'Mind the Gap': da teologia à mitologia
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"Mind the gap" é uma já folclórica expressão usada no metrô londrino, significando "cuidado com o vão" -- no caso, o vão entre a plataforma e o trem. Turistas que visitam a capital britânica têm à disposição uma infinidade de produtos com a frase, incluindo canecas, camisetas e moletons. Mas o gap (ou vão) desta postagem é de outro tipo: um que assoma, como uma espécie de abismo no horizonte distante, em toda discussão sobre teísmo e ateísmo. É o gap entre filosofia e mitologia. Suponho que todo mundo que já tentou acompanhar uma conversa civilizada -- sim, elas existem -- entre teístas e ateus acabou vendo a história empacar logo no primeiro item: o Universo requer uma causa? O ateu diz que não, o teísta diz que sim, não há acordo e o debate para por aí mesmo, ou então começa girar em círculos. O apelo à intuição dá alguma vantagem ao teísta nesse ponto, mas uma visão um pouco mais sofisticada da questão basta para mostrar que não é válido elevar um dado...