E aqui vão as últimas fotos da nossa sessão fotográfica de família :)
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20 de agosto de 2024
16 de agosto de 2024
Sessão Fotográfica de Família #2
14 de agosto de 2024
Sessão Fotográfica de Família #1
Quando a minha mãe viu o resultado da sessão fotográfica da gravidez também quis ter direito :D Marcámos então outra, desta vez com a minha família, uma luz diferente mas o mesmo cenário: a nossa quinta :)
29 de julho de 2024
Sessão Fotográfica da Gravidez #3
26 de julho de 2024
Sessão Fotográfica da Gravidez #2
Continuando com as fotos da sessão da gravidez, que foram da autoria do Bruno Cardoso da Just Shoot Me!
25 de julho de 2024
Sessão Fotográfica da Gravidez #1
Achei que fazia sentido ficar aqui imortalizada a nossa sessão fotográfica da gravidez, que já tenho andado a partilhar no Instagram :D Eu sou suspeita, mas acho que ficou linda :)
27 de novembro de 2019
Público versus privado (a minha experiência).
Na gravidez do Matias fui inicialmente seguida por um colega super famoso no meu hospital. Eventualmente achei que as coisas não estavam a correr muito bem (há a tendência para relativizar um bocado os seguimentos dos colegas, com muitas consultas 'de corredor') e passei a ser seguida só no centro de saúde. A dada altura a minha médica de família disse que não se sentia confortável a seguir-me sozinha por causa da questão cardíaca, e comecei a ser seguida por uma obstetra no Hospital da Luz que foi recomendada pela minha amiga Joana (interna de obstetrícia).
Nunca houve propriamente grande empatia com esta colega, até porque não havia muito para fazer: eu tinha uma relação muito fixe com a minha médica de família e com as enfermeiras do centro de saúde, era acompanhada pela cardiologista e já sabia que o meu parto ia ser feito pela minha amiga, por isso sentia que a obstetra estava ali um bocadinho 'a mais'.
O Matias nasceu no Hospital Garcia de Orta. Não tenho qualquer razão de queixa do hospital, muito pelo contrário: fui bem recebida e bem tratada (e ninguém sabia que eu era médica ou amiga da Joana) e as enfermeiras do bloco de partos eram fantásticas (embora demorassem algum tempo a darem os reforços da epidural, mas na verdade tudo parece interminável quando estamos com dores). O meu parto correu lindamente e tive imenso apoio nas primeiras horas (uma das enfermeiras até ficou do lado de fora da banheira e depois ajudou-me a vestir). Fiquei num quarto partilhado com mais duas pessoas e a única chatice era o facto dos miúdos delas chorarem (o Matias não chorava porque já estava para lá de Bagdad, mas eu não sabia ainda). Não havia muito espaço para as minhas coisas, mas também achei pouco importante.
A minha única queixa foi mesmo o pouco apoio que tive em relação à amamentação. De dia as coisas ainda iam correndo, com os filmes do costume: espreme mamilo para ver se sai colostro, diz à mãe 'não faça essa cara de dor porque o seu filho sente', esmaga mama e enfia na boca do bebé, diz que bebé tem fome, diz que bebé não tem fome, diz que bebé tem de ser acordado, diz que bebé não pode ser acordado, diz que bebé tem de ser aspirado, diz que bebé está enjoado e por aí fora. Mas à noite as coisas pioravam consideravelmente: sempre que eu chamava (que era basicamente em todas as mamadas porque era uma naba gigante) lá vinha uma senhora auxiliar com cara de frete, despachava-me em três tempos (e mal) e pronto, eu ficava na mesma (nada contra caras de frete à noite, possivelmente eu própria faço caras de frete à noite, mas acho que tento ser simpática e prestável, até porque se for eficaz é mais provável que aquela pessoa fique satisfeita e desampare a loja). Ninguém pesou o Mati à saída (se pesassem nunca teríamos tido alta) e depois foi a trapalhada que já toda a gente está farta de ler.
Desta vez as circunstâncias eram diferentes.
Nunca houve propriamente grande empatia com esta colega, até porque não havia muito para fazer: eu tinha uma relação muito fixe com a minha médica de família e com as enfermeiras do centro de saúde, era acompanhada pela cardiologista e já sabia que o meu parto ia ser feito pela minha amiga, por isso sentia que a obstetra estava ali um bocadinho 'a mais'.
O Matias nasceu no Hospital Garcia de Orta. Não tenho qualquer razão de queixa do hospital, muito pelo contrário: fui bem recebida e bem tratada (e ninguém sabia que eu era médica ou amiga da Joana) e as enfermeiras do bloco de partos eram fantásticas (embora demorassem algum tempo a darem os reforços da epidural, mas na verdade tudo parece interminável quando estamos com dores). O meu parto correu lindamente e tive imenso apoio nas primeiras horas (uma das enfermeiras até ficou do lado de fora da banheira e depois ajudou-me a vestir). Fiquei num quarto partilhado com mais duas pessoas e a única chatice era o facto dos miúdos delas chorarem (o Matias não chorava porque já estava para lá de Bagdad, mas eu não sabia ainda). Não havia muito espaço para as minhas coisas, mas também achei pouco importante.
A minha única queixa foi mesmo o pouco apoio que tive em relação à amamentação. De dia as coisas ainda iam correndo, com os filmes do costume: espreme mamilo para ver se sai colostro, diz à mãe 'não faça essa cara de dor porque o seu filho sente', esmaga mama e enfia na boca do bebé, diz que bebé tem fome, diz que bebé não tem fome, diz que bebé tem de ser acordado, diz que bebé não pode ser acordado, diz que bebé tem de ser aspirado, diz que bebé está enjoado e por aí fora. Mas à noite as coisas pioravam consideravelmente: sempre que eu chamava (que era basicamente em todas as mamadas porque era uma naba gigante) lá vinha uma senhora auxiliar com cara de frete, despachava-me em três tempos (e mal) e pronto, eu ficava na mesma (nada contra caras de frete à noite, possivelmente eu própria faço caras de frete à noite, mas acho que tento ser simpática e prestável, até porque se for eficaz é mais provável que aquela pessoa fique satisfeita e desampare a loja). Ninguém pesou o Mati à saída (se pesassem nunca teríamos tido alta) e depois foi a trapalhada que já toda a gente está farta de ler.
Desta vez as circunstâncias eram diferentes.
19 de novembro de 2019
A história incrível do meu segundo parto.
No Sábado à noite comecei a ter contracções de sete em sete minutos. Não eram nada do outro mundo, eram só uma espécie de desconforto. Abrandaram substancialmente quando fui dormir, e tenho ideia de ter acordado umas duas ou três vezes durante a noite com contracções.
Mal acordei no Domingo comecei logo a ter contracções de três em três minutos. Mais uma vez não eram nada de especial, por isso fui para o banho e não liguei muito. O Pedro ficou todo entusiasmado e ligou logo à mãe dele para ela vir andando para Lisboa, mas eu estava mesmo com o feeling que ia tudo abrandar em breve. Fomos tomar o pequeno-almoço ao Choupana na paz do Senhor. Quando voltámos para casa, e face ao facto das contracções não estarem a ir a lado nenhum, optei por dizer aos meus pais para irem fazendo as malas e para virem andando para Lisboa nas calmas. Uma grande parte de mim achava que não ia acontecer rigorosamente nada.
Mal acordei no Domingo comecei logo a ter contracções de três em três minutos. Mais uma vez não eram nada de especial, por isso fui para o banho e não liguei muito. O Pedro ficou todo entusiasmado e ligou logo à mãe dele para ela vir andando para Lisboa, mas eu estava mesmo com o feeling que ia tudo abrandar em breve. Fomos tomar o pequeno-almoço ao Choupana na paz do Senhor. Quando voltámos para casa, e face ao facto das contracções não estarem a ir a lado nenhum, optei por dizer aos meus pais para irem fazendo as malas e para virem andando para Lisboa nas calmas. Uma grande parte de mim achava que não ia acontecer rigorosamente nada.
16 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #60
Pelos vistos ontem ao almoço o Pedro e os colegas falaram sobre como esta fase da gravidez é chata, e todos disseram ao Pedro que por esta altura andavam a fritar a pipoca ou a assistir enquanto as mulheres fritavam a pipoca. Aparentemente, o Pedro respondeu:
'Pois olhem, ainda agora liguei à minha mulher e ela está muito tranquila, parece que encomendou pipocas e Coca-Cola do cinema pelo Uber Eats e está muito contente a ver o Harry Potter...'
Três horas depois, recebeu uma foto pelo WhatsApp com o Matias a olhar para um grupo de pinguins. Fui buscá-lo mais cedo e fui a conduzir até ao Parque das Nações. Passámos três horas no Oceanário (já que é para andar, pelo menos anda-se num sítio giro e relaxante). Foi muito giro. Aparentemente fez zero pelo início do trabalho de parto, mas foi tão bom que nem me importo muito.
Apesar de todas as queixinhas, e agora que (pausa para revirar os olhos) está quase, é inegável que esta gravidez também teve coisas extremamente boas. Vou ter outra filhota, o que enche o meu coração de alegria. É menina, o que me deixa relativamente assustada, mas também muito entusiasmada. O Matias parece feliz e ambos achamos que será uma transição mais ou menos suave (ou tão suave como pode ser esta mudança tão grande numa fase tão complexa do desenvolvimento deles). Mais uma vez o meu corpo aguentou uma gravidez sem grandes problemas e até ao fim (vai útero, são os teus anos!). Ainda não parti nenhum osso, o que é positivo.
Ainda consigo conduzir, calçar-me, fazer a depilação e ser autónoma no geral. Consegui acompanhar o Matias a gravidez inteira e dei-lhe o colo que ele quis. Nem estou a dormir particularmente mal (reformulando: creio ter dormido bem pior na gravidez do Matias). Sofro menos de azia do que na gravidez do Matias, até porque se na dele não tomava nada, nesta ao mínimo sinal engulo logo o belo do inibidor da bomba de protões. Já não tenho as inseguranças que tinha em relação à parentalidade (tenho outras dúvidas diferentes, mas sei que sou boa mãe).
Sinto que esta gravidez me tornou mais próxima de amigas que se calhar não eram assim tão próximas anteriormente, mas que passaram pela mesma experiência ao mesmo tempo que eu (e quase todas já pariram, as estúpidas). No geral senti-me mais apoiada e compreendida, até porque quando engravidei do Matias fui a primeira, mas agora já há uns quantos bebés à minha volta.
Foi muito bom acompanhar o Matias nesta transição e assistir enquanto ele fazia as descobertas inerentes a esta fase. Enche-me o coração de felicidade ouvi-lo dizer que um dia vai querer dormir com a mana, que vai tomar conta dela, que quer comprar um peluche para ela, que vai ajudá-la a comer com a faca quando for mais crescida.
Ter uma filha que nasce perto do Natal é fixe. É claro que vou parecer uma baleia atropelada na sessão fotográfica de Natal, mas vamos ser quatro e a Gabriela vai ter um vestido com folhos, por isso acho que consigo relativizar a questão.
A saga do nome não aconteceu, e foi para nós óbvio desde o início que se fosse miúda ia chamar-se Gabriela. A nossa menina da canção.
Não ouvi grandes bitaites do resto da malta, ou então já aprendi a ligar o macaco dos pratos quando me cheira a intrusividade. Também sinto que no geral (e à excepção desta última fase em que toda a gente está histérica) as pessoas à minha volta andaram mais tranquilas e mais serenas, embora estejam claramente entusiasmadas.
'Pois olhem, ainda agora liguei à minha mulher e ela está muito tranquila, parece que encomendou pipocas e Coca-Cola do cinema pelo Uber Eats e está muito contente a ver o Harry Potter...'
Três horas depois, recebeu uma foto pelo WhatsApp com o Matias a olhar para um grupo de pinguins. Fui buscá-lo mais cedo e fui a conduzir até ao Parque das Nações. Passámos três horas no Oceanário (já que é para andar, pelo menos anda-se num sítio giro e relaxante). Foi muito giro. Aparentemente fez zero pelo início do trabalho de parto, mas foi tão bom que nem me importo muito.
Apesar de todas as queixinhas, e agora que (pausa para revirar os olhos) está quase, é inegável que esta gravidez também teve coisas extremamente boas. Vou ter outra filhota, o que enche o meu coração de alegria. É menina, o que me deixa relativamente assustada, mas também muito entusiasmada. O Matias parece feliz e ambos achamos que será uma transição mais ou menos suave (ou tão suave como pode ser esta mudança tão grande numa fase tão complexa do desenvolvimento deles). Mais uma vez o meu corpo aguentou uma gravidez sem grandes problemas e até ao fim (vai útero, são os teus anos!). Ainda não parti nenhum osso, o que é positivo.
Ainda consigo conduzir, calçar-me, fazer a depilação e ser autónoma no geral. Consegui acompanhar o Matias a gravidez inteira e dei-lhe o colo que ele quis. Nem estou a dormir particularmente mal (reformulando: creio ter dormido bem pior na gravidez do Matias). Sofro menos de azia do que na gravidez do Matias, até porque se na dele não tomava nada, nesta ao mínimo sinal engulo logo o belo do inibidor da bomba de protões. Já não tenho as inseguranças que tinha em relação à parentalidade (tenho outras dúvidas diferentes, mas sei que sou boa mãe).
Sinto que esta gravidez me tornou mais próxima de amigas que se calhar não eram assim tão próximas anteriormente, mas que passaram pela mesma experiência ao mesmo tempo que eu (e quase todas já pariram, as estúpidas). No geral senti-me mais apoiada e compreendida, até porque quando engravidei do Matias fui a primeira, mas agora já há uns quantos bebés à minha volta.
Foi muito bom acompanhar o Matias nesta transição e assistir enquanto ele fazia as descobertas inerentes a esta fase. Enche-me o coração de felicidade ouvi-lo dizer que um dia vai querer dormir com a mana, que vai tomar conta dela, que quer comprar um peluche para ela, que vai ajudá-la a comer com a faca quando for mais crescida.
Ter uma filha que nasce perto do Natal é fixe. É claro que vou parecer uma baleia atropelada na sessão fotográfica de Natal, mas vamos ser quatro e a Gabriela vai ter um vestido com folhos, por isso acho que consigo relativizar a questão.
A saga do nome não aconteceu, e foi para nós óbvio desde o início que se fosse miúda ia chamar-se Gabriela. A nossa menina da canção.
Não ouvi grandes bitaites do resto da malta, ou então já aprendi a ligar o macaco dos pratos quando me cheira a intrusividade. Também sinto que no geral (e à excepção desta última fase em que toda a gente está histérica) as pessoas à minha volta andaram mais tranquilas e mais serenas, embora estejam claramente entusiasmadas.
Eu muitas vezes |
Sim, esta gravidez teve coisas más. Teve muitas queixinhas. No geral não me senti bem, estado de graça nem vê-lo, e estou mais do que preparada para que esta bodega termine. Mas olhem, é o que é. Sei que passaria por tudo outra vez num piscar de olhos, e pior: sei que daqui a uns meses já vou andar a relativizar a questão de só acabar o internato daqui a trinta anos e vou querer ter mais filhos. Mesmo que isso implique andar insuportável durante estes meses todos.
Porque ser mãe é mesmo a melhor coisa do mundo. E no meio de todas as queixas, dificuldades, chatices, dúvidas, problemas e mudanças (umas óptimas, mas outras extremamente desagradáveis), não podia estar mais feliz com o caminho que estou a percorrer na vida.
15 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #59
Eu tenho a certeza que no passado já fiz isto inúmeras vezes às minhas amigas que entretanto tiveram filhotes, mas há poucas coisas tão irritantes como a ansiedade das outras pessoas quando começamos a chegar ao fim da gravidez. A dada altura até cheguei ao ponto de mentir e dizer que estava de 34 semanas quando já estava de 36 para me dar alguma folga, mas a malta não é burra e acaba por fazer contas (no início andei a partilhar a minha data prevista do parto com toda a gente, que inocente).
Hoje dormi duas horas de tarde, e quando acordei tinha cinco chamadas não atendidas. CINCO. Se estou uma hora sem responder no WhatsApp as pessoas assumem que é desta que estou a parir. Se não atendo as chamadas as pessoas assumem que é desta que estou a parir. Se ligo a alguém, as pessoas assumem que estou a ligar para avisar que vou parir. E o tontinho é que até criei um grupo para avisar toda a gente ao mesmo tempo.
Eu sei que isto soa chungão e que estou essencialmente a queixar-me de ter pessoas que gostam de mim e que estão entusiasmadas com aquilo que é uma fase linda e emocionante das nossas vidas, mas só queria mesmo ficar no meu cantinho a chafurdar em autocomiseração sem responder a perguntas constantes sobre se já estou em trabalho de parto.
No meio disto tudo, a única pessoa incrivelmente tranquila é o Matias. Vai falando imenso do assunto, normalmente de formas muito cómicas. Hoje perguntou-me se como eu lhe chamo bebécão a ele também vou chamar bebécona à mana e eu fiquei do género 'haaaaaaammmm não', ao que ele respondeu que ele ia chamar bebécona à miúda :D Na semana passada também perguntou 'como é que a mana ia sair da minha barriga', e foi mesmo engraçado porque aconteceu basicamente isto:
Matias (enquanto come a sopa): Como é que a mana vai sair da tua barriga?
Eu (mentalmente): Fuck fuck fuck fuck fuck.
Eu (verbalmente): Há bebés que saem pela barriga, com a ajuda dos médicos.
Matias: Eu sou médico das barrigas! (quando brincamos aos médicos cá em casa ele diz sempre que é médico de barrigas e gosta de nos 'tratar' quando temos dores de barriga)
Eu: Sim, mas são médicos das barrigas diferentes, vá, mais crescidos.
Matias: Eu sou crescido!
Eu (mentalmente): Fuck fuck fuck fuck fuck.
Eu (verbalmente): Mas são médicos que são especialistas em tirar bebés de barrigas. E a maioria dos bebés nasce pelo pipi das mamãs.
Matias: Pelo pipi?
Eu: Sim.
Matias: Ah! (ar esclarecido) Ok! (continua a comer a sopa).
Eu: Tens mais alguma dúvida? Podes perguntar! Percebeste o que a mamã explicou? Tu nasceste assim, pelo pipi da mamã.
Matias (com um ar mega tranquilo): Ok!
Pronto, aula de anatomia dada. Melhor que isto só quando o Matias perguntou 'o pai do Simba fugiu?' e eu respondi 'não, o pai do Simba morreu' e ele ficou esclarecido. Pumbas, explicação sobre a morte também já dada. Ainda dizem que isto da parentalidade é difícil.
Hoje dormi duas horas de tarde, e quando acordei tinha cinco chamadas não atendidas. CINCO. Se estou uma hora sem responder no WhatsApp as pessoas assumem que é desta que estou a parir. Se não atendo as chamadas as pessoas assumem que é desta que estou a parir. Se ligo a alguém, as pessoas assumem que estou a ligar para avisar que vou parir. E o tontinho é que até criei um grupo para avisar toda a gente ao mesmo tempo.
Eu sei que isto soa chungão e que estou essencialmente a queixar-me de ter pessoas que gostam de mim e que estão entusiasmadas com aquilo que é uma fase linda e emocionante das nossas vidas, mas só queria mesmo ficar no meu cantinho a chafurdar em autocomiseração sem responder a perguntas constantes sobre se já estou em trabalho de parto.
No meio disto tudo, a única pessoa incrivelmente tranquila é o Matias. Vai falando imenso do assunto, normalmente de formas muito cómicas. Hoje perguntou-me se como eu lhe chamo bebécão a ele também vou chamar bebécona à mana e eu fiquei do género 'haaaaaaammmm não', ao que ele respondeu que ele ia chamar bebécona à miúda :D Na semana passada também perguntou 'como é que a mana ia sair da minha barriga', e foi mesmo engraçado porque aconteceu basicamente isto:
Matias (enquanto come a sopa): Como é que a mana vai sair da tua barriga?
Eu (mentalmente): Fuck fuck fuck fuck fuck.
Eu (verbalmente): Há bebés que saem pela barriga, com a ajuda dos médicos.
Matias: Eu sou médico das barrigas! (quando brincamos aos médicos cá em casa ele diz sempre que é médico de barrigas e gosta de nos 'tratar' quando temos dores de barriga)
Eu: Sim, mas são médicos das barrigas diferentes, vá, mais crescidos.
Matias: Eu sou crescido!
Eu (mentalmente): Fuck fuck fuck fuck fuck.
Eu (verbalmente): Mas são médicos que são especialistas em tirar bebés de barrigas. E a maioria dos bebés nasce pelo pipi das mamãs.
Matias: Pelo pipi?
Eu: Sim.
Matias: Ah! (ar esclarecido) Ok! (continua a comer a sopa).
Eu: Tens mais alguma dúvida? Podes perguntar! Percebeste o que a mamã explicou? Tu nasceste assim, pelo pipi da mamã.
Matias (com um ar mega tranquilo): Ok!
Pronto, aula de anatomia dada. Melhor que isto só quando o Matias perguntou 'o pai do Simba fugiu?' e eu respondi 'não, o pai do Simba morreu' e ele ficou esclarecido. Pumbas, explicação sobre a morte também já dada. Ainda dizem que isto da parentalidade é difícil.
14 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #58
Hoje foi dia de novo CTG. Ia super stressada porque demorei uma hora a chegar (havia dois ou três acidentes pelo caminho), e quando cheguei tive seis contracções em quarenta minutos.
Fiquei histérica. Perguntei à enfermeira se seria seguro voltar para casa a conduzir, liguei ao Pedro toda contente e quando passou a Run The World (Girls) da Beyoncé no caminho... Chorei de felicidade.
A sério, chorar a ouvir a Run The World é triste.
Depois decidi almoçar no McDonalds e entupi-me de comida 'porque ia precisar de energia para o que estava a vir'.
É claro que quando cheguei a casa bateu a vontade de dormir a sesta e desde então não voltei a ter uma única contracção, por isso agora estou aqui maldisposta porque comi demais, frustrada porque nada acontece e a sentir-me uma grande totó.
Ninguém merece.
Fiquei histérica. Perguntei à enfermeira se seria seguro voltar para casa a conduzir, liguei ao Pedro toda contente e quando passou a Run The World (Girls) da Beyoncé no caminho... Chorei de felicidade.
A sério, chorar a ouvir a Run The World é triste.
Depois decidi almoçar no McDonalds e entupi-me de comida 'porque ia precisar de energia para o que estava a vir'.
É claro que quando cheguei a casa bateu a vontade de dormir a sesta e desde então não voltei a ter uma única contracção, por isso agora estou aqui maldisposta porque comi demais, frustrada porque nada acontece e a sentir-me uma grande totó.
Ninguém merece.
10 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #57
Tal como vaticinei, é óbvio que agora chegámos à semana 39 e eu já não quero ser induzida. Não estou menos cansada, nem menos farta, nem menos irritada: na verdade, sinto-me sensivelmente na mesma. A diferença é que às 37 semanas faltavam quatro para as 41, e agora... Faltam duas. E isso faz-me sentir muito mais tranquila.
Nesta fase geralmente a malta desdobra-se em dicas para induzir o parto, desde subir escadas a andar 10km na areia molhada da praia, ter relações sexuais, comer canela, comer picante, tomar banhos quentes e esperar pela mudança da lua. Sabem que mais? Os estudos dizem que nada disto resulta. Ninguém sabe ao certo o que dá início ao trabalho de parto (pensa-se que serão substâncias libertadas pelos pulmões do bebé), por isso eu tenho feito o que bem me apetece. Durmo o que me apetece, como o que me apetece, ando o que me apetece e faço o que me apetece. Na pior das hipóteses a cachopa está cá fora daqui a duas semanas, por isso só me resta mesmo esperar que passe rápido e continuar a fazer poker face aos inúmeros 'está quase' (na Quarta-feira foram doze!).
Às vezes também me sinto um bocadinho assoberbada com esta questão de ter outro filho, confesso. Parecendo que não, vamos dobrar a quantidade de filhos que temos. E isto quando eu na grande maioria dos dias ainda me sinto uma adulta de chocolate, apesar das inúmeras provas em contrário. De vez em quando a minha vida ainda me parece ligeiramente surreal, e sinto-me meia surpreendida com as coisas boas que me rodeiam, que não imaginei nem nos meus sonhos mais optimistas e que, honestamente, continuo a ter medo de não merecer.
Acho que tenho andado mais introspectiva nesta recta final da gravidez, mas também ainda mais agradecida por aquilo que a vida me deu até agora.
Ontem o Matias pediu para se sentar no meu colo e só consegui sentá-lo numa perna, porque a barriga impede que o sente nas duas. Disse-lhe que depois vou sentá-lo numa perna e à mana na outra e vamos brincar aos cavalinhos. E ele disse:
'E depois eu vou dar a mão à mana para ela não cair.'
Como não explodir de felicidade e agradecimento depois disto, a sério?
Nesta fase geralmente a malta desdobra-se em dicas para induzir o parto, desde subir escadas a andar 10km na areia molhada da praia, ter relações sexuais, comer canela, comer picante, tomar banhos quentes e esperar pela mudança da lua. Sabem que mais? Os estudos dizem que nada disto resulta. Ninguém sabe ao certo o que dá início ao trabalho de parto (pensa-se que serão substâncias libertadas pelos pulmões do bebé), por isso eu tenho feito o que bem me apetece. Durmo o que me apetece, como o que me apetece, ando o que me apetece e faço o que me apetece. Na pior das hipóteses a cachopa está cá fora daqui a duas semanas, por isso só me resta mesmo esperar que passe rápido e continuar a fazer poker face aos inúmeros 'está quase' (na Quarta-feira foram doze!).
Às vezes também me sinto um bocadinho assoberbada com esta questão de ter outro filho, confesso. Parecendo que não, vamos dobrar a quantidade de filhos que temos. E isto quando eu na grande maioria dos dias ainda me sinto uma adulta de chocolate, apesar das inúmeras provas em contrário. De vez em quando a minha vida ainda me parece ligeiramente surreal, e sinto-me meia surpreendida com as coisas boas que me rodeiam, que não imaginei nem nos meus sonhos mais optimistas e que, honestamente, continuo a ter medo de não merecer.
Acho que tenho andado mais introspectiva nesta recta final da gravidez, mas também ainda mais agradecida por aquilo que a vida me deu até agora.
Ontem o Matias pediu para se sentar no meu colo e só consegui sentá-lo numa perna, porque a barriga impede que o sente nas duas. Disse-lhe que depois vou sentá-lo numa perna e à mana na outra e vamos brincar aos cavalinhos. E ele disse:
'E depois eu vou dar a mão à mana para ela não cair.'
Como não explodir de felicidade e agradecimento depois disto, a sério?
6 de novembro de 2019
Natal 2019 #2
Hoje fui buscar o Matias à escola e perguntei-lhe:
Eu: Queres fazer bolachinhas para darmos ao papá quando ele chegar a casa?
Matias: Sim! Quero aquelas bolachas do vídeo de quando eu era bebé, que estão num pau!
Fiquei muito intrigada sobre que bolachas eram estas, até que me lembrei: era a árvore de Natal de bolachas no ano passado :D
Vai daí, passámos o fim da tarde a fazer as bolachas a quatro mãos. Entretanto o Pedro chegou, desatámos todos a comer e a árvore já vai a meio :D Está assim aberta a época das bolachas natalícias :D
Aqui vão mais fotos da decoração de 2019 cá de casa :D Hoje tinha pensado ir à Tiger comprar mais coisinhas, mas depois de levar o Matias à escola vim para casa e... Dormi a manhã toda :D De tarde tive consulta no centro de saúde e amanhã vou literalmente passar grande parte do dia no cabeleireiro na operação 'Hot Mama', por isso vou tentar ir às compras na Sexta depois do meu CTG :D
Eu: Queres fazer bolachinhas para darmos ao papá quando ele chegar a casa?
Matias: Sim! Quero aquelas bolachas do vídeo de quando eu era bebé, que estão num pau!
Fiquei muito intrigada sobre que bolachas eram estas, até que me lembrei: era a árvore de Natal de bolachas no ano passado :D
Tcham tchaaaaaam! |
Aqui vão mais fotos da decoração de 2019 cá de casa :D Hoje tinha pensado ir à Tiger comprar mais coisinhas, mas depois de levar o Matias à escola vim para casa e... Dormi a manhã toda :D De tarde tive consulta no centro de saúde e amanhã vou literalmente passar grande parte do dia no cabeleireiro na operação 'Hot Mama', por isso vou tentar ir às compras na Sexta depois do meu CTG :D
Soldadinho que veio de Londres :D |
5 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #56
Sabem quando é aceitável dizer a uma grávida que 'está quase'? NUNCA. Nem que já se veja a cabeça dos miúdos a espreitar.
Todos os dias ouço várias vezes que 'está quase'. Na creche do Matias, nas consultas, na rua, no Uber quando vou a algum lado. E juro que sei que as pessoas dizem isto com óbvias boas intenções, mas deste lado só nos faz sentir mal porque sabemos que são tudo mentiras. Não está quase. Estamos grávidas há uma vida e parece-nos que vamos estar grávidas mais outra vida inteira.
Lembro-me da minha amiga que me fez o parto e da enfermeira estarem ali duas horas a dizer 'está quase!' e eu a dada altura pensar 'calem-se suas mentirosas, não está quase nada!'.
E já ouço que 'está quase' desde as 20 semanas de gravidez. Não está quase. Ainda falta imenso tempo.
Todos os dias ouço várias vezes que 'está quase'. Na creche do Matias, nas consultas, na rua, no Uber quando vou a algum lado. E juro que sei que as pessoas dizem isto com óbvias boas intenções, mas deste lado só nos faz sentir mal porque sabemos que são tudo mentiras. Não está quase. Estamos grávidas há uma vida e parece-nos que vamos estar grávidas mais outra vida inteira.
Lembro-me da minha amiga que me fez o parto e da enfermeira estarem ali duas horas a dizer 'está quase!' e eu a dada altura pensar 'calem-se suas mentirosas, não está quase nada!'.
E já ouço que 'está quase' desde as 20 semanas de gravidez. Não está quase. Ainda falta imenso tempo.
4 de novembro de 2019
Pregnancy Diary #55
Na Quinta-feira passada tive consulta de obstetrícia, e depois de falar durante uma meia hora sobre o quão mal me estava a sentir rematei com algo que andava na minha mente há dias:
'Mariana, eu quero ser induzida.'
'Mariana, eu quero ser induzida.'
31 de outubro de 2019
Pregnancy Diary #54
Uma vez, tinha eu uns dez anos, fui com o meu pai às compras. Voltámos para casa com o Tomb Raider 3, um jogo da Lara Croft que custou na altura onze contos.
Acho a grande maioria da malta que me lê consegue lembrar-se do que eram onze contos no fim dos anos 90. Era imenso dinheiro. Eu estava louca de alegria. O meu pai estava super contente. A minha mãe passou-se. Foi quase tão mau como quando o meu pai gastou sete contos a comprar-me umas Adidas (acho que dá para perceber quem era o polícia bom lá de casa).
Este jogo durou anos, mas eu nunca o joguei: ficava sempre sentada ao lado do meu pai a vê-lo jogar e a ajudar. Depois o meu irmão cresceu e eu via-o a jogar também. Depois vim viver com o Pedro e trouxe comigo esta tradição, e durante os primeiros anos do nosso namoro passámos horas muito românticas a jogar Tomb Raider 3.
Este foi o único jogo de computador da minha infância inteira. O meu irmão, dez anos mais novo, já nasceu noutra fase, e já tinha imensos jogos, não só para o computador mas também para a Playstation (que eu nunca tive).
Recebi o meu primeiro telemóvel aos doze anos, quando entrei no sétimo ano. Na altura o telemóvel servia para mandar mensagens às minhas amigas (poucas, porque pagavam-se) e para ter toques porreiros. Era uma idade comum para recebermos o nosso primeiro telemóvel, e creio que quase todos os meus amigos tiveram um nessa idade.
Quer nós queiramos quer não, os nossos filhos vivem numa fase diferente. Eles vivem na altura em que os miúdos de oito anos jogam Fortnite. Eles vivem na altura em que é impensável não terem um tablet ou um telemóvel com jogos. Eles vivem na altura em que as festas são temáticas. E sim, eles vivem na altura em que se celebra o Halloween.
Confesso que tenho pouca paciência para os discursos à Grinch-velho-do-Restelo:
'O Halloween não é uma tradição portuguesa!' - Mas alguma é? O Natal é português? O Carnaval é português? A Páscoa é portuguesa? Vamos só celebrar o 25 de Abril e o 5 de Outubro?
'Os miúdos deviam ir todos fazer o 'Pão por Deus'!' - Era adulta da primeira vez que ouvi falar do Pão por Deus, ao contrário do Halloween, que já conheço desde a infância. Na minha terra ninguém faz o Pão por Deus, não é tradição, ninguém conhece.
'É só uma desculpa para gastar dinheiro!' - E? É assim tão mau os nossos filhos mascararem-se e divertirem-se e receberem doces? Eu cá acho que é divertidíssimo, mas isso sou eu que tenho claramente um parafuso a menos.
'Andam aí todos vestidos de múmias e zombies, não tem graça nenhuma' - Concordo que há disfarces mais giros e engraçados, mas não é tão bom os miúdos poderem fazer de conta que são personagens más e exteriorizarem a agressividade de uma forma saudável, normalizando assim algo que geralmente até os assusta?
Os nossos filhos estão a crescer num mundo fixe. O que nos mostram os estudos é que nunca foi tão seguro ser criança como agora, nunca houve tantas condições a nível de saúde e de educação, nunca houve tantas preocupações com o desenvolvimento saudável, as nossas crianças nunca foram tão informadas a nível ambiental e social e sim, as nossas crianças são felizes. Deixemo-las ser felizes, fazer coisas totós, jogar jogos de computador q.b. e ter tradições estranhas. Para nós são onze contos, mas para elas são memórias incrivelmente felizes.
E por isso sim, os meus filhos vão celebrar o Halloween, o Carnaval e o 5 de Maio mexicano se me (e lhes!) apetecer, vão ter jogos de computador e telemóveis eventualmente, vão ter o que eu lhes conseguir dar. Também vão ter regras, trabalhos de casa e chatices. Vão ser crianças do tempo delas, tal como as outras. E sabem que mais? Ainda bem.
Acho a grande maioria da malta que me lê consegue lembrar-se do que eram onze contos no fim dos anos 90. Era imenso dinheiro. Eu estava louca de alegria. O meu pai estava super contente. A minha mãe passou-se. Foi quase tão mau como quando o meu pai gastou sete contos a comprar-me umas Adidas (acho que dá para perceber quem era o polícia bom lá de casa).
Este jogo durou anos, mas eu nunca o joguei: ficava sempre sentada ao lado do meu pai a vê-lo jogar e a ajudar. Depois o meu irmão cresceu e eu via-o a jogar também. Depois vim viver com o Pedro e trouxe comigo esta tradição, e durante os primeiros anos do nosso namoro passámos horas muito românticas a jogar Tomb Raider 3.
Este foi o único jogo de computador da minha infância inteira. O meu irmão, dez anos mais novo, já nasceu noutra fase, e já tinha imensos jogos, não só para o computador mas também para a Playstation (que eu nunca tive).
Recebi o meu primeiro telemóvel aos doze anos, quando entrei no sétimo ano. Na altura o telemóvel servia para mandar mensagens às minhas amigas (poucas, porque pagavam-se) e para ter toques porreiros. Era uma idade comum para recebermos o nosso primeiro telemóvel, e creio que quase todos os meus amigos tiveram um nessa idade.
Quer nós queiramos quer não, os nossos filhos vivem numa fase diferente. Eles vivem na altura em que os miúdos de oito anos jogam Fortnite. Eles vivem na altura em que é impensável não terem um tablet ou um telemóvel com jogos. Eles vivem na altura em que as festas são temáticas. E sim, eles vivem na altura em que se celebra o Halloween.
Confesso que tenho pouca paciência para os discursos à Grinch-velho-do-Restelo:
'O Halloween não é uma tradição portuguesa!' - Mas alguma é? O Natal é português? O Carnaval é português? A Páscoa é portuguesa? Vamos só celebrar o 25 de Abril e o 5 de Outubro?
'Os miúdos deviam ir todos fazer o 'Pão por Deus'!' - Era adulta da primeira vez que ouvi falar do Pão por Deus, ao contrário do Halloween, que já conheço desde a infância. Na minha terra ninguém faz o Pão por Deus, não é tradição, ninguém conhece.
'É só uma desculpa para gastar dinheiro!' - E? É assim tão mau os nossos filhos mascararem-se e divertirem-se e receberem doces? Eu cá acho que é divertidíssimo, mas isso sou eu que tenho claramente um parafuso a menos.
'Andam aí todos vestidos de múmias e zombies, não tem graça nenhuma' - Concordo que há disfarces mais giros e engraçados, mas não é tão bom os miúdos poderem fazer de conta que são personagens más e exteriorizarem a agressividade de uma forma saudável, normalizando assim algo que geralmente até os assusta?
Os nossos filhos estão a crescer num mundo fixe. O que nos mostram os estudos é que nunca foi tão seguro ser criança como agora, nunca houve tantas condições a nível de saúde e de educação, nunca houve tantas preocupações com o desenvolvimento saudável, as nossas crianças nunca foram tão informadas a nível ambiental e social e sim, as nossas crianças são felizes. Deixemo-las ser felizes, fazer coisas totós, jogar jogos de computador q.b. e ter tradições estranhas. Para nós são onze contos, mas para elas são memórias incrivelmente felizes.
E por isso sim, os meus filhos vão celebrar o Halloween, o Carnaval e o 5 de Maio mexicano se me (e lhes!) apetecer, vão ter jogos de computador e telemóveis eventualmente, vão ter o que eu lhes conseguir dar. Também vão ter regras, trabalhos de casa e chatices. Vão ser crianças do tempo delas, tal como as outras. E sabem que mais? Ainda bem.
27 de outubro de 2019
Pregnancy Diary #53
Já não falta assim tanto tempo quanto isso para o meu parto - na pior das hipóteses são quatro semanas (a minha obstetra não induz obrigatoriamente às 41 semanas, mas eu cá acho que se chegar a essa data vou achar que já está mais que bom). E não estou rigorosamente nada nervosa: muito pelo contrário, vou ficar felicíssima quando entrar em trabalho de parto e mal posso esperar que chegue o dia. Eu sei que isto parece estranho e que uma parte de mim devia estar ansiosa ou com medo, mas cá vai um pedaço de informação dramática: eu não acho que o parto do Matias tenha sido assim tão difícil. Pronto, já disse. Obviamente que custou e que em algumas alturas só queria atirar-me para o chão e/ou falecer, mas na verdade em comparação nada me parece tão desagradável como estar grávida.
Tenho uma dor numa costela há meses. Meses. Está sempre aqui, dói quando estou sentada, dói quando estou deitada, dói quando estou em pé. Já fiz fisioterapia, já fiz acupunctura, nada resulta. dizem que é da gravidez e depois passa. E é uma porcaria estar com dores há meses. Comparativamente, ter dores horríveis durante horas (ou dias se o karma decidir castigar-me por alguma razão) mas depois acabar com uma pimpolha nos braços que vai logo vestir toda uma colecção de vestidos com folhos parece-me maravilhoso.
Se calhar agora vou ter um trabalho de parto demoníaco, não sei. Não sei bem o que pode ser pior do que 40h de trabalho de parto (24 das quais com contracções de cinco em cinco minutos mas sem dilatação e por isso sem epidural) com um braço partido, uma episiotomia até à China com uma deiscência de sutura que demorou a cicatrizar e um puto de 3.5kg a passar-me pela vajayjay, mas acredito que o universo tem sentido de humor e por isso é melhor não ficar já muito confiante. Mas também acredito que para mim estar grávida é uma bosta e nada é pior do que isto, por mais doloroso, nojento, demorado e horrível que seja.
Às vezes pensava que ia dar mais valor à gravidez por ter demorado mais tempo a engravidar desta vez, por já ser mãe, por ser mais madura e estar mais serena e por aí fora. Mas acho que desta vez ainda odiei mais tudo isto, precisamente porque sei o quão fixe é a fase seguinte. Afinal, parecendo que não, eu já durmo mal, já pareço um trambolho, já tenho dores por todo o lado, já choro histericamente com a parte final da Vaiana ou do Toy Story 3... Não é assim tão diferente do pós-parto, mas pelo menos daqui a um mês vou poder enfiar a cachopa nos oito outfits de Natal que já lhe comprei (e dar-lhe beijinhos e colinho, vá).
Como tenho o azar de ser casmurra e contra induções porque sim, vamos mesmo ter de esperar até a menina da canção decidir nascer ou receber ordem de despejo às 41 semanas. Mas todos os dias rezo aos santinhos para a miúda nascer depressa, porque esta vida de grávida está mesmo a dar cabo de mim.
Tenho uma dor numa costela há meses. Meses. Está sempre aqui, dói quando estou sentada, dói quando estou deitada, dói quando estou em pé. Já fiz fisioterapia, já fiz acupunctura, nada resulta. dizem que é da gravidez e depois passa. E é uma porcaria estar com dores há meses. Comparativamente, ter dores horríveis durante horas (ou dias se o karma decidir castigar-me por alguma razão) mas depois acabar com uma pimpolha nos braços que vai logo vestir toda uma colecção de vestidos com folhos parece-me maravilhoso.
Se calhar agora vou ter um trabalho de parto demoníaco, não sei. Não sei bem o que pode ser pior do que 40h de trabalho de parto (24 das quais com contracções de cinco em cinco minutos mas sem dilatação e por isso sem epidural) com um braço partido, uma episiotomia até à China com uma deiscência de sutura que demorou a cicatrizar e um puto de 3.5kg a passar-me pela vajayjay, mas acredito que o universo tem sentido de humor e por isso é melhor não ficar já muito confiante. Mas também acredito que para mim estar grávida é uma bosta e nada é pior do que isto, por mais doloroso, nojento, demorado e horrível que seja.
Às vezes pensava que ia dar mais valor à gravidez por ter demorado mais tempo a engravidar desta vez, por já ser mãe, por ser mais madura e estar mais serena e por aí fora. Mas acho que desta vez ainda odiei mais tudo isto, precisamente porque sei o quão fixe é a fase seguinte. Afinal, parecendo que não, eu já durmo mal, já pareço um trambolho, já tenho dores por todo o lado, já choro histericamente com a parte final da Vaiana ou do Toy Story 3... Não é assim tão diferente do pós-parto, mas pelo menos daqui a um mês vou poder enfiar a cachopa nos oito outfits de Natal que já lhe comprei (e dar-lhe beijinhos e colinho, vá).
Como tenho o azar de ser casmurra e contra induções porque sim, vamos mesmo ter de esperar até a menina da canção decidir nascer ou receber ordem de despejo às 41 semanas. Mas todos os dias rezo aos santinhos para a miúda nascer depressa, porque esta vida de grávida está mesmo a dar cabo de mim.
21 de outubro de 2019
Pregnancy Diary #52
Esta semana começamos a semana 36, e se andei a enganar-me a mim própria antes e a dizer que faltava um mês agora já não há cá negações: falta um mês.
Na semana passada, e tal como prometido, não fiz um bacalhau. Ia levar o Matias à escola, voltava, deitava-me no sofá a ver um filme, dormia uma sesta de três ou quatro horas, ia buscar o Matias e andávamos nas rotinas do nosso dia-a-dia. E nem sequer precisei de me esforçar particularmente nesse sentido, porque andei mesmo mesmo cansada. Não sei se estarei pior da anemia (só repito as análises no fim do mês), se o beta-bloqueante já não faz tanto efeito (também ando pior da parte cardiovascular) ou se andei simplesmente em burnout depois das obras, mas a verdade é que não consegui fazer mais nada que não andar no pastelanço extremo. E soube mesmo bem, na verdade.
(Também acabámos por ver uns filmes bem fixes. Já viram 'O Julgamento de Nuremberga'? É mesmo bom e ficámos horas a discutir aquilo. Também vimos 'O Caso Spotlight' e adorámos - dei-lhe 10 no IMD!)
De resto, há poucas novidades. O streptococcus deu negativo (yey!), o berço está montado (e o Matias gosta de deitar-se lá), a nossa casa ainda está de pé e com água quente funcionante (sempre uma bênção) e a Gabi não vai dando grandes chatices além das expectáveis nesta fase mais avançada.
Já temos a miúda pré-inscrita na creche onde anda o Matias, e se tudo correr bem em Setembro o Matias salta para o jardim de infância público (já começámos as orações para ver se ele tem vaga e por via das dúvidas já o pré-inscrevemos num privado, mas a ideia era mesmo ele ingressar no público) e em Novembro ela começa a adaptação (vai depender se tiramos nove meses ou um ano de licença entre os dois, ainda não decidimos).
Hoje é dia de mais pastelanço e de nova ecografia, e a semana promete ser relativamente tranquila. Vamos ver :)
Na semana passada, e tal como prometido, não fiz um bacalhau. Ia levar o Matias à escola, voltava, deitava-me no sofá a ver um filme, dormia uma sesta de três ou quatro horas, ia buscar o Matias e andávamos nas rotinas do nosso dia-a-dia. E nem sequer precisei de me esforçar particularmente nesse sentido, porque andei mesmo mesmo cansada. Não sei se estarei pior da anemia (só repito as análises no fim do mês), se o beta-bloqueante já não faz tanto efeito (também ando pior da parte cardiovascular) ou se andei simplesmente em burnout depois das obras, mas a verdade é que não consegui fazer mais nada que não andar no pastelanço extremo. E soube mesmo bem, na verdade.
(Também acabámos por ver uns filmes bem fixes. Já viram 'O Julgamento de Nuremberga'? É mesmo bom e ficámos horas a discutir aquilo. Também vimos 'O Caso Spotlight' e adorámos - dei-lhe 10 no IMD!)
De resto, há poucas novidades. O streptococcus deu negativo (yey!), o berço está montado (e o Matias gosta de deitar-se lá), a nossa casa ainda está de pé e com água quente funcionante (sempre uma bênção) e a Gabi não vai dando grandes chatices além das expectáveis nesta fase mais avançada.
Já temos a miúda pré-inscrita na creche onde anda o Matias, e se tudo correr bem em Setembro o Matias salta para o jardim de infância público (já começámos as orações para ver se ele tem vaga e por via das dúvidas já o pré-inscrevemos num privado, mas a ideia era mesmo ele ingressar no público) e em Novembro ela começa a adaptação (vai depender se tiramos nove meses ou um ano de licença entre os dois, ainda não decidimos).
Hoje é dia de mais pastelanço e de nova ecografia, e a semana promete ser relativamente tranquila. Vamos ver :)
15 de outubro de 2019
Pregnancy Diary #51
Quando há três anos as pessoas à minha volta sugeriam levar maquilhagem para a maternidade 'para dar um ar mais compostinho', eu achava que a malta não devia andar boa da cabeça. Pensava sempre que a última coisa que ia querer depois de ter um filho era maquilhar-me, e além disso as pessoas que iam visitar-me ao hospital não podiam estar menos importadas com isso. O Matias nasceu e eu não senti a mínima necessidade de estar pintada ou arranjada de alguma forma.
Desta vez estou diferente.
Agora quando marquei a depilação (desta vez marquei à confiança para as 38 semanas, espero que a miúda não decida nascer mais cedo!) aproveitei para marcar uma data de bodeguices fúteis: pedicure, cortar e pintar o cabelo (a minha obstetra diz que não há problema) e até pôr gelinho nas mãos pela primeira vez (a minha obstetra também diz que não há problema). Continuo sem qualquer vontade de levar maquilhagem para o pós-parto, mas isso é porque não sou de todo fã de estar maquilhada e sinto-me sempre pouco confortável. De resto, vou em modo cheguei como se fosse para um evento social e não para uma espécie de tortura medieval.
Desta vez estou diferente.
Nem estava com mau ar, vá :D |
E esta fofura da mãezinha aos dois dias? Estou mortinha que a nossa Gabi nasça :D :D :D |
Não sei bem a razão desta mudança. Sou a mesma pessoa, claramente vou receber as mesmas visitas, vai ser necessário um maior esforço adaptativo e uma gestão diferente das dinâmicas familiares (porque agora já há o Mati) e às vezes penso que ter o cabelo sem brancas devia ser a última das minhas preocupações. Mas pronto, se calhar são as hormonas. Se calhar é desta vez ser miúda.
Vá-se lá compreender :D
Pregnancy Diary #50
A semana passada foi um horror: andámos toda a semana em obras, com a casa cheia de pó e com as paredes esburacadas, sem água quente, com consultas todos os dias. Cada dia havia um problema qualquer: os canos de água fria também não estavam bons, um cano partiu, as obras iam demorar mais tempo, era preciso esburacar mais parede ainda e chamar o pedreiro depois. Chorei todos os dias.
Até que ontem, de repente, tudo passou. As obras terminaram. E nós sentíamos tanta necessidade de organização que os senhores saíram de cá às duas da tarde e nós já tínhamos a casa toda limpa às cinco. Depois começou a saga da roupa: lavar e secar os lençóis, pijamas, toalhas, tapetes, cobertores, enfim.
Terminou. Ficou tudo bem. No fim, correu tudo melhor que o esperado. Tudo passa. All things go.
Entramos agora na semana 35, e esta semana não vou fazer nada. Vou dormir, vou deitar-me no sofá, vou sentir-me finalmente mais tranquila. Vou aproveitar esta calma e esperar pela próxima tempestade :)
Até que ontem, de repente, tudo passou. As obras terminaram. E nós sentíamos tanta necessidade de organização que os senhores saíram de cá às duas da tarde e nós já tínhamos a casa toda limpa às cinco. Depois começou a saga da roupa: lavar e secar os lençóis, pijamas, toalhas, tapetes, cobertores, enfim.
Terminou. Ficou tudo bem. No fim, correu tudo melhor que o esperado. Tudo passa. All things go.
Entramos agora na semana 35, e esta semana não vou fazer nada. Vou dormir, vou deitar-me no sofá, vou sentir-me finalmente mais tranquila. Vou aproveitar esta calma e esperar pela próxima tempestade :)
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