Cinco anos é muito tempo. Em 2019, quando a Formula 1 esteve lá pela última ocasião, a Mercedes dominava. Valtteri Bottas foi o poleman, Lewis Hamilton tinha acabado como vencedor, Max Verstappen, que na altura, tinha cinco vitórias na carreira, acabou apenas em quarto, atrás do Ferrari de Sebastian Vettel. Agora está tudo diferente, depois de quatro anos de ausência por causa de uma pandemia que começou algo longe dali, uma outra grande cidade chamada Wuhan.
Que, aposto, 98 por cento do mundo mal ouvira falar naquele dia de 2019.
Agora, depois de muito tempo, onde a Liberty Media apenas esperou pelo momento em que as autoridades locais dessem a luz verde, o mundo mudou. Mercedes deixou de dominar, agora é a Red Bull, Hamilton passou o bastão para Max, e alguns dos pilotos que estão ali, estavam nas categorias de promoção em 2019.
E mais: eles irão ver um dos seus na pista. Um Guanyou Zhou que, 20 anos antes, em criança, estava nas bancadas a ver os carros a passar e a montar o seu sonho de um dia, estar ali. Como está agora.
Mas este é um regresso algo complicado. O tempo não ajuda, e os pilotos descobriram que a pista foi submetida a um tratamento de superfície com betume, com o impacto visual do tratamento a suscitar preocupações quanto à consistência da aderência ao longo da pista. E neste fim de semana, temos a qualificação da Sprint Race. Enfim...
O dia, como previsto, tinha chuva à mistura, e foi com ela que se iniciou essa qualificação. Mas ainda antes disso, algo inédito: incêndios na relva! Eles aconteciam na curva 7 do Circuito Internacional de Xangai, e claro, provocou bandeiras vermelhas. Aparentemente, as faíscas dos carros podiam estar a provocar a ignição da relva, mas mesmo com a chuva, a dimensão dos incêndios excedia as expectativas. Mais um incómodo neste regresso a Xangai...
Apesar das nuvens, a pista estava seca quando a qualificação começou. Os pilotos começaram a meter médios e foram cedo para a pista, marcar tempos antes que as nuvens despejassem a água que tinham armazenado. O primeiro a marcar tempo foi Charles Leclerc, com 1.36,886, antes de Fernando Alonso tomar conta da tabela de tempos. Mas depois, os Red Bull entraram em ação e Max foi o melhor, 346 centésimos mais rápido. Depois, foi a altura de Sérgio Pérez a conseguir melhor, com 1.36,110.
Na parte final, algum motivo de interesse. George Russell procurava um tempo que o tirasse fora dos últimos cinco lugares, e conseguiu, "in extremis", à custa de Yuki Tsunoda, que ficou para trás. Aliás, ele fazia companhia aos carros da Williams - Alex Albon e Logan Sargent - e aos Alpines de Esteban Ocon e Pierre Gasly.
Depois, a SQ2 demorou algum tempo porque... a relva voltou a arder. Aparentemente por causa das faíscas que os carros levantam, mas isso não acontece noutros circuitos. Sabe-se-lá o que é que a China tem de tão diferente em relação aos outros.
Ainda não tinha começado a chover quando começou a SQ2, e os pilotos aproveitaram logo para ir à pista e marcar um tempo, porque as coisas poderiam mudar a qualquer momento. Foi uma altura onde os McLaren pareciam ter aproveitado bem. Primeiro foi Lando Norris, mas Oscar Piastri foi melhor, marcando 1.35,803. Depois, os Ferrari reagiram, com Leclerc a marcar 1.35,606, esperava-se que os Red Bull superassem a toda a gente, mas Checo perdeu tempo na sua volta rápida, marcando apenas um tempo 175 centésimos mais lento.
Pouco depois, a chuva começou a cair, os pilotos mudaram de pneus, e aqueles que não conseguiram marcar em tempo que os colocasse de forma segura na SQ3, saiam prejudicados. E um deles foi George Russell, que marcou um tempo seis décimos de segundo mais lento que o último a entrar. E quem foi? Zhou Guanyou, o herói local que, para delírio dos espectadores, metia o Sauber na SQ3. E também Valtteri Bottas lá estava, no que era um excelente dia para eles.
Nada mau para o piloto que tinha um panda desenhado no seu capacete...
Em contraste, Kevin Magnussen, Nico Hülkenberg, Daniel Ricciardo e Lance Stroll faziam companhia a Russell em verem a SQ3 como espectadores.
Na parte final, a chuva fazia a sua presença, com os pilotos a montarem intermédios, e a serem mais cuidadosos que o normal, para terem o carro na pista e tirar um bom tempo. As condições estavam tão traiçoeiras, que Lando Norris teve uma excursão pela escapatória numa das curvas. Pior foi Charles Lelcerc, que perdeu o controlo do seu Ferrari SF24 e bateu nos muros de proteção do circuito com a asa dianteira. Oscar Piastri foi o primeiro a iniciar uma volta rápida, enquanto Max Verstappen tinha muitas dificuldades para segurar o carro em pista, e quando marcou um tempo, este foi apagado porque tinha excedido os limites da pista. E isso iria causar um burburinho no final.
Tudo começou quando Lando Norris marcou um tempo canhão em relação à concorrência - 1.57,940, batendo Fernando Alonso, que tinha 1.59,915. Depois, a organização apagou esse tempo, alegando que tinha excedido os limites da pista, dando a pole a Lewis Hamilton, que tinha conseguido 1.59,201. Contudo, depois se verificou que a saída de pista tinha sido à entrada da meta, ainda antes da volta ter começado, o que foi um erro da organização. Compreensivelmente, o tempo foi restituído em poucos instantes, e é Norris que partirá amanhã da pole, com dois veteranos a seu lado: Hamilton e Alonso. Já Max foi apenas quarto, com um tempo dois segundos mais lento.
Amanhã, pelas 4 da manhã por aqui, será a corrida sprint. Resta saber se será no molhado ou não...