domingo, 26 de abril de 2015

A Cidade Franca

De tudo se pode tirar proveito.
Todos os dias chegam 1000 pessoas às praias europeias depois de arriscarem a sua vida a atravessar o Saara e, depois, o mar Mediteraneo. Se isso é um problema para essas pessoas, também se torna um problema para todos nós porque, uma vez na praia, ninguém sabe que destilo lhes dar. Metem-nas em campos de concentração o que, além de ser mau para os imigrantes, é mau para nós pois custa milhões de euros aos contribuintes europeus.

O Princípio das Vantagens Comparativas.
É uma das grandes descobertas da teoria económica e deve-se a David Ricardo (publicada em 1817).
O PVC mostra que o comércio é positivo para todas as pessoas porque permite que cada um se especialize na actividade para a qual tem mais "queda".
Eu, por exemplo, especializei-me em ajudar os jovens a prepararem-se para a sua vida profissional futura o que apenas é possível porque o Sr. Miranda se especializou a fazer almoços.
Num mundo onde todos estamos especializados somos mais produtivos porque aproveitamos as nossas melhores capacidades, os recursos naturais locais e as economias de escala dos processos produtivos.
Como cada pessoa só realiza uma tarefa, é necessário o comércio para que cada um de nós possa ter acesso a todos os bens que precisa e que não produz.
Se não houvesse comércio não teríamos electricidade, carro nem mesmo casa (não seriamos capazes de produzir cimento). Além disso, um médico não poderia saber tanto como sabe porque não poderia dedicar todo o seu tempo a aprender Medicina (e um engenheiro a aprender engenharia).

Fig. 1 - David Ricardo fez uma das descoberta com maior impacto na humanidade.

Mas a PVC não é óbvio.
Não é óbvio que o comércio entre as pessoas (no mercado) induza melhorias na vida de todas as pessoas. Menos óbvio o era em 1817, quando se pensava que a protecção e a escravatura eram as chaves para que um país fosse rico.
E por não ser óbvio é que ainda hoje os esquerdistas cabeças de vento são contra o "mercado". Dizem-se muito pelas liberdades mas, depois, são contra que as pessoas produzam, vendam, comprem e consumam o que muito bem entenderem e de forma livre (dadas as restrições pois a Economia trata da afectação dos Recursos Escassos).
Como não têm cabeça para compreender o bem que o comércio causa às pessoas, para não reconhecerem a sua pequenes intelectual, diabolizam o "mercado".

David Ricardo era mesmo português.
Vê-se pelo nome que não poderia ser outra coisa que não português.
Apesar de Ricardo ter nascido em Londres em 1772 de pais e avós que nunca estiveram em Portugal, sempre se afirmou como português, desde que nasceu até ao derradeiro dia da sua vida.
Pena que, apesar de ser um dos mais importantes pensadores que a humanidade já teve, esteja excluído do grupo dos nossos Egrégios Avós. Talvez seja pelo facto de ser judeu e de os seus antepassados terem sido expulsos de Portugal.

Mas o que tem o PVC com os desgraçados que se afogam no Mediterraneo?
É que são uma oportunidade para nós. Assim, podemos ajudá-los e, ao mesmo tempo, beneficiar enormemente com isso.
Vamos cobrar uma renda anual a cada pessoa que queira vir viver para Portugal e ver se alguém quer.
Se alguém aceitar pagar renda para viver cá é porque vive melhor aqui (pagando a renda) do que onde está (não pagando) e nós também ficamos melhor porque passamos a receber dinheiro que de outra forma não receberíamos.
É que cada pessoa que chega à Europa vem com uma fortuna escondida debaixo da pele. Considerando o máximo de tempo que uma pessoa pode trabalhar (à luz do Génesis, são 72h/dia), cada pessoa traz dentro do corpo 145 mil horas de trabalho potencial. Se conseguirem produzir 2€ de valor por cada hora de trabalho, cada uma daquelas pessoas transporta quase 300 mil € potenciais. Num horizonte temporal de 50 anos, transportam  6000€/ano de riqueza que no país deles não vale quase nada.
Mas nós portugueses temos medo dessas pessoas, temos medo que nos roubem os empregos e que sejam violentos. Mas eu tenho uma solução óptima para isso.

Fig. 2 - É preciso ajudar estas pessoas

Vamos fazer uma Cidade Franca isolada do resto de Portugal.
Cercamos uma àrea, na Zona Saloia ou no Alentejo, com uma cerca semelhante à que separa Melilla de Marrocos. A cerca terá 200 km de extensão e conterá 3000 km2 de terreno, cerca de 3% do território português (uma área idêntica à área do Distrito de Lisboa).
No meu exercício, a Cidade Franca será uma Zona Internacional. Assim, qualquer pessoa pode ir para lá viver e trabalhar e regressar ao seu país sem necessidade de visto nem passaporte.
Para viver na Cidade a pessoa apenas precisará de pagar uma renda anual.

Fig. 3 - Se esta vedação é humana em Mililla, também o será na Zona Saloia.

As pessoas residem na Cidade Franca como se continuasse no seu país de origem.
Por exemplo, um eritreu, não tendo passaporte nem visto, compra um bilhete de avião com destino à Cidade. Chegado ao aeroporto de Lisboa, apanha o Shuttle para a Cidade onde fica a residir com o mesmo estatuto que teria se estivesse na Eritreia. Quando pretender viajar de volta à Eritreia, vai no Shuttle até ao Aeroporto de Lisboa e apanha o avião de volta a casa. Se tiver visto para entrar noutro país, também poderá ir a partir da Cidade.
Como as pessoas não podem sair da Cidade para o resto de Portugal, estarem lá não terá qualquer impacto negativo nas nossas vidas.
A pessoa, além da residência, poderá estudar, ensinar, trabalhar, ser empregado ou patrão, poupar, investir, importar e exportar. Por estar dentro da Zona Euro, a moeda será o Euro e haverá livre comércio com os países da União Europeia. É isto tudo que está incluído na renda.
Quem quiser pagar vem.e quem não quiser pagar fica em casa desenrascando-se como puder.

A Cidade Franca será gerida por empresas privadas.
Agora tenho que resolver o problema da gestão da Cidade. Será preciso tratar das infra-estruturas, do abastecimento de água e recolha de lixos, da segurança, da aplicação da justiça e da cobrança dos impostos para pagar esses serviços todos e a renda. Será ainda preciso arranjar investidores que construam as casas e as instalações industriais, de serviços e de lazer.
À luz da economia, o melhor é a Cidade ser privada. Para haver concorrência, a Cidade será dividida em lotes idênticos, (por exemplo, 10), geridos cada um por uma empresa privada (em concorrência). Cada empresa terá que procurar ter um nível de serviços e de impostos que atraia pessoas produtivas e bons empresários para os seus lotes de forma a maximizar os seus lucros.
Sobre os lucros, as empresas pagarão ainda IRC ao Estado Português.

E quantas pessoas terá a Cidade Franca?
Agora passam o Mediterraneo cerca de 1000 pessoas por dia. Imaginemos que esse número aumenta para 2500 pessoas por dia. Num horizonte temporal de 30 anos, darão à costa 27 milhões de pessoas! Somando os filhos, para resolver o problema das praias europeias é preciso, num horizonte temporal de 30 anos, a Cidade ter capacidade para 50 milhões de pessoas.
É muita coisa, a Cidade terá 5 imigrantes por cada português.

Será possível meter 50 milhões de pessoas na Zona Saloia?
É que Portugal tem 10 milhões de habitantes e parece não ter lugar para mais ninguém.
Mas é possível se olharmos para as mega-cidades dos países menos desenvolvidos.
O Distrito de Lisboa tem uma densidade de 810 pessoas por km2 (vivem 2,24 milhões de pessoas em 2760 km2,) mas a zona urbana de Manila - Filipinas tem uma densidade de 15400 pessoas por km2 (vivem 22,5 milhões de habitantes, em 1475 km2). No espaço de um lisboeta cabem 19 manilos (ver, Fig. 4).

Fig. 4 - Comparação entre o Distrito de Lisboa-Portugal e a Área Urbana de Manila - Filipinas

Com uma densidade nesta ordem de grandeza será possível ter 50 milhões de pessoas numa cidade com 3000km2, semelhante em tamanho ao Distrito de Lisboa, sem estarem muito apertadas. Ainda dará espaço para parques e jardins públicos.
E 50 milhões de pessoas a 1000€/ano cada, são 50 mil milhões € por ano de renda, em 4 anos pagam a nossa dívida pública toda.

E, além da renda, teremos muitos outros benefícios.
Portugal vai vender água, 100m3 por segundo, e fazer o tratamento dos esgotos e dos lixos. A água não será problema pois o rio Tejo tem um caudal Médio de 330 m3/s e o lixo tratado previamente na Cidade (reciclando tudo o que seja possível).
Vamos ainda fornecer electricidade e serviços de logística. Fornecer serviços médicos, de educação e bancários.
A Cidade também será a origem de muitos turistas para as nossas praias e mercado para muitos dos nossos bens, hortaliça e frutas incluidas.
Com 50 milhões de habitantes, tudo isto vai render muito bom dinheiro e criar muitos postos de trabalho para os portugueses.
A nossa economia vai evoluir para uma economia de prestação de serviços semelhante à do Luxemburgo (que faz fornece estes serviços aos alemães).

Poderemos ser tão ricos como os luxemburgueses
Se criarmos uma Cidade Franca para acolher os milhões de deserdados que vivem por esse mundo fora, podemos ser ricos e, mesmo assim, ajudar as pessoas.
E isto tudo isto vem do Princípio das Vantagens Comparativas que um português descobriu há quase 200 anos.
Fig. 5 - Seremos todos sheikes árabe, só praia e gajas boas.

Pedro Cosme Vieira.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A 4.a guerra mundial no Kenya

Há quem diga que não houve 3.a guerra mundial.
E, se não houve a 3.a, muito menos podemos estar a viver a 4.a guerra mundial.
Mas, de facto, a 3.a existiu, combateu-se na Coreia e no Vietname,  África do Sul / Angola / Moçambique, América Central e do Sul, no Afeganistão e mesmo na Europa Central. 
A 3.a guerra mundial começou logo a seguir ao fim da WW2 e, contrariamente a esta, as maiores batalhas foram distantes da Europa. A última grande batalha foi a do Afeganistão e, simbolicamente, acabou com a queda do muro de Berlim e a reunificação alemã.
A União Soviética desmoronou-se, a China manteve-se politicamente comunista mas converteu-se ao capitalismo e, um pouco por todo o Mundo, as ditaduras comunistas ou acabaram ou converteram-se em ditaduras capitalistas (como em Angola e, em menor grau, em Moçambique que se matem como uma meia-democracia).
A Rússia do Putin, a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e mais uns paisécos ainda querem estrebuchar mas não passam dos derrotados da 3.a Guerra Mundial.
A WW3 foi menos intensa que a WW2 e a WW1 mas durou mais anos, foi uma guerra de 40 anos.

A bomba nuclear.
Interessante que, apesar de haver milhares de bombas nucleares, a WW3 foi combatida sem um único tiro nuclear. Talvez tivesse sido a sua existência que fez a WW3 ter sido uma guerra mais de desgaste económico que de confronto militar puro e duro.

Aqui, tenho que ir ao acordo 5+1 com o Irão.
Com o conhecimento actual, é muito fácil produzir uma bomba atómica.
Pode ser de Urânio 235, o que obriga a ter centrifugadoras para separar o U235 do U238 (que forma 99,3% do urânio). São precisos 60 kg de U235 enriquecido a 98% para fazer uma bomba atómico idêntica à lançada em Hiroshima. O Irão, com os seus 3000kg enriquecido a 20%, já podia construir uma bomba atómica tosca. 
Mas o mais fácil é usar Plutónio 239 produzido num reactor de grafite (do tipo do de Chernobil). A grafite faz-se por cozedura a partir de "condensado de refinação" (sem boro) e, depois, o Pu239 obtém-se por reciclagem do combustível em ciclo rápido. A bomba usada em Nagashaqui foi de Pu239.
O problema de usar o PU239 é que os satélites detectam a reciclagem (o processo liberta radiação) pelo que um processo secreto tem que passar pelo U235.

Mas o importante não é a bomba.
Vamos imaginar que o Irão pretendia que os judeus saíssem de Israel. Podia contaminar o território com Cobalto 60.
O Co60 tem a vantagem de ser fácil de produzir (num reactor nuclear) e da radioactividade decair rapidamente. Se, por exemplo, hoje Jerusalém fosse contaminada com um nível de radioactividade 1000 vezes o recomendado à vida humana, a cidade voltaria a ser segura em apenas 53 anos.
E o Co60 poderia ser discretamente usado na contaminação, a partir do Líbano, do Rio Jordão.

Mas se Israel soubesse da contaminação.
Caia em cima deles como, num dia de calor, moscas varejeiras em cima de carne morta.
Estou a imaginar 8 milhões de pessoas a fugir de Israel para os USA e, depois, um bombardeamento nuclear sobre o Irão que não deixaria pedra sobre pedra.
E, depois, ficava mesmo assim.
Por isso, o mais inteligente foi o Irão se ter comprometido a nunca mais tentar fazer uma bomba atómica.
Até porque a Arábia Saudita (sunitas) deu o OK para que os Israelitas sobrevoem o seu território a caminho do Irão (shiitas).

A 4.a guerra mundial. 
Parece ter duas frentes, a guerra entre islâmicos e cristão (e budistas) e outra entre os islâmicos shiitas (do Irão) e islâmicos sunitas (os outros islâmicos todos). 
No Iraque e Síria a guerra é mais shiitas - sunitas (o IS). 
Em África, a guerra é mais islâmicos - cristãos.

Fig. 1 - A frente de batalha Cristãos- Islâmicos em África (a vermelho).

Já vimos guerras destas em Moçambique.
Na década de 1980, na "batalha" de Moçambique também havia mortandades de civis. Mandavam parar um comboio e matavam toda a gente, centenas de uma vez.
Isto acontece porque é muito mais fácil matar 100 civis do que 1 militar. E. como os militares são civis com armas, matando civis, estão a matar sucedâneos de militares.
Na frente africana, seja no Kenya, RCA ou Chade, a táctica militar é matar à força toda.
MAs isto não vai levar a lado nenhum

Vejamos uns números.
No Kenya mais Etiópia há 140 milhões de pessoas enquanto que na Somália só há 11 milhões. Se hoje houvesse uma guerra em que por cada somali morto houvesse 5 etíopes e quenianos mortos, no fim do dia não haverá ninguém na Somália e ainda haveria 85 milhões de pessoas na Etiópia e no Kenya.
Além disso, por cada criança que nasce na Somália, nascem 10 no Kenya e na Etiópia.
Por isso, esta guerra a ser nos tempos medievais, já teria acabado com a aniquilação ou redução à escravatura de todas as pessoas que vivem na Somália.
Mas hoje existem os Direitos Humanos.

Um dia a "maioria" zanga-se.
O problema é que nessa frente de batalha não existe Convenção de Genebra nem Direitos Humanos.
Já vimos uma pequena amostra na República Centro Africana em que, de um dia para o outro, os cristãos começaram a caçar e a matar islâmicos. Também vimos uma amostra na Birmânia onde cidades inteiras desapareceram do mapa.
É que as pessoas vivem com grande carência material. Se em Portugal o salário líquido médio anda nos 800€/mês, nesses países as pessoas têm que viver com muito menos (cálculo em paridade do poder de compra, dados, Banco Mundial):

Portugal => 800€/mês
Kenya   =>    80€/mês
Etiópia   =>   40€/mês
Somália =>    20€/mês

Fig. 2 - Se em Portugal temos 800€/mês, no  Kenya, Etiópia e Somália têm muito menos

Alguém se está a imaginar a viver com um salário de 20€/mês, 40€/mês ou mesmo de 80€/mês?
É muito difícil, têm carências de toda a espécie, vivem em barracas, não têm roupa, comem só farinha  de milho cozida, passam sede, não têm assistência médica nem medicamentosa, não podem ir à escola, trabalham horas infindas. 
Estes "pequenos" massacres não causam dano nenhum na população queniana que, todos os dias, aumenta em 3000 pessoas (seriam precisos 20 destes massacres por dia).
Mas causam a enraivização e desumanização da população. 
De repente, dá-se um massacre como se viu no Ruanda.

É a "pacífica" guerra demográfica.
Apesar de ser pacífica, lentamente torna-se tensa quando a população que vai invadindo tem uma cultura difícil de ser assimilada.
Vamos ver no que dá.

A semana passada não disse nada.
É que na sexta-feira passada foram as eleições lá no meu trabalho, quero antes dizer, emprego, e eu perdi.
Quase que ganhava como CDU na madeira.
Na primeira votação, só me faltaram 8 votos para retirar a maioria absoluta ao vencedor.
E na segunda votação, só me faltou apenas 1 voto para retirar a maioria absoluta ao vencedor.
É que na primeira votação um candidato teve 11 votos e o outro 28 e na segunda votação, um candidato teve 7 votos e o outro 8.
(Falta dizer um pequeno pormenor: é que em ambas as votações, eu tive zero votos).
Naturalmente, fiquei a pensar na minha quase vitória, foi por um voto que não retirei a maioria absoluta ao que ganhou. 

Tive uma vitória à Álvaro Cunhal.
Eu andei toda a semana a gabar-me da minha grande vitória à Álvaro Cunhal mas uma comuna achou que eu não tinha tido vitória nenhuma "Tanto quanto sei, o Camarada Cunhal nunca teve zero votos."
Mas penso que chegou a ter, lá no tempo do Salazar, e que, mesmo assim, achava-se vitorioso.

Fig. 3 - Toda a semana a comemorar a vitória

Até me subiu a tensão arterial.
Esta semana fui ao médico e ele detectou que eu estava a ver pior e que a minha tensão arterial estava alta. Tinha a mínima a 9.
Imaginem que eu tinha verdadeiramente ganho! O mais certo seria que já estivesse morto.
Além disso, antes da eleição houve uma apresentação seguida de uma sessão de perguntas. Não é que um berdameco insinuou que este meu blog põe em causa o bom nome da instituição onde trabalho? E, ainda para mais, foi um aluno daqueles das associações, os que se dizem todos irreverentes e que querem mudar o mundo para melhor.
Como diz o povo, há males que vêm por bem.
Muita sorte para o verdadeiro vencedor que bem vai precisar dela.

Pedro Cosme Vieira

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