What you gonna do with all that junk,
All that junk inside that trunk?
I'ma get, get, get, get you drunk,
Get you love drunk off my hump.
What you gonna do with all that ass,
All that ass inside them jeans?
I'm a make, make, make, make you scream,
Make you scream, make you scream.
What you gonna do with all that breast,
All that breast inside that shirt?
I'ma make, make, make, make you work,
Make you work, work, make you work.
Black Eyed Peas
Eu andei nove anos numa escola de inglês, dos dez aos dezanove. Todos os anos tínhamos um
professor novo, e houve um que me ficou particularmente na memória: o
David.
Estávamos em 2005 e eu tinha 16 anos.
O
David era um senhor sueco que tinha vivido no Reino Unido durante muitos anos e que era bastante rezingão e sisudo. Raramente sorria
ou brincava, era muito exigente connosco, estava sempre a implicar com
os meus espirros e tinha pouquíssima tolerância a brincadeiras ou
segredinhos para o colega do lado. Era, no fundo, o exemplo perfeito da
eficácia nórdica.
É claro que no início nenhum
de nós gostava dele. Mas no fim, quando chegou a altura de mudarmos de ano, todos ficámos com pena de nos despedirmos daquele senhor
cujo coração de pedra conseguimos amolecer ao longo dos meses.
Um
dia surgiu à conversa a música actual, e alguém deu como exemplo a 'My
Humps' dos Black Eyed Peas. O David ficou estupefacto e disse com um ar
tremendamente horrorizado:
- 'Não sei como é que os vossos pais vos deixam ouvir isso! Já pensaram bem no que diz essa letra?'.
Na
altura devo ter feito um sorriso condescendente qualquer - afinal, já
era super crescida e madura. Pareceu-me uma parvoíce fazer um alarido
tão grande por causa de uma letra normalíssima, e creio ter
desculpabilizado aquela opinião do David pensando que ele era mais velho
e careta.
Actualmente dou por mim a ouvir exactamente
a mesma coisa em relação aos miúdos de hoje em dia. Ouço dizerem que os
miúdos estão perdidos, que não se importam com nada, que são burrinhos e
que têm as prioridades trocadas. Ouço comentarem que não têm
responsabilidade, que não uns mandriões, que só ligam aos bens materiais
e que não estão preparados para a vida.
E depois páro
e penso: onde estávamos todos nós aos 16 anos? Não estávamos certamente
a discutir textos do Tchekhov ou a ouvir Mendelssohn enquanto
degustávamos o nosso café com brandy em chávenas a combinar. Não
estávamos a salvar o mundo nem a fazer descobertas científicas dignas do
Prémio Nobel.
Estávamos a vestir roupas ridículas, a
fazer figurinhas tristes, a dar demasiada importância a coisas totós, a
ter namorados, a fazer dramas porque os nossos pais não nos deixavam
fazer coisas e a sonhar acordados. E estávamos a ouvir músicas degradantes como esta.
Por isso da próxima
vez que suspirarem de exasperação quando virem a forma como os miúdos
de hoje em dia se comportam, tentem realmente lembrar-se de como foram
quando eram adolescentes. E depois de rirem como uns perdidos,
permitam-se comer uma refeição tipicamente adolescente: pizza.
Hoje
trago-vos uma versão ainda melhor e mais estaladiça: uma deliciosa
calzone vegetariana. Ideal para comerem sentados no sofá com a sala toda
desarrumada, acompanhada de uma bela Coca-cola - afinal, um dia não são
dias.
E se depois ficarem com a consciência pesada, podem sempre dançar ao som da 'My Humps' para queimarem umas calorias :D
Calzone vegetariana
Ingredientes (para quatro pessoas):
* Uma saqueta de fermento de padeiro (aproximadamente 5g);
* Uma colher de chá de açúcar;
* 150ml de água quente;
* 250g de farinha;
* Uma pitada de sal;
* Duas colheres de chá de azeite;
* Molho de tomate q.b.;
* Uma colher de chá de mistura de especiarias italianas;
* Uma colher de chá de orégãos;
* 200g de cogumelos laminados;
* 200g de queijo ralado.
Confecção:
* Dissolver o fermento de padeiro e o açúcar em 50ml de água quente;
* Mexer e deixar actuar durante vinte minutos;
* Juntar a farinha, o sal, o azeite, a mistura anterior de fermento e a água restante e amassar bem, fazendo uma bola;
* Colocar a massa numa tigela grande, tapar com um pano lavado e seco e deixar levedar durante duas horas (normalmente coloco dentro do forno pré-aquecido a 70º e desligado);
* Amassar novamente e estender numa superfície enfarinhada;
* Colocar num tabuleiro do forno coberto com papel vegetal e cobrir metade da massa com o molho de tomate, as especiarias italianas, os orégãos, os cogumelos e o queijo ralado;
* Fechar a massa sobre si própria;
* Levar ao forno pré-aquecido a 250º;
* Assar a pizza durante 15 a 20 minutos, dependendo do gosto.
Até amanhã! :D