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Como faz rotineiramente – para encher linguiça – , o afamado jornalista Ricardo Noblat pescou no alheio algo para enfeitar seu afamado blog, homiziado no portal do jornal O Globo. No caso, Noblat foi ao site da BBC Brasil e voltou de lá com uma materiazinha fria e bobinha sobre as gafes cometidas pelo ainda presidente americano George W. Bush nos últimos oito anos. Como convém a uma respeitável organização noticiosa, o texto da BBC limitou-se a preceder sua lista com este sóbrio subtítulo: “Todos os políticos cometem gafes e falam coisas sem pensar. Mas o presidente americano, George W. Bush, conseguiu tornar-se notório por isso”.
Ocorre que Noblat, esta reserva moral do jornalismo pátrio, não se contentou com a mera reprodução do artigo e resolveu “agregar valor” à mercadoria, tascando o seguinte título: “Vocês pensam que só o Lula diz bobagens?”.
Como vemos, o barrigueiro-mor das Organizações Globo não enxerga qualquer problema em ultrajar o Presidente da República da maneira mais torpe e rasteira possível. Na certa, imagina o boquirroto que sua pilhéria vai contribuir para o aperfeiçoamento das nossas instituições democráticas e que seus leitores, de altíssima extração, o carregarão em triunfo por ele ter exposto o Chefe da Nação ao ridículo.
Ricardo Noblat - não duvide - julga-se uma potestade da Imprensa. E deve achar, também, que a memória curta dos brasileiros já tenha deletado seu passado trevoso. Pois a memória do editor deste Cloaca News vai muito bem, obrigado. E, em nome da missão a que nos propusemos cumprir (como se lê na barra aí do lado direito), sentimos que é chegada a hora de resgatar um dos episódios mais sórdidos da vida brasileira, protagonizado à sombra por Noblat, quando este ainda era o Diretor de Redação do jornal Correio Braziliense. Vamos aos fatos.
Junho de 2000 – O então senador Luiz Estevão tem seu mandato cassado. Descobre-se que no dia seguinte ao da cassação o painel de votação do Senado tivera seu sigilo violado. Autores da falcatrua: o finado Antônio Carlos Magalhães e o atual governador do DF, José Roberto Arruda (na época, líder do governo FHC no Senado).
Abril de 2001 – Numa quarta-feira, dia 18, a jornalista Valéria Blanc, colunista do Correio Braziliense, publica nota afirmando que FHC tinha pleno conhecimento da violação do painel de votação do Senado.
Assim escreveu Valéria: “No dia seguinte à cassação do mandato de Estevão, Arruda entrou no gabinete de ACM — à época o presidente do Senado —, olhou-o e disse: ‘‘O senhor está sentado?" Com sua habitual verve, ACM respondeu: ‘‘Você não está vendo que sim?!" Arruda prosseguiu: ‘‘Está comigo a lista de como os senadores votaram ontem a cassação de Luiz Estevão". ACM fitou o tucano e perguntou: ‘‘Você já mostrou isso ao presidente (da República)?" Resposta: ‘‘Já mostrei."
Como era de se esperar, ACM negou ter travado tal diálogo, mas admitiu que teve a posse da lista. A repórter do Correio jamais desdisse o que publicara. A denúncia era gravíssima, e poderia levar ao impedimento de FHC. Naquela época, este editor do Cloaca News que lhe escreve considerou estranhíssimo que o até então brioso Correio Braziliense tivesse arrefecido no aprofundamento do tema e, por e-mail, interpelou o Diretor de Redação, Ricardo Noblat. Este, por sua vez, respondeu que, com a negativa de ACM, o assunto não poderia ser levado adiante. Questionado novamente por este escriba, que quis saber se Noblat achava que sua repórter teria inventado aquela história, o Diretor de Redação foi categórico: ela não inventou. Então – replicamos – o Sr. sabe que FHC sabia da violação, mas vai ficar quieto apenas porque ACM nega o diálogo? A resposta de Noblat, - a última de nossa troca de e-mails – foi laconicamente afirmativa.
Ao juntarmos as peças, vemos que, naqueles tempos, a jornalista Rebeca Scatrut, esposa de Noblat, fora contratada com exclusividade para prestar assessoria de Imprensa ao Ministério da Reforma Agrária, então comandado pelo ministro Raul Jungmann. Um contrato milionário, é bom que se registre, maior até que um outro que Rebeca conseguira graças à intermediação do marido junto ao governo do DF, na época de Cristovam Buarque. E, veja você, cara leitora, caro leitor: nenhum jornal brasileiro falava tanto (bem, claro) do ministro Jungmann quanto o Correio Braziliense, dirigido pelo impoluto Ricardo Noblat.
Janeiro de 2007 – A Procuradoria da República no Distrito Federal denuncia Raul Jungmann e mais oito pessoas, entre elas Rebeca Scatrut, por participar de um esquema de desvio de R$ 33 milhões de verbas públicas para pagamento de contratos de publicidade no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) quando era ministro do Desenvolvimento Agrário na gestão de Fernando Henrique. Convém lembrar, também, que o próprio grupo Diários Associados já acusou Noblat de ter usado o cargo de diretor de Redação do jornal Correio Braziliense para beneficiar os negócios da empresa de sua cara-metade. Poderíamos continuar esse blablablá aqui, mas, você quer mesmo ouvir o resto dessas... bobagens?