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20 de julho de 2020

A época das rosas. Chloé Wary (Planeta Tangerina)


São estes gestos editoriais que garantem ainda alguma felicidade de uma verdadeira contribuição para a diversidade de vozes e acessos à banda desenhada em Portugal. Já o repetimos em várias ocasiões, e aqui mesmo neste espaço, que atravessamos um momento relativamente estável e interessante de editoras especializadas que vão alargando o leque de vozes. Mas a meu ver, seria ainda mais feliz se editoras generalistas abrissem um pequeno espaço à banda desenhada que fosse ao encontro dos assuntos, abordagens e tratamentos estilísticos que lhes interessam nos seus catálogos – por hipótese, o romance contemporâneo, a ficção historiográfica, a reportagem política, a poesia, a literatura para jovens ou para a infância, o diário de viagem, etc. Não tem de ser necessariamente uma colecção especial (se bem que a coerência ajudaria à consolidação de um corpus, o que a Bertrand/Contraponto não conseguiu fazer, apenas a título de exemplo), tem de ser coerente com um programa. Independentemente das questões económicas, cruciais e basilares, há também o esforço e o conhecimento e a sensibilidade. Ora, a Planeta Tangerina, enquanto plataforma quase de auto-edição, ou cooperativa, já havia com Finalmente, o Verão, das primas Tamaki (recentemente re-publicado) feito uma aposta num projecto de banda desenhada internacional que fazia falta na oferta em língua portuguesa. Agora, com dois livros, um de autores portugueses e esta tradução de uma autora francesa, arranja novamente um espaço fulcral. (Mais) 

5 de janeiro de 2020

Blake & Mortimer: Le Dernier Pharaon. François Schuiten, Thomas Gunzig, Jaco Van Dormael e Laurent Durieux (Blake et Mortimer)


Confessemos que não somos alheios a todo um complexo de nostalgia, que muitas vezes suspende a razão, a aprendizagem e o desenvolvimento dos conhecimentos, e se prende tão-somente a memórias de um tempo diverso, protegido, de regressão infantil, no qual apenas os prazeres epidérmicos e imediatos contavam. A banda desenhada, sendo uma linguagem ou forma artística cuja presença era garantida desde um primeiro momento, teve um papel absoluta e naturalmente fundamental. Ora, dessas leituras primárias, existirão muitos textos que foram sendo abandonados, esquecidos ou apagados precisamente pela maturação cultural e intelectual, mas outros deixaram os seus fantasmas. E a série Blake & Mortimer faz parte do pequeno grupo de fantasmas que sobrevivem. (Mais) 

19 de agosto de 2019

Verões felizes. Vol 1. Zidrou e Jordi Lafebre (Arte de autor)


A fórmula é sustentável. Cada livro desta série é dedicado a um Verão da família Faldérault, que parte “rumo ao sul” na sua 4L – um clássico – comme il faut, com mudanças no tablier. Há frases repetentes e canções que se alteram, pontos de passagem obrigatórios e variações aventurosas, piadas recorrentes e transformações significativas na vida de todas as personagens. A propósito de Finalmente o Verão havíamo-lo dito: o Verão é em si mesmo uma narrativa bem contida. Ei-la transformada em série. 

23 de maio de 2019

Comanche, Obras Completas vol. 1. Greg e Herman (Ala dos Livros)


Já escrevemos bastas vezes, no passado, sobre a tendência internacional – sobretudo nos mercados francês, belga e norte-americano – que tem surgido de publicar edições de colecção, integrais, de luxo, de arquivo, etc., de todo um rol de séries cuja primeira existência havia sido em formatos de consumo mais imediato (semanal, mensal). Tendência a que chamámos “recuperação da memória” e cujo substrato é, a um só tempo, económico, geracional e informado pela transformação do paradigma da banda desenhada para uma linguagem “de livro”. Este novo projecto da Ala dos Livros vem alimentar essa tendência, de uma maneira mais modesta (voltaremos a este ponto), dedicada a uma série western bastamente conhecida de um público vasto e, hoje, decisor. 

6 de agosto de 2018

Artigo em «Comics Memory. Archives and Styles»

Serve este post para informar que foi publicado um artigo nosso, intitulado "The Ever-Shifting Wall: Edmond Baudoin and the “Continuous Poem” of Autobiography", num volume acabado de editar, a saber, Comics Memory. Archives and Styles.

Este volume pertence à série Palgrave Studies in Comics and Graphic Novels, que se tem tornado uma das mais prestigiadas plataformas académicas especializadas de livros em torno de Estudos de Banda Desenhada, juntamente com as "presses" das universidades do Mississippi, Rutgers, Leuven, entre outras, pelo que é uma tremenda honra estar na companhia destes nomes e trabalhos.

8 de junho de 2018

Pequena Bedeteca do Saber, dois títulos (Gradiva)



A Gradiva dá início a esta colecção em português, mas numa ordem diferente da original. O mesmo ocorreu, por exemplo, com a Biblioteca de Babel, a famosa colecção organizada por Franco Maria Ricci e Jorge Luís Borges para a italiana FMR e a espanhola Siruela, e publicada entre nós pela Vega. Aproveitando o projecto editorial original da Lombard, coordenado e pensado na sua génese por David Vandermeulen, autor do magistral Fritz Haber, e contribuindo dessa maneira para a criação de materiais originais e conduzidos por uma ideia central – no caso, a veiculação de conteúdos complexos sobre os mais diversos assuntos científicos, sociais, históricos e culturais da humanidade através de pequenas súmulas em banda desenhada ensaísta (voltaremos a este termo) –, a Gradiva lança mãos de dois temas mais centrais e, sem dúvida, mais caros ao seu próprio catálogo de primeira água. Esperemos, todavia, que não apenas haja uma continuidade deste projecto, pois existem alguns volumes excelentes em termos formais (volumes com os desenhos de Fabrice Neaud, de Alfred, de Jean Solé), tal como temas – organizados em sete categorias – 


fascinantes e tratados de maneira holística (a história da tatuagem, da prostituição, do conflito israelo-palestiniano, da génese dos escritos bíblicos), como não haja um desvirtuamento ou aproveitamento “local” de criar intervenções na colecção (como ocorreu na Biblioteca de Babel portuguesa). (Mais) 

17 de abril de 2018

O reino. Ruppert & Mulot (Douda Correria)

Este será apenas um pequeno recado. Foi lançado recentemente uma edição portuguesa do magnífico objecto-jornal O Reino, da dupla experimentalista de banda desenhada Ruppert e Mulot, projecto este de que já havíamos dado conta na sua edição original há uns anos, aqui.

As mais das vezes, a existência de edições portuguesas não são propriamente motivo de júbilo, sobretudo se se seguirem os caminhos mais normalizados de sempre... Porém, neste caso não estamos a falar dessas máquinas comerciais já instituídas, mas tampouco de "apostas" em obras históricas ou significativas por plataformas editoriais sólidas, ou sequer das também agora usuais colaborações entre editoras nacionais e estrangeiras na publicação de um título. Trata-se, desta feita, de uma acção feita de paixão, risco e coragem.

A edição portuguesa deste jornal é feita pela Douda Correria, uma editora afecta sobretudo à poesia contemporânea e a outros objectos literários não-identificados. Não deixa de ser curioso que, para encontrarmos atenções particulares ao que ocorre na cena contemporânea mais afecta à experimentação, à verdadeira invenção da linguagem, e não apenas a sua clássica confirmação, não se possa contar propriamente com as plataformas mais comuns, mas sim de sectores inesperados. Ou, na verdade, não é nada curioso, é condição sine qua non dessa distribuição de atenção. Seja feita a sua vontade. 




14 de abril de 2018

A leoa. Anne-Caroline Pandolfo e Terkel Risbjerg (G. Floy)


A longo prazo, será produtivo pensar na colaboração desta dupla de uma forma mais analisada. Tentar compreender como é que atingem uma fórmula de fundação sólida tal que a factura dos seus livros não pode ser considerada do ponto de vista de uma “história com desenhos” nem de “desenhos historiados”. Todos os factores contam na sua estruturação prístina, inconsútil, enquanto banda desenhada. A leoa é uma biografia da escritora dinamarquesa Karen Blixen, autora da famosa autobiografia África Minha (graças igualmente ao filme de Sydney Pollack de 1985), A festa de Babette, e de Contos e Inverno. Uma biografia que vai além desses instrumentos, pra devolver uma vida profunda, imaginativa e vivida dessa personagem. (Mais) 

23 de março de 2018

Duplo Vê/O Tautólogo. Mattia Denisse (dois dias)


Por esta altura, começa a construir-se um edifício feito de elementos singulares, e a que se poderá vir a dar o nome de “obra gráfica”, de Mattia Denisse, designação que tanto terá a felicidade de agrupar essa sua produção por um traço material, permitindo uma visão de conjunto e uma consideração das constantes, como poderá incorrer em distrações relativas a especificidades de cada um desses mesmos elementos. (Mais) 

14 de março de 2018

Fearless Colors. Samplerman (Mmmnnnrrrg et al.)


Na contracapa deste volume antológico, que colecciona grande parte da produção do autor francês nesta sua vertente de bandas não desenhadas mas coladas, encontramos uma mulher, numa espécie de função de Atlas, a segurar um globo terrestre. Calcorreando a sua circunferência, encontramos várias personagens retiradas de variados territórios da banda desenhada, que apesar de se encontrarem num putativo intervalo limitado – diríamos a banda desenhada de género(s) e comercial das décadas de 1930 a 1950, sobretudo americana –, representariam vários registos: a aventura, o policial, a comédia, o biográfico-histórico, o fantástico, etc. Há femme fatales, um vilão, um hillbilly, um cientista ao microscópio, bebés nadadores, uma tribo de mulheres-gato, a mão de um pescador, uma pomba e uma manivela. Talvez estas personagens avulsas e diversas não tenham aqui um valor narrativo propriamente dito, mas em relação à expressão feliz e celebratória da cariátide do mundo poderão cumprir o papel de signos de um arquivo maior: aquele que está disponível e é empregue pelo artista, para a sua prática transformativa e criativa. (Mais)

11 de julho de 2017

Paiment accepté. Ugo Bienvenu (Denoël Graphic)

“Escolher e isolar constituintes do real, de lhes dar, através de uma estrutura, um sentido, um novo dia.” Esta é umas “confissões de arte” do realizador Bernet, o modo como ele explicita a sua função e visão dos filmes que faz e quer ainda fazer. Independentemente do género, da inscrição temporal, das circunstancialidades de produção do filme, o cerne está, portanto, nestes “constituintes do real”. Paiment accepté é uma espécie de ensaio sobre que elementos se preservam mesmo no meio da perda de controle de todos os meios de produção. (Mais)

3 de julho de 2017

4 títulos Sociorama. AAVV (Casterman)

A propósito de Chantier Interdit auPublic, explicámos o contexto de produção e publicação dos títulos desta colecção, Sociorama, que, dizendo-o de modo simplista, são adaptações de trabalhos de cariz académico na disciplina da sociologia. Daí que se compreenda que as capas revelem não somente o nome dos autores artísticos que lavraram estas bandas desenhadas, mas igualmente o dos investigadores, de forma a que se sublinhe a precisão e instrumentos dessa pesquisa original. Alguns desses trabalhos foram já publicados em volume, outros existem ainda sob a forma de teses universitárias. Seja como for, são resultado da instrumentação teórica, prática e desenvolvida no campo, em ambos os sentidos, disciplinar e de contacto com o terreno, desse saber das ciências humanas, que, de uma maneira ou outra, reflecte uma verdade de experiência das pessoas com quem contacta. Sendo os objectivos gerais da sociologia a compreensão do indivíduo e dos grupos que possa completar inseridos na tessitura social e externa, não se trata tão-somente de entrevistas a esses mesmos indivíduos, mas à criação de toda uma contextualização global que tanto integra como destaca a experiência que se está focando. (Mais)

30 de maio de 2017

Jardim de Inverno. Renaud Dillies e Grazia La Padula (Kingpin)

Não deixa de ser “natural” que a Kingpin tenha encontrado neste projecto a continuação de uma linha editorial que procura expandir. Não havendo dúvida de que o critério eleitor nessa integração tenha sido a prestação gráfica da autora italiana, acreditamos que terá a ver com certas afinidades estilísticas com Tony Sandoval, cujo recente Nocturno também foi publicado há recente pela mesma casa, e cuja colaboração também trouxe a lume Les echos invisibles (que imaginamos ser desejado pela editora). O que une La Padula e Sandoval é múltiplo: uma linha de contorno semi-livre e gestual, uma figuração entre o anatómico e o cute-grotesco dos cabeçudos do século XVIII, que já havíamos debatido a propósito de Phoenix, e uma aplicação de cores suaves mas exactas. La Padula, todavia, parece herdar outras características ligeiramente diferentes. Ainda que haja igualmente uma preocupação pelo acrescentar de pormenores nos cenários cheios, parece-nos ser mais devedora de um Nicolas de Crécy, ainda que sem atingir a mesma intensidade, verve e alucinação. Mas os cenários urbanos, abertos, imensos, distorcidos de acordo com boas práticas visuais, fazem-nos lembrar as vinhetas cheias de Le Bibendum celeste ou Journal d’un fantôme. É possível que tal comparação seja desequilibrada, em detrimento para com Padula, mas há um mesmo esforço, desejo e prestação. (Mais)

15 de maio de 2017

Martha & Alan. Emmanuel Guibert (L’Association).

Esta autobiografia tecida por um outro é um projecto notável. Uma vez que havíamos dedicado algum tempo ao debate do que significa em termos culturais este gesto de Guibert, o de criar vários livros “d'aprés les souvenirs d'Alan Ingram Cope”, em que a voz está na primeira pessoa mas toda a sua estruturação e mediação é feita por um “terceiro” (uma das palavras associadas à ideia de “testemunha” em termos etimológicos), remetemos às notas sobre o último volume de La guerre d'Alan e L'enfance d'Alan para compreender o pasto de onde emerge este novo livro. Todavia, Martha & Alan é uma criatura bem distinta, por questões formais, textuais e estilísticas. (Mais) 

30 de abril de 2017

RIP. François Henninger (auto-edição)

A presença da colagem como um dos possíveis instrumentos da banda desenhada não é de forma alguma uma novidade. Num artigo presentemente no prelo, num livro colectivo dedicado à abstração em banda desenhada, regressámos ao livro 978 de Pascal Matthey e à obra de diceindustries para tentar compreender não apenas esta “tendência” como também quais os contornos precisos da técnica e as suas potencialidades expressivas, políticas e de representação. Se podemos falar de Jack Kirby num campo estrito da banda desenhada, também poderíamos arrolar Max Ernst, Jess e Cátia Serrão em práticas mais expandidas e contaminadas da banda desenhada ou nas suas margens confundidas com as artes visuais. O alcance deste pequeno zine de François Henninger – com que nos havíamos cruzado em algumas publicações alternativas, e de quem lêramos Lutte des corps et chutes de classes – leva muitas das revisitações do material mortificado pela tesoura a atingir paroxismos maximais, que poderão devolver alguma urgência à banda desenhada que serviu de “matéria-prima”. (Mais) 

15 de abril de 2017

Gaïa. Thierry Cheyrol (La Cinquième Couche)

Se tivermos em conta alguns dos exemplos incluídos em Abstract Comics, e experiências quer narrativas como algumas das peças incluídas em A Graphic  Cosmogony ou mais experimentais como 978, apercebermo-nos-emos de que tem surgido uma espécie de tendência em explorar formas de representação das transformações e devires em tempos dilatados, através das potencialidades expressivas da banda desenhada, para criar quadros de compreensão à escala humana. Noutras palavras, transformar a banda desenhada numa espécie de filtro, gráfico neste caso, que permita “dar a ver” fenómenos usualmente for do campo da visibilidade ou experiência humanas, de uma forma a poder criar um qualquer grau de relacionabilidade. (Mais) 

30 de março de 2017

La bande dessinée au tournant. Thierry Groensteen (Les Impressions Nouvelles)

Estando nós particularmente “atrasados” em dar conta de dezenas de novos livros teóricos, académicos e ensaísticos sobre a banda desenhada e outras disciplinas, dado o nosso próprio percurso de investigação, mas aos quais esperamos retornar em breve, mesmo que sumariamente, tentemos porém regressar de forma sucinta e tímida, com este último opúsculo de Groensteen. (Mais)

6 de março de 2017

Le rapport de Brodeck. Manu Larcenet.

Nas suas Teses sobre a Filosofia da História, Walter Benjamin escreveu “Nunca houve um documento da civilização que não o fosse simultaneamente da barbárie”. Esta ideia complexa associa-se à ideia materialista do filósofo alemão e mesmo ao trabalho da sua crítica, que implicava jamais perder o rasto ao valor que as coisas tinham pela passagem táctil, tangível, sofrível do ser humano, e não olhá-las somente pelo seu suposto valor “eterno”, “universal”, “estético”. Le rapport de Brodeck é todo ele tecido em torno do que o título indica, um documento escrito que quer dar conta de um evento mas, na sua tessitura, desvela em si mesmo a barbárie que subjaz a cada gesto humano. (Mais) 

21 de fevereiro de 2017

Três títulos da colecção Écritures (Casterman)


Como manda a lei das editoras comerciais, chegará um momento em que se faz não apenas uma reestruturação gráfica e formal das suas colecções, como um balanço interno da sua produção. A colecção Écritures foi alvo precisamente de um redesign, em que as capas passam a ser tratadas a preto com uma segunda cor e os títulos a dourado, criando uma coerência gráfica distinta daquela verificada até agora. Não só foram relançados alguns títulos antigos neste packaging como os novos seguem agora esta linha. Além disso, há um lançamento e abertura de vários novos gestos criativos que estendem os supostos objectivos originais da colecção. Não é que não houvesse colaborações anteriormente, mas o lançamento de La cire moderne, colaboração entre o escritor Vincent Cuvellier e o artista Max Radiguès, e Je viens de m'échapper du ciel, adaptação das novelas policiais coordenadas de Carlos Salem por Laureline Mattiussi parecem confirmar a insistência desse tipo de possibilidades “literárias”. Adicionalmente, o lançamento de Salles d'attente, de Charles Masson, que recupera Soupe Froide e outros relatos, mostra a possibilidade dos tais balanços internos. (Mais)

23 de janeiro de 2017

Groenland Vertigo. Hervé Tanquerelle (Casterman)

O regresso de Tintin. Correndo o risco de nos repetirmos, uma das expressões mais curiosas de escutar em relação à exposição e regular “consumo” da banda desenhada é aquela empregue por leitores adultos de que “cresceram com” determinado título ou género ou autor ou personagem. Depreende-se de que o crescimento é aquele dos interlocutores, em termos físicos, psicológicos, emocionais, uma vez que essa realidade a que se retorna, da banda desenhada, espera-se que se mantenha a mesma, com algum nível de conforto e de confirmação da nostalgia.  Não nos abstemos, como afirmámos a propósito de O testamento de William S., de nos integrarmos pessoalmente em experiências dessa natureza, que ignoram os avisos da lógica mental para acederem de imediato aos centros nevrálgicos da nostalgia e das respostas automáticas de prazeres infantis. Todavia, é o esforço e exigência da educação e da verdadeira maturidade que nos deve fazer procurar por outros domínios da banda desenhada, que com efeito cresceram com os tempos, e dessa forma ora trazem modo mais complexos de narrativas, ora aumentam os graus de referencialidade e integração cultural, ora se estruturam com formas visuais e compositivas mais consentâneas com uma sofisticação próxima da de outras áreas artísticas, e por aí fora. (Mais)