'Out in the woods stood a nice little Fir Tree. The place he had was a very good one: the sun shone on him: as to fresh air, there was enough of that, and round him grew many large-sized comrades, pines as well as firs.
But the little Fir wanted so very much to be a grown-up tree. He did not think of the warm sun and of the fresh air; he did not care for the little cottage children that ran about and prattled when they were in the woods looking for wild-strawberries. The children often came with a whole pitcher full of berries, or a long row of them threaded on a straw, and sat down near the young tree and said, 'Oh, how pretty he is! What a nice little fir!'. But this was what the Tree could not bear to hear.
At the end of a year he had shot up a good deal, and after another year he was another long bit taller; for with fir trees one can always tell by the shoots how many years old they are.
'Oh! Were I but such a high tree as the others are,' sighed he. 'Then I should be able to spread out my branches, and with the tops to look into the wide world! Then would the birds build nests among my branches: and when there was a breeze, I could bend with as much stateliness as the others!'
Neither the sunbeams, nor the birds, nor the red clouds which morning and evening sailed above him, gave the little Tree any pleasure.
In winter, when the snow lay glittering on the ground, a hare would often come leaping along, and jump right over the little Tree. Oh, that made him so angry! But two winters were past, and in the third the Tree was so large that the hare was obliged to go round it. 'To grow and grow, to get older and be tall,' thought the Tree - 'that, after all, is the most delightful thing in the world!'
Hans Christian Andersen
Ser adulto não é bem aquilo que me venderam. Disseram-me que ia ser divertido gerir o meu próprio dinheiro, que ia ter possibilidade e tempo para viajar, que nunca iria ter de trabalhar um dia na minha vida se escolhesse uma profissão pela qual fosse apaixonada e que as minhas opiniões iam ser consideradas válidas. Disseram-me que as inseguranças iam desaparecer e que ia descobrir o meu lugar. Disseram-me que ia deixar de ter medo do escuro.
Começo a achar que fui ludibriada.
Ninguém me falou da ginástica da conta, da conta poupança, da conta conjunta e da conta poupança conjunta. Ninguém me disse que os vinte dias de férias parecem dois. Ninguém deixou escapar que trabalhar é extremamente desagradável, mesmo quando adoramos o que fazemos (a sério, quem é que gosta de sair da cama às sete da manhã num dia frio?). Ninguém me contou que só aos cinquenta anos é que valorizam a nossa experiência e que os medos e receios continuam a assombrar-nos (talvez até mais!).
Ninguém me avisou que o medo do escuro aumenta agora que deixamos de acreditar em monstros e passamos a acreditar em pessoas más. Acima de tudo, ninguém me falou da quantidade abismal de contas, papéis, documentos, recibos, facturas e comprovativos que são necessários.
Para quem passou anos a querer crescer, confesso que isto está a ser um bocadinho anticlimático.
Neste dia fomos ao banco tratar de detalhes da nossa conta conjunta. Tivemos que levar os comprovativos de morada (no nosso caso as quotas da Ordem dos Médicos, a maior chulice de todos os tempos), os recibos de vencimento e uma data de fotocópias. Depois assinámos um montão de documentos e rubricámos mais uns quantos. Uma grande chatice, portanto.
À hora do jantar, mais uma dúvida existencial tão típica da vida adulta: o que fazer com os bifes de peru que tinha deixado a descongelar? Não podia recheá-los porque o Pedro não come queijo, não queria grelhá-los porque não aprecio bifes de peru simples, não tinha sementes de sésamo para poder paná-los, não gosto do outro tipo de panados (com ovo e farinha de trigo)... E eis que me ocorreu: será que conseguia paná-los com a quinoa cozida que andava abandonada e sozinha pelo frigorífico à espera de ser usada nuns hambúrgueres vegetarianos que ainda não tinham acontecido? Pus mãos à obra.
E descobri uma vantagem de crescer: a despensa é nossa, por isso podemos entupi-la com tudo o que quisermos. Podemos ter uma prateleira inteira cheia de quinoa, bulgur, sementes de todos os tipos e feitos, dez tipos diferentes de frutos secos (só para que conste são nozes, nozes pecan, amendoins, amêndoas, avelãs, cajus, castanhas do pará, macadamias, pinhões e pistachios), flocos de aveia, trigo, cevada, centeio e milho, granola caseira e chocapics. Podemos usar o dinheiro do nosso trabalho em miminhos mais caros como xarope de seiva de ácer, manteiga de amendoim natural e leites vegetais variados (já aqui verbalizei que os senhores da indústria dos leites vegetais devem estar milionários, certo?). E podemos passar os nossos dois dias de férias a viajar.
Nem tudo é mau, vá. Só um bocadinho.
Bifes de peru panados com quinoa
Ingredientes (para duas pessoas):
* Quatro bifes de peru;
* Sumo de dois limões;
* Uma pitada de sal;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma colher de chá de orégãos;
* Uma pitada de piri-piri;
* Um ovo batido;
* Uma chávena de quinoa cozida;
* Um fio de azeite;
* Duas fatias de queijo (opcional).
Confecção:
* Temperar os bifes de peru com o sumo de limão, o sal, o pimentão-doce, a paprika, os orégãos e o piri-piri e deixar marinar durante duas horas;
* Passar os bifes pelo ovo batido e seguidamente pela quinoa cozida, pressionando bem;
* Cobrir com um fio de azeite e levar ao forno num tabuleiro (eu fiz na Actifry, sem a pá);
* Cobrir com quejo (opcional).
Até amanhã :D