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domingo, 4 de fevereiro de 2018

Black Sabbath - Black Sabbath (1970)








É curioso como os títulos das músicas da Black Sabbath se assemelham a alguns títulos em inglês de obras famosas de filósofos existencialistas como Camus, Sartre ou Nietzsche. E como esses livros, as músicas são soturnas, macabras e blasfemas. Essa não é uma analogia pretensiosa porque realmente há uma relação entre essa literatura e a banda, uma vêz que seu letrista Geezer Buttler era um leitor apaixonado. De fato, o nome da faixa título deste álbum e da própria banda veio de uma observação de Butler: Ele viu que no cinema do outro lado da rua estava passando um filme com Boris Karloff chamado "Black Sabbath". Em seguida ele se perguntou porque as pessoas faziam fila para assistir um filme que as assustaria, e a sua conclusão foi a orientação que a banda iria seguir. Butler também era fã de Jack Bruce e da forma como ele projetava o som do baixo como se fosse uma guitarra. Também era fã de Frank Zappa. Já Bill Ward era um jazzista, fã desde pequeno de Dave Brubeck e Count Basie, ou melhor, dos bateristas deles. Mais tarde, Gene Krupa virou seu maior ídolo. 
Tony Iommy foi um autodidata que aprendeu o básico com o livro "Play In A Day". Daí foi pulando de banda em banda na medida em que apareciam. Ele quase abandonou a música pois perdera as pontas de dois dedos da mão direita num acidente, mas um amigo lhe deu um disco de Django Reinhardt que teve um acidente semelhante e aprendeu a fazer seus solos com apenas dois dedos, deixando os lesionados para os acordes. E ele teve que fazer adaptações: usou cordas de banjo, que eram mais leves; criou uma nova afinação; etc... Tudo gambiarra para ele, mas anos depois isso seria estudado em escolas de música. Além de Reinhardt, Iommy virou fã de Chet Atkins e da Bluesbreakers de John Mayall. 
Quanto ao vocalista, ele não era um vocalista. Ozzy Osborne era um encrenqueiro que largou a escola para ganhar uma grana rápida, ou seja, roubar postos de gasolina e lojas. Foi preso e condenado a noventa dias de cadeia. Quando saiu foi trabalhar num matadouro, onde exercitava seus instintos demoníacos. Andava pelas ruas com um macacão ensanguentado e afugentava qualquer um. Era o típico desajustado, tido como maluco. Disse a Bill Ward que sabia cantar para ganhar uma grana rápida.
Essa é a radiografia de muitas bandas de sucesso, mas a Black Sabbath é a banda mais xingada de todos os tempos. Ninguém gostava dela. Ninguém menos o público formado por gente como eles. E todos alí eram ninguém. Eram pobres de uma região carvoeira cujas ruas ainda tinham crateras dos bombardeios da segunda guerra. A Black Sabbath deu voz a essa gente e transportou sua falta de esperança e sentido na vida para o mundo das sombras. Ao mesmo tempo em que flertava com o ocultismo, abraçava o divino. Advertia sobre a desgraça da heroina e enaltecia a erva em Sweet Leaf e o pó em Snowblind. Essa ambiguidade cativa. Suas letras abordavam o desespero existencial, a instabilidade social, a guerra, a corrupção e, claro, a natureza do mal — estaria ele nas letras ou nos ouvidos? Essas letras tinham maior profundidade que as das outras bandas mas ainda assim ela era insultada pela crítica. Seus riffs são simples, geniais e inesquecíveis, e mesmo assim a banda recebeu desdém. Essas pessoas provavelmente não ouviram Black Sabbath, não realmente. Porque uma vêz que seja ouvida com atenção, a Black Sabbath vai te assombrar para sempre. 
Em 1970 a Black Sabbath mudou o rock e até hoje há quem não reconheça. Seu primeiro single tinha a música Evil Woman que era da banda norte-americana Crow. Quando esse primeiro LP foi lançado nos Estados Unidos essa faixa foi substituída por Wicked World, lado B daquele single — Evil Woman só foi lançada oficialmente por lá em 2002.
Assinar contrato com selo Vertigo, reservado pela Philips para bandas prog, foi uma distinção para uma banda iniciante mas, por outro lado, ela teve direito a apenas oito horas de estúdio. Então, tudo foi gravado ao vivo, com Ozzy isolado numa cabine, e quase sem repetições. Nessas condições "ninguém" começaria tão bem.





Anthony "Tony" Frank Iommi - guitarra
John Michael "Ossie" Osborne - vocal, harmônica
Terence Michael Joseph "Geezer" Butler - baixo
William "Bill" Ward - bateria





1 Black Sabbath
2 The Wizard
3 Behind The Wall Of Sleep
4 N.I.B.
5 Evil Woman (Don't Play Your Games With Me) [Crow]
6 Sleeping Village
7 Warning [Aynsley Thomas Dunbar]
8 Wicked World

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Black Sabbath - Sabbath Bloody Sabbath (1973)


Quanto mais eu envelheço — é, porque o que amadurece cai do pé — ; quanto mais eu ouço blues, jazz, prog e os filhotes, mais eu adoro esse álbum. Eu acho que esses caras estavam em estado de graça. O disco é sofisticado e elegante, isso com a Gibson SG de timbre mais sujo que eu conheço. Foi um salto qualitativo em todos os aspectos, desde a composição, os arranjos e a produção, até a arte da capa.
De tempos em tempos eu tenho que ouví-lo para lembrar-me de nunca amadurecer.

Geezer Butler -baixo,pedais,Mellotron,flauta,percussão
Tony Iommi -guitarra,violão,Harpsichord,piano,órgão
Ozzy Osbourne -vocal,harmônica
Bill Ward -bateria,percussão,vocal

1 Sabbath Bloody
2 A National Acrobat
3 Fluff Black
4 Sabbra Cadabra
5 Killing Yourself to Live
6 Who Are You?
7 Spiral Architect
8 Looking for Today

P.S.: Observando bem a frente da capa do disco, com o rock em seu leito de morte, você identificará Claudia Leitte, Katy Perry, Rihanna, Shakira e , dependendo do ângulo que se olhe, Ivete Sangalo ou José Sarney.