Por Eduardo Jorge Madureira
O que faz uma mãe quando o filho lhe apresenta, informalmente, uma espécie de testamento vital é o tema de um breve relato, que circula, em diversas línguas, através da Internet, sem atribuição de autor. A história é protagonizada por dois amigos. Um deles relata o que se tinha passado no dia anterior:
– Ontem à noite, depois do jantar, antes de sair, eu a minha mãe estávamos sentados no sofá a conversar sobre coisas da vida. Eu sei que sou um rapaz novo, mas, a propósito de uma reportagem que estávamos a ver na televisão, quis também falar sobre a morte. Então, disse à minha mãe: “Mãe, nunca me deixes viver num estado vegetativo, dependendo de máquinas, vivendo uma vida artificial. Se me vires nesse estado, e por muito que te custe, pede para desligar ou desliga tu as máquinas que me mantêm vivo”.
O outro decide interromper para fazer a pergunta óbvia:
– E a tua mãe?
A resposta não deixou de surpreender:
– Levantou-se, decidida, e foi desligar a televisão, o DVD, o computador, o cabo da Internet, o MP4 e o telefone fixo. A seguir, tirou-me e desligou o iPhone5, o tablet e a PlaySta¬tion.
É difícil não recordar esta história ao ler um título que se encontrava na primeira página do Jornal de Notícias de segunda-feira, dizendo que “17% das nossas crianças não comem nem dormem para estarem na Internet”. A notícia dava conta dos mais recentes resultados apurados pelo projecto europeu EU Kids Online, que, segundo o jornal, indicam que “o uso prolongado da Internet já se reflectiu em 45% das crianças portuguesas com um dos seguintes sintomas: não dormir, não comer, falhar nos trabalhos de casa, deixar de socializar, tentar passar menos tempo online”. Na Europa, acrescentava a informação, “só a Estónia está à frente: 49%. A existência de dois sinais – ter deixado de comer ou dormir para estar ao computador – foi apontada por 17% dos inquiridos”.
Esta notícia surge na mesma altura em que cinquenta especialistas franceses em psicologia lançaram um apelo para que se tome consciência dos riscos associados ao abuso dos ecrãs e para que se estabeleçam regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital. “Nós, especialistas em psicologia, em comportamentos e relações humanas, apelamos, hoje, a que cada um seja prudente e vigilante face a utilização excessiva dos ecrãs”, refere o texto, publicado no número de Fevereiro da revista Psychologies.
Os subscritores, alguns dos quais autores de livros editados em Portugal, como é o caso de, por exemplo, Christophe André (Os segredos dos psis. Carnaxide: Objectiva, 2012) ou Isabelle Filliozat (No coração das emoções das crianças. Lisboa: Pergaminho, 2001), começam por recordar o óbvio, dizendo que “os computadores, smartphones e tablets representam um formidável progresso. Facilitam o acesso ao conhecimento e multiplicam as possibilidades de trocas, interacções e cooperações”. O problema, acrescentam, é que “deixando-os invadir o nosso quotidiano, sem nos interrogarmos sobre os seus inconvenientes, sem reparar na sua utilidade real, concedemos a estas tecnologias um poder preocupante sobre as nossas vidas”. É por isso que garantem que “uma tomada de consciência é necessária”.
O apelo enumera, seguidamente, um conjunto de razões que a impõem: “É que o uso excessivo dos ecrãs induz uma hiper-solicitação permanente, fonte de stress e de cansaço. Priva-nos de tempo de repouso, de reflexão e de presença no mundo, indispensáveis ao bem-estar e ao bem-pensar. Favorece práticas patológicas e compulsivas, designadamente por parte dos jovens e das pessoas frágeis. Modifica em profundidade os processos de atenção, de memorização e de aprendizagem. Prejudica, por vezes, a qualidade das nossas relações interpessoais”.
Os signatários terminam endereçando um apelo a todos – cidadãos, políticos e fabricantes – “para o estabelecimento conjunto de regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital”. Como muitos outros têm vindo a dizer, “o desafio é importante: está em questão a preservação do nosso equilíbrio psíquico e da nossa humanidade face aos utensílios digitais”.
As razões do apelo para que se evite o abuso dos ecrãs são aprofundadas noutros textos que a revista Psychologies publica. No destaque concedido a esta preocupação, que merecia ser mais amplamente partilhada, não faltam os bons conselhos. Um dos que pode, desde já, ser aproveitado é o que recomenda que se prefira um encontro a um telefonema, um telefonema a um e-mail, um e-mail a uma mensagem SMS.
(Texto da coluna 'Os Dias da Semana' que o autor publicou no Diário do Minho, em 3.1.2013)
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segunda-feira, fevereiro 04, 2013
terça-feira, junho 05, 2012
Crianças e media na sociedade digital
Carmen Marta Lazo e José Gabelas orientam no próximo dia 13, na Sala de Atos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho um seminário sobre “Relaciones y mediaciones de los niños y jóvenes con los medios en la Sociedad Digital”.
A sessão realiza-se no âmbito do Seminário Permanente em Educação para os Media (CECS) e do Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação e é aberto ao público em geral.
Carmen Marta Lazo e José Antonio Gabelas Barroso são ambos Professores de Comunicação Audiovisual e Publicidade da Universidade de Zaragoza, Espanha, e membros do Grupo de Investigação em Educomunicação e estarão na Universidade do Minho no âmbito do Programa de Mobilidade Docente Erasmus.
A sessão realiza-se no âmbito do Seminário Permanente em Educação para os Media (CECS) e do Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação e é aberto ao público em geral.
Carmen Marta Lazo e José Antonio Gabelas Barroso são ambos Professores de Comunicação Audiovisual e Publicidade da Universidade de Zaragoza, Espanha, e membros do Grupo de Investigação em Educomunicação e estarão na Universidade do Minho no âmbito do Programa de Mobilidade Docente Erasmus.
terça-feira, abril 17, 2012
Educação para os Media contra a "institucionalização da ignorância", defende Pacheco Pereira
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O historiador José Pacheco Pereira defendeu ontem, em Coimbra, que a escola não deve apenas ensinar as crianças a ler, escrever e contar, mas também educá-las para os media, desde a pré-primária. Ao participar hoje, na Universidade de Coimbra, num seminário de doutoramento com a comunicação “Educação para os Media”, o orador realçou que, quando as crianças ingressam no ensino pré-primário, “já têm milhares de horas de televisão”, e que é preciso dar atenção a este fenómeno ainda relativamente recente. “A socialização das crianças é hoje feita muito fora da escola e fora da família”, frisou Pacheco Pereira, acrescentando que a televisão e os jogos de vídeo vêm assumindo muito dessa importante função. No entendimento de Pacheco Pereira, “a sua [das crianças] percepção do tempo e do espaço é moldada pelos media modernos”. Salientou que, na escola, também a criança “é cada vez mais atirada para a internet”, para recolher informação, sem ser ensinada sobre a forma como o deve fazer. Na perspectiva do orador, deve ser ensinado às crianças o modo de ver televisão, alertando que esta não é a realidade, mas “uma construção narrativa”, e de que, na internet, “há lixo e não lixo”, e que é preciso saber navegar com proveito. A não ser assim, cria-se “uma camada de gente analfabeta dos media, mesmo quando os utiliza extensivamente”, acentuou Pacheco Pereira.
O orador acrescentou que, sem essa educação para os media, haverá “uma maior institucionalização da ignorância, uma enorme dificuldade entre o saber e o palpite, uma perda muito significativa do papel da individualidade e da privacidade”. Haverá também – prosseguiu – “uma tendência para um relativismo cultural, em que tudo é igual, tem o mesmo valor”, seja uma canção da moda ou uma música clássica, um vídeo no “youtube” ou um filme de referência. “Tudo isto é o resultado de uma crise das mediações, que é um dos aspectos mais perniciosos do mundo contemporâneo. Ela manifesta-se com a crise da família, enquanto entidade mediadora da transmissão de conhecimentos e de socialização, da crise da escola, na crise das actividades profissionais que também deveriam ter esse papel de mediação, como o próprio jornalismo”, acentuou. Na sua comunicação, Pacheco Pereira expressou também uma visão crítica sobre os media, que diz serem, para “as grandes massas, mais factor de controlo e empobrecimento do que enriquecimento”, e de não se assumirem como inclusivos, mas “perpetuarem factores de exclusão previamente existentes”. (Lusa)
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quarta-feira, fevereiro 22, 2012
Os professores perante os "nativos digitais"
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Acaba de ser publicado o estudo Young Canadians in a Wired World – Phase III: Teachers' Perspectives, pelo Media Awareness Network, do Canadá.
O trabalho procura compreender as atitudes dos professores canadianos relativamente às tecnologias em rede na sala de aula, respondendo às perguntas: "será que promovem a aprendizagem e qual o seu impacte na relação professor-aluno?".
"Os resultados sugerem que existem desfios significativos a ultrapassar quanto à integração da tecnologia em processos significativos que enriqueçam o processo de aprendizagem", observa o documento que inclui também referência a um conjunto de 'boas práticas'.
- Para consultar os estudos da fase I e II, bem como outros estudos da mesma fonte: AQUI.
- Notícia sobre o estudo: Canadian teachers positive about technology in the classroom but acknowledge challenges
segunda-feira, novembro 14, 2011
Por uma "Agenda da Criança" não amputada e redutora
A intenção é criar um espaço transversal aos serviços e instituições de cuidados das crianças, que as coloque "no centro das preocupações". Tratará de temas como o abandono escolar, a violência contra as crianças, maus tratos e abandono e as situações de crianças e jovens em risco.
A iniciativa é certamente merecedora de aplauso, ainda que mereça algumas considerações que entendemos relevantes. A menos que o projecto esteja já fechado, seria bom ter em conta o seguinte:
- Se se pretende defender e promover os direitos das crianças, matéria a que o Estado português está obrigado, enquanto subscritor da Convenção respectiva, no âmbito da ONU, deve ter em conta que esses direitos não são apenas de protecção (face a ameaças e riscos) ou de provisão (de bens e recursos que lhes criem condições de serem pessoas felizes), mas também de participação (ou seja, que lhes abram perspectivas e as capacitem enquanto cidadãos, membros activos da sociedade - vd. art. 12º a 17º). Relativamente a esta última 'família' de direitos, a Convenção é clara, ao reconhecer às crianças não apenas o papel de objecto das atenções dos adultos, mas também o de sujeitos; e, por conseguinte, devendo ser ouvidas nas matérias que lhes dizem respeito e devendo ter a liberdade de expressão dos seus pontos de vista, de acordo com as suas capacidades.
- Sendo a iniciativa do âmbito da Segurança Social, será vantajoso que quem vier a implementar a referida "Agenda da Criança" (curiosamente, já existe um site com essa designação), procure fazer pontes com instituições da sociedade civil envolvidas não apenas nas importantes tarefas da protecção e da provisão, mas também com instituições relacionadas (e preocupadas) com a participação e a expressão dos mais pequenos. Neste contexto, é fundamental, do nosso ponto de vista, o desenvolvimento de parcerias com os meios de comunicação social e com iniciativas e espaços no âmbito da Internet e das redes sociais, com vista a promover essa perspectiva integrada e aberta dos direitos da infância.
- Uma "Agenda da Criança", sim, certamente. Mas que faça das crianças sujeitos cada vez mais responsaveis e autónomos do seu devir e não apenas objecto daquilo que os adultos entendem que elas precisam. Uma coisa não é incompatível com a outra. Mas nós tendemos, pela força da inércia cultural, a olhar para um lado e a esquecer o outro.
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quinta-feira, outubro 27, 2011
Jovens: 2h diárias nas redes socais
Na crónica que assina no jornal digital Setúbal na Rede, o Prof. Doutor João Canavilhas apresenta alguns dados de um trabalho que está a terminar acerca do consumo mediático dos jovens pré-universitários portugueses, baseado numa amostra constituída por cerca de 450 estudantes oriundos de todos os distritos do país que ingressaram este ano na Universidade da Beira Interior. Eis um excerto de "os jovens e os media":
Ler o texto: Teenagers would rather lose TV than internet or mobile – survey.
Ler o estudo do OFCOM: Children and parents: media use and attitudes report
"(...) Uma das conclusões mais interessantes deste trabalho é a confirmação de que a Internet ultrapassou a televisão nas preferências dos jovens portugueses, uma tendência verificada em estudos realizados noutros países. E as novidades não ficam por aqui: o telemóvel é agora o segundo meio preferido dos jovens, relegando a televisão para terceiro lugar. Neste estudo, a imprensa escrita surge apenas no oitavo lugar entre os dez meios/suportes sugeridos aos inquiridos, o que deve ser motivo de reflexão para os empresários do sector.Sobre esta mesma matéria, embora reportando-se a um publico mais jovem - os teenagers - o jornal britânico Guardian citava ontem dados de um estudo do OFCOM (autoridade de regulação dos media) que confirmam que os adolescentes tendem a preferir "mandar às malvas" a TV do que a Internet ou o telemóvel. Paradoxalmente, o consumo de televisão na mmesma faixa etária tem vindo a subir: 17h e 37m por semana actualmente, mais 2h do que em 2007. Contudo, uma parte deste consumo ocorre precisamente através de dispositivos online.
A ligação destes jovens à imprensa faz-se sobretudo pela via das publicações online, com um terço do inquiridos a revelarem que leem diariamente/várias vezes ao dia, os jornais disponibilizados na Web. Mais um dado que deve merecer a reflexão de empresários do sector e agências de publicidade.
Outro dado importante é a constatação de que nove em cada dez jovens tem conta numa rede social, passando aí uma média de duas horas por dia. Se tivermos em conta que o consumo médio de Internet apurado neste estudo é de três horas, facilmente se constata que a maior parte deste tempo é passado nas redes sociais. Considerando que os jovens leem jornais, veem vídeos, consultam blogues e jogam na Internet, deduzimos que parte significativa destas atividades acontece dentro das redes sociais. A ser assim, as redes sociais, especialmente o Facebook, funcionariam como uma espécie de ponto de encontro onde os jovens procuram todo o tipo de conteúdos filtrado pelos seus amigos ou pelas empresas de que são fãs. (...)"
Ler o texto: Teenagers would rather lose TV than internet or mobile – survey.
Ler o estudo do OFCOM: Children and parents: media use and attitudes report
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segunda-feira, maio 02, 2011
Crianças, família e leitura na era digital
"O virar de página, na era digital" é o subtítulo que traz o relatório “2010 Kids & Family Reading Report” que acaba de ser publicado na Internet pela Scholastic. Reporta os resultados de um inquérito realizado em 2010 junto de 1045 crianças dos 6 aos 17 anos e seus pais, num total de 2090 inquiridos, nos Estados Unidos da América.
O estudo foca as "atitudes e comportamentos das crianças e dos seus pais relativamente à leitura não obrigatória de livros e o modo como a tecnologia pode estar a influenciar e a mudar" tais atitudes e comportamentos".
A Scholastic é uma editora e empresa educativa de media que se deu como missão, vai para 90 anos, ajudar as crianças de todo o mundo a ler e a aprender, reconhecendo que a literacia é "a pedra angular do crescimento intelectual, pessoal e cultural das criaças".
(Um resumo dos resultados do estudo em português AQUI)
O estudo foca as "atitudes e comportamentos das crianças e dos seus pais relativamente à leitura não obrigatória de livros e o modo como a tecnologia pode estar a influenciar e a mudar" tais atitudes e comportamentos".
A Scholastic é uma editora e empresa educativa de media que se deu como missão, vai para 90 anos, ajudar as crianças de todo o mundo a ler e a aprender, reconhecendo que a literacia é "a pedra angular do crescimento intelectual, pessoal e cultural das criaças".
(Um resumo dos resultados do estudo em português AQUI)
quarta-feira, abril 27, 2011
quarta-feira, julho 07, 2010
Abordagem dos media no 1º ciclo
A editora Sage vai publicar em Setembro um novo livro de Cary Bazalgette, intitulado Teaching Media in Primary Schools.
A apresentação da pertinência e conteúdos deste volume refere o seguinte:
Children growing up in the 21st century need to understand the full range of media available to them, both as sources of information and entertainment, and as a means of communicating and sharing ideas. Embedded in the primary curriculum, media education enables children to become more fully literate for the digital age. Grounded in best classroom practice, this book aims to help you think about the role of media in children's lives, and to teach about media effectively in your classroom.
Three dimensions of media education for the 3-11 age range are highlighted : children's own cultural experiences, the development of critical awareness, and opportunities for creative expression. The chapters are written by literacy advisors, leading academics, teacher-trainers and classroom practitioners.
Topics covered include:
A apresentação da pertinência e conteúdos deste volume refere o seguinte:
Children growing up in the 21st century need to understand the full range of media available to them, both as sources of information and entertainment, and as a means of communicating and sharing ideas. Embedded in the primary curriculum, media education enables children to become more fully literate for the digital age. Grounded in best classroom practice, this book aims to help you think about the role of media in children's lives, and to teach about media effectively in your classroom.
Three dimensions of media education for the 3-11 age range are highlighted : children's own cultural experiences, the development of critical awareness, and opportunities for creative expression. The chapters are written by literacy advisors, leading academics, teacher-trainers and classroom practitioners.
Topics covered include:
- - understanding children's relationships with media and how to build on these constructively
- - getting to grips with "multimodality"
- - developing children's critical skills through watching and analysing moving image media
- - broadening children's experiences of different kinds of media and their media literacy
- - creative media activities that promote imaginative thinking and decision-making
- - the importance of social networking and social media and how to use these in the classroom
domingo, junho 27, 2010
Crianças e Media: recomendações de Karlstad
Membros do Global Youth Media Council, uma espécie de conselho jovem, representativo de 20 países que estiveram presentes na Cimeira Mundial de Media para Crianças e Adolescentes, realizada, na semana passada, em Karlstad, na Suécia (e na qual participaram dois colegas deste blog) aprovaram seis recomendações dirigidas a diversos parceiros sociais, económicos e políticos:
- O acesso à internet: Governos, operadoras de telefonia móvel e empresas de multimédia devem trabalhar juntos para garantir acesso gratuito à internet ou a preços acessíveis nas escolas e bibliotecas.
- Assegurar uma navegação segura na web: A Escola deve ensinar crianças e jovens sobre os perigos da web.
- Mais espaço para crianças e jovens na tomada de decisões: Mais artigos escritos por crianças e jovens em jornais nacionais e locais.
Cada país deve ter um Conselho da Juventude de mídia – para comentar sobre o conteúdo de TV para crianças. - Representação negativa das crianças e dos jovens nos meios de comunicação: Os meios de comunicação devem adoptar diretrizes éticas.
- Medieducação: A Educação para os media deve ser parte do currículo desde tenra idade, em cada país.
- Interesse comercial X Responsabilidade social: Somente produtos relacionados com o desenvolvimento das crianças podem ser linkados com a mídia voltada para as crianças.
Existência de mais canais de TV, jornal, rádio não comerciais e de interesses de crianças e jovens.
segunda-feira, junho 07, 2010
Entre a juventude perdida e a polícia social
Muitas vezes ouvimos críticas - ou somos mesmo os emissores dessas críticas - contra o forte teor sexual de vídeos musicais ou de outros formatos direccionados a públicos adolescentes. Contudo, pelo menos pessoalmente, poucas vezes encontro informação sobre os elementos ideológicos que dominam essas mesmas críticas.
Exactamente por isso chamo a atenção para um trabalho recente da Universidade de Cambridge, ainda por publicar mas com resumo disponível no site da instituição, que sugere que as preocupações de vários sectores da sociedade com os produtos massificados para adolescentes podem estar assentes em motivos ligados ao estatuto social e aos comportamentos adequados em comunidade. Por outras palavras, o sociólogo Robbie Duschinsky afirma que podemos estar perante um comportamento que, ao criticar, tem como objectivo "policiar a sociedade".
O artigo, que vai ser publicado no Media International Australia, analisa dois lados da questão: um lado que alega que há uma crescente obsessão com a imagem da parte dos jovens e um outro que diz que esta preocupação não passa de um excesso de puritanismo que impede a discussão sobre temas mais sérios de abuso de crianças. Ambas, diz o autor, podem tornar-se problemáticas à luz desta perspectiva de "policiamento".
Pareceu-me particularmente interessante a afirmação de que estas críticas "escondem" um elemento de marginalização da cultura negra e da classe trabalhadora como sendo pouco aceitáveis para uma classe média dita "respeitável".
Saliento, também, a ausência de um nível de agência para os media, "meros" transmissores de imagens e concepções, quase sem vontade própria ou sem qualquer tipo de filtros. Visto o cubo por outro lado, talvez essa visão possa ser tão preocupante como a anterior.
quinta-feira, junho 03, 2010
Os media na vida das crianças: 7h e 38m por dia!
"Há cinco anos, uma das principais conclusões do segundo inquérito nacional da Kaiser Family Foundation (KFF) ao uso dos media pelos mais novos, nos Estados Unidos da América, foi a de que o tempo disponível para dedicar aos media tinha atingido um tecto, ao chegar às 6 h e 20 m por dia. Desde então, no entanto, as novas tecnologias da comunicação possibilitaram um acesso aos media 24/horas, incidindo nas vidas quotidianas de crianças e de adolescentes. O resultado é este: os mais novos dedicam hoje uma média de 7h e 38m por dia aos media de entretenimento"
[Texto da convocatória da jornada Generation M2: Media in the Lives of U.S. 8- to 18-year-olds, que se realizará no próximo dia 15, em Londres, sob a presidência de Sonia Livingstone e com a intervenção do investigador que tem dirigido os estudos da KFF).
[Texto da convocatória da jornada Generation M2: Media in the Lives of U.S. 8- to 18-year-olds, que se realizará no próximo dia 15, em Londres, sob a presidência de Sonia Livingstone e com a intervenção do investigador que tem dirigido os estudos da KFF).
domingo, janeiro 24, 2010
Crianças e direito à comunicação
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“Infância e comunicação: uma agenda para o Brasil” é o título de uma brochura acabada de publicar pela Agência de Notícias dos Direitos da Criança (Andi) e a Rede Andi Brasil. Visa responder à necessidade de promover entre os media uma atenção especial aos direitos das crianças, apontando aspectos e campos específicos em que os problemas se levantam e as responsabilidades que os meios devem assumir nesse âmbito.
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quinta-feira, janeiro 21, 2010
Estudo nos EUA revela
Uso dos media está a crescer entre os mais novos
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Mais de dois mil inquéritos e de 700 diários preenchidos em contexto escolar por crianças e adolescentes dos 8 aos 18 anos, nos Estados Unidos, entre 2008 e 2009, constituiram a matéria-prima de base deste estudo que é o terceiro do género realizado por aquela Fundação (os anteriores foram publicados em 1999 e em 2004).
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(Recreational computer use)
Algumas das principais conclusões:
- Over the past five years, there has been a huge increase in media use among young people.
- An explosion in mobile and online media has fueled the increase in media use among young people.
- Youth who spend more time with media report lower grades and lower levels of personal contentment.
- Children whose parents make an effort to limit media use—through the media environment they
- create in the home and the rules they set—spend less time with media than their peers.
- Two groups of young people stand out for their high levels of media consumption: those in the
- tween and early teen years (11- to 14-year-olds), and Blacks and Hispanics.
segunda-feira, novembro 02, 2009
Crianças e (ecos nos) Media
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Interessante reflexão sobre as crianças e a Educação para os Media de Sara Pereira, autora deste blogue, em entrevista à Revista Ginko, Saber Viver com os Media:
[A Educação para os Media] sem dúvida que tem papel fundamental na compreensão crítica que as crianças podem fazer das mensagens e dos objectivos da publicidade. No entanto, deve ser sobretudo um meio para prepará-las, mais do que propriamente para protegê-las. Proporciona instrumentos de leitura dos media que as tornam públicos/consumidores esclarecidos, mais exigentes e com capacidades de interrogar mensagens e conteúdos. Se as crianças tiverem oportunidade de desenvolver estas competências ficarão melhor preparadas para viver e conviver com os media em geral. Mais importante do que proibir, retirar ou restringir é educar. Esta é também uma forma de proteger.
Ainda sobre Sara Pereira, a propósito de uma intervenção no seminário «A Cultura da Infância numa Sociedade Democrática: Contributos e responsabilidades - a mais valia da comunicação/informação», o JN dá destaque a um estudo que está a ser realizado na Universidade do Minho, sobre a presença das crianças na imprensa: Crianças em risco fazem vender muitos jornais:
De quase seis mil textos jornalísticos sobre crianças, publicados em 2008 em quatro jornais portugueses, 65% referiam-se a menores em risco. Conclusão: as crianças são "âncoras emotivas" que vendem muitos jornais.
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terça-feira, abril 28, 2009
E-Generation 2008 - Os Usos de Media pelas Crianças e Jovens em Portugal
Da responsabilidade dos investigadores Gustavo Cardoso, Rita Espanha, Tiago Lapa e Vera Araújo, está disponível em pdf o Estudo OberCom: E-Generation 2008 - Os Usos de Media pelas Crianças e Jovens em Portugal Relatório.
No contexto das transformações mediáticas recentes, o principal objectivo deste relatório é dar a conhecer os hábitos dos jovens em relação à utilização das comunicações. Pretende‐se assim dar a conhecer os usos e atitudes dos jovens em relação à internet, telemóveis, jogos de consola e de computador, televisão/conteúdos audiovisuais e música.
quarta-feira, março 04, 2009
Os mais novos e o digital: dois estudos
As práticas culturais dos "nativos digitais" é o tema de um estudo que acaba de ser disponilizado pelo Ministério francês da Cultura e da Comunicação. Título: "Práticas culturais entre os jovens e transmissão: um choque de culturas?".
Não chega a um terço a percentagem de pais que fala de forma regular da Internet com os seus filhos. A conclusão é de um estudo que a Ipsos e a e-Enfance realizaram em França e que foi publicado no Dia da Internet Segura (em 10 de Abril passado).
[Dicas: Newsletter do CLEMI]
Não chega a um terço a percentagem de pais que fala de forma regular da Internet com os seus filhos. A conclusão é de um estudo que a Ipsos e a e-Enfance realizaram em França e que foi publicado no Dia da Internet Segura (em 10 de Abril passado).
[Dicas: Newsletter do CLEMI]
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segunda-feira, novembro 24, 2008
Media digitais na vida das crianças
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"Kids' Informal Learning with Digital Media: An Ethnographic Investigation of Innovative Knowledge Cultures" é o título de um projecto de investigação de três anos, realizado nos Estados Unidos da América, cujos resultados acabam de ser publicados. Acessível no site do projecto, sediado nas Universidades da California e Sul da Califónia, explora os modos como as crianças udam os media digitais na sua vida quotidiana.
Acessíveis na Internet encontram-se:
Via Apophenia, onde tomei conhecimento desta informação, pode aceder-se a outros textos de divulgação desta pesquisa:
quinta-feira, outubro 02, 2008
Uso dos media fora de casa
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Alguns capítulos, através do índice:
- Informal Learning and Media in Out of School Hours Care
- Childhood and Childcare in Australia
- Intermediary Space
- Pokemon on the Playground
- The Place of Media in Children's Leisure
- Television and Video in Out of School Hours Care
- Digital Games and the Internet in Out of School Hours Care
- Making Media
- Practice and Play
quinta-feira, agosto 28, 2008
Efeitos dos jogos vídeo: senso comum e pesquisa
Oito mitos sobre os videojogos
Qual o grau de proximidade ou de distância que vai entre a percepção que as pessoas comuns têm acerca dos jogos vídeo e os resultados a que a investigação científica vem chegando?
A pergunta foi o mote tomado pelo professor Henry Jenkins, do MIT e a conclusão é de que existe um 'gap' importante entre os dois tipos de dados. Para "separar o que é factual do que é ficção", Jenkins escreveu, no site da televisão pública norte-americana o texto intitulado "Reality Bytes: Eight Myths About Video Games Debunked".
Os oito mitos que o autor escalpeliza são os seguintes:
"... video games are not the sole source of violence among children. In fact, they do not influence children any more than movies, music or the Internet do. Video games, like any other form of media, can only trigger the desire for violence already lying dormant in an emotionally disturbed child. They cannot “corrupt” someone who is mentally stable and understands that there is a distinct difference between fact and fiction."
Pelo que me toca e, sobretudo, pelos estudos que fiz sobre esta matéria, ainda que relacionados com a televisão, tendo a concordar em termos gerais com o autor. Assinalaria apenas dois pontos que complexificam um pouco as coisas: por um lado, mesmo entre crianças estáveis, os contextos, trajectórias e recursos culturais das crianças estão longe de ser distribuídos equitativamente. Por outro lado, muitas das investigações são feitas tipo retrato de momento ou recorrem a metodologias descontextualizadoras da experiência de jogar e, sobretudo, têm dificuldade de captar os efeitos de uma imersão intensa (de tempo e emocional) considerados a longo prazo.
NB - Vale a pena consultar a lista de referências que Jenkins inclui no final do artigo.
Oito mitos sobre os videojogos
Qual o grau de proximidade ou de distância que vai entre a percepção que as pessoas comuns têm acerca dos jogos vídeo e os resultados a que a investigação científica vem chegando?
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A pergunta foi o mote tomado pelo professor Henry Jenkins, do MIT e a conclusão é de que existe um 'gap' importante entre os dois tipos de dados. Para "separar o que é factual do que é ficção", Jenkins escreveu, no site da televisão pública norte-americana o texto intitulado "Reality Bytes: Eight Myths About Video Games Debunked".
Os oito mitos que o autor escalpeliza são os seguintes:
- 1. The availability of video games has led to an epidemic of youth violence.
- 2. Scientific evidence links violent game play with youth aggression.
- 3. Children are the primary market for video games.
- 4. Almost no girls play computer games.
- 5. Because games are used to train soldiers to kill, they have the same impact on the kids who play them.
- 6. Video games are not a meaningful form of expression.
- 7. Video game play is socially isolating.
- 8. Video game play is desensitizing.
"... video games are not the sole source of violence among children. In fact, they do not influence children any more than movies, music or the Internet do. Video games, like any other form of media, can only trigger the desire for violence already lying dormant in an emotionally disturbed child. They cannot “corrupt” someone who is mentally stable and understands that there is a distinct difference between fact and fiction."
Pelo que me toca e, sobretudo, pelos estudos que fiz sobre esta matéria, ainda que relacionados com a televisão, tendo a concordar em termos gerais com o autor. Assinalaria apenas dois pontos que complexificam um pouco as coisas: por um lado, mesmo entre crianças estáveis, os contextos, trajectórias e recursos culturais das crianças estão longe de ser distribuídos equitativamente. Por outro lado, muitas das investigações são feitas tipo retrato de momento ou recorrem a metodologias descontextualizadoras da experiência de jogar e, sobretudo, têm dificuldade de captar os efeitos de uma imersão intensa (de tempo e emocional) considerados a longo prazo.
NB - Vale a pena consultar a lista de referências que Jenkins inclui no final do artigo.
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