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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fiat Lux

Neste instante há um homem dentro de uma cápsula exígua que sobe até à superfície, no Chile, do outro lado do mundo. Todos o sabemos. Eles também parece que sabem que estamos à espera.

O segundo a chegar, há algumas horas, um Mineiro chamado Mário Sepúlveda disse, após ter afirmado esperar que o acidente tivesse posto a nu a necessidade de melhorias das condições de trabalho no Chile: “A única coisa que peço é que não nos tratem como artistas ou jornalistas, que continuem a tratar-me como o Mário, o trabalhador, o mineiro”.

Após 69 dias debaixo da terra...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

11 de Setembro (1973)


Vale a pena recordar. Não porque seja agradável, mas para retirar lições.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Público de hoje e Hayek

No Público de hoje, para além de uma carta de leitor de um tal Ricardo Alves, Secretário da Associação República e Laicidade, vem uma carta de José Manuel Moreira, que fora antecipada ontemO Insurgente, e que critica um artigo de São José Almeida. Nessa, pode ler-se:
  • «[Hayek] sempre insistiu nas críticas à democracia ilimitada. Uma das poucas vezes em que, por insistência do entrevistador, se pronunciou – ainda que indirectamente – sobre a ditadura de Pinochet, foi numa entrevista em Madrid (em 1986). A pergunta era sobre o facto de muitas ditaduras serem frequentemente apoiadas por aqueles que se declaram a favor da economia de mercado. Hayek respondeu:
    “Sim, é verdade. Às vezes as pessoas perdem a paciência e as esperanças, porque têm uma capacidade bastante escassa, e se alguém insiste em levar as suas ideias à prática, é provável que caia na tentação de autorizar algum génio… Mas é um erro, creio que devemos resignar-nos diante do facto de que há metas que não podem ser alcançadas através do controlo deliberado dos seres humanos.”
    »
Acontece que esta entrevista não foi a única em que o guru Hayek se pronunciou sobre Pinochet. Pronunciou-se pelo menos mais uma vez (e de uma forma muito menos indirecta), numa entrevista em Santiago do Chile (em 1981), que já foi citada neste blogue:
  • «Como compreenderá, é possível a um ditador governar de uma forma liberal. E é também possível a uma democracia governar com uma total falta de liberalismo. Pessoalmente prefiro um ditador liberal a um governo democrático a que falte liberalismo. A minha impressão pessoal - e isto é válido para a América do Sul - é que no Chile, por exemplo, assistiremos a uma transição de um governo ditatorial para um governo liberal. E durante esta transição pode ser necessário manter certos poderes ditatoriais, não como algo permanente, mas como um arranjo temporário.»
Deve acrescentar-se que, na mesma entrevista, Hayek refere-se espontaneamente a Salazar com alguma simpatia (o que aliás não deve incomodar, antes pelo contrário, alguns dos seguidores de Hayek n´O Insurgente).
A concluir: é elucidativo que tanto Hayek como Moreira sejam explícitos nas suas críticas à «democracia ilimitada», e também no seu apoio a «regimes autoritários e liberais» (na fórmula de Moreira) ou a «ditaduras liberais» (Hayek)...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

O pseudo-«milagre» chileno

No Vento Sueste, alguns dados sobre a evolução económica do Chile entre 1980 e 1991: Milagre Chileno?, Milagre Chileno(II)?, Milagre Chileno(III)? e Milagre Chileno(IV)?. A análise da taxa de crescimento do PNB, do salário por empregado na indústria e da dívida externa em percentagem do PNB parecem indicar que, comparativamente aos outros países da América Latina, não se passou nada de muito extraordinário na economia chilena neste período. Os resultados do Chile são sempre medianos. Será que, mesmo assim, alguns neo-liberais mais dogmáticos persistirão em afirmar que «valeu a pena» a repressão das liberdades fundamentais em nome dos impostos baixos e da privatização das grandes empresas (que parecem considerar questões de princípio)?

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Revista de blogues (14/12/2006)

  1. «Augusto Pinochet lá faleceu (...) Calculo que a esta hora já tenham surgido alguns obituários menos sombrios, sempre salientando as maravilhas do dito "milagre económico chileno", que terá ocorrido sob a batuta dos Chicago Boys de Friedman. Uma nova versão dos comboios a horas dos fascistas (...) em 1973, quando Pinochet tomou o poder, a taxa de desemprego no Chile era de 4.3%. Em 1983, depois de 10 anos de liberalização selvagem, já atingia os 22%. Os salários reais baixaram 40% sob o governo militar. Em 1970, 20% da população do Chile vivia na pobreza. Em 1990, quando o ogre saiu do poder, este número duplicara (...) entre 1972 e 1987, o PNB per capita caiu 6,4%.» («Pinochet e o milagre com pés de barro», no Aspirina B.) Ver também, no Spectrum, uma curiosa homenagem a Pinochet.
  2. «Uma mulher que nunca, mas nunca teve uma relação sexual não protegida (...) Essa mulher terá tido, suponhamos, a menarca aos 15 anos e a menopausa aos 50. Façamo-la ter 2 filhos e iniciar a sua actividade sexual aos 17 anos, tendo 1 relação sexual por semana como média. (...) Dos 17 aos 50 anos são 33 anos. Retiremos uns 3 anos por ter tido 2 gravidezes, dá 30 anos de fertilidade, ou seja, 1560 semanas. (...) Consideremos uma taxa de eficácia dos métodos contraceptivos que usa de 99,5%. Se fizerem as contas chegarão à conclusão que há probabilidade que 1,5 relações resultem numa gravidez... que esta inconsciente (...) possa escolher não querer assumir este azar é algo que muita gente anda a defender.» («Um exercício fútil e idiota mas às vezes dá vontade de o ser...», no Womenage A Trois.)
  3. «Nuno Rogeiro aceitou participar na palhaçada iraniana sobre o Holocausto. (...) Escreveu mesmo um texto para a nobre ocasião. Não sendo negacionista, Rogeiro deu a sua caução a este acto de provocação. (...) A participação de Rogeiro neste zoológico – no mesmo momento em que a oposição iraniana se manifesta corajosamente contra Ahmadinejhad – é uma vergonha. Fosse alguém do quadrante político oposto a fazê-lo e, dissesse o que dissesse no encontro, estaria neste momento a ser feito em picadinho. E com toda a razão.» («Caução», no Arrastão.)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Frase do dia

O crescimento económico do Chile de Pinochet explicado às criancinhas:
  • «Se afastas toda e qualquer oposição, matas os indesejáveis, privatizas tudo, incluindo o sistema de pensões, e impedes a manifestação sindical, é mais fácil que a economia cresça» (Diário de Notícias).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Morreu um grande (neo)liberal

Os meus sentidos pêsames aos admiradores de Pinochet que escrevem n´O Insurgente e no Blasfémias. Morreu o homem que permitiu a Friedman e a Hayek verem a sua ortodoxia posta em prática. O facto de ter sido responsável pela morte de três mil pessoas, pela tortura de trinta mil e pelo exílio de trezentas mil é insignificante face a avanços civilizacionais tão importantes como a privatização do sistema de pensões e os impostos baixos. Merece, sem dúvida, um lugar na história.