A coisa é tão chata que não será difícil escrever qualquer coisa mais interessante.
Valerá a pena ler o dito cujo?
Falar do Benfica é deprimente (está equiparado ao Braga), do Porto dá stress (parece sempre que vai perder), de mulheres boas entristece (vemo-las ao longe) pelo que fica o prefácio do Cavaco. Mas como aquilo é tão chato, tão chato, tão chato, de certeza que ninguém vai ler aquilo pelo que a comunicação social pode falar do assunto sem ler a coisa. Como ninguém vai ler, vão-se criar múltiplas interpretações sobre "o que o fulado disse sobre o que o Cavaco terá escrito". Mas ler, nem pensar pois, quem o tentou, adormeceu para um estado de coma profundo.
O Cavaco pediu para que o povinho lesse o prefácio
Diz ele que são poucas páginas. Já nem pediu que lêssemos o livro tudo, contentando-se com o prefácio.
Se as entradas são tão chatas, imagine como será o prato principal. Deve ser capaz de fazer adormecer profundamente um ciclista enquanto pedala a subir a Serra da Estrela.
Ahhhhh, agora percebi. Quando Jesus foi ressuscitar o Lázaro, de facto ele não estava morto. Tinha começado a ler o prefácio do Herodum Cavacum, estadista similar ao nosso presidente. Na processo de reanimação, Jesus ameaçou,
- Levanta-te Lázaro senão eu leio mais um pouco do livro
- Nãããããaaaaaa, gritou imediatamente o comatoso Lázaro Santos Pereira ficando logo vivinho da silva.
Primeiro, o título do livro, Roteiros IV é aziago.
Faz lembra o famoso PEC que arruinou o Sócrates, o PEC IV.
Meter qualquer destes números num mancebo, seria uma condenação à chacota e vexame eternos.
Ainda quando fossem velhinhos, no lar da 4.a idade, diriam,
- Aquele ali é o 69.
Seria mais inteligente passar do "Roteiros III" para o "Roteiros MMXII".
Mas 15 páginas para dizer o quê? Que o Sócrates foi desleal? Bastavam, mesmo com 5 repetições, umas 100 palavras.
Pega em meia dúzia de palavras e repete-as
1. Toma e embrulha. Atacaram-me na campanha eleitoral mas eu ganhei à primeira volta.
2. Eu já tinha avisado que caminhávamos para a bancarrota. Dizem que eu estive calado mas eu não me cansei de martelar na cabeça do Sócrates.
3. O Sócrates trafolhou-me. Eu lia os números oficiais que eram preocupantes mas ele vinha sempre com informação de última hora a dizer que estava tudo bem para não dizer que estava óptimo. O Sócrates mentia a mim e ao povo.
4. É quinta-feira, marretada. Aproveitava as reuniões da quinta-feira com o Sócrates para lhe dar cabo da cabeça. Ele saia de lá cheio de galos pois eu não me cansava de o marretar. Pumba, pumba, pumba, pumba.
5. O Sócrates não me ligava nada. Eu bem marretava, marretava, mas ele mantinha-se sempre na dele.
6. O Sócrates avançou com o casamento gay. Para anestesiar o povo. Quando eu falava, ele atacava com um porcaria qualquer e já ninguém me ligava. Era dar uma comunicação ao país em simultâneo com o Futre.
7. Eu não podia fazer mais nada. Eu queria tirar de lá o Sócrates mas não podia e o PS não queria. Pensei em dissolver a Assembleia da República mas as sondagens diziam que o Sócrates voltava a ganhar. Estava atado de pés e mãos pela campanha desinformativa do Sócrates. Tive que esperar pelo momento certo.
8. Cooperação estratégica. Sendo que não podia fazer nada, tentei o meu melhor pedindo colaboração ao PSD para tentar controlar o manicómio em que Portugal se tinha transformado.
10. Falta de lealdade. Foi o nome de código da batalha final que levou à derrota do Sócrates. Dedico no prefácio uma secção à historiografia dos desenvolvimentos tácticos desta famosa batalha.
A táctica da batalha
A) O Sócrates mordeu o isco. Como eu lhe marretava a cabeça, o Sócrates pensou que a Sr.a Merkel ao aceitar um plano de austeridade, eu ia ficar ainda mais amarrado. Então apresentou o PEC IV no exterior antes de o fazer a mim e ao PSD. Mordeu o isco. Fiz-lhe um derrote que ele ficou confundido e demitiu-se porque as sondagens diziam que ele iria ganhar outra vez.
B) Lancei a uma granada aos partidos. Reuni o Conselho de Estado dizendo aos partidos para fazerem um esforço adicional para encontrar um compromisso. Tudo falso.
C) Armas que utilizei.
1."O governo não me comunicou nada";
2. "Fiquei impedido de realizar uma magistratura de influência";
3. "Foi o Sócrates que se demitiu";
4. "Os partidos é que defenderam a dissolução da Assembleia da República";
5. "Não podia obrigar ninguém a coligar-se com o Sócrates";
6. "Eu acreditava na informação do Governo; caso contrário, teria de admitir que este a deturpava";
7. "Eu gostava do Sócrates. Mandou-me 1741 diplomas e eu promulguei-os todos"
O Pós Guerra - Eu sou um santo incompreendido.
Os da comunicação social são uns esquerditas ressabiados e ignorantes que apenas querem dar cabo da minha paciência. Eles sabem a verdade mas, como eu os derrotei apenas com a minha grande inteligência, seriedade e conhecimento, esses esquerdista iniciaram uma campanha de guerrilha contra mim e contra Portugal.
O Cavaco deveria escrever um prefácio ao prefácio.Tipo o resumo daquelas obras que é preciso ler no secundário.
Eu sou o maior, sou um génio, sou o Cavaco.
Sou sério, inteligente, conhecedor da realidade e leal para com o povo português que, ao votar em mim, demonstra que o sabe. Agradeço essa honra.
O Sócrates era terrível. Além de deturpar a verdade, conduziu Portugal à bancarrota.
Eu, sabendo disso, dei início à guerra de destruição total do socratismo.
Comecei, lentamente, a dizer ao povo que caminhávamos para uma tragédia. Aparentemente ninguém queria acreditar porque o bicho usava técnicas informacionais difíceis de anular num ataque directo, mas fui enervando a onça. Depois, no privado das reuniões da quinta-feira, eu ficava com o braço a doer de tanto marretar a cabeça do bicho.
Nem lhe dava tempo para pensar, era marretada atrás de marretada.
Eu sou o maior, sou um génio, sou o Cavaco.
Não podia usar um ataque mais forte porque senão ele ganhava outra vez as eleições.
Mas tanto dei que levei o bicho ao erro: apresentou o PEC IV à Sr.a Merkel sem me dizer nada. Foi burro porque era disso que eu estava à espera.
Pumba, iniciei a batalha final: "a falta de lealdade".
Eu sou o maior, sou um génio, sou o Cavaco.
Oficialmente eu não fiz nada. O Sócrates é que se demitiu, os partidos é que disseram que queriam a dissolução da Assembleia da República. Eu ainda "tentei um compromisso" mas "revelou-se uma perda total de tempo".
Mas a mão era a minha. O bicho estava desequilibrado pelo que eu apenas o conduzi à queda total.
Foi um estrondo lindo.
Mais difícil foi eu ter consegui que o Pedro Passos Coelho ganhasse as eleições ao Sócrates. Custou mas, com a ajuda do Catroga e do Vítor Bento, dei cabo do bicho. Ainda não é tempo para falar disto.
No final até me recordei dos tempos da Salazar: o bicho só parou em Paris.
Eu sou um génio e toda a gente o sabe. Mas os esquerdistas, demagogos e ignorantes da comunicação social andam a dizer mal de mim. Pensam que me vão derrotar mas esperem para ver. Até vão deitar fumo pelas orelhas.
Eu sou o maior, sou um génio, sou o Aníbal Cavaco Silva.
Um abraço ao povo português.