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6 de abril de 2014

Divulgação - Marta de Paulo Pinto Fonseca


Brevemente disponível em ebook - "Marta" - um romance da autoria de Paulo Pinto Fonseca.Poderá adquirir gratuitamente o seu exemplar na primeira semana de Maio aqui.

Sinopse:

Perante a inevitabilidade da conversa, o padre, limpando a boca ao guardanapo, quis saber o que os levara ali, naquela noite de má memória - o que os inquietaria?
Antunes, com ponderação, respondeu que fora a lágrima que ele derramara naquela tarde; justificando-se com o facto de ser raro um padre chorar no funeral de paroquianos.
Fora um cisco que lhe entrara nos olhos, disse o padre.
Os dois homens trocaram olhares. E o padre António engoliu em seco. Ele chorara. Chorara de arrependimento, porque lhe custava ter enterrado aquela rapariga, ter presidido ao funeral de uma moça ingénua, que morrera de forma tão inglória e desnecessária. Fora apenas uma lágrima de arrependimento por não ter tido a atitude certa…
Azeredo sublinhou a preocupação que o transtornara, a ele e a Antunes Alva. E inquietação deles fora tal que anunciaram ter pensado ir falar com o bispo.
O padre António interrompeu-os e recorreu à sua ironia, perguntando-lhes se iriam inquietar o Bispo por causa de um cisco lhe ter entrado na vista.
Azeredo acatou a resposta e, em jeito de conclusão, encaminhou-se para a saída. No entanto, o padre António fez-se ainda ouvir para lhes dizer que era um homem de palavra, mesmo que isso lhe manchasse a alma. Dito isto, levantou-se para proclamar que Deus seria o seu Juiz quando chegasse a sua hora - e que Ele conhecia-o bem.
Azeredo Albuquerque, admirado, admitiu que iria mais descansado depois de ouvir aquilo.
O padre não se fez rogado e desafiou-os, lançando para o ar a questão: seriam eles capazes de ter aquela paz de alma?

Os dois homens saíram cabisbaixos e o padre António voltou a sentar-se à mesa, pensativo e triste: Marta morrera, e com ela levara a sua paz e a paz daquelas duas famílias; paz de alma seria coisa que nunca mais ninguém teria. Que Deus valesse a todos.

12 de março de 2014

Opinião - A Guerra de Gil


O coronel Vítor Gil esteve, sempre, do lado errado. Em Moçambique, durante a guerra colonial, matou um agente da Pide, em vez de acompanhar os seus camaradas no massacre da população civil de Wiriyamu. Depois, de regresso ao Regimento de Infantaria de Caldas da Rainha, viveu a revolta militar que, antecipando o 25 de Abril, não triunfou. Trinta anos depois, viúvo e solitário, Gil regressa à mesma cidade e escolhe um moinho isolado para se refugiar do mundo, na fronteira de uma serra inexplorada que confina com o oceano Atlântico. Mas um compromisso familiar vai envolvê-lo na actividade criminosa de uma família invulgar e violenta que tem uma agência funerária e que, beneficiando de um importante apoio local, se dedica ao tráfico de droga através de meios poucos ortodoxos e à comercialização de carne de vitela branca. E Gil é obrigado a entrar em guerra. Outra vez.

Opinião:

A Guerra de Gil foi o quarto livro publicado de Pedro Garcia Rosado. Este livro aborda a Guerra Colonial e o efeito destrutivo dela nos seus participantes. O livro foi me oferecido pelo próprio autor a quem quero agradecer mais uma vez pela oferta e pela dedicatória que me deixou.

Vítor Gil é um coronel reformado, que recentemente comprou um moinho nas Caldas da Rainha. Ele é um antigo combatente da Guerra Colonial em Moçambique, onde recusou participar no massacre de Wiriyamu.

Gil é um homem taciturno, que vive assombrado pelos fantasmas do seu passado, e solitário desde a morte de sua esposa Alda. Para respeitar um desejo de Alda, Gil vai ao encontro da sua cunhada e sobrinha, com quem não mantinha contacto, para lhes entregar uma jóia de família, mas ao chegar descobre que uma tragédia abalou a família.

O enredo deste livro está muito bom, com várias reviravoltas e traições, o final do mesmo é mais uma vez explosivo. Como habitualmente nos livros do Pedro Garcia Rosado a descrição das cenas de violência estão muito pormenorizadas, gráficas e muito bem escritas.

Com um enredo vibrante, uma personagem principal cativante e criminosos impiedosos este livro tornou-se num dos meus preferidos do autor. Um livro mais do que recomendado! E não se esqueçam de comer uma belas costeletas de vitela branca.

Avaliação: 9-10

2 de março de 2014

Opinião - O Clube de Macau


Macau, 1984: um juiz (o futuro procurador-geral da República), três polícias, um médico e um apresentador da televisão formam um bordel secreto a que chamam Clube de Macau, recorrendo a adolescentes chinesas dispostas a pagar o preço mais elevado para fugirem da China para o Ocidente. Quando uma delas é assassinada, o Clube de Macau dissolve-se.

Mas vinte anos mais tarde, em Lisboa, os antigos membros voltam a encontrar-se quando o procurador-geral pretende candidatar-se à Presidência da República. A ambição cruza-se então com o escândalo de pedofilia, e, desta vez, não é o prazer que espera os antigos membros do Clube de Macau, mas uma guerra sem tréguas.

Inspirado pelo Processo Casa Pia, O Clube de Macau é o terceiro romance de Pedro G. Rosado sobre os submundos da realidade portuguesa, depois de Crimes Solitários e de Ulianov e o Diabo, completando a trilogia O Estado do Crime.

Opinião:

O Clube de Macau é o volume final da trilogia "O Estado do Crime" escrita por Pedro Garcia Rosado, o mesmo
 é inspirado pelo Processo Casa Pia, que abalou Portugal em 2002.  

Em 1984 um grupo de portugueses residentes em Macau, que então ainda se encontrava na posse de Portugal, decide usar as suas influências para criar um bordel privado só para seu uso recorrendo ao uso de jovens chinesas que querem fugir de uma vida de pobreza. Esse bordel foi baptizado como Clube de Macau, e só é dissolvido após uma trágica morte.

Este livro aborda a corrupção nas mais altas esferas da política, com pessoas muitos poderosas a perverter a lei parece seu próprio benefício, e a usar informações sobre diversos crimes de pessoas importantes como forma de pressão. 

O enredo está bem construído, apesar de ter algumas partes algo previsíveis, o ritmo de escrita no final está simplesmente arrasador, as cenas de maior violência estão descritas de forma dura mas muito realista e todos estes ingredientes tornam este livro numa obra muito agradável de se ler.

Pedro Garcia Rosado é sem dúvida um mestre do thriller nacional. 


Avaliação: 8-10

17 de fevereiro de 2014

Opinião - Crimes Solitários


Uma noite, num dos mais belos restaurantes do Alentejo, um comerciante de negócios escuros chamado Eduardo Cortes revela publicamente um segredo embaraçoso, vingando-se da perseguição que lhe movem um inspector da Policia Judiciaria, Diogo Teixeira, e um jornalista especializado em casos de polícia, José Ricardo. Três anos depois, o mesmo Eduardo Cortes comete um homicídio mas, apesar do cuidado que põe na organização do crime para não se tornar suspeito, dá um pequeno passo em falso- um passo que só José Ricardo tem conhecimento, este, porém, não pode denunciá-lo sem se expor demasiado, pelo que se socorre do seu amigo Lisboa, Diogo Teixeira.
Está, pois , criado o ambiente para que os dois se ponham em campo para ajustarem contas antigas e resolverem um crime que podia ficar por resolver. Mas a caçada fará rolar muitas cabeças para além de Eduardo Cortes numa batalha em que dificilmente poderá haver vencedores.

Opinião: 


Crimes Solitários foi o primeiro livro publicado de Pedro Garcia Rosado. Este livro inicia a trilogia de nome "O Estado do Crime" da qual eu já li o segundo volume, "Ulianov e o Diabo".


Eduardo Cortes é um revendedor de carros usados que mora em Montemor-o-Novo. Certo dia recebe a visita de um misterioso homem de origem basca no seu stand e, essa visita pode o tornar-lo num homem muito rico.


José Ricardo é um jornalista que escreve sobre casos de polícia, e que reencontra numa cena de crime um antigo colega de faculdade, Diogo Teixeira, que agora é agente da PJ. Encontro que os levará a criar uma forte ligação profissional e pessoal.


Este livro ao contrário dos livros que li do autor aborda menos a corrupção da classe política, aborda de forma aberta alguns assuntos tabus da sociedade moderna. Mas as descrições das cenas de maior violência continuam num tom muito gráfico e que pessoalmente agrada-me. 


Sem ter um ritmo tão frenético, e um enredo mais previsível, normal por se tratar do primeiro livro escrito, não deixou de ser uma obra que me conseguiu agarrar. Pedro Garcia Rosado é sem dúvida um autor que merece maior notoriedade no panorama nacional. 


Avaliação: 7-10

19 de janeiro de 2014

Entrevista a Pedro Garcia Rosado



O próximo entrevistado é Pedro Garcia Rosado. Autor das séries policiais "O Estado do Crime", "Não Matarás" e "As Investigações de Gabriel Ponte", que usam sempre como pano de fundo a realidade portuguesa e que abordam temas polêmicos. 

Quero agradecer ao Pedro Garcia Rosado a disponibilidade para fazer esta entrevista. 

O próximo livro, "Morte nas Trevas", vai ser publicado em Maio, e já tem a partcipação confirmada de Joel Franco e Ulianov. 



O Estado do Crime


- Gabriel Ponte e Joel Franco são dois protagonistas dos seus livros. Como é que os criou? Qual as principais diferenças entre eles?

A literatura policial requer, normalmente, um investigador criminal como herói, ou como protagonista principal. A legislação portuguesa comete essa função, no que se refere ao crime de homicídio (que é o elemento fundamental de qualquer história deste género literário), à Polícia Judiciária. A criação de uma série, de várias histórias com um protagonista fixo, requeria um investigador criminal e ele devia ser, inevitavelmente, um inspector da PJ, da Secção de Homicídios, de preferência com experiência noutras áreas para o âmbito das histórias poder ser alargado. Foi desse modo que nasceu Joel Franco, como um investigador bem integrado no sistema, e com base na recolha de informações sobre as circunstâncias reais da actividade da PJ. Quando a série “Não Matarás” ficou parada, por motivos que me são alheios, não quis fazer um “clone” de Joel Franco e nasceu então a figura de Gabriel Ponte, como uma espécie de inspector de algum modo renegado. Gabriel Ponte tem maior liberdade de movimentos (e talvez precise dela se começar a investigar alguns casos por conta própria...) mas Joel Franco, apesar de ser um homem mudado e de certa forma revoltado, continua na PJ, como investigador. E os seus caminhos vão cruzar-se.

- Usa sempre Portugal como cenário principal dos seus livros, porque essa aposta?

Quando pensei em escrever histórias, e de acordo com as minhas preferências literárias (nessa altura na área do fantástico), pensei que seria impossível encontrar cenários para histórias de mistério, ou de crime, num país tão pequeno como Portugal. Mas depois, quando a certa altura, pensei em começar a desenvolver uma história com a dimensão de poder ser livro, se tivesse qualidade para tal, percebi que havia espaço, geográfico e não só, para contar histórias passadas no nosso país, aproveitando cenários que conhecia, como foi o caso do Alentejo, em “Crimes Solitários”, o meu primeiro “thriller”, em 2004. Dez anos depois continuo a pensar que a realidade geográfica e social é óptima para muitas histórias – Caldas da Rainha, em cujo concelho vivo, já forneceu cenários para “O Clube de Macau” (2007), “A Guerra de Gil” (2008), “Triângulo” (2012), “Morte com Vista para o Mar” (2013) e agora “Morte nas Trevas” (2014). E Lisboa e os seus subúrbios têm muito que explorar e aproveitei a cidade para “Ulianov e o Diabo” (2006), “A Cidade do Medo” (2010), “Vermelho da Cor do Sangue” (2011) e “Morte na Arena” (2013). E em 2015 talvez Gabriel Ponte vá até ao Alentejo...





- Nos seus livros aborda diversos assuntos polêmicos como a corrupção, emigração ilegal e o tráfico de influências, acha que a nossa realidade é assim tão negra?

Não é, mas a literatura policial tem de viver desses aspectos mais sombrios da sociedade e eles existem. Eu recolho a inspiração, principalmente, do que vou vendo nos jornais e essa realidade portuguesa mais sórdida tem sido tratada com toda a plausibilidade, o que é essencial, respeitando a fronteira entre a ficção e a reportagem mas aceitando que a vida real e os seus protagonistas invadam as minhas histórias.

Além de ser escritor, você também é tradutor, quais são os livros que mais gostou de traduzir?

Retenho cinco, dos cerca de cinquenta que já traduzi desde 2007: o mais recente foi o primeiro volume de “The Story of de the Jew”, do historiador Simon Schama (Temas e Debates), que é uma obra admirável sobre o judaísmo e os judeus; “Tríptico”, de Karin Slaughter (Topseller), um “thriller” perfeito que eu já tinha lido há vários anos e que redescobri ao traduzir; “Cada Dia, Cada Hora”, da romancista croata Nataša Dragnić (Porto Editora), uma bela história de amor; “Cornos”, de Joe Hill (1001 Mundos), uma combinação notável de uma história de amor com uma história de terror; e “Aliança”, do jornalista Jonathan Fenby (Quid Novi), um relato empolgante sobre a aliança Roosevelt – Churchill – Estaline.;


Não Matarás


- Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

O desaparecimento da crítica literária objectiva e independente de modas e favoritismos da imprensa, em geral, deixou um abismo difícil de atravessar – como é que os livros que vão saindo chegam ao conhecimento do público com uma opinião alheia aos editores e aos autores? Os blogues literários estão a cumprir essa função e da melhor maneira: os seus autores estão a ler, de acordo com as suas preferências literárias, e estão a dar opinião. E estão mais acessíveis – “on line”. Penso que os blogues literários poderão evoluir, pelo menos alguns, para sites mais estruturados sobre livros e, inclusivamente, encontrarem alguma forma de se sustentarem, alargando ainda mais a sua intervenção. E há mais: os seus autores, porque gostam de ler e têm opinião sobre aquilo de que gostam e não gostam, poderão estar até melhor preparados do que os jornalistas que, em alguns casos, parecem, parecem mais permeáveis a editoras do que a autores e géneros literários, sem memória e sem conhecimentos.

- De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

Sempre me lembro de ter livros em casa, desde que comecei a ler, desde aventuras juvenis (de René Guillot, Jules Verne, Edgar Rice Burroughs, Emilio Salgari) aos géneros que depois fui procurar por interesse própria (fantástico, FC, mais tarde o policial, a banda desenhada franco-belga mas também a americana). E depois fui lendo sempre, com a regularidade com que ia ao cinema. Mesmo com menos tempo há sempre um livro por perto, a ser lido ou à espera de ser lido.


As Investigações de Gabriel Ponte



Quais os seus escritores preferidos?

Actualmente, Carl Hiaasen, Harlan Coben, James Ellroy, John Le Carré, Karin Slaughter, Lee Child (por enquanto...), Stephen King (às vezes) e a grande, muito grande, Ruth Rendell.

- Já tem mais projectos em mente?

A série começada com “Morte com Vista para o Mar”, com Gabriel Ponte, já me ocupa bastante (o quarto livro da série sairá em 2015, tendo para já “A Morte da Honra” como “working title”) e há uma convergência e uma cumplicidade muito grandes com a Topseller, que muito me agrada, quanto à sua continuação, enquanto tal for possível. Mas tenho em mente escrever um romance, diferente no estilo, sobre o jornalismo e os jornalistas. Dos meus mais de vinte anos como jornalista reuni muitas histórias, pessoais e outras, que podem dar um bom romance, quando passadas para o quadro de crise em que a Imprensa vive.

5 de janeiro de 2014

Opinião - Triângulo



Joel Franco, Rosa Custódio e Jaime Paixão foram amigos e colegas na Faculdade de Direito e, mais tarde, entraram todos na PJ. Os seus caminhos, entretanto, afastaram-se, até que um caso que envolve um primeiro-ministro extremamente colérico volta a uni-los, mas da pior maneira. Jaime Paixão é agora adjunto do ministro da Justiça e Joel trabalha na Secção de Homicídios da PJ quando Rosa Custódio é encarregada de dirigir uma equipa que se vê a braços com o cadáver da namorada do primeiro-ministro. E, enquanto Rosa procura contornar os obstáculos políticos que dificultam a descoberta da verdade, devido às manobras de um pequeno grupo de conspiradores entre os quais se encontra Jaime Paixão, o inspector Joel Franco lança-se numa cruzada pessoal.

Chegou o momento de o protagonista desta série ir finalmente ao encontro dos suspeitos do homicídio de Augusto, seu amigo de infância, morto no seminário que ambos frequentavam. A perseguição do assassino levá-lo-á, de resto, da Serra da Estrela à Lagoa de Óbidos, onde actua uma rede de pedofilia e prostituição de luxo que tem por cabecilha uma misteriosa empresária conhecida por Medusa. Mas ela tem também ligações ao caso que Rosa Custódio quer resolver.

Triângulo segue-se a "A Cidade do Medo" e a "Vermelho da Cor do Sangue" (já traduzido em Espanha) e faz do inspector Joel Franco uma das personagens mais importantes do thriller português, que, nesta obra, enfrenta o maior e mais exigente desafio da sua vida.

«Não Matarás» é uma série de thrillers ambientados em Portugal e com personagens portuguesas. O seu protagonista é Joel Franco, inspector na Secção de Homicídios da Polícia Judiciária que, em todos os crimes que resolve, sabe estar a vingar uma morte a que assistiu na infância.

Opinião:


Triângulo é o terceiro volume da trilogia Não Matarás, que tem como protagonista o inspector da Polícia Judiciária Joel Franco.


Joel Franco vai finalmente defrontar os suspeitos do assassínio do seu amigo de infância, Augusto.  Mas verá-se envolvido em perigosas teias, que poderão ter grandes custos.


José Garrido, primeiro ministro, é um homem calculista e manipulador,  e que por isso conseguiu subir ao poder, mas tem uma face escondida, uma de um homem colérico e muito violento. 


Mas uma vez o autor neste livro aborda a corrupção dos meios políticos e a troca de favores entre os mesmos, mas neste livro em particular o nível de corrupção surpreendeu me tanto pela gravidade como pelo facto de ser perfeitamente plausível.


Este livro marca o final de uma excelente trilogia policial portuguesa, que tem excelentes descrições do nosso país. Com personagens sólidas e muito humanas, podemos sentir a angústia de Joel ao longo da mesma. Pedro Garcia Rosado já revelou no blogue "Verosky - A Menina dos Policiais", um excelente blogue que sigo atentamente,  que Joel irá participar no livro "Morte nas Trevas" e eu estou curioso por saber como ele o irá conjugar com o Gabriel Pontes.


O final deste livro deixou-me simplesmente KO! Absolutamente espectacular e apanhou completamente desprevenido! 


Se gosta de ler policiais de qualidade compre com a minha recomendação, qualquer livro do Pedro Garcia Rosado. Sem dúvida um mestre do policial português!


Avaliação: 9-10

23 de dezembro de 2013

Opinião - Vermelho da Cor do Sangue


Quando um mercenário ucraniano conhecido por Gengis Khan assalta a casa do banqueiro Ramiro de Sá, além de um segurança morto e das jóias roubadas, deixa atrás de si um problema inesperado: do cofre do banqueiro foi também levado o passaporte de Valentim Zadenko, um emissário do Partido Comunista da União Soviética que entrou em Lisboa no dia 24 de Novembro de 1975 e aí desapareceu misteriosamente.
Enquanto o inspector Joel Franco, da Polícia Judiciária, investiga o homicídio do vigilante, o passaporte torna-se uma relíquia que muitos querem deitar a mão: não só o próprio Ramiro de Sá, mas também o chefe da máfia russa, um inspector do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, um veterano do PCUS que foi camarada de Zadenko e ainda Svetlana, a filha do operacional desaparecido, que vem para Lisboa à sua procura, alertada por um angolano que estudou em Moscovo e participou no assalto. Na busca do documento, todos os caminhos acabarão, mais tarde ou mais cedo, por ir dar a Ulianov, um ex-KGB especialmente treinado que em Portugal se tornou dirigente de um grupo criminoso. Joel terá de contar com a sua ajuda para desenterrar uma conspiração criminosa que nasceu no PREC e envolveu militares revolucionários, banqueiros, assassinos … e várias garrafas de Barca Velha.

Opinião:

"Vermelho da Cor do Sangue" é o segundo livro da trilogia "Não Matarás", que tem como personagem principal o inspector da Polícia Judiciária Joel Franco.

Joel Franco é encarregado de investigar um assalto a um cofre no qual o segurança foi morto, mas a sua investigação leva ao conturbado ano de 1975 e o PREC e ainda tem perigosas ligações com a antiga URSS.

Neste livro pode rever o Ulianov, protagonista do livro "Ulianov e o Diabo", personagem que eu achei que sofreu uma interessante evolução. Eu acho que um livro sobre a participação do Ulianov no gang Cobra seria uma excelente ideia.

Este livro aborda alguns assuntos polémicos como a emigração de pessoas oriundas da antiga União Soviética e como várias organizações criminosas a aproveitaram para expandirem o seu "negócio". Mais uma vez este livro também aborda a corrupção nos meios políticos e económicos.

Eu gostei mais do primeiro livro da trilogia, mas este não deixa de ser um livro com qualidade, com um enredo bem construído, personagens interessantes e credíveis. Um excelente policial português.

Avaliação: 7-10

10 de dezembro de 2013

Opinião - A Cidade do Medo



Para a Polícia, a morte violenta de um sem-abrigo cuja identidade é quase impossível de determinar não é uma ocorrência a que se possa dedicar muito tempo. 

Mas a situação altera-se na manhã seguinte: aparecem mortos, da mesma maneira, mais dois sem-abrigo na Baixa de Lisboa. E, dois dias depois, são três os sem-abrigo atacados. O serial killer começa, porém, a deixar pistas - e estas apontam para um culto satânico, mas também para a maçonaria. 

Com o medo a instalar-se em Lisboa, onde o assassino vai multiplicando os seus actos de violência, e enquanto Joel Franco começa a descobrir as origens desta vaga de crimes, o presidente da Câmara de Lisboa e um seu discreto aliado na própria PJ percebem quem é o autor das mortes: o homem que quiseram transformar em bode expiatório quando começou a correr mal o comércio ilícito de terrenos na zona do projectado aeroporto da Ota. No qual pontificara o presidente da Câmara quando ainda era ministro do Ambiente… 

E em breve vão estar frente a frente dois homens que, à sua maneira, procuram justiça: o assassino propriamente dito e Joel Franco, que tenta vingar a morte de um amigo de infância em cada homicida que persegue. É bem provável que ambos desafiem a antiquíssima norma que regula a sociedade humana: «Não matarás.»

Opinião: 

"A Cidade do Medo" é o primeiro volume da trilogia de policiais " Não Matarás"  da autoria de Pedro Garcia Rosado.

Joel Franco é um inspector da Polícia Judiciária que é encarregado de investigar morte de um sem-abrigo encontrado junto a Basílica da Estrela, do qual é quase impossível de identificar e de entender os motivos que levaram ao crime. 
Na madrugada seguinte são encontrados mais dois cadáveres, desta vez encontrados na Baixa de Lisboa. Joel começa a pensar que os crimes são obra de um serial killer.

O assassino que se intitula como o "Sanitizador de Lisboa", e diz que vai limpar Lisboa dos infra-homens, é um astuto manipulador que usa a jornalista Eunice Neves e o seu programa "O Crime Nosso de Cada Dia" para fomentar o pânico na cidade e para esconder os seus reais motivos para os brutais crimes.

Este livro centra-se quase inclusivamente em Joel Franco e no "Sanitizador" dando pouco espaço às outras personagens. Mas por outro lado,  tem um enredo bem construído e as cenas das mortes estão bastante gráficas.

O autor também incide sobre a corrupção da classe política, neste caso em particular à possível construção do aeroporto da Ota.

Um bom livro de um dos melhores autores nacionais de policiais. 

Avaliação: 8-10

18 de novembro de 2013

Opinião - Ulianov e o Diabo


Um magnífico romance policial português
Pedro G. Rosado leva-nos ao velho coração de Lisboa, à beira do Tejo, onde um emigrante russo com o nome de guerra Ulianov, ex-agente do KGB e ex-presidiário, é arrastado para a batalha mais difícil da sua vida, quando a sua irmã desaparece. Em "Ulianov e o Diabo" vamos também conhecer o inferno das cavernas subterrâneas da Lisboa ribeirinha, de onde emerge o sem-abrigo que guarda o segredo do desaparecimento da irmã de Ullianov.

Opinião:

Ulianov e o Diabo, é o segundo livro publicado por Pedro Garcia Rosado, onde a personagem principal é um emigrante russo conhecido por Ulianov.

Ulianov, é a alcunha de Serguei Denisovich Tchekhov, um antigo major da KGB, que veio para Portugal como membro de um grupo criminoso e que depois de ter sido preso torna-se num operário civil. E que ao ser informado do desaparecimento da sua irmã, Irina, tem a difícil tarefa de descobrir o que lhe aconteceu.

Neste livro aparece uma misteriosa personagem que eu já tinha conhecido no "Morte na Arena" que é um antigo combate na guerra colonial que agora morra nos subterrâneos de Lisboa.

Tal como os anteriores livros que li do autor o ritmo desta história é elevado e não tem medo de descrever as cenas mais violentas de uma forma crua mas realista. 

Pedro Garcia Rosado é sem dúvida a minha grande "descoberta" de 2013 no panorama nacional.

Avaliação: 8-10

14 de novembro de 2013

Opinião - O Reino


O Reino é um romance histórico baseado nos conhecimentos atuais sobre os factos que estiveram na origem da formação de Portugal. 
O livro retrata a vida de Dom Afonso Henriques e a complexa teia de relações que levou ao nascimento e reconhecimento de Portugal como um novo reino. 
É também de um olhar novo sobre a vida de Dom Afonso Henriques e através dele se propõem novas interpretações históricas sobre muitos dos episódios que estiveram na origem de lendas que ainda hoje conferem um estatuto de mito àquele que foi o primeiro rei de Portugal.

Opinião:

O Reino é um romance histórico que retrata a vida de Dom Afonso Henriques e a sua luta para conquistar a independência de Portugal.

Afonso Henriques é retratado neste livro como um líder destemido, que não tinha medo de enfrentar forças superiores, um bom estratega militar e um homem inteligente e astuto. E um homem que só teve o seu maior desejo cumprido no final da sua vida.

São retratadas algumas das batalhas mais importantes da história portuguesa, como a batalha de São Mamede em que lutou contra o exército da mãe, Dona Teresa, e a batalha de Ourique onde se proclamou como rei de Portugal após a vitória contra os mouros.

Como o livro cobre um grande período de tempo a construção das personagens não é muito aprofundada, a descrição das batalhas também não é muito explorada. 

Na minha é um bom romance histórico para conhecer melhor a fundação de Portugal e do seu primeiro rei Afonso Henriques.

Avaliação: 7-10

25 de outubro de 2013

Opinião - Morte na Arena


Quatro homens aparecem mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político, que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses. 
As investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a causa da separação deles. 
Os três acabam por descobrir um inferno escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.

Opinião:

"Morte na Arena" é o segundo volume da saga "As Investigações de Gabriel Ponte" da autoria de Pedro Garcia Rosado.

Gabriel Ponte vai a Lisboa para o jantar anual com um ex colega, mas ele falta ao jantar. No dia seguinte Gabriel liga para a casa dele e descobre que ele foi assassinado em conjunto com mais 3 elementos das forças policiais. A viúva pede a sua ajuda para desvendar a verdade.

A acção deste livro é passada na zona do Chiado e da Baixa de Lisboa, que o autor descreve em grande pormenor. Mas o autor explora também os subterrâneos de Lisboa.

Achei este livro melhor do que o primeiro da saga, com mais acção, um enredo melhor, e um excelente personagem principal. As cenas mais violentas são descritas sem qualquer complexos o que pode levar ao que livro não seja o mais adequado a ser lido por crianças.

Pedro Garcia Rosado é sem dúvida um mestre do Thriller português e que usa a nossa realidade para escrever óptimos livros.

Avaliação: 9-10

8 de outubro de 2013

Opinião - Morte com Vista para o Mar


Nas traseiras de uma moradia isolada nas Caldas da Rainha, um professor de Direito reformado aparece morto à machadada na casa onde vivia sozinho. Patrícia, inspetora-coordenadora da PJ, pede ajuda ao seu ex-marido Gabriel Ponte, antigo inspector da Polícia Judiciária, que assim regressa ao mundo da investigação criminal.
Meses antes, o professor tinha contactado Patrícia, sua antiga aluna e amante, para denunciar a existência de um esquema de corrupção e de lavagem de dinheiro em torno do projeto de um empreendimento turístico gigantesco nas falésias da costa atlântica.
As primeiras provas apontam para que este homicídio seja resultado de um affair com uma mulher casada, mas poderá o professor ter sido assassinado por saber demais?

Opinião:

"Morte com Vista para o Mar" é o primeiro livro que leio da autoria do Pedro Garcia Rosado. Este livro marca o início da série de thrillers/policiais chamada de "As Investigações de Gabriel Ponte".

Numa moradia isolada nas Caldas da Rainha um homem é barbaramente assassinado à machadada. A inspectora Patrícia Ponte da Polícia Judiciária que está encarregada da investigação pede ajuda ao seu ex-marido, um inspector reformado da PJ.

Neste livro também é explorado o crime financeiro e o abuso de poder por parte de governantes políticos. 

Gabriel Ponte é um inspector reformado da PJ, que vive nas Caldas da Rainha desde o divórcio que tem como única companhia uma cadela a que chamou de Filó. A sua ex-mulher pede-lhe ajuda a resolver um homicídio, o que o levará a reviver certos fantasmas do passado. 

Pedro Garcia Rosado conseguiu cativar-me pela forma como descreve a zona das Caldas da Rainha e a forma como consegue construir personagens muito realistas. A forma de escrita do autor, com várias mudanças de ponto vista dentro do capítulo torna a acção do livro mais rápida e a visão do leitor mais abrangente. Mas o que me conquistou foi o facto de não ter "medo" de descrever as cenas de violência de uma forma crua.

Um excelente policial de um excelente escritor português e irei continuar a seguir com muita atenção esta saga. Em breve irei ler o segundo volume da saga intitulado como "Morte na Arena".

Avaliação: 8-10

29 de março de 2013

Entrevista ao escritor Pedro Ventura

Pedro Ventura é o próximo autor entrevistado. Ele recentemente relançou "Goor - A Crónica de Feaglar" numa edição de autor, que poderá comprar aqui.

Dos livros publicados pelo autor eu li "Goor - A Crónica de Feaglar I" e "O Regresso do Deuses - Rebelião", que são dois romance épicos de imensa qualidade. E eu estou desejoso de ler o final do Goor.

Quero agradecer ao Pedro a disponibilidade para fazer esta entrevista e pelo autografo e dedicatória que fez no livro.  






Oito anos depois, Goor - A Crónica de Feaglar está de novo a venda, como tem sido a reacção dos leitores?

Tem sido bastante positiva, apesar das minhas limitações em termos de divulgação. Mas é uma luta bastante complicada – muitas pessoas só estão interessadas em ler os temas da "moda" e torna-se difícil flanquear esses gostos que têm uma máquina bem oleada a amamentá-los. Espero que o livro me ajude em termos de marketing, divulgando-se a si próprio com o passar do tempo. De qualquer das maneiras, já estou habituado a ter de lutar – nunca nada me caiu de bandeja...

Poderá falar-nos um pouco de Feaglar e Gar-Dena, personagens principais de Goor - A Cronica de Feaglar.

O Feaglar é aquele sujeito iluminista cheio de boas intenções (apesar de não ser isento de alguns defeitos, obviamente) que gostaria de ter a governar o meu país. A sério! A Gar-Dena... Bem, por estranho que possa parecer, sempre fomos um pouco distantes. A minha personagem feminina preferida é outra...

Se fosse uma personagem do universo Goor qual escolhia e porquê?

Talvez o capitão Thalian. É um tipo decente e competente. Não dá muito nas vistas, mas é um pilar essencial para os que rodeiam. Gosto de pessoas assim.
 



Como se inspirou na criação do mundo de Goor?

Sinceramente, não procurei criá-lo – não o projectei, digamos assim. Ele surgiu per si na minha mente e o enredo foi-se desenrolando de uma forma natural. Costumo dizer que fui um mero cronista de acontecimentos que presenciei. Não foi fácil porque, por vezes, tornava-se difícil acompanhá-los com a escrita, mas fiz o que pude.

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

Calédra, sem dúvida! É um mulher pragmática, obstinada e apaixonada, com aquele "je ne sais quoi". Depois dos Goor, senti-me em dívida para com ela e tive de lhe dar protagonismo em O Regresso dos Deuses. Curiosamente, há quem a adore ou estranhe a sua frieza e sobranceria, duvidando até que uma personagem assim pudesse assumir um papel de liderança. Será? A "nossa" História parece dizer o contrário... Além do mais, quem preferiam ter do vosso lado numa situação em que se pode ter a vida em risco? A Calédra ou a Buttercup? Não entendo porque é que isso pode causar impressão, quando se engole tantas personagens femininas nos antípodas – fracas, sem carácter, submissas... Calédra acaba por ser uma homenagem às mulheres "fortes", com uma "coisinha" chamada carisma. Existem, não existem? Assusta-me que possa haver quem sinta arrepios por causa da sua personalidade... Lamento a imparcialidade, mas esta é a personagem que sempre irei defender com unhas e dentes - é o tal carinho!

Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

Muitíssimo grande! Como autor e leitor, só posso estar agradecido por existirem blogues como este, que não se limita a ser uma mera "passerelle" de capas bonitinhas e de apreciações do tipo "like/deslike button". A diversidade é uma coisa que aprecio muito... O que também aprecio é a oportunidade dada aos autores nacionais, que precisam cada vez mais de visibilidade e de críticas, boas ou más, desde que sejam construtivas, fundamentadas e isentas de qualquer interesse obscuro. Essa crítica pode ser uma ferramenta fundamental para o amadurecimento dos autores. Infelizmente, em Portugal acontece tudo muito ao estilo de "gritos ou silêncios", sem que haja essa preocupação, esse acompanhamento. Por outro lado, as pessoas falam da crise e preocupam-se com encerramento da loja x e da fábrica y e esquecem que os autores nacionais (aqueles que não são vedetas dos media...) também estão nesse barco. Não vejo ninguém preocupado com o facto de um autor abandonar a escrita. Que se lixe, não é? Podemos sempre importar milhares de "pérolas" literárias estrangeiras porque, essas sim, são todas de uma qualidade inquestionável... 



De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

Não tenho uma memória desse nascimento, talvez por não haver um momento preciso. É uma daquelas coisas que se perde nas brumas do passado. No entanto, o ambiente familiar ajudou bastante nesse parto e posterior desenvolvimento. Tive a sorte de crescer rodeado de livros, muitos de Ficção Científica e Fantasia, géneros tidos por leitura "para gente com pouco siso" por uma boa parte da sociedade. Num mundo de gente tão "sã", o meu orgulho em ter pouco siso é enorme...

Quais os seus escritores preferidos?

É que são tantos... Júlio Verne, Frank Herbert, C.S. Forester, George Orwell, Bernardo Santareno, Ray Bradbury, Isaac Asimov, Aldous Huxley, Paul Brickhill, Robert Heinlein, Fernando Pessoa, Enid Blyton, Tolkien, David Brin, H.G. Wells, K. Dick, Umberto Eco, James Tiptree Jr. (Alice Sheldon), H. P. Lovecraft, Conde de Volney, Jules Verne, John William Wall, Sinclair Lewis, Jean-Michel Angebert, Alexandre Dumas, Michael Moorcock, Erich Von Daniken, etc, etc. Tenho também de referir Rod Serling, pois nem todas as preferências vieram do papel.

Qual o livro que gostava de ter escrito?

Uma boa pergunta. Mas nunca pensei nisso. Gostava era de saber o que esteve na origem de certos livros. Por uma questão de curiosidade, gostaria de ir às origens da inspiração para o Épico de Gilgamesh ou de acompanhar Luciano de Samósata enquanto ele escrevia o seu Uma História Verdadeira. Isso, sim, seria fantástico.

Já tem mais projectos em mente?

Ter projectos não é difícil, o pior é concretizá-los. Tenho pouco tempo e confesso que sou péssimo a organizar esse pouquinho que vou desenrascando no quotidiano. Para já, conto reeditar o Goor II lá para Maio ou Junho – depende de vários factores. Já tenho uma história que dá continuidade ao universo dos meus livros anteriores, passada numa época posterior, com uma visão mais centrada em questões sociais e um nível tecnológico superior, em certos aspectos – um adeus às espadas, digamos assim... Mas talvez possa surgir algo diferente, que venha a ter toda a minha atenção. Logo se vê... 

22 de março de 2013

Entrevista à escritora Susana Almeida

Antes de mais quero agradecer à Susana Almeida por ter aceite a entrevista e desejar-lhe muita sorte nos seus futuros projectos. 

Susana Almeida é uma jovem escritora algarvia, autora da trilogia de fantasia "Estrela de Nariën" publicada pela editora Saída de Emergência .  


Eu já li os livros, pode ler as minhas opiniões aqui e aqui, e gostei imenso e não posso deixar de mencionar que os mesmos se encontram com 40% de desconto no site da editora





Quando surgiu a ideia de escrever a “Estrela de Nariën”, soube de imediato que seria uma trilogia?

Na verdade não. Inicialmente pensei na “Estrela de Nariën” como um “stand-alone”, contudo, à medida que a história se ia desenvolvendo comecei a perceber que teria demasiado material para um “stand-alone”. Ponderei sobre o assunto chegando à conclusão que o enredo beneficiaria com uma divisão, até porque existiam momentos perfeitos para o clímax final de cada livro que, jamais, teriam o mesmo impacto num “stand-alone”. Desta forma avancei para uma trilogia, o que também me permitiu explorar melhor as várias personagens e as ligações estabelecidas entre elas.




O que sentiu ao ter pela primeira vez os seus livros nas mãos?

Na verdade reagi com uma certa normalidade, mas claro que é sempre uma sensação única ter nas mãos o fruto de meses de trabalho. Curiosamente no caso do “Sombras de Morte” recordo-me que levei uma semana a realmente assimilar que o livro era de facto meu, algo que já não sucedeu com os restantes dois volumes.  

Poderá falar-nos um pouco de Étaín, a vilã da trilogia "Estrela de Nariën".

Étaín é uma elfo erradicada para o mundo dos Homens, de espírito corrompido pela ganância, o desejo de poder e de controlo que não se coíbe de usar vários estratagemas para assegurar que consegue o que tanto ambiciona. É fria, cruel, calculista e manipuladora, alguém capaz de forjar alianças que apenas contemplem os seus interesses, embora consiga que pareçam igualmente benéficas para ambas as partes. É ainda uma excelente estratega usando a sua inteligência para surpreender o inimigo quando este menos espera estando sempre um passo à sua frente. Dona ainda de uma personalidade forte não teme enfrentar qualquer adversário. Contudo, tem um ponto fraco, o sentimento que nutre por Lochan que se recusa a perder para outra mulher.

Se fosse uma personagem do universo Nariën qual escolhia e porquê?

A minha escolha recairia sobre Zahara. O porquê é simples, é uma personagem forte que luta pelo que quer e se recusa a aceitar o que lhe querem impor, traços que, pessoalmente aprecio bastante.




Pelo que sei, apesar de não ser uma personagem principal, Lochan tornou-se numa das personagens preferidas dos leitores. O que acha que cativou os leitores para que assim acontecesse?

O Lochan ter-se tornado, atrevo-me a dizer, a personagem mais popular da trilogia foi uma surpresa para mim. Não estava de todo à espera, mas compreendo que por ser uma “personagem cinzenta” com um passado bastante doloroso e sofrido mas ainda assim, capaz de demonstrar carinho, preocupação e afecto tenham sido dois dos pontos fortes para ter cativado não só as leitoras, como os leitores, que curiosamente também o elegem como o seu personagem preferido.  

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

É uma pergunta bastante difícil de responder uma vez que sinto por todos um imenso carinho. Foram longos meses passados diariamente na sua companhia, vendo-os crescer e, em alguns casos, amadurecer ao longo das páginas, contando o seu passado e traçando o seu futuro. Confesso que Étaín sempre teve o seu cantinho especial no meu coração assim, como Athina, que apesar de apenas surgir no 3º volume me cativou desde o início, são ambas vilãs e ambas são personagens complexas, cada uma à sua maneira. Kyran foi igualmente uma personagem que me marcou, talvez tenha sido a personagem que ao longo dos três volumes mais mudanças sofreu e foi um prazer acompanhar o seu crescimento. Poderia continuar a referir muitas outras mas estas três foram de facto as que recordo com mais saudade e carinho.  

Sei que a “Estrela de Nariën” ficou em primeiro lugar na categoria "O Melhor Livro que Li" pelo Clube de Leituras e Fãs do Fantástico, no projecto escolar Ler é Fantástico em 2011. Ficou surpreendida ao receber esta notícia?

Bastante, não estava de todo à espera mas foi uma surpresa muito agradável. Só posso agradecer aos membros do Clube de Leituras e Fãs do Fantástico pelo carinho e entusiasmo com que receberam os meus livros e a mim, aquando da minha visita assim, como à prof. Eunice Pinho pelo seu trabalho de incutir o gosto pela leitura nos mais novos.  
  


Quais os seus escritores preferidos?

Existem vários escritores que admiro como Emilio Salgari, Catherine Anderson, Robert Jordan, Robin Hobb, Juliet Marillier, David A. Durham e Alexandre Dumas... Alguns pela escrita, outros pela imaginação, pelo que me ensinaram ou pelo simples prazer que é ler os seus livros.

Qual o livro que gostava de ter escrito?

Certamente que existem vários mas o que imediatamente me vem à memória é: Amor à Primeira Vista de Catherine Anderson.

Já tem mais projectos em mente?


Existem sempre vários projectos ou ideias em mente, mas neste momento o que ocupa maior espaço é o reescrever de um manuscrito que já tem alguns anos e que gostaria imenso de ver publicado.