Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

La ci darem la mano

Excerto de " Dom Giovanni ", de Mozart

quinta-feira, 6 de março de 2008

A causa da melancolia

"Scène de la Folie" ~ Natalie Dessay (Part 1 of 2)

" Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens. Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única da tristeza de mestre Romão. Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: - a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia."

Excerto de " Cantiga de esponsais" , de Machado de Assis


"Scène de la Folie" ~ Natalie Dessay (Part 2 of 2)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O teatro lírico para Calisto Elói

" Como à força, fora ele uma noite ao teatro lírico, em companhia do abade de Estevães, que amava a música pelo muito amor que tinha à guitarra, delícias da sua mocidade, e consoladora da velhice, já saudosa do tempo em que o coração lhe gemia nos bordões do instrumento apaixonado.
Calisto inteirou-se do enredo da ópera, e assistiu em convulsões ao espectáculo, que era a Lucrécia Bórgia.


G. Donizetti, "Lucrezia Borgia"Act II, sc. 2 (fragment)Joan Sutherland, Alfredo KrausCond. Richard Boning,Covent Garden, 1980

Saiu da plateia frio de horror e protestou, em presença de Deus e do abade, nunca mais contribuir com oito tostões para a exposição das chagas asquerosas da humanidade. Rompeu-lhe então do imo peito esta exclamação sentida: «Amici, noctem perdidi! Melhor me fora estar lendo o meu Eurípedes e Séneca, o trágico! Medeia não mata os filhos cantando, como a celerada Lucrécia! As devassidões postas em música, dão bem a entender que geração esta é! Brinca-se com o crime, abafando-se os gemidos da humanidade com o estridor das trompas e dos zabumbas. É um tripúdio isto, amigo abade! Quem sai do seio da natureza rude, e de repente se acha à labareda destes focos das grandes cidades, é que atina com a providencial filosofia destas tramóias de teatros!»
Assanhou-se o abade de Estevães o azedume do fidalgo, dizendo-lhe que o Estado subsidiava o Teatro de S. Carlos com vinte contos de réis anuais. Calisto fez pé atrás, e exclamou:
- Obstupui!... O abade zomba!... O Estado!... o meu colega disse o Estado!
- Sim, o tesouro... - confirmou o clérigo.
- A res publica? o dinheiro da nação?
- Certamente: pois de quem há-de ser o dinheiro, senão da nação?
- Pois eu e os meus constituintes estamos pagando para estas cantilenas do teatro de Lisboa!
- Vinte contos de réis.
Calisto Elói correu a mão pela fronte humedecida de suor cívico, e sentou-se nas escadas da Igreja de S. Roque, porque ao espanto, cólera e dor de alma seguiram-se cãibras nas pernas. Minutos depois, ergueu-se taciturno, despediu-se do abade, e foi para casa. "

Excerto de " A Queda de um Anjo", de Camilo Castelo Branco, Ed. Clássicos Público,1995

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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