Nunca soube o que era estar num bar ou café sem tabaco, até que no dia 1 de Janeiro do ano do Senhor de 2008 se implementou a lei do tabaco.
Agora quando se vai agora a um bar, a primeira coisa que salta à vista é a a falta de uma cortina de fumo. Isto permite ver com mais clareza, o que se torna um problema quando a conclusão é igual à que tantas vezes já aqui referir: há uma falta crónica de pessoas que valham a pena assediar! É muito ruim. Dramático, diria mesmo!
Nos tempos em que havia uma cortina de fumo, ao menos a coisa disfarçava! Era um pouco como ser míope: não se distinguiam os pormenores à distância. O que me levou a pensar se não seria sensato e mesmo viável começar a frequentar bares e cafés sem os óculos nem lentes de contacto: é que eu não vejo um boi a mais de 3 metros e só a cerca de meio metro vejo os pormenores. Com a luz certa, preciso de ainda mais proximidade! Por outro lado, se alguém me estiver a lançar olhares, a fazer joguinhos, não vejo! De novo, a não ser que a paisagem se altere de modo a justificar que eu leve óculos ou lentes, não faz diferença... mmm... bem... à cautela é melhor ver o que me rodeia! Posso perder alguém que valha a pena!
O cigarro, com o seu cheiro característico e pestilento de carago disfarçava ainda uma série de cheiros nauseabundos, como o característico retrete nº 3, flato nº 2 e sovaco nº 5 (este último só a fumadores, que eu sempre tive olfacto suficiente para distinguir). Neste aspecto tenho que dar razão ao Bizarro, mas o cheiro a SG Gigante nº1 também não é grande alternativa. E os fabricantes de perfumes e desodorizantes também têm que viver. E assim se incentiva a limpeza das instalações para evitar o cheiro a cagadeira.
O principal drama da falta do cigarro é que também torna mais complicado esconder que um gajo está sozinho. Quando era possível fumar disfarçava-se naquela de “sabes, eu não vim aqui para o engate! Eu vim para tomar um café ou uma cerveja e fumar vários pensativos cigarros, porque fumar é um exercício de liberdade e mesmo de cidadania. Porque com este simples gesto estou a pagar imensos impostos e a contribuir para o bem do país e mesmo do mundo”. É verdadeiramente impressionante a quantidade de coisas que diz um cigarro! Fora o óbvio “eu cheiro mal e estou a candidatar-me a um cancro”.
Estão a ver que sem um cigarro um gajo está só ao engate! Um drama que até pode ser benéfico do ponto de vista da saúde pública, mas que terá efeitos desastrosos e não contabilizados (possivelmente por ser um disparate) a médio e longo prazo em termos de natalidade.
Então e os não fumadores? E o que é que isso interessa, pode-se perguntar? Se um gajo não tem um vício, para que é que quer engatar seja quem for? Assim como assim, está a candidatar-se a santo, e os santos não andam ao engate: passam os seus dias e horas a fazer a contabilidade das suas virtudes e a tentar fixar um preço para irem fazer sala para o céu! O que lhes rouba todo o tempo!
Meter conversa torna-se complicado! Dado que nem todas as gajas levam consigo revistas de decoração (se bem que se essas quisessem ser engatadas levariam revistas de gajos nús), a frase “tens lumes?” torna-se uma impossibilidade. Neste aspecto os fumadores mais uma vez ganharam porque além de se encontrarem todos lá fora, podem trocar cromos sobre o frio que está. Palavra puxa palavra e pode abordar-se o tema de métodos e estratégias de colmatar o frio. Nomeadamente o conhecido método de ir para qualquer lado, tirar a roupa toda ou quase toda e fazer coisas que envolvem elevado gasto calórico (se feitas em condições) e consequente geração de calor. Naturalmente que aos não fumadores fica a tarefa mais desafiante de ultrapassar todas essas barreiras para ter o mesmo resultado. E a não cheirar mal!
Uma dificuldade de ser não fumadora veio de uma situação que não antecipei e me sucedeu um dia destes. Tomava eu o meu pensativo café quando entraram dois cidadãos e uma cidadã. Fiz contas de cabeça e um dos cidadãos não era o companheiro da cidadã. Estava eu a ponderar (discretamente) se o cidadão era, só pelo aspecto, merecedor de assédio, quando a cidadã se vira “ah, mas tu queres fumar”. A frase fez pender a decisão para: não tem suficiente bom aspecto para me fazer esquecer o sabor e cheiro a tabaco. E desinteressei-me.
Pensando no que os meus pulmões e dos outros cidadãos não sofreram, desabafei para o cidadão empregado do café “bendita lei do tabaco!”. Um olhar incrédulo e mesmo reprovador do rapazinho fez-me acrescentar “assim têm que ir lá para fora” e ele não ficou muito satisfeito. Aí apercebi-me que o cidadão fumador era também mais dotado de melanina que o vulgar cidadão europeu. Por outras palavras, era de cor. Ou negro. Ou preto!
Um desabafo de saúde pública e de qualidade de vida tornou-se num desabafo racista? Ora eu não sou racista! Simplesmente aquele cidadão ia incomodar-me com o seu cigarro e não o fez. O tom de pele dele era-me perfeitamente igual. Quem entender isso como racista tem dois trabalhos: entender mal e corrigir o que entendeu. Azar! Mas por aqui se vê a minha falta de sentido de oportunidade. Para a próxima terei o cuidado de só dirigir os meus desabafos anti-tabágicos a cidadãos brancos. Evitarei orientais e minorias religiosas. Os ateus devem ser seguros (mas nos dias de hoje nunca se sabe!).
domingo, 2 de março de 2008
Toda a verdade sobre o tabaco
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Eu gosto muito de derivas fascizantes, fascizóides e outras coisas que façam bem à saúde - parte 3
1. O tabaco e os saltos altos Ora qual é a relação entre os sapatos de salto alto e o tabaco? Eu diria que absolutamente nenhuma, mas isso era o que diziam da relação entre o verdadeiro rosto de Jesus Cristo e o rabo da Simone de Beauvoir! Homens e mulheres de pouca fé!
Os saltos altos podem ser um prazer (para quem usa e para quem olha) ou instrumentos letais. Ou para as costas e os joanetes ou para o sentido de moda e bom gosto. Claro que se pode passar a vida inteira a usar sapatos altos sem sofrer de nenhum desses males, mas há quem morra de ridículo. Ou mate. O mesmo é válido para o tabaco: tanto se pode viver uma vida longa de fumador e um dia acordar morto e de perfeita saúde, como se pode morrer jovem e cheio de problemas. Esta medida não retira liberdade a ninguém: quem quer pode consumir sapatos e usá-los em todo o lado (por enquanto).
Por isso eu defendo impostos mais elevados para os sapatos de salto alto: há que proteger a população dos potenciais perigos deste flagelo. As imagens seguintes não são para corações frágeis e são os equivalentes sapatais a pulmões pretos e impotência. É quase preciso ser um super-homem para usar sapatos altos.
2. O tabaco provoca nitidamente perdas de memória. Mentes perversas querem fazer pensar que a cidadã Sharon Stone gravou esta cena deliberadamente. A realidade é que ela se esquecer de vestir as cuecas! Porquê? Porque é loura? Não: porque fuma!
3. O tabaco é um excelente método de contracepção. Há más línguas que falam no cigarro pós-coito, mas isso é um mito urbano: consumido em vez do propriamente dito não há melhor para prevenir uma gravidez indesejada ou uma doença sexualmente transmissível. Se o hálito for suficientemente forte, as hipóteses de engatar alguém também diminuem abruptamente (pelo menos alguém com olfacto).
4. Um homem com um cigarro na mão é quase tão viril como um homem a comer uma banana sem observar os cuidados que já descrevi num outro post delirante: não há como negar que um cigarro tem um aspecto fálico... e expelir o fumo, o que é que vos faz lembrar? Ah! Bem me parecia! Pode ser um argumento para as mulheres fumarem, mas eu não gosto de mulheres nessa óptica, por isso é-me indiferente.
5. O tabaco causa impotência. Mas nem era preciso recorrer à Ciência: bastava ver a mensagem subliminar do cigarro... inicialmente firme e hirto... para passar a murcho e morto. Claro que depois dos pontos 3 e 4 já nem é muito relevante, pois não?
Mas quando vemos políticos a meterem-se no assunto, temos logo a tendência a achar que mentem. Mesmo quando é uma mulher a assegurar-nos disso mesmo (se bem que esta tem um par de tomates virtual).
6. Agora um pouco de Ciência: o fumo pode ter um comportamento de gás ideal... mas não está sozinho! Ou por outra, as liberdades são relativas!
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Eu gosto muito de derivas fascizantes, fascizóides e outras coisas que façam bem à saúde - parte 2
Encontro-me agora numa situação delicada: tenho coisas a mais para dizer e tenho que arranjar maneira de as dizer sem espantar a freguesia... mmm... what to do, what to do... já sei, vou optar pela estratégia do costume: vou dizer a primeira coisa que me vier à cabeça! Se sair merda, posso sempre dizer que aqui não se aprende nada!
Mentira: vou tentar sistematizar um pouco sem maçar os leitores (muito).
Vou pegar na conversa que tive com um menino (que pensei que era uma menina) no blogue do Henrique Monteiro e com o Henrique Monteiro, lui même. Já é aí a terceira vez que falo com ele acerca destas coisas do tabaco. Aprecio a calma dele e a fé no bicho homem e nas leis de mercado, mas não compro.
Por partes digeríveis (tão digerível como é um texto aqui do "je"):
1. A imposição do Adónis. Por muito que eu gostasse que se fabricassem Adónis em larga escala, mas com o detalhe e a qualidade de um producto manufacturado (oh, e que manufactura!), não creio que um ginásio ao preço da uva mijona e uma proibição de fumar (fascizóide ou não) alguma vez tenha tido esse efeito. Que pena!
2. A asseptia, essa bela localidade. Podia ir procurar o que significa asséptico, mas vocês têm mãozinhas e diccionários e aqui não se aprende nada. E depois, se fossem mesmo espertos, usavam as mãozinhas para manufacturar Adónis! Mmmm... perdi-me... onde é que eu ia? Ah, já sei! O post chama-se "contra um mundo asséptico". Ora um mundo asséptico é um mundo sem microorganismos.
Primeiro: sabe Deus a quantidade de amibas, bactérias e trolls que por aí andam! De 2 patas, de 4 rodas e mesmo unicelulares (embora obviamente sem mãos de jeito, se bem que a minha Biologia me recorde de uns pseudópodes, que eram uns pseudo-... não interessa). Não sei se é muito óbvio que eu às vezes me disperso um bocado! Onde é que eu ia? Ah! Ora fumar é uma maneira muito eficiente de matar muitos organismos de vários graus de complexidade celular, ou seja, fumar é uma forma (estranha) de asseptização, pelo que o post deveria apoiar a proibição de fumar. Também não sei se dá para ver, mas eu tenho uma lógica frequentemente um pouco estranha, para não dizer retorcida.
Agora a sério, vou reproduzir o que lhe respondi:
"O ar respirável não é um mundo asséptico: é um mundo onde eu posso escolher não fumar. É um mundo onde não se condena um trabalhador da restauração a doenças profissionais debilitantes e consequências na saúde a longo e curto prazo. QUalquer um defende os seus direitos laborais, porque não tem que se sujeitar a qualquer coisa para ganhar o pão; não vejo porque não se pode defender estes trabalhadores em particular.
A lei está bem? A lei não devia existir por ser redundante com o bom senso total e absoluto, mas a falta de bom senso dos fumadores obrigou a esta "opressão", a esta fúria legislativa. Fumar em qualquer espaço fechado não é uma liberdade: é uma violação da liberdade dos não fumadores. E daqui não abdico e nem há argumento para isto!
[...]
Confundir a defesa da saúde com fascismo da boa forma é um disparate. Nada é absoluto e há ainda muito que fazer. Como impedir o tráfico de droga nas prisões, em vez de só promover a troca de seringas. Como educar pais para hábitos de alimentação saudável dos filhos, informando pais e filhos. E não me venham dizer que isto é fascismo: vejo crianças a levar (dadas pelos pais) alimentos altamente processados, cheios de sal e açucar (logo, deliciosos) porque estes querem dar o que é saboroso e fácil. Sabe quem educa um filho ou vê educar um filho (o meu caso) que "fácil" é uma palavra e um conceito muito estranho e que pode dar muito mau resultado.
O que a malta está habituada é ao regabofe e ao abuso. Abuso não é o mesmo que liberdade, mas há quem pense que assim é, para depois suspirar que nos países nordicos é que é, porque têm bom senso (o carago: são é condicionados a seguir regras e a concordar com elas porque fazem sentido).
Mas se é para a javardice, e nesta linha de ideias paternalistas do estado, defendo o levantamento da obrigatoriedade de uso do cinto de segurança em adultos: o estado não tem nada que me impedir de me matar! Se eu quero viver em risco e livre no banco do meu carro, a polícia não tem nada com isso."
Não se queixem: eu escrevi humor antes da seca! E já sabem onde é o livro de reclamações, por isso estejam à vontade!
3. Eu gosto muito de derivas fascizantes, fascizóides e outras coisas que façam bem à saúde (mmm... onde é que eu já li isto?)
O que é um fascismo? Sinceramente agora fiquei na dúvida. É como a mãe que dá o recado à filha que o noivo nutre por ela um amor platónico (antes da noite de núpcias). Pergunta a filha "mãe, o que é um amor platónico?", ao que esta responde "não sei, mas por via das dúvidas é melhor lavares o cú".
Onde é que eu ia? Que mania de me perder no que estou a dizer!
Lá está, o ponto é que eu não entendo o que tem esta lei de fascista! Vamos assumir que um fascismo é impor a vontade de uns sobre os outros (estou em crer que não é isso, mas vamos passar à frente, que eu não tenho a noite toda). Vou passar a outra citação aqui do "je":
"Eu repito: "Um dono de um restaurante ou café continua a ter o direito de deixar fumar. Desde que tenha e/ou crie para isso condições. Caramba, parece-me simples!
Vou fazer um desenho: sem as medidas previstas na lei não há condições para se poder fumar porque dá cabo da saúde das outras pessoas. Logo, deve acatar-se a lei!
Perceba uma coisa: o fascismo dos fumadores acabou! E é uma coisa boa! Habitue-se! Não foi substituido por um fascismo de não fumadores: foi substituído (à força) por regras de convivência que respeitam todos. O que forçosamente implica deslocar alguns para conviver de outro modo. Porque assim tem que ser."
4. Comentarei, até que os dedos me doam! Para grande desilusão dos preclaros leitores, não fui eu nem uma gaja a escrever isto: foi um gajo. Fora a clara badalhoquice da mente porca aqui da Abobrinha, é só para mostrar como a malta anda entretida com coisas de pouco interesse. E depois, se comenta é devido à nova lei: uma vez que tem a mão mais livre, pode comentar mais... ... OK, talvez haja virtudes no vício do tabaco!
5. Prémio eu gosto muito de batata frita. Aqui vou só transcrever o que escrevi:
"Caro Henrique Monteiro
Vamos ver o que disse no ponto 3: "No momento em que o Estado justificar que aqueles que seguem uma alimentação errada (ou não fazem desporto) gastam mais dinheiro ao SNS pode entender estar na sua competência legislar sobre o assunto. Ora esse é o perigo da porta que se abriu."
Você é um homem de visão. Mas neste caso viu longe demais: essa porta nem à vista está, quanto mais pensar em abri-la! O estado está a punir os fumadores com impostos (o tabaco deve ser baratíssimo sem impostos) para desencorajar os fumadores e eventualmente para fazer face a algumas despesas) e a proteger os não fumadores. Isto não é o mesmo que pôr taxas moderadoras mais altas para fumadores nem impedir o acesso a tratamentos para os mesmos. Se isso acontecer (e há-de concordar que está a milhas disso), então justifica-se todos os insultos que este assunto tem gerado e mais. E aí eu junto a minha voz aos demais!
O caso dos fritos, do exercício e de tantos outros tem que ser pedagógico: passar a informação é a obrigação do estado. Permanecer ignorante ou ignorar as evidências apesar de serem conhecidas é uma opção. Ninguém mexeu nestas verdades. Simplesmente impediu-se que quem não quer fumar o faça. E desde que haja condições de higiene e ventilação, pode-se fumar dentro de portas. Do mesmo modo que só quem cumpra determinados requisitos de higiene possa ter estabelecimentos de restauração. Senão fecha! Parece-me justo e não asséptico."
Há ainda o argumento dos saltos altos, mas isso fica para outra altura.
6. Fascistas são os construtores! Isto, claro, se ainda alguém estivesse a ler e se eu soubesse o que é ser fascista!
"[...] Ninguém negou direito a opção nenhuma: todos podem colocar espaços para fumadores, desde que criem condições. Mas as condições são muito exigentes!
Do mesmo modo, qualquer um tem a opção de comprar uma vivenda por 400 mil euros... mas quem é que a pode pagar? Fascistas estes indivíduos da imobiliária, não acha?
[...]
Onde eu tentei chegar com o exemplo da vivenda foi que pode ter-se as coisas... desde que haja condições de várias ordens. Por exemplo, monetárias. Não é sério (nem nunca foi) ter pessoas a fumar dentro de uma sala sem exaustão. O preço de uma secção de fumadores é uma exaustão em condições. A exaustão custa dinheiro. Ora se se pagar a exaustão, pode ter-se espaço para fumadores [...]. Sendo assim, todos estão felizes! Aliás, fumar custa dinheiro. Muito, para falar verdade, pelo que também não é para qualquer um. "
Ora bem, isto está a ficar um bocado seca e eu estou a espantar a freguesia. Acho que não justifica contar a piada do 69, mas ficam a saber que eu ainda tenho mais argumentos!
Façam favor de comentar... se entretanto não tiverem morrido de tédio... eu mesma estou assim meia enjoada deste comentário e fui eu que o escrevi! Mas... não me doem os dedos, se era isso que estavam a pensar... ...
Eu gosto muito de derivas fascizantes, fascizóides e outras coisas que façam bem à saúde - parte 1
Isto a propósito do tabaco, como não podia deixar de ser! Primeiro a declaração de interesses: eu odeio tabaco, detesto tabaco e não posso com tabaco. Só isso! Nunca experimentei fumar, acho um vício nojento. Também nunca experimentei fumar por lógica muito pura e muito simples: se toda a gente que experimenta fica viciada, ou é muito bom ou toda a gente é parva. Ora há muita gente parva, mas não a maioria dos fumadores que eu conheço, pelo que a lógica diz que eu deve ser bom e/ou viciante. E depois há outra parte, que até tenho vergonha de dizer: é que eu em pequenina era muito bem comportada. Só comecei a ficar refilona e atrevidota com a idade (na volta foi da exposição ao fumo passivo).
Os meus argumentos contra o tabaco:
1. Cheira mal. E cheira mal e acabou! Não há volta a dar! E faz tudo à volta cheirar mal, incluindo roupa, cabelos e pele (de fumadores e não fumadores). Já beijei fumadores. E, não sendo o mesmo que lamber um cinzeiro (imagino, porque também é um hábito que não abracei), não deixa de ser preferível um hálito fresco. Não é impeditivo, mas... não ajuda!
2. Dá cabo da saúde. Ora bem, eu não nego a ninguém o direito a dar cabo da sua saúde. Mas ao menos deixem-me a minha! Não sou santa nenhuma, mas o que faço para dar cabo da minha saúde não dá cabo da de ninguém.
3. Envelhece. Muito! De novo, cada qual toma conta da sua juventude, mas eu deixei de frequentar certos sítios porque o ambiente era demasiado pesado. O que nos leva ao argumento seguinte:
4. Liberdade de fumar o caralhinho: eu nunca tive a liberdade de não fumar! Ou por outra, até tive: se ficasse em casa ou na rua e evitasse a maioria dos sítios. Ou seja, se me tornasse um bicho do mato. Como sou um animal relativamente social, fazia gestão de danos e racionava a quantidade de horas que passava em ambientes de fumo (quando podia). Não sei porquê, os fumadores têm agora mais liberdade que eu e reclamam de medidas fascizoides e higienizantes. E o fascismo da liberdade? Mmm... que conceito estranho? Ora reformulemos: a tirania dos maus costumes! Ah! Parece-me melhor!
5. Não entendo o conceito de sentar-se num café horas a fio com um café à frente. Ai é essa gente que vai dar lucro a um estabelecimento? Diabo, é melhor fazer as contas outra vez! Quem quer mesmo um café, toma um café (e senta-se ou levanta-se conforme lhe dê na real gana). QUem quer um café e um cigarro, toma o café, vai lá fora matar o vício e volta a entra. Não entendo o drama: até faz exercício.
6. Parecendo que não, os trabalhadores têm direitos. Um tio meu trabalhou anos a fio numa repartição com chaminés a céu aberto (aka fumadores) ao lado e ganhou de presente uns pulmões todos lixados (com "f" grande). O que é injusto é que devia ter sido obrigado a pagar parte do fumo que consumiu: isto de borlas não está com nada. No final de 2007 era perfeitamente proibido fumar em repartições de finanças, bancos, correios, etc. Agora eu pergunto: em que é que um funcionário de um café ou restaurante é menos que um funcionário das Finanças, um bancário ou um carteiro? Ah, bem me parecia (por favor, não me contrariem nesta!)! Não me lixem: não há nada muito mais que se possa fazer além do que está na lei que proteja estes trabalhadores.
Se o vosso patrão vos obrigasse a trabalhar num ambiente tóxico, sem protecção, o que é que vocês fariam? Ou iam para tribunal ou mudavam de emprego. Mas nem todos somos esclarecidos nem temos assim possibilidade de mudar de ocupação. Repito: um funcionário de um café tem direito a ter condições de higiene e segurança no trabalho. Não é mais nem menos que vocês. Muito menos é vosso criado! O cliente não tem sempre razão!
7. Quem puxa de um cigarro de 3 em 3 minutos não pode estar a apreciá-lo. Simplesmente não pode! Eu adoro café, amo café. Mas não tomo mais porque a partir de um ponto deixo de o apreciar e passa a fazer-me mal. Para minha grande pena, não consigo tomar tantos como queria. De novo a diferença: o MEU café não incomoda mais ninguém. OK, não é completamente verdade: quando fico muito faladora incomoda quem não está preparado para tanta coisa... eu não disse que era perfeita! Nessa altura podem sempre ter uma saída real: porque no te callas? Fica bem em qualquer lado!
8. Os impostos sobre o tabaco não são indulgências para que os fumadores possam fazer o que lhes apetece com a consciência tranquila porque pagaram. Mais: com a nítida sensação que devem fazer mal porque foram roubados. Isto é a atitude de contrariar quem nos contraria, de desrespeito pelas normas, pelos prazos, por tudo quando é uma "ordem" em nome de uma abstrata liberdade. Esquecendo-se do mais elementar: a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade do outro. No caso o que um fumador de mau feitio pensa é qualquer coisa como "anjinho, mariquinhas, sonso" e mais frequentemente "fascista".
E acho que já tenho suficiente para causar estrilho! Espero! Se repararam, eu escrevi parte 1: é que estou a contar voltar à carga! Não é a única deriva fascizante na moda e eu ainda vou javardar forte e feio!