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domingo, 16 de março de 2014

João e Maria, filhos de Crimeia

As lágrima da Princesa Crimeia sustentam o choro,
A Guerra fria reaquece o quintal dos czares,
Stálin levanta do túmulo e prepara seu bodoque para ensaiar um rock para as matinês
Diálogo? Monólogo? Diplomacia?
Quem me dera que o faz-de-conta terminasse assim,
Agora só os batalhões e seus canhões cruzando fronteiras, mares, muros e morros
Morre-se de traumatismo ucraniano.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Escombros

Gaza; novembro de 2012 (imagem: Tsafrir Abayov/AP)



Não Vás Tão Gentilmente Nessa Boa Noite Escura (Dylan Thomas)

Não vás tão gentilmente nessa boa noite escura,
Os velhos deveriam arder e bradar ao fim do dia;
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens sábios, em seu fim, sabem com brandura,
O porquê a fala de suas palavras estava vazia,
Nâo vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens bons, ao adeus, gritando como a alvura
De seus feitos frágeis poderia ter dançado em uma verde baía,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens selvagens que roubaram e cantaram o sol na altura,
E aprenderam, tarde demais, que o lamento toma sua via,
Não vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens graves, perto da morte, enxergam com olhar que perfura,
O olho quase cego a brilhar como meteoro, então, cintilaria,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

E você, meu pai, do alto e acima de tudo que perdura,
Maldiga, abençoe, com sua lágrima triste, eu pediria:
Não vá tão gentilmente nessa boa noite escura,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura


(Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra)

sábado, 30 de junho de 2012

O livro negro


Eu quase não assisto TV, mesmo por assinatura, e quando o faço geralmente estou fora de casa, viajando.
E poucas coisas são mais irritantes para mim do que ver um filme pela metade, fragmentado, tipo só o final.
Pois foi desta maneira, zapeando num hotel paulistano, que acabei vendo os 15 minutos finais do filme A Espiã (Swartboek - 2006), do cineasta holandês Paul Verhoeven.
Fiquei muito curioso e acabei comprando o filme recentemente, o que me proporcionou uma agradável surpresa.
Mesmo sem saber dos prêmios recebidos pelo belo filme de época nos Países Baixos, fiquei impressionado com o desenvolvimento da crise de identidade vivida pela protagonista Rachel Stein/Ellis de Vries (Carice van Houten) e pelo clima coletivo de crise de consciência e de ética diante do inevitável colaboracionismo desencadeado pelo cenário subliminar da guerra.
Swartboek está longe de ser apenas mais um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, e sim uma obra intrigante que funde memória, identidade e ética.
Mesmo sem ser brilhante, o filme merece uma cuidadosa espiada.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mulheres na guerra



O British Council Film disponibilizou em seu site 82 filmes produzidos durante a Segunda Guerra Mundial com o intuito de manter elevado o moral dos britânicos, mesmo naqueles dificílimos momentos de derrotas e bombardeios.
Dei uma espiadinha e achei alguns muito interessantes, como este, Mulheres em Tempo de Guerra., que tem inclusive discurso da carismática Queen Mother.
Bastante oportuno, por sinal, em tempos de jubileu da monarca Elizabeth II, sua filha.
God Save The Queen (and all women, as well)!

domingo, 11 de setembro de 2011

Pensando em Spinoza no 11 de setembro de 2011






















"Paz não é a ausência de guerra; é uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça." (Baruch Spinoza / 1632-1677).

Fotos: Monumento a Spinoza, em Amsterdam

domingo, 20 de março de 2011

Trilha sonora para mais uma guerra I



E lá estão eles a bombardear mais um país. E nesses tempos de guerra, acordei com essa canção na cabeça.
Aqui interpretada por Hanna Schygulla, musa do cineasta Rainer Werner Fasbinder, no filme feito por ele em 1981. A tradução é:
Lili Marleen
(Hans Leip, 1915)
Em frente ao quartel
Diante do portão
Havia um poste com um lampião
E se ele ainda estiver lá
Lá desejamos nos reencontrar
Queremos junto ao lampião ficar
Como outrora, Lili Marlene. (2x)
Nossas duas sombras
Pareciam uma só
Tinhamos tanto amor
Que todos logo percebiam
E toda a gente ficava a contemplar
Quando estávamos junto ao lampião
Como outrora, Lili Marlene. (2x)
Gritou o sentinela
Que soaram o toque de recolher
(Um atraso) pode te custar três dias
Companheiro, já estou indo
E então dissemos adeus
Como gostaria de ir contigo
Contigo, Lili Marlene (2x)
O lampião conhece teus passos
Teu lindo caminhar
Todas as noites ele queima
Mas há tempos se esqueceu de mim
E, caso algo ruim me aconteça
Quem vai estar junto ao lampião
Contigo, Lili Marlene ? (2x)
Do tranquilo céu,
Das profundezas da terra
Me surge como em sonho
Teu rosto amado
Envolto na névoa da noite
Será que voltarei para nosso lampião
Como outrora, Lili Marlene. (2x)

Trilha sonora para mais uma guerra II


O texto a tradução e a história da canção Lili Marleen encontrei no site de um mineiro apaixonado por miniaturas, Murilo Moreira Jr . Ele escreveu o texto para explicar o porque de uma miniatura de 1940, chamada Lili Of The Lamplight (1940).

A letra foi originariamente escrita em 1915 na forma de um poema por um soldado alemão da Primeira Guerra chamado Hans Leip. Posteriormente publicado em uma coletânea de sua poesia em 1937, as metáforas e a emoção do poema chamaram a atenção de Norbert Schultze, que o transformou em musica em 1938.
Lili Marlene se tornou uma canção de guerra quando foi transmitida por uma rádio alemã em Belgrado e foi captada pelos soldados alemães do Afrika Korps de Rommel.
Rommel gostou tanto da música que solicitou à Radio Belgrado que a incorporasse em sua programação, no que foi atendido. A canção era tocada às 21:55h todas as noites imediatamente antes do fim das transmissões.
Os aliados escutaram a música e Lili Marlene se tornou a melodia favorita dos dois lados, a despeito do idioma. Os saudosos soldados eram levados às lágrimas pela voz da, até então, desconhecida cantora Lale Andersen, que se tornou uma estrela international. No entanto, a cantora mais famosa foi Marlene Dietrich, que começou a cantar a música em 1943.
A enorme popularidade da versão alemã induziu a criação de uma apressada versão em inglês escrita pelo compositor britânico Tommie Connor em 1944 e transmitida pela BBC para as tropas aliadas.






terça-feira, 8 de março de 2011

Sonhar faz bem


Grunzgurke é um anônimo que sonha.

Versado em letras. Adora o seu país.

Entusiasmado com a brisa que paira sobre o lugar. Grunzgurke, associou uma, de minhas músicas, de uma de minhas bandas prediletas; para a sua visão de sonho.

– Seu sonho.

Um sonho sonhado

de

um cantor suicida

de uma vida

má.

Grunzgurke

Sonha.

Eu sonho.

A nova ordem, foi, há tempos atrás, o que outro sonhador, queria determinar para a sociedade em seus delírios, também, suicidas.

A Joy Division, servia-se, estrupava e matava, o sonho de muitas mulheres, para deleite de soldados da SS nazista.

E veio, a poesia. Capturada numa cidade industrial britânica, cuja população, apavorada, resisistiu.

Não

Não foi um sonho

Pesadelo

Grunzgurke

Sonha

Eu

sonho.

domingo, 1 de agosto de 2010

Cegueira Bélica

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro em coturnos do estado de Israel, ameaça retaliar o território da Autoridade Palestina (Faixa de Gaza) após os recentes ataques com foguetes da guerrilha Hamas contra o território israelense. Eu me pergunto: será esse sujeito desprovido do mais reles neurônio, que o lembre da impossibilidade de não existir uma resposta bélica a um cerco militar, e de quanto o uso de uma infantaria, uma divisão de tanques, esquadrilha de aviões, rastreamento de satélites e o escambau a quatro é desproporcional em termos de quantidade e qualidade de tecnologia militar e desfechos de mortos e feridos, principalmente de civis? Um imbecil já teria compreendido.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Brigam Espanha e Holanda



Milton Nascimento compôs Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco em parceria póstuma com Leila Diniz, musa brasileira dos anos 60/70. A música faz parte do álbum Sentinela, de 1980, um dos mais belos da carreira do compositor carioca de alma mineira.

Tenho para mim que a música tem algo de fantasmagórico. Causa estranheza ouvir Leila, na versão do disco – infelizmente, ela não aparece na versão em vídeo que encabeça esta postagem –, após anos de sua morte trágica em um acidente de avião, na Índia. Aumenta esta impressão o uso da gravação original, sem filtros, que deixa ruídos junto à voz. Parece coisa do além, como se dizia na minha infância.

Milton e Leila falavam de uma guerra entre Espanha e Holanda pelos direitos do mar. A letra se refere, possivelmente, à chamada Guerra dos Oitenta Anos, por meio da qual a Holanda se libertou do domínio espanhol, no século XVI. Não poderiam saber, obviamente, que décadas depois de lançada a canção, Espanha e Holanda voltariam a se enfrentar pelo domínio de um novo território – um território subjetivo, desta vez, no imaginário esportivo de bilhões de pessoas.

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Nota: Para saber um pouco mais sobre Leila Diniz, recomendo esta excelente texto do escritor brasileiro Jeocaz Lee-Meddi.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Bicho Homem


Foto: Bernat Armangue/AP
Enquanto nós, da espécie Homo sapiens sapiens, fazemos tolices aqui na terceira rocha contando a partir do Sol, o mesmo se põe pacificamente na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Caso do Navio "Free Gaza" e a Crise do Oriente Médio: VDM

O ataque da marinha israelense a um barco em águas internacionais é um incidente gravíssimo. Se percebermos a imprensa não consegue informar quantas e quem foram as vítimas na tomada do barco pelos militares. Autoridades de Israel falam que aconteceram baixas de seu lado e também informam a causa para agirem como truculência: a presença de armas e a atitude hostil do navio. Mas tal qual a lista de mortos, as tais armas não foram apresentadas a imprensa. Contudo, circulam informações de que no barco barco estavam pessoas com nacionalidades de 22 países, dentre eles 12 parlamentares da União Européia e um Prêmio Nobel da Paz (Mairead Maguire), que se encontra sob custódia numa prisão israelense.
Por outro lado, o The Times noticia que pelo menos um dos três submarinos israelenses de fabricação alemã está estacionado em posição que permite lançar mísseis continentais sobre o território iraniano. Os submarinos da flotilha 7 - Dolphin, Tekuna e Leviathan - podem permanecer submersos por 7 dias e estão equipados com mísseis capacitados para o transporte de ogivas nucleares.
O posicionamento dessas belonaves, segundo o jornal inglês, responde pelo temor israelense de um ataque conjunto do Herzbolah-Síria-Irã, sendo que a principal cidade atingida seria o centro financeiro de Telaviv. Fotos de satélite que comprovariam o deslocamento de mísseis entre os países árabes e a milícia no Líbano teriam sido apresentadas ao presidente Obama.
Na minha opinião tudo se encaminha para mais uma guerra no Oriente Médio, e, claro, Vai Dar Merda, confirmando as sábias palavras de Chico Buarque. Especialmente porque eu temo que Israel fugiu do controle da Casa Branca, o que também pode ser uma solução conveniente para o governo norte-americano.

sábado, 8 de maio de 2010

Lembrar Sempre, Esquecer Jamais



Kseniya Simonova faz arte de animação com areia. Aqui uma performance que realizou no programa Ucraine's Got Talent. Fazendo animação com a areia ela narrou as dores do povo ucraniano na Segunda Guerra Mundial, um erro estratégico do camarada Stalin que levou o exército nazista a ficar cerca de 50 km de distância de Moscou.
A admirável reação do povo soviético numa luta desigual com o melhor e mais poderoso exército do mundo, a um custo terrível de vidas humanas, reverteu a invasão e contribuiu de forma decisiva para mudar o curso do conflito a favor dos Aliados. Para termos uma idéia do tamanho dessa tragédia, só do lado soviético calcula-se que tombaram 11 milhóes de pessoas, ou seja, 1/4 da população do país.
A originalidade da performance da artista ucraniana rendeu-lhe em 2009 o prêmio de $75,000,00, além da divulgação de sua arte em extensão inimaginável. A notícia foi repercutida pelos principais jornais e no vídeo disponibilizado pelo You Tube já foi acessado por quase 2 milhões, dentre as quais a menina Débora que me ensinou a dica.
Bem a propósito da inspiração de Simonova, no dia 30 de abril último, o término da Guerra do Vietnã completou exatos 35 anos. Lembro eu, pré-vestibulando, assistindo na TV as cenas dramáticas da queda de Saigon, quando os EUA retirou seus últimos marines da embaixada e deixou ao aliado Vietnã do Sul o encargo de render-se sem imposição de condições ao exército comunista do Vietnã do Sul. Apesar da importância desse conflito para a história política e militar do século XX, a data passou em brancas nuvens na mídia e na blogosfera brasileira.
Essa estúpidez belicista que durou 13 anos, revelou que o exército norte-americano além do incendiário napalm usava como arma de guerra o Agente Laranja, um desfolhante reconhecidamente perigoso tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana. Para avaliarmos o absurdo do ato bélico, calcula-se que 83 milhões de litros de Agente Laranja foram borrifados sobre as florestas do Vietnã e do vizinho Laos, em concentração 180 milhões de vezes acima do nível de segurança recomendável!
Nesses termos, nem seria de espantar que o emprego do herbicida tenha contaminado cerca de 3 milhões de pessoas, das quais um milhão sofreram graves problemas de saúde. Entretanto as consequências desse crime de guerra não pararam por aí. A pior foi sem dúvida a capacidade do Agente Laranja provocar defeitos congênitos, o que legou aos vietnamitas uma segunda e uma terceira geração de crianças com mal-formações tão ou mais graves que as provocadas pela exposição descuidada a Talidomida.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Outro erro não assumido


Divulgadas ontem através do Wikileaks e repetidas a exaustão pelas emissoras de TV mundo afora, estas imagens da morte de 2 jornalistas da Reuters no Iraque em 2007, são impressionantes. Além dos jornalistas, ao menos uma criança foi atingida. Mas mais impressionante ainda são os diálogos via rádio entre os militares. Eles fluem de tal forma, que a morte, nem parece ser o pior horror da guerra.
Assista ao vídeo se tiver estômago.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Quem È o Cara
























Documento orçamentário publicado na página eletrônica do deputado José Genoíno (PT/SP) desnuda de forma definitiva o tratado militar norte-americano com o governo colombiano. A base na Colômbia faz parte do We Can militar de Obama para o hemisfério sul, junto com a reativação operacional da 4a. Frota , ocorrida no governo Bush. Ou seja, é projeto de intervencionismo militar com maiúsculas, seu menino!!
Se quizer ler o documento em inglês acesse aqui. Em português, aqui. Em paraensês, fica por sua conta.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bangue-Bangue no Texas

Segundo a agência espanhola de notícias EFE, aconteceu um terrível tiroteio com fuzis M-16 na base militar estadunidense de Fort Hood, Texas. Doze pessoas foram mortas e pelos menos mais de trinta feridas. Nada mais se sabe sobre as causas da tragédia, embora o FBI descarte motivações terroristas. Entretanto, a notícia publicada informa que a segurança nas bases militares no território norte-americano foi reforçada. A base em questão é sede de batalhões militares de elite que atuaram na Guerra do Iraque.

Atualização: A situação continua confusa no noticiário internacional. Mas é notícia que o protagonista do tiroteio é um médico militar de origem árabe, com habilitação em psiquiatria. Informa-se que esteve afastado de suas funções por razões de saúde e teria voltado recentemente à tropa. Outras fontes de notícia também informam que outros militares protagonizaram a tragédia que a Casa Branca classificou como terrível violência em solo norte-americano.

sábado, 8 de agosto de 2009

O Medo na Hora do Gol

A memória de Manoel Amaral e Juvêncio Arruda

São esses dias difíceis menos pela razia do trabalho, e mais pela perda de amigos ainda jovens, dor que nos chama à realidade do quão mais curta pode ser a vida que em si é breve. Nessas horas, confrontados com a iniludível, percebemos o inesgotável das possibilidades que as pessoas possuem para construir a vida numa perspectiva que as honre perante os seus e, por que não dizer, as torne dignas para o futuro do presente, se quizermos ecoar uma das formas com que o notável padre Antonio Vieira lia a história nos setecentos.
Para tanto, os homens devem prescrever-se que tudo no mundo real é uma construção, onde, enquanto tal, tanto existe a possibilidade de avançarmos historicamente para além de nossas mazelas, quanto também é possível repetir-nos enquanto farsa e, pior, como tragédia coletiva. Há tantas certezas quanto enganos e desencantos, frutos todos da grande árvore do fazer humano.
Nesses últimos anos, o mercado cinematográfico tornou a encarar o drama do nazismo na Alemanha, com enfoque sobre figuras fictícias ou biografias enquanto maneira de explicar a mais impressionante revolução de extrema-direita que o mundo presenciou, posto que toda a sociedade alemã e suas instituições (não escapou uma!) foi tomada e refundada na perspectiva de uma ideologia hedionda. São frutos dessa safra cinematográfica alguns filmes como A Queda, Uma Mulher Contra Hitler, Eu Fui Secretária de Hitler e os equivocados a própria maneira O Leitor e Operação Walkíria. Com respeito a este último existem questões ainda mais sérias, como a indagação do por que o cinema tanto seduz-se pelo conde Stauffenberg em detrimento do coletivo conspirador, pondo em segundo plano o papel de figuras superiores que lideraram com astúcia e risco a resistência alemã ao nazismo, um deles com declarado asco à ideologia nazista desde o princípio.
Falo, por exemplo, do general Hammerstein, cuja biografia foi resumida pelo escritor alemão Hans Magnus Enzensberger (Hammerstein ou a Obstinação. Companhia das Letras, 2009). Hammerstein impos-se como uma das figuras mais prestigiadas do exército alemão antes da chegada de Adolf Hitler ao poder. Ético, após receber o cabo austríaco como celebridade política legitimada, preferiu retirar-se da vida pública iniciando uma resistência ideológica ao nazismo junto a setores representativos do exército pré-nazismo, porque depois que Hitler se tornou chanceler outra foi a Wermacht.
A vida deste general não chegou ao cinema, embora tenha todos os elementos folhetinesco necessários a um bom filme. Possuia uma visão geopolítica sofisticada. Era admirado e respeitado pelos generais russos. Desde a primeira hora opos-se ao nazismo a ponto de pedir a reforma. Depois desta manteve influência junto a militares da ativa, estimulando-os a resistir, apesar de adverti-los contra o golpismo que considerava tão maléfico quanto o próprio Hitler, que para ele só deveria ser deposto quando a sociedade alemã compreendesse o grave erro que havia cometido sob pena de, quem desse o golpe, tivesse depois de lutar contra o fantasma do Fuhrer.
Falecido antes da rendição incondicional do Reich, foi intocável apesar de intensamente vigiado pela Gestapo (a família não permitiu honras militares, nem tão pouco que fosse posto sobre o caixão do patriarca a bandeira nazi). Não bastasse essa têmpera de ética militar, Hammerstein com sua personalidade prussiana, tornado aristocrata apesar de origem bastante humilde, foi um liberal no seio da família e com seus amigos. Uma de suas filhas casou-se com um judeu (ele teve de removê-los da Alemanha para Tóquio, onde sobreviveram à Solução Final); as duas outras filhas se tornaram militantes comunistas e mergulharam na clandestinidade (uma delas ainda na Alemanha nazista abandonou a militância e casou-se com um conde, a quem depois abandonou terminada a guerra, imigrando com os filhos para a Alemanha Oriental, onde foi advogada de dissidentes!); dois de seus filhos, oficiais no exército alemão, participaram ativamente da conspiração para assassinar Hitler e tiveram a cabeça à prêmio até o final da guerra; um deles, depois pastor, imigrou para os EUA e militou na defesa dos direitos civis dos negros norte-americanos.
Com toda essa história familiar fica entao difícil compreender a razão do cinema deixar de lado a saga dos Hammerstein, enquanto privilegia figuras periféricas na resistência ao nazismo alemão. Talvez porque exista quem não reconheça que aqueles que lutam por toda a vida por um mundo mais justo, includente e universal, ainda que num átimo, estes sim são imprescindíveis. Ainda que, nesse momento, sejamos o goleiro acompanhado do seu medo na hora do gol.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Paz 0,0 %

A decisão do governo militarista de Israel de bloquear a entrada de 75% dos produtos básicos na Faixa de Gasa é inaceitável, porque imoral e criminosa. Esse tipo de medida afeta especialmente idosos, crianças e doentes, apesar de ter por objetivo quebrar o apoio moral que os palestinos dão a suas milícias especialmente o famigerado Herzbollah. Mas, ao contrário do efeito pretendido só aumenta o ódio entre gerações e a altura da pilha de cadáveres dos dois lados.

domingo, 25 de janeiro de 2009

As Razões do Ódio

FERREIRA GULLAR


Suspensão das hostilidades no conflito é provisória e vem após perdas lamentáveis

O HORROR que tenho à violência me leva a admitir que o pior dos acordos é melhor que uma guerra. Nem todos o admitem, mesmo porque as coisas não são tão simples quanto podem parecer, já que às vezes mostrar-se disposto a ir à guerra pode ser um fator importante para evitá-la.
Desentendimentos que envolvem povos e nações são sempre muito complexos e de difícil superação. E quando remontam a disputas antigas, que já resultaram em mortes e perdas de todo tipo, superá-los é ainda mais difícil. Ir à guerra é mais fácil, mas, na maioria dos casos, também não resolve. O conflito entre Israel e palestinos é exemplo disso: 60 anos de atentados, bombardeios e combates, intercalados de tréguas que levaram a novos massacres, mortes e destruição.
No momento em que escrevo, as tropas de Israel começam a se retirar da faixa de Gaza, dando início a uma trégua, de fato inevitável, uma vez que nenhum dos contendores tem capacidade de derrotar definitivamente o outro. Ao contrário do que gostaríamos que ocorresse, essa suspensão das hostilidades tende a ser provisória e vem, não antes, mas depois de perdas lamentáveis. Teremos assim mais uma precária pausa na interminável e sangrenta disputa entre os dois povos.
Quem tem acompanhado o desenrolar dessa questão sabe que os dois lados se julgam com a razão e é exatamente por isso que o conflito não termina: "A razão está conosco, eles se apossaram de nossa terra, logo, ou nos devolvem o que é nosso ou seremos obrigados a tomá-lo pela força". Isso, de um lado; enquanto o outro lado argumenta: "Não tomamos nada de ninguém, temos o direito de estar onde estamos e repeliremos toda e qualquer tentativa de nos expulsar daqui". Mas de que adianta ter razão e viver no inferno?
Como se sabe, esse conflito começou em 1948, depois que a ONU decidiu pela criação de dois Estados, um palestino e outro judeu, mas os palestinos não acataram essa decisão, alegando que aquele território lhes pertencia desde sempre. Mesmo assim, o Estado de Israel foi implantado, resultando na expulsão de milhares de palestinos. Criou-se a OLP (Organização para Libertação da Palestina) que prometeu "jogar os judeus no mar".
Em 1967, Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito, liderou uma frente anti-Israel, a que aderiram a Síria e a Jordânia, cujas tropas se preparavam para invadir o território israelense quando foram surpreendidas por uma ofensiva fulminante que as derrotou, resultando na ocupação, pelo Exército israelense, das colinas de Golã, de parte da Cisjordânia e da península do Sinai. Finda a guerra, o governo israelense negou-se a desocupar aqueles territórios, alegando que esse era o modo que tinha de evitar os ataques a seu país. Esse é ainda hoje um dos principais entraves à pacificação.
De lá para cá, houve alguns progressos que aliviaram as tensões na região, como o acordo de paz firmado por Israel com o Egito e a Jordânia. Em 1993, foi assinado o Acordo de Oslo, que abriu caminho para o convívio pacífico entre israelenses e palestinos. Alguns territórios foram devolvidos por Israel, inclusive a faixa de Gaza, hoje ocupada pelas forças do Hamas.
Foi a impossibilidade de destruir o Estado de Israel que levou Yasser Arafat a concordar com a criação do Estado palestino e o convívio pacífico com ele. Esta é a posição, hoje, de Mahmoud Abbas, sucessor de Arafat. Os líderes do Hamas não concordam com isso: mantêm-se na posição palestina de 60 anos atrás, exigindo o fim de Israel. Logo, para eles, a paz é inaceitável, pois, como Israel não admite autodissolver-se, só a guerra pode acabar com ele. Mas como, se o Hamas não tem poder militar para isso?
Já que essa é a realidade, resta entender por que então, sabendo que sofreria implacável represália, insistiu em atirar foguetes sobre cidades israelenses. Pode-se especular que seu verdadeiro propósito era de fato provocar a reação furiosa de Israel e, com o martírio de sua gente, ganhar o apoio dos países árabes para, assim, como ocorreu em 1967, juntá-los numa frente militar capaz de expulsar os israelenses daquela parte da Terra Santa que lhes pertence.
Pode ser, pode não ser, mas custa crer que alguém provoque um conflito dessas proporções, sabendo que não o vencerá, apenas para irritar o inimigo. De qualquer modo, a verdade é que, na tentativa de anular as ações do Hamas, Israel fez crescer ainda mais o ódio dos palestinos e desgastou-se diante da opinião pública internacional, particularmente no mundo árabe.
A paz parece mais longe ainda.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Naftalina Stalinista

Em reação a nota dos militantes petistas à nota de Berzoini-Pomar, que vem sendo depreciada em off como a Nota dos 36, um membro da coletivo pomarista faz réplica reativa e reafirma a feroz retórica que os anima, mal-disfarçando nas entrelinhas o que resistem admitir: produziram as canhas manifestação destituída de qualquer efetividade para animar a solução do conflito palestino-israelense.
Não conseguem contrapor a objetividade cirúrgica da nota dos identificados militantes, que para informe deles, já superou os 36; o que ao contrário do menosprezo pretendido, em termos de numerologia na história política brasileira tem boa companhia: é o dobro dos 18 do Forte de Copacabana, insurgentes contra o anacronismo da República Velha.
Hoje vasculhei a página eletrônica do partido e temo pelo pior de que nem sequer tiveram a decência de publicar a nota dos militantes, embora se excedam no desfile de réplicas para desmerecê-la. Uma vergonha para não usar de termo menos polido para descrever esse tipo de polemista.
Moral da história: A resposta do Sr. Altman reflete o mesmo desacordo com um pensamento equilibrado sobre o absurdo do conflito. O que diferencia as duas (o)posições é a serenidade que o equilíbrio permite, o que evita que o pintor borre a tela com tintas de cheiro bem enjoativo, rescendendo à naftalina stalinista.