Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "A Lista Negra", escrito por Jennifer Brown e publicado pela Editora Gutenberg em 2012.
"Meu Deus", pensei. "A Lista. Ele está pegando as pessoas que estavam na Lista Negra." Comecei a andar de novo, só que, daquela vez, era como se estivesse correndo na areia. Meus pés pareciam pesados e cansados; era como se alguém tivesse amarrado algo ao redor do meu peito que me impedia de respirar e, ao mesmo tempo, me puxava para trás. Nick começou a erguer o revólver de novo. (página 66)
"Meu Deus", pensei. "A Lista. Ele está pegando as pessoas que estavam na Lista Negra." Comecei a andar de novo, só que, daquela vez, era como se estivesse correndo na areia. Meus pés pareciam pesados e cansados; era como se alguém tivesse amarrado algo ao redor do meu peito que me impedia de respirar e, ao mesmo tempo, me puxava para trás. Nick começou a erguer o revólver de novo. (página 66)
A história é narrada em primeira pessoa por Valerie, que tem que voltar ao Colégio Garvin, onde cursa o Ensino Médio, após algum tempo afastada. Val estava sem frequentar a escola porque ouve um tiroteio no colégio. Val levou um tiro na perna. Quem atirou nela e em outros alunos foi Nick Levil que também estudava lá e era namorado de Val.
Provavelmente vocês já devem ter visto alguma notícia de alunos dos Estados Unidos que, por sofrerem bullying, atiram em colegas na escola. É sobre isso que a A Lista Negra fala.
Val e Nick sofriam bullying no colégio. Val começou a escrever o nome das pessoas que odiava em um caderno, fazendo uma lista negra, Nick viu essa lista e começou a acrescentar nomes. Era uma coisa dos dois. Até que numa certa manhã de maio que parecia ser como todas as outras, Nick entrou no colégio com uma arma e começou a atirar, ferindo e matando as pessoas que estavam na lista, balas perdidas acertando outras ao acaso. Foi horrível. Val tentou pará-lo, levou um tiro na perna, depois disso Nick se suicidou.
Val e Nick sofriam bullying no colégio. Val começou a escrever o nome das pessoas que odiava em um caderno, fazendo uma lista negra, Nick viu essa lista e começou a acrescentar nomes. Era uma coisa dos dois. Até que numa certa manhã de maio que parecia ser como todas as outras, Nick entrou no colégio com uma arma e começou a atirar, ferindo e matando as pessoas que estavam na lista, balas perdidas acertando outras ao acaso. Foi horrível. Val tentou pará-lo, levou um tiro na perna, depois disso Nick se suicidou.
- Muitas pessoas morreram, Valerie. Seu namorado, Nick, as matou. Você tem alguma ideia do porquê? -, perguntou.
Pensei naquilo. Em tudo o que eu recordara do que tinha acontecido na escola, nunca me ocorreu perguntar a mim mesma o porquê. A resposta parecia óbvia. Nick odiava aquelas pessoas. E elas o odiavam. Era por isso. Ódio. Socos no peito. Apelidos. Risadas. Comentários depreciativos. Ser empurrado de encontro aos armários quando passava. Eles o odiavam e ele os odiava e de algum modo acabou daquele jeito, com todo mundo morto. (página 92)
No livro, vemos como era a vida de Val antes do tiroteio, conhecemos os dois lados de Nick: o garoto fascinado pela morte e o namorado carinhoso de Val, as agressões que eles sofriam e que faziam com que odiassem algumas pessoas; vemos Valerie tentando lidar com o mundo depois do acontecido, sendo vista como heroína por um lado, como culpada e mentora do ataque pelo outro, como uma garota que precisava de ajuda e como uma garota má. E nem mesmo ela sabe ao certo o que é.
A verdade era que não conseguia me sentir grata, não importa o quanto tentasse. Em alguns dias, não podia nem mesmo dizer como me sentia. Às vezes triste, às vezes aliviada, às vezes confusa, às vezes incompreendida. E muitas vezes brava. Pior: não sabia com o que estava mais brava, se comigo mesma, se com Nick, se com meus pais, com a escola, com o mundo todo. E tinha a pior raiva de todas: raiva dos alunos que morreram. (página 15)
Posso fazer uma lista considerável de livros que li e que falavam sobre suicídio, bullying, depressão e luto. Até certo ponto A Lista Negra me parecia com todos esses outros livros, mas ao avançar na leitura, fui vendo o quanto ele é excepcional. Diferente de outras histórias, Val não iria simplesmente encontrar novos amigos ou um novo amor e seguir em frente, A Lista Negra é o mais realista e o mais forte livro que li nos últimos tempos.
Inicialmente, Val seria uma garota que não estaria na minha turma, até que percebi que ela, assim como Nick e os outros adolescentes, só estavam fazendo o que a maioria dos adolescentes fazem: tentando achar sua turma. E nessa tentativa, fazemos coisas estúpidas, dizemos coisas que nem sempre refletem nossos reais pensamentos, não vemos as coisas como elas realmente são. Val não conseguiu perceber que o que para ela era só uma forma de desabafar, para Nick era um plano. Os pais de Val não conseguiam perceber quem realmente era a filha que tinham, detestei-os em várias ocasiões.
Val foi minha personagem favorita, desejei intensamente que ela tivesse um final feliz. O Doutor Hieler (terapeuta de Val) também foi um personagem que gostei, se ela tivesse caído nas mãos de alguém menos incrível, não sei qual teria sido seu percurso.
Poe contou histórias sobre morte. Stephen King contou histórias sobre morte. E nenhum deles estava pregando assassinatos.
Por isso nem mesmo percebi quando a conversa ficou séria. Não percebi quando se tornou pessoal. Não percebi que as histórias do Nick se tornaram narrativas de suicídio. De homicídio. E as minhas também. Só que, até onde eu sabia, ainda estávamos falando de ficção.
Quando folheei os e-mails que o detetive Panzella me deu no primeiro dia em que veio me ver, fiquei perplexa. Como não pude perceber? Como não percebi que os e-mails contavam uma história alarmante que teria assustado qualquer um? Como não pude perceber que a conversa do Nick foi da ficção para a realidade? Como não pude ver que as minhas respostas, ainda que fictícias na minha cabeça, fariam com que todos pensassem que eu também estava obcecada pela morte? (página 111)
Talvez ela, como eu, visse e revisse a cena na cabeça, mais de um milhão de vezes: o professor Kline, o professor de Química, usando seu corpo para, literalmente, escudar uma dúzia de alunos. Ele chorava. Saía ranho do nariz e seu corpo tremia. Ele abriu os braços de um lado ao outro, como Cristo, e balançava a cabeça para Nick, desafiante e, ao mesmo tempo, apavorado.
Eu gostava do Kline. Todos gostavam dele. Kline era o tipo de cara que iria à sua festa de formatura. O tipo de cara que parava para conversar com você no corredor, não era nada como aquele "olá, jovem", com que o diretor Angerson nos saudava. Kline costumava perguntar: "Ei, e aí? Está andando na linha?". Kline fecharia os olhos se visse você tomando uma cerveja escondido no restaurante. Kline daria sua vida por você. Todos nós meio que sabíamos que ele era capaz disso. Agora, o mundo inteiro sabe que Kline foi mesmo capaz disso. (páginas 46 e 47)
É o primeiro livro da Editora Gutenberg que leio. Gostei da capa, que tem algumas áreas em alto relevo. As páginas são amareladas; a diagramação, assim como a revisão, está boa: fonte, margens e espaçamento de bom tamanho.
Enfim, A Lista Negra é um livro que gostei e que recomendo. Como disse anteriormente, ele se destaca por ter um desfecho mais realista do que outros livros com temática semelhante. Gostaria de ter mais detalhes sobre algumas coisas; com uma história tão forte, o livro poderia ter mais páginas, mas após terminar a leitura com um nó na garganta e lágrimas nos olhos, não poderia dar outra nota para o livro que não fosse a nota máxima. Há pessoas más no mundo, há ódio no mundo, mas isso não é tudo .
Detalhes: 272 páginas, ISBN-13: 9788565383110, Skoob (média de notas: 4,4/5, minha note: 5/5), leia um trecho. Onde comprar online: Submarino, Americanas.
- O tempo nunca acaba -, sussurrou, sem olhar pra mim, mas mirando minha tela. - Como sempre há tempo para a dor, também sempre há tempo para a cura. É claro que há. (página 179)
Eu poderia ter escolhido um livro mais alegre para resenhar no último dia do ano, mas a A Lista Negra foi uma das minhas melhores leituras de 2015 e eu super recomendo, então, esse foi o último post de 2015. Desejo a todos vocês um 2016 maravilhoso, melhor que 2015, e que histórias como as de Valerie possam ser cada vez mais apenas ficção.
Detalhes: 272 páginas, ISBN-13: 9788565383110, Skoob (média de notas: 4,4/5, minha note: 5/5), leia um trecho. Onde comprar online: Submarino, Americanas.
- O tempo nunca acaba -, sussurrou, sem olhar pra mim, mas mirando minha tela. - Como sempre há tempo para a dor, também sempre há tempo para a cura. É claro que há. (página 179)
Eu poderia ter escolhido um livro mais alegre para resenhar no último dia do ano, mas a A Lista Negra foi uma das minhas melhores leituras de 2015 e eu super recomendo, então, esse foi o último post de 2015. Desejo a todos vocês um 2016 maravilhoso, melhor que 2015, e que histórias como as de Valerie possam ser cada vez mais apenas ficção.
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