Recebi de um amigo de longa data este vídeo, via WhatsApp.
Normalmente, não abro mensagens reencaminhadas, mas vindo de quem vinha, é obrigação de velho amigo, abrir, ver e ouvir, o que o meu Amigo me envia. E discordar, quando for caso disso, a amizade não se consolida com a passividade do silêncio.
Ouvi com toda a atenção discurso do senhor J. A. Melé, e não discordo das boas intenções sustentadas num projecto - A Banca Ética - de que o conferencista é promotor.
Eu não sabia da existência do senhor Melé, mas, uma breve visita na internet, esclareceu-me, julgo eu, suficientemente, acerca dos objectivos que o conferencista promove. Sem grandes reticências subscrevo a mensagem do senhor Melé.
Contudo, notei que ao conferencista, em Buenos Aires, escapou, propositadamente ou não, duas formas concretas de garantir na banca em geral a observância da ética que o senhor Melé promove sem nos dizer como atinge a banca, onde é assessor e promotor, os objectivos que definiu como lema, aparte referências vagas à condenação moral de certas marcas que exploram mão-de-obra em países onde as condições de trabalho são infra-humanas, que também subscrevo.
O que estranho e considero insólito, no mínimo, é que o senhor Melé fala durante cerca de meia hora sobre a falta de ética na banca, mas não faz qualquer referência aos offshores e aos fundos de especulação mobiliária e imobiliária.
Considero, há anos, escrevi vários apontamentos sobre o assunto neste caderno de apontamentos, desde a crise das sub-prime e dos activos tóxicos que implodiram o sistema financeiro global, que os bancos deveriam dividir-se em bancos sem qualquer envolvimento, directo ou indirecto, em operações em offshores ou em aplicações em fundos de, ditos, de investimento,
e os outros.
Aos primeiros, e só a esses, que designei por bancos verdes, por similitude com a economia verde, seria garantida, em caso de crise financeira sistémica, o apoio dos contribuintes, aos outros, aplicar-se-iam as regras estabelecidas para o funcionamento dos casinos. Quem quisesse ver as suas poupanças garantidas, optaria pelos primeiros, quem quisesse obter maiores ganhos teria de aceitar todas as consequências dos riscos assumidos.
Se houvesse leis que não consentissem as ousadias com rede garantida pelos nossos impostos não teriam os senhores Ricardo Salgado, Jardim Gonçalves, Oliveira e Costa, e ..., muitos outros, jogado como jogaram, aqui e quase por todo o mundo.
Não é tudo, há muito mais para aprofundar a questão.
Quem quiser ler o que escrevi neste caderno há cerca de dez anos sobre o assunto pode procurar nas etiquetas, bancos, banca, moral hazard, ...