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30 de setembro de 2015

Caril de grão e cogumelos para uma casamenteira falhada.

This is what you give me to work with?
Well, honey, I've seen worse!
We're going to turn this sow's ear into a silk purse.
We'll have you washed and dried,
Primped and polished till you glow with pride.
Trust my recipe for instant bride,
You'll bring honor to us all.

Mulan


25 de fevereiro de 2015

Semana da diabetes #3: Rancho vegetariano, um prato à prova de avós!

This is the modern way
Of faking it everyday,
And taking it as we come,
And we're not the only ones.
Is that what we used to say? 
This is the modern way.

Kaiser Chiefs


Desde que me lembro que sempre existiu em casa dos meus pais um livro de culinária antiguinho e sobejamente conhecido da Maria de Lurdes Modesto, o 'Cozinha Tradicional Portuguesa'. Lembro-me que quando comecei a cozinhar mais a sério fui desenterrá-lo do esquecimento com o objectivo de aprender umas coisinhas engraçadas e úteis, apenas para ficar estupefacta dez minutos depois: como é que as pessoas comiam aquelas coisas?

Entre receitas com banha (e azeite, e manteiga, e toucinho!), receitas com quilos de açúcar (não esquecendo a manteiga, claro!) e receitas com coisas estranhas (sangue, vísceras, enfim!), confesso que me surpreende como é que os nossos avós não entupiram as coronárias logo aos quarenta anos.


(No fundo o senhor Salazar era um incompreendido, ele era apenas um benfeitor que fazia os portugueses passarem fome para que eles não comessem estas coisas tão agressivas. Tratava-se apenas de preocupação genuína - afinal, quem é que entope uma coronária comendo apenas um terço de sardinha por refeição?)

(O facto do Salazar ter sido eleito o primeiro d'Os Grandes Portugueses em 2007 continua a ser uma das razões que me impele a emigrar. Recuso-me a partilhar o espaço físico com malta que acha que um ditador é porreirinho, quanto mais com quem o julga o maior.)

(Nota-se muito que os meus avós eram comunistas e que o meu avô até chegou a ser preso pela PIDE? Enfim, adiante.)


Creio ser esta uma das causas da grande dificuldade em fazer com que a nossa população idosa diabética tenha bons hábitos alimentares: depois de terem passado anos a comer aqueles toucinhos do céu carregadinhos de açúcar do bom da Maria de Lurdes Modesto, quem é que se delicia com satisfação com um bolinho sem açúcar? Depois de décadas com pratinhos cheios de arroz, batatas e enchidos, quem é que decide que grelhados e saladas é que sabem bem?

E se eu vos disser que não precisam de sacrificar o tradicional e saboroso para obterem o saudável?


Hoje trago-vos um prato tradicionalmente português: o rancho. Normalmente feito com carne de vaca, macarrão, grão-de-bico e quilos de chouriça da boa, mas desta vez com uma ou outra adaptação que o tornam mais saudável e igualmente delicioso. À prova de qualquer avó, garanto-vos :D


Rancho vegetariano

Ingredientes (para quatro pessoas):

* Uma cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma colher de chá de coentros;
* Uma colher de chá de cominhos;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri;
* Macarrão integral q.b.;
* Uma lata grande de grão-de-bico cozido.

Confecção:

* Refogar a cebola picada e o alho picado num fio de azeite e juntar o pimentão-doce, a paprika, os coentros, os cominhos, o sal e o piri-piri;

* Acrescentar o macarrão e deixar refogar;

* Juntar água quente até cobrir a massa e deixar cozinhar até a massa ficar cozida;

* Adicionar o grão-de-bico cozido e misturar bem;

* Deixar cozinhar mais um pouco.



Até amanhã! :D

16 de dezembro de 2014

Calzone vegetariana para um professor estranho :)

What you gonna do with all that junk,
All that junk inside that trunk?
I'ma get, get, get, get you drunk,
Get you love drunk off my hump.

What you gonna do with all that ass,
All that ass inside them jeans?
I'm a make, make, make, make you scream,
Make you scream, make you scream.

What you gonna do with all that breast,
All that breast inside that shirt?
I'ma make, make, make, make you work,
Make you work, work, make you work.

Black Eyed Peas


Eu andei nove anos numa escola de inglês, dos dez aos dezanove. Todos os anos tínhamos um professor novo, e houve um que me ficou particularmente na memória: o David.

Estávamos em 2005 e eu tinha 16 anos.

 

O David era um senhor sueco que tinha vivido no Reino Unido durante muitos anos e que era bastante rezingão e sisudo. Raramente sorria ou brincava, era muito exigente connosco, estava sempre a implicar com os meus espirros e tinha pouquíssima tolerância a brincadeiras ou segredinhos para o colega do lado. Era, no fundo, o exemplo perfeito da eficácia nórdica.

É claro que no início nenhum de nós gostava dele. Mas no fim, quando chegou a altura de mudarmos de ano, todos ficámos com pena de nos despedirmos daquele senhor cujo coração de pedra conseguimos amolecer ao longo dos meses.


Um dia surgiu à conversa a música actual, e alguém deu como exemplo a 'My Humps' dos Black Eyed Peas. O David ficou estupefacto e disse com um ar tremendamente horrorizado:

- 'Não sei como é que os vossos pais vos deixam ouvir isso! Já pensaram bem no que diz essa letra?'.

Na altura devo ter feito um sorriso condescendente qualquer - afinal, já era super crescida e madura. Pareceu-me uma parvoíce fazer um alarido tão grande por causa de uma letra normalíssima, e creio ter desculpabilizado aquela opinião do David pensando que ele era mais velho e careta.


Actualmente dou por mim a ouvir exactamente a mesma coisa em relação aos miúdos de hoje em dia. Ouço dizerem que os miúdos estão perdidos, que não se importam com nada, que são burrinhos e que têm as prioridades trocadas. Ouço comentarem que não têm responsabilidade, que não uns mandriões, que só ligam aos bens materiais e que não estão preparados para a vida.


E depois páro e penso: onde estávamos todos nós aos 16 anos? Não estávamos certamente a discutir textos do Tchekhov ou a ouvir Mendelssohn enquanto degustávamos o nosso café com brandy em chávenas a combinar. Não estávamos a salvar o mundo nem a fazer descobertas científicas dignas do Prémio Nobel.

Estávamos a vestir roupas ridículas, a fazer figurinhas tristes, a dar demasiada importância a coisas totós, a ter namorados, a fazer dramas porque os nossos pais não nos deixavam fazer coisas e a sonhar acordados. E estávamos a ouvir músicas degradantes como esta.

Por isso da próxima vez que suspirarem de exasperação quando virem a forma como os miúdos de hoje em dia se comportam, tentem realmente lembrar-se de como foram quando eram adolescentes. E depois de rirem como uns perdidos, permitam-se comer uma refeição tipicamente adolescente: pizza.


Hoje trago-vos uma versão ainda melhor e mais estaladiça: uma deliciosa calzone vegetariana. Ideal para comerem sentados no sofá com a sala toda desarrumada, acompanhada de uma bela Coca-cola - afinal, um dia não são dias.

E se depois ficarem com a consciência pesada, podem sempre dançar ao som da 'My Humps' para queimarem umas calorias :D


Calzone vegetariana

Ingredientes (para quatro pessoas):

* Uma saqueta de fermento de padeiro (aproximadamente 5g);
* Uma colher de chá de açúcar;
* 150ml de água quente;
* 250g de farinha;
* Uma pitada de sal;
* Duas colheres de chá de azeite;
* Molho de tomate q.b.;
* Uma colher de chá de mistura de especiarias italianas;
* Uma colher de chá de orégãos;
* 200g de cogumelos laminados;
* 200g de queijo ralado.

Confecção:

* Dissolver o fermento de padeiro e o açúcar em 50ml de água quente;

* Mexer e deixar actuar durante vinte minutos;

* Juntar a farinha, o sal, o azeite, a mistura anterior de fermento e a água restante e amassar bem, fazendo uma bola;

* Colocar a massa numa tigela grande, tapar com um pano lavado e seco e deixar levedar durante duas horas (normalmente coloco dentro do forno pré-aquecido a 70º e desligado);

* Amassar novamente e estender numa superfície enfarinhada;

* Colocar num tabuleiro do forno coberto com papel vegetal e cobrir metade da massa com o molho de tomate, as especiarias italianas, os orégãos, os cogumelos e o queijo ralado;

* Fechar a massa sobre si própria;

* Levar ao forno pré-aquecido a 250º;

* Assar a pizza durante 15 a 20 minutos, dependendo do gosto.



Até amanhã! :D

11 de novembro de 2014

Sopa de espinafres para um jogo divertido :D

É urgente estar atento, ver para onde corre a maré,
Ver de onde sopra o vento, não vás tu perder o pé.

B.P. é quem to diz, impele a tua própria canoa.
Se queres mesmo ser feliz, não te deixes ir à toa.
Impele a tua própria canoa, impele a tua própria canoa.

A vida não é um deserto, não queiras ficar no cais.
Lenço rubro é rumo certo, decide tu para onde vais.
Não queiras ficar no cais.

 

Quando o meu irmão era pequenino era frequente eu dormir com ele ao fim-de-semana. Algumas das minhas mais felizes memórias da adolescência estão relacionadas com aquelas horas intermináveis que passávamos a conversar, a rir e a cantar, e só parávamos quando a minha mãe gritava ensonada do quarto para que nos calássemos.

Aí havia duas coisas que adormeciam quase instantaneamente o meu irmão. A primeira era cantar-lhe músicas das guias, algumas das quais ele ainda se recorda hoje em dia (como a que está acima).

A outra era jogarmos ao jogo dos legumes.


O jogo dos legumes era a brincadeira mais idiota e parva de sempre, e consistia em imitarmos os legumes à nossa escolha. Se fôssemos uma cenoura ficávamos bem esticados, se fôssemos um tomate ficávamos enroladinhos numa pequena bola humana... Independentemente da forma que fizéssemos, uma coisa era certa: tínhamos que estar calados.

Percebem? Porque os legumes não falam.


Quando comecei a jogar este jogo o meu irmão tinha uns dois anos, o que explica que tenha caído tão depressa na cantiga. Sempre que ele dizia alguma coisa, logo eu retorquia com um ar adulto:

'Tiago alguma vez viste uma cenoura a falar? Não podes fazer barulho, és uma cenoura!'.

Com o tempo esta parvoíce totó manteve-se, e é com um grande carinho que admito que jogámos ao jogo dos legumes durante muitos anos (já as músicas das guias ainda são comuns quando dormimos juntos, mas enfim!).


Hoje o jogo dos legumes é diferente, mas nem por isso menos divertido. Implica usar o maior número possível de legumes numa receita, comer vários tipos diferentes de legumes durante o dia e tornar extremamente saborosos os pratos que nos fazem bem. E eu sou tão boa neste jogo que às vezes juro que tenho medo de me tornar efectivamente num legume.

Bem, nesse dia pelo menos seria a melhor jogadora do jogo dos legumes de sempre. Havia era aquele aborrecimento de não poder falar, mas segundo certas e determinadas pessoas isso até era uma vantagem (não era Pedro?) :D


Sopa de espinafres

Ingredientes:

* Duas courgettes;
* Três cenouras;
* Uma cebola;
* Três dentes de alho;
* 400g de espinafres;
* 200g de couve-flor;
* Uma pitada de sal;
* Uma lata de feijão vermelho cozido;
* Um fio de azeite.

Confecção:

* Cortar as courgettes, as cenouras, a cebola e os dentes de alho e colocar numa panela juntamente com os espinafres e a couve-flor;

* Cobrir com água, temperar com sal e deixar cozinhar;

* Passar com a varinha mágica e acrescentar o feijão vermelho;

* Deixar cozinhar mais um pouco e desligar o lume;

* Acrescentar o fio de azeite quando a sopa estiver morna.


Até amanhã :D

6 de novembro de 2014

Almôndegas de grão-de-bico (vegan) para uma equipa fantástica :D

(Porque há músicas que são simplesmente nossas, em toda a sua essência)

There's times when I want something more, someone more like me.
There's times when this dress rehearsal seems incomplete.
But you see the colors in me like no one else,
And behind your dark glasses you're something else.

You're really lovely, underneath it all.
And you want to love me, underneath it all.
I'm really lucky, underneath it all.
And you're really lovely.

No Doubt


Eu sou do Porto, tu és do Sporting. Eu sou a sonhadora, tu és o racional. Eu sou a dorminhoca, tu és o despachado. Eu sou a histérica, tu és o relaxado.

Eu sou a diva, tu és o sidekick. Eu sou a nervosinha, tu és o optimista. Eu sou a pessoa que se envolve em 1001 coisas, tu és a pessoa que está ao meu lado para ter a certeza que não fico maluquinha com tudo isto.

Eu sou a viciada em sonhos, tu és o meu trampolim. E graças a ti consigo sempre sonhar cada vez mais alto.


Apesar de estarmos constantemente em equipas diferentes, é inegável que na nossa relação funcionamos como uma equipa unida, consistentemente a lutar por um objectivo comum: a felicidade de ambos.

Nós contra o mundo, como costumas dizer com carinho. E eu sorrio. É tão fácil acreditar nas palavras que sussuras ao meu ouvido, quando o mundo está do lado de fora da janela e cá dentro só se ouvem as nossas gargalhadas.


Na vida real, no nosso trabalho das 8h às 18h e na correria do dia-a-dia, sermos uma equipa manifesta-se de uma forma diferente. Na vida real não somos aqueles que querem ter três filhos, dois gatos e uma quinta. Na vida real não somos aqueles que querem uma loja de queques e uma empresa para ensinar xadrez aos miúdos. Na vida real não somos aqueles que se escondem debaixo dos cobertores aquecidos pelo calor do nosso abraço e pela magia dos nossos sonhos.


Mas na vida real somos a equipa da marmita - sempre unidos por um almoço mais saudável, mais saboroso, mais barato e mais reconfortante.

Eu sou da equipa do grão-de-bico, tu és da equipa do entrecosto. Mas nunca deixaremos de ser da mesma equipa. Nós contra o mundo, como costumas dizer com carinho. E eu sorrio.

E acredito em ti.


Almôndegas de grão-de-bico vegan

Ingredientes (para oito almôndegas):

* Uma lata de grão-de-bico cozido;
* Meia cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Uma colher de chá de ras el hanout (mistura de especiarias marroquinas);
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri;
* Pão ralado q.b. (em alternativa podem usar farinha de trigo ou de aveia ou sementes de linhaça);
* Um fio de azeite.

Confecção:

* Juntar o grão-de-bico, a cebola, o alho, o ras el hanout, o pimentão-doce, a paprika, o sal e o piri-piri e triturar bem com a varinha mágica;

* Acrescentar o pão ralado (ou uma das alternativas) e moldar até conseguir formar bolinhas;

* Cobrir com um fio de azeite e levar ao forno pré-aquecido a 180º durante trinta minutos (eu fiz na Actifry).


Até amanhã! :D

3 de novembro de 2014

Iogurtes naturais (vegan) e um objectivo cumprido :)

And all I wanted was the simple things, a simple kind of life.
And all I needed was a simple man, so I could be the wife.

No Doubt


Há muito tempo que queria fazer iogurtes vegan, e o facto do Pedro ter começado a seguir a dieta paleo - e ter eliminado o leite de vaca da sua alimentação - impulsionou-me a agir.

Na verdade, mal comecei a fazer iogurtes normais questionei-me logo como seria fazer iogurtes sem leite de vaca, mas esbarrava sempre num pequeno problema: eu sou intolerante à soja, e por isso fazer iogurtes de soja estava fora de questão.

Ora, é quase imprescindível usar um iogurte como fonte de probióticos para os iogurtes restantes: há outras alternativas, mas honestamente não me pareciam tão práticas. Como eu não encontrava iogurtes feitos integralmente de arroz ou de amêndoa (ou de outras coisas que não fossem leite de vaca ou soja) vi-me perante a necessidade de ter de arranjar uma solução de compromisso. Vai daí, usei um iogurte de soja e leite de amêndoa e arroz.


O meu objectivo era fazer iogurtes líquidos (são mais práticos para levar na marmita e para beber naqueles intervalos entre consultas) e por isso não utilizei nada para 'solidificar' mais os iogurtes, mas se pretenderem ter iogurtes sólidos vegan basta utilizarem ágar-ágar - em breve vou experimentar e partilhar aqui :)

Por isso aqui têm: iogurtes vegan saudáveis, deliciosos e práticos. Não são particularmente baratos (os senhores da indústria dos leites vegetais devem estar milionários), mas são bastante bons. E são tão versáteis que desta fornada saíram iogurtes simples, de pêra, de butterscotch e de pêra e butterscotch (cééééééééu!).


Hoje trago-vos os iogurtes simples, perfeitos para quem quer descomplicar. Não foram os meus preferidos (o meu coração continua a bater mais depressa pelos de butterscotch e pêra), mas são uma boa base para algo mais :)


Iogurtes naturais (vegan)

Ingredientes:

* 800ml de leite de amêndoa;
* 200ml de leite de arroz;
* Três colheres de sopa de açúcar branco;
* Um iogurte de soja natural.

Confecção:

* Numa panela colocar o leite de amêndoa, o leite de arroz e o açúcar e mexer com uma vara de arames;

* Levar ao lume até ferver e deixar arrefecer;

* Quando estiver morno juntar o iogurte, misturando com a vara de arames;

* Levar à iogurteira durante cerca de dez horas;

* Transferir para o frigorífico durante pelo menos quatro horas.



Pêra
Butterscotch
Pêra e butterscotch
Espero que gostem e tenham uma óptima semana :D

14 de outubro de 2014

Chili de legumes e uma escolha de vida.

It's the music that we choose,
It's the music that we choose,
It's the music that we choose,
It's the music that we choose.

Gorillaz


Durante a minha passagem pelo serviço de psiquiatria fui contando à minha tutora algumas coisas sobre mim. Um dia estávamos a conversar sobre coletes de Milwaukee enquanto esperávamos pelo elevador e eu partilhei com ela a minha própria experiência pessoal, uma vez que durante a adolescência usei um que ia do pescoço até à anca por causa da minha patologia da coluna vertebral. Ela ficou visivelmente surpreendida e logo comentou:

'Pareces uma pessoa tão despreocupada e feliz, mas a verdade é que já te aconteceram na vida situações muito tristes e aborrecidas.'

Fiquei estupefacta, confesso. Nunca penso na minha vida como um conjunto de acontecimentos menos bons - muito pelo contrário, sempre me considerei incrivelmente feliz. Mas isso é apenas uma questão de perspectiva: na verdade, se decidir concentrar-me apenas nas coisas negativas que vivi no passado é um facto que já ultrapassei situações dolorosas e difíceis.


Há uns dias conversava sobre isso com o Bernardo, e ele comentou que de facto eu raramente falo sobre os meus problemas - como aliás já devem ter reparado aqui no blog. Dizia ele que isso poderia dar a quem me rodeia ou lê a ideia errada de que (e cito) 'nasci com o rabinho virado para a lua' e que a minha vida é perfeita, o que não corresponde obviamente à realidade.

Fui operada duas vezes ao meu estrabismo, que regressou novamente no ano passado. Voltarei a ser operada no futuro.
Fui operada à miopia há quatro anos e estou outra vez míope. Vou voltar a usar óculos.
Passei por vários meses de fisioterapia e por anos de utilização de um colete. Continuo a ter dores fortes diariamente.
Usei aparelho nos dentes durante três anos. Dez anos e o nascimento de um siso depois, tenho novamente um dente torto.
Fui vítima de agressões físicas e verbais na escola. Lidei com a tristeza e a solidão.
Fui gordinha durante anos. Quando decidi fazer dieta fiquei demasiado magra e lidei com um distúrbio alimentar.
Descobri uma insuficiência numa válvula cardíaca.
Passei pela morte traumática do meu avô e pelo longo e demorado processo legal que se seguiu.
Acompanhei o tratamento complicado e doloroso da doença do meu pai e temi pela vida dele.
Tenho infecções urinárias recorrentes e sofro muito com elas.
Questiono-me diariamente se escolhi a profissão certa e se não seria mais feliz noutra coisa.
Lido constantemente com o medo de não ser boa o suficiente: boa pessoa, boa amiga, boa irmã, boa filha e boa profissional.

Como vêem, a minha vida não é perfeita. Tenho os meus problemas, tal como toda a gente. Mas sabem que mais? Isso nunca me definirá. Nunca serei a pessoa que passou por isto ou aquilo, e nunca deixarei de ser a pessoa despreocupada e feliz.

Porque a vida é assim mesmo: todos vamos passar por momentos bons (que não serão melhores do que os dos outros por serem nossos) e por momentos maus (que não serão piores do que os dos outros por serem nossos), e vamos simplesmente continuar em frente com um pé depois do outro.


Ser feliz é uma escolha, por isso escolham-no. Não sejam amargos, não arremessem sentimentos maus ou palavras agressivas, não se magoem com ruminações que não resolvem nada. Riam, abracem, beijem, leiam, passeiem. Cozinhem. Acima de tudo, nunca deixem de valorizar o que a vida tem de bom e nunca deixem de fazer aquilo que realmente gostam.


Chili de legumes

Ingredientes (para duas pessoas):

* Uma cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Meio pimento vermelho picado;
* Um fio de azeite;
* Mistura de legumes congelados (usei feijão-verde, ervilhas e cenoura);
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma colher de chá de cominhos;
* Uma colher de chá de coentros;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada generosa de piri-piri;
* Uma lata de feijão vermelho;
* Molho de tomate q.b.
* Uma fatia de queijo (opcional).

Confecção:

* Refogar a cebola picada, o alho picado e o pimento vermelho num fio de azeite;

* Juntar a mistura de legumes e deixar refogar;

* Temperar com pimentão-doce, a paprika, os cominhos, os coentros, o sal e o piri-piri e mexer bem;

* Acrescentar a lata de feijão fermelho e cobrir com o molho de tomate, envolvendo bem;

* Desligar o lume e juntar uma fatia de queijo cortada em tiras (opcional).


Até amanhã! :D

8 de outubro de 2014

Tartes de queijo de cabra e tomate cherry para um segredo :)

Baby, oh the secret's safe with me,
There's nowhere else in the world that I could ever be.
And baby don't it feel like I'm all alone,
Who's gonna be there after the last angel has flown?

Pink


Eu sou particularmente má a fazer surpresas e a guardar segredos. Sou péssima a mentir, faço sempre uma cara altamente comprometedora e sou terrivelmente esquecida, o que juntamente com o facto de não pensar antes de falar faz com que frequentemente revele mais do que o suposto sem querer.


O Pedro costuma dizer que eu não teria jeito para criminosa porque sou má a disfarçar, imensamente desastrada e demasiado distraída. Pessoalmente acho que sou apenas sincera, mas reconheço que às vezes me envolvo em chatices porque simplesmente não consigo manter a boca fechada. Não faço de propósito, por maldade ou por coscuvilhice: sou genuinamente desbocada, pronto.

Mas não desta vez.


O texto original destas tartes era completamente diferente e contava um episódio muito caricato que aconteceu durante o meu casamento. Não tinha rigorosamente nada de mal e era até bastante divertido, mas envolvia outras pessoas que não se sentiram à vontade para ver esta situação aqui exposta. Por isso (e como é óbvio) mudei o texto.


Lamento, mas hoje vou guardar este segredo dentro de mim. E talvez com o tempo me torne melhor a mentir, a esconder a minha cara altamente comprometedora e a decorar o que devo dizer. Talvez com o tempo me torne uma mestre do disfarce, deixe de cometer deslizes e fique extremamente atenta aos detalhes.


E quando esse dia chegar tenham muito, muito medo. Porque com a minha imaginação fértil, o meu andamento de livros da Agatha Christie e o melhor sidekick do mundo eu vou ser a criminosa perfeita.


Tartes de queijo de cabra e tomate cherry

Ingredientes (para quatro tartes):

* Uma placa de massa folhada rectangular;
* Um queijinho de cabra;
* Oito tomates cherry;
* Uma gema batida com duas colheres de sopa de água.

Confecção:

* Cortar a massa folhada em círculos e colocá-la nas formas;

* Cobrir com o queijo de cabra cortados em pedaços e com dois tomates cherry cortados em metades;

* Pincelar a massa folhada com a gema;

* Levar ao forno pré-aquecido a 190º durante quinze a vinte minutos.


Até amanhã! :D