sábado, 24 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Sou e Sempre serei grata.
Escrito por
Catiaho Reflexod'Alma
Depois de alguns anos, vou Encerrando nessa publicação de dia
23 de dezembro de 2016 a minha participação neste maravilhoso
e democrático espaço.
Não há causa que não a falta de tempo.
Sou e sempre serei:
Grata aos que aqui escrevem.
Grata aos que aqui leem.
E aos administradores.
Feliz 2017 a todos.
Catiaho Alc./dezembro de 2016
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Notável
Escrito por
Rodrigo Domit
Naquela noite que se fez outro dia, a lua estava tão cheia, de si própria, que mesmo depois de o sol ter se aprumado, ostentoso, ela ainda desviava a atenção de muitos desavisados.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Apenas há penas para os raros (?)
Escrito por
Angela Gomes
Pássaros
Passantes
Passam
Passos...
Apenas há
Penas.
Pisamos
Por onde nos deixamos
Pegadas (?)
Apenas há
Penas
Sob os pés
Que deixaram rastros (?)
Entretanto e, contudo,
Embora aflitos em conflitos e, confusos
Gravitamos esfera que circunda astro.
Saudemos, então,
Novo verão, no pólo sul.
Com asas camufladas de azul, solar
Pra festejar novo solstício.
Que nossos voos permaneçam
Desafiadores e raros
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
Marcel, do Inferno ao Céu
Escrito por
André Bortolon
Marcel nasceu numa tarde cinzenta de 1990. Fruto
de uma união que não durou mais do que alguns meses, Marcel foi criado então
pela mãe, vendo o pai apenas de vez em quando. Apesar de alguns parentes mais
próximos por perto, Marcel sempre teve bastante tempo livre em seu dia-a-dia,
uma que sua mãe trabalhava em dois empregos para poder mantê-los em uma
situação confortável enquanto a sua avó materna, tadinha, já não dispunha mais de
condições físicas para cuidar do neto. Já os avós paternos de Marcel, àquela
altura já tinham partido dessa pra uma melhor, antes mesmo dele nascer.
E foi num ponto entre os anos de 2003 e 2004
que Marcel conheceu o caminho das drogas. Ainda adolescente, sem ter tido
sequer a sua iniciação sexual, Marcel já estava fumando maconha com alguns
carinhas, aqueles da turma do fundão da sala – todos já repetentes. Nem é
preciso dizer que além da maconha, o álcool também passou a ser uma novidade
constante na vida de Marcel, que ia conhecendo bebidas e se entorpecendo,
enquanto a sua mãe trabalhava para sustenta-los.
E sim, sua mãe percebeu a mudança no filho. Ela
tentou intercepta-lo por mais de uma vez, mas o filho ficara extremamente
agressivo, o que passou a ser motivo de medo por parte dela. Sabendo que a
coisa não ia bem, mas querendo um pouco de paz quando podia estar em casa, a
mãe de Marcel “deixou” a coisa ir adiante dessa forma, apesar de um pouco
incerta de sua decisão.
E Marcel começou a tomar pau na escola, ano
após ano. Aos dezesseis anos, ele já tinha namorada firme e tudo. Mas, com um
porém – a menina também era viciada. E agora o repertório no cardápio de
narcóticos já havia aumentado: os dois provaram juntos benzinha, cola de
sapateiro, chá de cogumelo... e cocaína. Essa última, por sinal, era quase
todos os dias. Não havia mais controle. O dinheiro dado pela mãe de Marcel não
dava conta dos gastos com as drogas. Enquanto sua namorada roubava dinheiro dos
pais, Marcel sabia que se pegasse um centavo a mais que fosse de sua mãe,
faltaria para a comida e a moradia dos dois. Ao menos reconhecendo o esforço
que sua mãe fazia para conseguir dinheiro, Marcel deu um jeito de arrumar um
pouco para si. Só que para isso, ele teria que largar de vez os estudos –
afinal, trabalhar, estudar e usar drogas, tudo num mesmo dia, não tinha como.
E Marcel trabalhou. Foi ajudante de pintor por
um tempo. Distribuiu panfletos nas ruas para lojas que eram de conhecidos seus
ou de sua mãe. Começou a fazer malabares nos sinais de trânsito, a troco de
migalhas. Repassou pequenas quantidades de droga para seus conhecidos da época
de escola que, à esta altura, estavam melhores na vida do que Marcel, já
cursando nível superior ou até em empresas. Ainda trabalhou lavando carros e por
fim como “chapa”, guiando motoristas de caminhão que entravam na cidade.
Outras namoradas também vieram. Marcel mudava
de parceira, mas algo parecia inerente à cada uma delas: o vício por drogas.
Algumas inclusive já encontravam-se na sarjeta, sem esperanças de um futuro
melhor. Enquanto isso, a outra mulher da vida de Marcel, sua mãe, apenas via o
filho se perdendo, dia após dia. Magro, andando em trapos velhos... cada roupa
que sua mãe lhe dava parecia desaparecer, como poeira ao vento. Os dias
pareciam cada vez mais difíceis para esta mulher, que se perguntava
incessantemente onde ela tinha errado para com o filho.
Com os “pilas” que conseguia fazer, Marcel
passou a gastá-los comprando ecstasy e LSD, drogas essas que passaram a servir
como substitutas à cocaína. Marcel até preferiu essa troca de início, só que
essa onda durou apenas por alguns meses. Como ele mesmo já sabia, o vazio, a
frustação e o desespero vinham da mesma forma, fosse usando droga A, B ou C. E
num momento de solidão total, andando com gente em condições iguais ou piores
do que a sua, Marcel acabou experimentando o crack, já no início de 2012.
Aí as coisas degringolaram. Marcel não
conseguiu mais trabalhar para ninguém, pois ninguém mais queria lhe dar
trabalho. Sua mãe, que já tinha buscado ajuda em psicólogos e até em algumas
religiões, só queria que o filho se internasse o quanto antes em alguma clínica
para dependentes. Em vão. Marcel fugia de cada tentativa, para voltar à
sarjeta, onde consumia crack com pessoas na mesma situação desoladora em que
ele se encontrava. Todo esse martírio, esse sofrimento desumano que deixava
filho e mãe cada vez mais afastados um do outro, seguiu-se em 2013, 14, 15...
Até que, perto de completar 26 anos, sentindo
fome, frio, e tendo alucinações horripilantes pela falta da droga, Marcel
finalmente bateu na casa de sua mãe para pedir ajuda. Pela primeira vez em
anos, Marcel viu como sua mãe tinha envelhecido: as rugas, as olheiras
profundas pelas noites de sono mal dormidas, e o olhar de medo visível por não
saber a reação que o filho poderia ter, tudo isso parecia evidente agora para
Marcel. Que, arrependido até o último fio de cabelo, clamou pela ajuda de sua
mãe.
No mesmo dia, Marcel tomou um banho como a
muito tempo não tomava, e vestiu uma das poucas peças de roupa suas que haviam
restado no apartamento de sua mãe. Trêmulo e cambaleante, foi levado de carona
pela mãe para a melhor clínica da região, e por lá ficou por mais de 30 dias.
Hoje, quase seis meses após a sua alta da
clínica, Marcel leva uma vida completamente diferente da que um dia teve. Namorando
firme, desta vez uma menina trabalhadora e totalmente “do bem”, Marcel vê agora
o olhar de sua mãe, outrora marejado, brilhar de alegria com a nova vida que o
filho vem levando. E ele também, pela primeira vez em toda a sua vida, se sente
finalmente uma pessoa livre.
Hoje, Marcel vive cada dia como se fosse o
último, só que da melhor maneira possível. É por isso que na virada de ano – a
primeira que Marcel passará em família em muitos anos – ele quer fazer muitos
pedidos para ano de 2017. Pensando no tempo todo que perdeu entregue às drogas (praticamente
metade de sua vida), Marcel agora mescla desejos de adulto com desejos de
menino ao escrever numa folha de papel quais serão suas metas para os próximos
anos:
- fazer atividade física todos os dias;
- pular de bungee
jumping;
- fazer um cruzeiro de navio com a sua namorada;
- participar de uma procissão ao lado de sua
mãe;
- ajudar uma entidade para pessoas com câncer;
- ajudar um asilo;
- comprar o seu primeiro carro;
- participar de uma corrida ou maratona;
- ter um animal de estimação
- fazer uma língua estrangeira;
- ligar para o pai, que ainda vive, no mínimo
uma vez por semana;
- iniciar uma faculdade para buscar uma
graduação;
- conhecer o Rio de Janeiro;
- assistir a um show internacional de rock;
- comer alimentos saudáveis;
- assistir a peças teatrais com a mãe e a namorada;
- escrever um blog;
- agradecer ao criador todas as noites antes de
dormir;
Etecetera,
etecetera, etecetera...
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Das tempestades
Escrito por
Júlio Freitas
São tempestades
em copos de água
constantes
desde antanho
das quais somente os copos
desconheço o tamanho.
em copos de água
constantes
desde antanho
das quais somente os copos
desconheço o tamanho.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
DOR NÃO SE COMPARA
Escrito por
Daniel Delgado Queissada
Dor não se
compara
Não se
compara a dor da perda
A dor do
coração corado de tristeza
A dor da
fome na praça
Dor não se
compara
A dor de
perder um filho
Não se
compara a dor de perder qualquer ente querido
A dor de
sentir a pedra na vidraça
Dor não se
compara
Não se
compara a dor da religião extrema
A dor da
invasão sangrenta
A dor de uma
mãe perder a guarda
Dor não se
compara
A dor da
cara suja de lama
Não se compara
a dor de nenhum drama
A dor de
quem foi levado com a casa
Dor não se
compara
Não se
compara a dor de se ganhar um rótulo
A dor da
intolerância sem modo
A dor do
dedo apontado na cara
Dor não se
compara
A dor do
desgosto pelo trabalho
Não se
compara a dor da mãe do presidiário
A dor da mãe
da vítima caída na sacada
Dor não se
compara
Não se
compara a dor do refugiado
A dor do europeu
explorado
A dor do
extremismo da nossa alma
Dor não se
compara
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