Olá pessoal, tudo bem? A resenha de hoje será dupla, eu e a Anne, colaboradora do blog, combinamos de ler um livro que tínhamos em comum, "Max e os felinos" do Moacyr Scliar, e depois postarmos nossas impressões sobre ele. Foi bem legal poder fazer isso, pois era um livro que ganhei em um sorteio da editora L&PM (e é meu único com capa dura) e já faz tempo que estava parado na estante.
Edição capa dura |
O Autor
ANNE: Quando eu estava no colégio, era obrigada a ler Moacyr Scliar - primeiro por ele ser um escritor judeu e gaúcho, depois por ser tio de uma colega de sala minha. Não lembro quais obras tive que ler, mas acho que foram três, incluindo "O exército de um homem só". Não lembro nada da leitura. Eu não gostava dos livros dele, pois apesar de serem livros curtos, era custoso para mim lê-los. Então rolava ainda um "trauminha" de Moacyr Scliar, quando peguei "Max e os Felinos” para ler, mas hoje em dia, já adulta com 30 anos, talvez eu gostasse um pouco mais do estilo dele.
MARIA: "Max e os felinos" foi meu primeiro contato com a escrita do Moacyr Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 - 27 de fevereiro de 2011), até então eu só sabia o nome de uma ou duas obras escritas por ele.
O Livro
ANNE: Além de esperar não gostar (devido ao trauma), esperava que a história do livro fosse similar ao enredo de "As aventuras de Pi", o filme. Esperava também que a história fosse sobre um protagonista judeu (como é costume do autor) e que a metáfora dos felinos fosse claramente sobre o nazismo, mas não foi o que tive. A história é rápida, um romance de formação desde a infância do Max na Alemanha até sua chegada e vida no sul do Brasil.
A edição que eu li, apesar de ter a mesma capa da edição da Maria, não era capa-dura e era em versão pocket.
MARIA: Talvez pelas minhas expectativas sobre a obra serem bem diferentes do que eu encontrei (eu esperava algo mais fantástico ou leve e menos "adulto"), talvez pelas escolhas feitas pelo protagonista, eu não tenha torcido tanto por ele nem me sentido muito conectada a ele, ou, ainda, por ser um livro curto para uma história que se passa num espaço de tempo longo (e de leitura rápida, com a narração em terceira pessoa mas bem focada no protagonista).
Os Personagens
ANNE: Max é o protagonista da trama, conhecemos ele adolescente e ele vai envelhecendo com o passar dos anos na trama. Ele não é judeu e sua infância é diferente da de Pi. Achei estranho mas nenhum personagem me cativou. Nenhum teve muito tempo para isso, além de Max e não gostei de Max desde o começo. Apesar disso, Max é um personagem bem construído e sua personalidade é bem marcada no livro.
MARIA: Aconteceu o mesmo com os demais personagens, talvez se a obra fosse mais extensa eu tivesse tido mais tempo de me afeiçoar a eles, o pai de Max foi um que inicialmente não gostei, mas depois essa minha má impressão sobre ele foi diminuindo.
A Trama
MARIA: A história é narrada em terceira pessoa e conta sobre como a vida de Max, de certa forma, sempre esteve atrelada a felinos. Quando criança, na Alemanha, o pequeno Max tinha um medo enorme de um tigre empalhado que ficava na loja do pai. Quando jovem, foi obrigado a fugir de seu país na época do nazismo, veio num navio para o Brasil, mas o navio afundou em circunstâncias suspeitas e Max ficou perdido num barquinho no meio do oceano, até que um jaguar pulou no barco com ele e o rapaz teve que aprender a conviver com o bicho. Já no Brasil, foi uma onça que entrou em seu caminho. Minha opinião sobre a obra é a seguinte: foi inferior as minhas expectativas. A leitura é fluida sim, mas ao final ainda ficam várias questões em aberto, perguntas para as quais não obtive respostas. O fato de eu estar um pouco cansada no momento de livros que falem sobre o nazismo, talvez também tenha pesado.
ANNE: O motivo pelo qual Max teve de fugir da Alemanha, ao meu ver, foi muito fraco. Não me convenceu e assim como esse ponto, o motivo do naufrágio do navio que o levava para a América foram muito fracos. Essa foram minhas maiores decepções durante todo o livro.
A história na verdade é considerada pelo próprio autor uma novela, não um romance. eu queria que as partes acima tivesse sido mais desenvolvidas, mas numa novela e/ou em contos, as histórias são diretas assim mesmo.
Uma questão forte no livro Max e os felinos é a chegada de Max no Brasil e como ele se aclimata no Rio Grande do Sul, primeiro na capital e depois na Serra. Conhecendo bem a história do meu estado, a vida de Max nesse momento muito se parece com o estilo de vida que os imigrantes tiveram no início até meados dos século XX nos estados do sul do Brasil, que ajudaram a formar. Muitos italianos e alemães vieram para no Rio Grande do Sul e principalmente em Santa Catarina.
O livro menciona questões históricas brasileiras como um desfile do movimento integralista em Porto Alegre e também cita vários pontos reais da cidade de Porto Alegre: bairros, ruas e pontos turísticos, sem explicar muito sobre nenhum deles, somente destacados pelos olhos de quem os conhece.
Comparação com "As Aventuras de Pi"
ANNE: Achei interessante que o livro trazia uma introdução e uma "explicação" do próprio autor sobre a questão de o livro ter sido plagiado pelo autor de "A vida de pi", livro que originou o filme "As Aventuras de Pi". Compreendi que Scliar não parece ter se incomodado muito com o tal plágio, pois deu visibilidade ao seu livro. O que ele diz - e eu concordo - é que o autor do Pi poderia ter entrado em contato com ele e informado que utilizaria sua ideia em Max e os felinos para escrever uma história com uma premissa parecida com a do seu livro, coisa que outros autores fazem e ele teria apreciado.
Comparando o filme de Yann Martel e o livro de Scliar, o que posso dizer é que eles são bem parecidos e bem diferentes em vários pontos. O fato é que não é possível separá-los completamente. O filme de Pi é bem mais vibrante e trata basicamente do que houve na infância do personagem título e durante o momento do naufrágio, e o livro de Scliar aborda rapidamente o momento do naufrágio e desenvolve bastante a vida do personagem Max na chegada ao Brasil após o desastre.
As motivações dos felinos em ambas as obras para mim também pareceram bem diferentes ainda que ligadas. Não vou entrar em muitos detalhes sobre isso, pois estragaria o final do filme para quem ainda não o viu e talvez o livro também. Os felinos do livro de Scliar, ao meu ver não são apenas os fantasmas do nazismo, porque os felinos aparecem na vida dele ainda na infância, quando ele nada sabia sobre isso, então eu relaciono os felinos de Scliar a algo mais profundo que isso, dentro de Max. Para saber o que, só lendo...
Recomendo muito o filme, com fotografia linda e uma história intrigante e divertida. O livro também é interessante, mas não foi melhor que o filme, para mim. Nesse caso, a criatura saiu melhor que o criador.
MARIA: Eu não li o livro nem vi o filme, mas nessa edição da L&PM de 2013 tem um artigo interessante do próprio Moacyr Scliar sobre a questão.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado dessa resenha em formato diferente e que ela tenha proporcionado uma visão maior sobre a obra. Quem aí já conhecia o livro ou o autor? Quem ainda não conhece o blog da Anne, vá lá fazer uma visita: www.asletrasdaanne.blogspot.com.
Detalhes: Skoob (média de notas: 3,5/5, minha nota: 4/5), ISBN-13: 9788525428035. Onde comprar online: Submarino, Submarino, Saraiva.
MARIA: "Max e os felinos" foi meu primeiro contato com a escrita do Moacyr Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 - 27 de fevereiro de 2011), até então eu só sabia o nome de uma ou duas obras escritas por ele.
O Livro
ANNE: Além de esperar não gostar (devido ao trauma), esperava que a história do livro fosse similar ao enredo de "As aventuras de Pi", o filme. Esperava também que a história fosse sobre um protagonista judeu (como é costume do autor) e que a metáfora dos felinos fosse claramente sobre o nazismo, mas não foi o que tive. A história é rápida, um romance de formação desde a infância do Max na Alemanha até sua chegada e vida no sul do Brasil.
A edição que eu li, apesar de ter a mesma capa da edição da Maria, não era capa-dura e era em versão pocket.
Edição da Anne |
Os Personagens
ANNE: Max é o protagonista da trama, conhecemos ele adolescente e ele vai envelhecendo com o passar dos anos na trama. Ele não é judeu e sua infância é diferente da de Pi. Achei estranho mas nenhum personagem me cativou. Nenhum teve muito tempo para isso, além de Max e não gostei de Max desde o começo. Apesar disso, Max é um personagem bem construído e sua personalidade é bem marcada no livro.
MARIA: Aconteceu o mesmo com os demais personagens, talvez se a obra fosse mais extensa eu tivesse tido mais tempo de me afeiçoar a eles, o pai de Max foi um que inicialmente não gostei, mas depois essa minha má impressão sobre ele foi diminuindo.
A Trama
MARIA: A história é narrada em terceira pessoa e conta sobre como a vida de Max, de certa forma, sempre esteve atrelada a felinos. Quando criança, na Alemanha, o pequeno Max tinha um medo enorme de um tigre empalhado que ficava na loja do pai. Quando jovem, foi obrigado a fugir de seu país na época do nazismo, veio num navio para o Brasil, mas o navio afundou em circunstâncias suspeitas e Max ficou perdido num barquinho no meio do oceano, até que um jaguar pulou no barco com ele e o rapaz teve que aprender a conviver com o bicho. Já no Brasil, foi uma onça que entrou em seu caminho. Minha opinião sobre a obra é a seguinte: foi inferior as minhas expectativas. A leitura é fluida sim, mas ao final ainda ficam várias questões em aberto, perguntas para as quais não obtive respostas. O fato de eu estar um pouco cansada no momento de livros que falem sobre o nazismo, talvez também tenha pesado.
ANNE: O motivo pelo qual Max teve de fugir da Alemanha, ao meu ver, foi muito fraco. Não me convenceu e assim como esse ponto, o motivo do naufrágio do navio que o levava para a América foram muito fracos. Essa foram minhas maiores decepções durante todo o livro.
A história na verdade é considerada pelo próprio autor uma novela, não um romance. eu queria que as partes acima tivesse sido mais desenvolvidas, mas numa novela e/ou em contos, as histórias são diretas assim mesmo.
Uma questão forte no livro Max e os felinos é a chegada de Max no Brasil e como ele se aclimata no Rio Grande do Sul, primeiro na capital e depois na Serra. Conhecendo bem a história do meu estado, a vida de Max nesse momento muito se parece com o estilo de vida que os imigrantes tiveram no início até meados dos século XX nos estados do sul do Brasil, que ajudaram a formar. Muitos italianos e alemães vieram para no Rio Grande do Sul e principalmente em Santa Catarina.
O livro menciona questões históricas brasileiras como um desfile do movimento integralista em Porto Alegre e também cita vários pontos reais da cidade de Porto Alegre: bairros, ruas e pontos turísticos, sem explicar muito sobre nenhum deles, somente destacados pelos olhos de quem os conhece.
Comparação com "As Aventuras de Pi"
ANNE: Achei interessante que o livro trazia uma introdução e uma "explicação" do próprio autor sobre a questão de o livro ter sido plagiado pelo autor de "A vida de pi", livro que originou o filme "As Aventuras de Pi". Compreendi que Scliar não parece ter se incomodado muito com o tal plágio, pois deu visibilidade ao seu livro. O que ele diz - e eu concordo - é que o autor do Pi poderia ter entrado em contato com ele e informado que utilizaria sua ideia em Max e os felinos para escrever uma história com uma premissa parecida com a do seu livro, coisa que outros autores fazem e ele teria apreciado.
Comparando o filme de Yann Martel e o livro de Scliar, o que posso dizer é que eles são bem parecidos e bem diferentes em vários pontos. O fato é que não é possível separá-los completamente. O filme de Pi é bem mais vibrante e trata basicamente do que houve na infância do personagem título e durante o momento do naufrágio, e o livro de Scliar aborda rapidamente o momento do naufrágio e desenvolve bastante a vida do personagem Max na chegada ao Brasil após o desastre.
As motivações dos felinos em ambas as obras para mim também pareceram bem diferentes ainda que ligadas. Não vou entrar em muitos detalhes sobre isso, pois estragaria o final do filme para quem ainda não o viu e talvez o livro também. Os felinos do livro de Scliar, ao meu ver não são apenas os fantasmas do nazismo, porque os felinos aparecem na vida dele ainda na infância, quando ele nada sabia sobre isso, então eu relaciono os felinos de Scliar a algo mais profundo que isso, dentro de Max. Para saber o que, só lendo...
Recomendo muito o filme, com fotografia linda e uma história intrigante e divertida. O livro também é interessante, mas não foi melhor que o filme, para mim. Nesse caso, a criatura saiu melhor que o criador.
MARIA: Eu não li o livro nem vi o filme, mas nessa edição da L&PM de 2013 tem um artigo interessante do próprio Moacyr Scliar sobre a questão.
A diagramação da edição em capa dura tem páginas amareladas, margens grandes, letras e espaçamento de bom tamanho. |
Sumário da obra, onde é possível ver que a história vai da página 33 até a 128. |
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado dessa resenha em formato diferente e que ela tenha proporcionado uma visão maior sobre a obra. Quem aí já conhecia o livro ou o autor? Quem ainda não conhece o blog da Anne, vá lá fazer uma visita: www.asletrasdaanne.blogspot.com.
Detalhes: Skoob (média de notas: 3,5/5, minha nota: 4/5), ISBN-13: 9788525428035. Onde comprar online: Submarino, Submarino, Saraiva.
Até o próximo post!