sábado, 30 de maio de 2009

Por quê? Pra quê

Essa dúvida tem me assolado constantemente ultimamente.

Eu estou aqui, há quase dois anos e meio, igualmente no meu tratamento. Nesses incansáveis meses, eu vivi muita coisa, venci muita coisa, lutei demais, mas é notório, por diversas vezes a minha procura por um rótulo.
Claro q depois q eu descobri a gravidez do Artur, depois dos remédios ao mesmo tempo receitados e suspensos, eu desconfiava do q eu tinha. Só q eu queria mais. Eu queria um código,eu queria ser tratada como se eu fosse uma embalagem de shampoo na prateleira de um mercado, eu queria um rótulo, uma etiqueta.
Lendo aqui eu suspeitei q eu tivesse tudo, inclusive o q eu tenho. Mas, sinceramente, eu era uma inocente e nunca avaliei o preço que esse rótulo teria.
Hj, depois de dois anos lutando por ele, eu sinto, eu vejo, eu sofro o quanto ele vale e digo, tá muito difícil de pagar.
Hj eu sinto muito medo. Mal fui diagnosticada e já usaram minha doença para me atingir.
Não é chorar de barriga cheia não.
Mas pense: Se vc chegar para um aidético e disser: Vc não vai trabalhar aqui pq vc é aidético!
É capaz da pessoa, ou coisa q proferiu essa frase ser presa. Mas se ela disse:
Vc não vai trabalhar aqui pq vc é bipolar, pq vc faz tratamento psiquiátrico, as pessoas irão dar toda razão a ela.
Talvez isso pareça um drama mexicano, mas não é, dói, machuca, assusta, me apavora.
Eu sempre primei pela verdade em toda a minha vida. Eu já menti tbm, mas doeu muito
e provavelmente foi uma mentira necessária.
Mas hj, eu senti medo disso. Medo de um dia estar dizendo a verdade em outra ocasião da minha vida e não ser acreditada, como aconteceu.
Medo de q essa outra ocasião seja sobre meus filhos, meu marido, minha vida.
Medo de ser tratada como uma louca, como naquelas piadas onde a pessoa grita:
Eu não sou louca e a q está do lado está imitando Napoleão Bonaparte.
Medo daquelas piadas: Eu sou inocente!! E estar em volta de psicopatas q dirão: eu tbm
Exagero? Sei lá. Pra mim é só medo.

Agora, a pergunta q não quer calar:
Pq eu fui ao médico???

Pra quê eu quis um rótulo???

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vamos fugir...deste lugar...


"Até a folha em que escrevo chega o mar
com seu pulsar cheio de naufrágios
como meu coração.

E na folha, da mesma forma que na areia,
escreve seu segredo trêmulo
e sua canção.

Banha de nácar e cristal meu sonho
diurno e, se calo, escreve em meu silêncio
seu coração.

(Como em outro planeta canta um pássaro.
Quase humana, respira a manhã
de jasmim e limão.

Talvez sonhada ou recordada voa
como uma ferida azul a mariposa
com sua ilusão).

Em uma onda vem todo o mar
e ao pé deste poema se desfaz
como uma rosa que cantara.

Onde é mais só o mar
e mais largo e mais fundo e terno e feroz
é no meu coração.


Eduardo Carranza
(O coração e o Mar 1)
In: Antologia Poétic
a"

Domingo eu não estava bem.
Na madrugada eu havia pedido ao Ro para ficar no quarto, disse q eu não queria existir naquele dia e que nem a janela abriria.
Quando acordei, ele estava com o Artur, mas assim q me viu abrir os olhos, disse q precisava terminar a casa. Eu me chateei, mas ele levou o Artur.
Levantei-me e minha mãe chegou, abrindo portas, janelas, fazendo barulho [a casa é dela, né??].
Vi o trabalho doméstico me rondando, me irritei e saí.
Saí sem rumo, fugi de casa mesmo.
Segui por caminhos q nunca faço e nele eu ia pensando, estava nervosa, irritada, chorava tbm.
Engraçado q mesmo dessa forma, eu conseguia notar em cada detalhe das coisas.
Vi uma casa tão bonitinha, a energia dela era uma gracinha, pensei em quando
eu iria para a minha e chorei mais ainda.
Fui à praia, subi o morro, escolhi uma pedra e lá me sentei.
Senti o vento bater no meu rosto, foi uma delícia, eu nunca havia o sentido,não da maneira q senti aquele dia, ouvi o barulho do mar tbm, ele estava verdinho, nem calmo
e nem muito agitado. Tinha umas manchas pretas q se faziam e desfaziam sem eu saber como.
Olhei para baixo, vi as pedras, provavelmente elas estavam perto da q eu estava sentada e caíram. Ouvi a palavra PULE!! na minha mente, olhei para baixo novamente e não pulei.
Eu não queria morrer, eu queria uma esperança de vida.
Chorei muito, pensei em tantas coisas, principalmente no prazer q estava sentindo
em estar comigo, em não ser mãe, em não ser esposa e nem filha.
De repente, apareceu um casal,a Sra pediu para falar comigo, achei q ela fosse pedir uma informação e ela disse q Deus pediu para q ela me dissesse q não importa o problema q eu tinha, que ele estava ao meu lado, mesmo quando eu estivesse escondida, naquele morro, pediu para fazer uma oração e eu disse q sim, ela fez, pediu desculpas por "me incomodar" e foi embora.
Qdo olhei para trás, ela já tinha ido, do mesmo jeito q veio, do nada.
Eu chorei muito, deitei na pedra e dormi por uns cinco minutos.
Qdo eu acordei, saí para andar mais, olhei os matos q existiam por lá, era bonito, pareciam trigo, só q roxos, o vento batia neles e eles iam tudo para um só lado.
Olhei as duas rochas q existem por lá, bem grandes, olhei cada desenho q o vento fez nelas, passei entre elas. Dizem q lá é um portal místico, pura balela, mas q as energias q existem ali são maravilhosas, são mesmo, é um conjunto: mar, céus azul, sol, brisa, paz, eis a perfeição.
Eu desci o morro, sentei em outra pedra, as ondas bateram com força e a água espirrou em mim, me molhando toda. Q delícia!!
Resolvi ir para casa, enfrentar as feras.
cobras e lagartos.
O Ro não brigou comigo, ele me compreende, falou q eu precisava desse momento, já minha mãe falou mais um monte de bobagens para mim.
Acho q só me surpreenderei quando ela me fizer elogios.
Por fim, o passeio foi ótimo, eu concluí muitas coisas, o meu medo de perder minha família, q estou numa fase em q me sinto refém da minha doença.
Medo de ficar sem nada e ter q me matar.
No outro dia eu acordei outra pessoa, muito feliz e bem disposta.
É uma pena q eu não possa fazer isso todos os dias e q tbm não tenha disposição para fazer isso sempre.

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Atualizando e enlouquecendo

Bem, meus dias foram muito corridos, muito atropelados, controlados, manipulados e por fim, muito mais infelizes do q bons.
Tinha tudo pra ser bom, eu estava feliz, trabalhando, me empenhando, tinha a confiança no meu trabalho, mas não era bem assim.
Minha médica desde o começo quis me tirar da rua, eu sempre insistia q gostava,
q estava bem, mas ela é sábia e viu q não era verdade.
Na última consulta no CAPS, dia 12 de maio, ela me deu um encaminhamento para
o trabalho interno, no serviço administrativo. Eu não queria, mas como já havia
trabalhado lá, achei legal.
Eu sei q deu tudo errado. Eu me enganei, eu não era de confiança, as coisas tomaram um rumo estranho, manipulado e minha médica decidiu me afastar do trabalho.
Os motivos e os detalhes eu prefiro não comentar para me preservar, pois meu blog é público.
Tiraram meu trabalho de mim, no outro dia, briguei com minha mãe, sofri horrores tentando convencer minha médica a não me afastar, mas ela acabou me convencendo e fazendo decidir q nunca mais eu quero voltar.
Foram longos dias de depressão, dormindo, sem comer, chorando, pensando no quanto desperdicei minha vida doando 7 anos de trabalho, dedicação, deixando minha filha sozinha, sem mim e diversas datas especiais.
No dia do meu aniversário eu até sorri, mas foi um sorriso sem graça.
Minha mãe foi à psiquiatra comigo, a médica explicou como é a minha doença e ela
bem q se esforçou para entender, mas não quer se esforçar tanto assim.
Tenho tido dias ruins, hj foi um deles, só q eu falo dele mais tarde, pois já é uma da manhã e preciso dormir.

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sábado, 2 de maio de 2009

Ainda não


Ainda não estou pronta pra falar.
Sobre nada.
Minha vida deu uma reviravolta.
Meus problemas pesaram e hj o maior deles sou eu.
Estou vendo a depressão entrar em mim há dias e nada tenho feito.
Depois de tantos acontecimentos, prostrei-me a ela.
E estou aqui, estendida, à espera.
Ferida. Machucada e, enquanto as marcas de minha dor não passarem
pra fora, nada mudará.
Eu não posso, vou morrer com essa dor.
Outra hora eu volto. Até mais.

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