostos, não há como pagar a despesa pública.

Comparando com a vida de cada um, os impostos funcionam para o governo como os salários que pagam as nossas despesas. Se o nosso salário diminuir, deixamos de ter como pagar as despesas (ou vai para calote).


Fui ver os dados.

Peguei nos dados do Banco Mundial para os 20 anos entre 2002 e 2021 e calculei a variação da década 2002-2011 para a década 2012-2011 da despesa pública, dos impostos e do PIB per capita.

Consegui 128 países onde vive 61% da população mundial.

Usando WOLS obtive a seguinte estimativa:

    Crescimento = 0,45 - 0.04 Despesa_Pública + 0.02 Impostos

Isto traduz que, em média, se a despesa pública DIMINUIR em 1 ponto percentual do PIB, o crescimento económico AUMENTA 0.04 pontos percentuais em 10 anos.

Se os impostos AUMENTAREM em 1 ponto percentual do PIB, o crescimento económico AUMENTA 0.02 pontos percentuais em 10 anos.

Isto não é nada, 4% ou 2% a mais ou a menos em 10 anos numa média de 42%, mas o sinal é contrário ao que apregoam os "especialistas da TV".

Tanto dá, não é por mexer no total dos impostos e da despesa pública que um país se vai desenvolver.


Não pode ser!!!!!!! Os dados só podem estar errados.

Não pode ser mas é. Os países que, entre a década de 2002-2011 e a década de 2012-2021 diminuíram a despesa pública e aumentaram os impostos tiveram maior crescimento económico (um poucochinho) do que os outros.

Isto é exactamente o contrário do que os nossos partidos querem fazer!!!!! 

Anunciam que aumentando a despesa e diminuir os impostos, Portugal se vai tornar o país mais desenvolvido do Mundo.

Só podem estar malucos.


Isto tem a ver com o défice público ser veneno puro para a economia.

Quando aumenta a despesa ou diminuem os impostos, a diferença é o défice que vai para dívida.

O défice público dá, no curto prazo, a sensação de que estamos a viver melhor mas essa melhoria é feita a crédito que, mais tarde, é preciso pagar com juros.

É como meter as despesas para o "visa". No momento sabe bem aos mentecaptos mas, depois, vai ser um sufoco pagar não só a dívida como os juros.


Portugal tem uma dívida pública astronómica e é agora que tem oportunidade a amortizar.

Portugal deve actualmente  (dados de 31 de Julho de 2023 do Banco de Portugal) 281 mil milhões de euros e mais de metade desta dívida foi feita pelo Sócrates em 5 anos (entre 2008 e 2012).

Desde a intervenção da Troika, a dívida pública aumentou a uma média de 6 mil milhões de euros por ano.

Em termos relativos, em 1999, a nossa dívida pública era 55% do PIB, em 2006-2007 estava em 73% do PIB e em 2020 atingiu o recorde de 135% do PIB.

Esta dívida não é boa para a economia porque retira capital às empresas. Com o governo a pedir todos os anos 6000 milhões de euros, as empresas não conseguem arranjar financiamento. 

Fig. 1 - Evolução da Dívida Pública Portuguesa (dados, Banco de Portugal, M€)


Agora que a receita fiscal aumentou e a despesa pública está mais ou menos controlada, e não se veêm manifestações a pedir a diminuição dos impostos, está na hora de amortizar a dívida pública para, quando vier a próxima crise, o governo poder acomodar a normal descida dos impostos (em IVA, ISP, TSU) e aumento da despesa (em subsídios de desemprego, RSI).


Os partidos da oposição de direita têm de estudar onde se pode cortar a despesa pública.

Não é, como uns, dizer que os impostos das empresas são muito altos e, depois, querer combater a evasão fiscal. Se não fosse a evasão fiscal os impostos sobre as empresas ainda seriam maiores!!!!!!!!!

O que é preciso é cortar na despesa pública, acabar com os TGVs, as TAPs, as CARRISes e STCPs, reduzir a despesa por aluno na escola pública (sim, cada aluno custa 7200€ por ano o que é uma enormidade) e no máximo de coisa que seja possível.

Depois de dizer onde se vai cortar a despesa e depois de a dívida pública estar reduzida a 55% do PIB como nos comprometemos quando entramos na Zona Euro, ai é hora para pensar em cortes de impostos.

Antes, é a prova de que Portugal não passa de um manicómio em auto-gestão.


Vou apresentar aqui uns valores para compararmos.

Taiwan produz os chips mais avançados do mundo, usados nos computadores e telemóveis topo de gama. Em Portugal não sabemos fazer nada e quem sabe tem de se ir embora.

O salário mínimo em Taiwan é de 723€/mês (num salário médio líquido de 1360€/mês) que é inferior ao português de 760€/mês (num salário médio líquido de 1025€/ano) e nós não sabemos fazer nada de sofisticado.

Ao tentar subir administrativamente os salários sem suporte na capacidade do trabalho gerar riqueza, vamos nivelar os salários superiores, das pessoas mais criativas, pelo salário mínimo. Sendo assim, naturalmente que quem tem capacidade para gerar riqueza se vai embora e só fica quem de pouco vale.


Vejamos na carreira académica.

Um professor doutorado com exclusividade recebe líquidos 2000€/mês. Se trabalhar uns 30 anos, sem fins de semana, férias ou feriados e a dormir poucas horas por dia, se publicar uma enormidade de papeis, se orientar centenas de alunos, se engolir muitos sapos e lamber muitas botas, consegue chegar a catedrático (mas tem o risco de nunca abrir lugar) onde passa a recebe líquidos 2660€/mês.

São mais 660€/mês no fim de uma vida de esforço desumano, havendo pelo menos um risco de 50% de, mesmo assim, nunca lá chegar por falta de vaga.

Já estão a ver porque não se criam ideias inovadoras nas nossas universidades, não há incentivos, está tudo nivelado pela mediocridade.


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

O caso Rui Moreira e o STOP. O que faz o mini ditador quando se engana?

Por razões desconhecidas, o Rui Moreira decidiu fechar o Centro Comercial STOP.

O actual presidente da Câmara do Porto não se pode recandidatar e, se pensarmos numa conspiração, com esta acção (que tem muita cobertura mediática) Rui Moreira pretende acabar com o "seu movimento independente" para que ninguém se lembre em continuá-lo sem o "grande líder". Parece-me que o Iniciativa Liberal pretende colonizar o "movimento" para alavancar um outro candidato à câmara.

Rui Moreira para dar um salto para outra coisa qualquer precisa do apoio do PSD e, para isso, o "movimento" tem de morrer.


Rui Moreira dispara em todas as direcções.

Até se lembrou de atacar o Sérgio Conceição apelidando-o de "falhado" e o seu filho de "Mini".

É que o Rui Moreira tem o sonho de suceder ao Grande Papa Jorge Nuno mas não tem competência, é muito mini.

O Grande Papa, como todos nós, um dia vai morrer e os abutres já circundam o Vaticano.

Será que o Rui Moreira quer dar a mão ao fugitivo-grande-treinador-desempregado André Villas-Boas?

Interessante que na lista dos treinadores o zerozero coloca o Sérgio Conceição em termos de jogos em primeiro lugar, o Grande Pedroto em segundo lugar e o "falhado mini André" em vigésimo lugar (ver). O Sérgio já aguenta há 332 jogos enquanto o André fugiu ao fim de 58 jogos.

O Sérgio Conceição leva 6 vezes mais jogos do que o "falhado mini André".

 

Vamos ao Centro Comercial STOP.

É um projecto dos anos 1980. Fica dentro da cidade do Porto, na zona oriental, encostado ao Cemitério Prado do Repouso, numa área actualmente pouco valorizada.

É uma coisa pequena, nunca lá fui e a minha informação vem de ver o google maps. Penso ter uma área de implantação de cerca de 3500m2 e uma área de lojas na ordem dos 10000m2. Não sei bem mas é pequeno.

Com a democratização do automóvel e o aparecimento mais recente dos hiper-centros-comerciais nos arrabaldes (Gaia, Matosinhos, Gondomar) os centros comerciais dentro da cidade perderam a clientela quase toda porque tornaram-se de acesso difícil e não têm estacionamento. Por exemplo, o Norte-shopping tem uma área de implantação de 17000m2, muitos pisos e um parque de estacionamento com outros 17000m2.

Perderam então importância como centros comerciais e passaram a ser centros de outra coisa qualquer.

No caso do STOP, tornou-se o CCCP - Centro Contracultural da Cidade do Porto. Não confundir com a extinta CCCP.

Vista aérea do CC STOP (talvez só seja a parte da frente)


De repente, o Rui Moreira decidiu fechar o CCCP.

O homem já é presidente da câmara há 10 anos, desde 22/10/2013, durante 9 anos o STOP esteve aberto e o homem não viu qualquer problema nisso. De repente, aquilo transformou-se numa  chernobyl, do dia para a noite, vai derreter o núcleo causando uma tragédia com milhares de mortos e que tornará inabitável a Cidade do Porto por um período superior a 100 anos.

Na mente do Rui Moreira, todos os problemas do mundo poderão ser resolvidos se o STOP fechar e se o Sérgio Conceição deixar de ser treinador do FCP. Penso mesmo que até a Guerra da Ucrânia acabará em 48 horas e os mortos ressuscitarão.


Aqui vai a solução : abrir portas de emergência nas traseiras.

O CCCP é "em fundo de saco", isto é, só tem saídas para a frente. Desta forma, se houver um incêndio nas proximidades da entrada, as pessoas ficarão encurraladas nas lojas do interior.

Este problema coloca-se nas minas que só têm um poço mas que se resolve com portas de "corte" que permitem criar um caminho de fuga. 

No caso do CCCP ainda é mais fácil porque há a possibilidade de abrir portas de emergência nas traseiras.

Se não houve, faz-se um poço ou dois à prova de fogo com escadas desde o piso zero até ao telhado e abrem-se portas de emergência para o exterior a partir do poço.

Nada comparável aos 6 milhões indicados nas notícias.


Mesmo que as traseiras sejam de outros proprietários.

Para fazer o poço são necessários um míseros 20m2 e as saídas de emergência não serão acessos pois só serão usadas na eventualidade de de um catastrófico incêndio que tem uma probabilidade de ocorrer inferior a uma vez em cada 50 dias (o STOP já tem 41 anos e ainda não houve nenhum incêndio).


Mas o que faz o mini ditador quando se engana?

Nunca diz "mostrem-me as vossas razões técnicas".

Inventa "verdades" e "razões" e avança com ameaças e toda a violência usando os poderes públicos que tem à mão. Ameaça com multas, queixas crime, processos, despedimentos e prisão.

Um dia todos nós seremos vítimas de um mini ditador pois o mundo está cheio deles, eu já o fui repetidamente o que culminou no meu despedimento, mas cuidado pois também podemos ser nós os mini ditadores. 

Eu é que mando, não sou mini-mi?

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