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sábado, outubro 31, 2009

E agora?

Na vertigem dos dias, não julguem que ando alheada.
Passeio-me silenciosa e solitariamente algures entre a expectativa e a esperança de que os sacrifícios feitos em nome da coerência, da protecção do bem maior que são os alunos, do desenvolvimento de projectos (educativos) com sentido, do meu crescimento profissional e melhor desempenho junto dos alunos, não tenham sido em vão. Ainda possuo uma réstia de crença de que não me será oferecido apenas mais desencanto para além do já vivido, a que se juntaram coisas tristes como uma certa notificação, a não avaliação (por conta da não entrega de ois e não entrega da FAA formal, mas sim de um documento alternativo acompanhado do meu currículo), a estagnação ("financeira") na carreira por não ter alinhado com o concurso (injusto e arbitrário) para titular (com lugar garantido nas vagas disponíveis).
Às vezes dou comigo a pensar que esses títulos (apesar de mais bem remunerados e valorizados hierarquicamente na escola) não contam em lado nenhum do planeta como válidos... Ser titular será critério para aceder a mestrados e doutoramentos neste ou noutro país? Garante convites de instituições de ensino superior? É fundamentação para solicitar acreditação como formador? Será garantia de qualidade e de competência profissional aceite com confiança pela sociedade, sem qualquer sombra de dúvida?
Pois...
Fica clara a farsa de um sistema que apenas tem serventia neste medíocre e empobrecido sistema escolar, potenciando e sustentando míseros e promíscuos poderes, hierarquias estranhas... que têm colocado frequentemente o menos competente a avaliar, a controlar e a mandar no mais competente.
Absurdo mas real.

Por tudo isso... já só consigo aguardar.
É uma espécie de silêncio ferido.
Por enquanto vou fazendo tudo o que precisa de ser feito, porque os alunos não têm culpa e precisam de ser protegidos de tão estranhas e arbitrárias (economicistas?) leis e mantidos o mais a salvo possível de tão bizarras, desinteligentes, e perigosas governações.

Depois?
Veremos...

(Obrigada, Pai, por me teres enviado o artigo)

terça-feira, junho 30, 2009

Coisas assim... como direi?

Logo de manhã cedinho quando tomo o pulso ao momento:

Ui, Meninos E Meninas, O Benchmark É Que Está A Dar (Paulo Guinote)

ADD – Um enterro adiado (Miguel Pinto)


Notas de rodapé...

“[...] Esta publicação não substitui tal aconselhamento ou a prestação daqueles serviços profissionais, nem a mesma deve ser usada como base para actuar ou tomar decisões que possam afectar o vosso património ou negócio. Antes de tomarem qualquer decisão ou acção que possa afectar o vosso património ou negócio, devem consultar um profissional qualificado.”



Eram seis da manhã. Esfreguei os olhos pensando:
Ainda estarei perdida em algum pesadelo?

Não.
Estava infelizmente completamente acordada.

quinta-feira, março 26, 2009

Evidências...

Conversas e coisas e pensamentos que não são do domínio da ficção:

Na Biblioteca
-Oh colega coordenadora, importa-se de me ver aí quando é que eu trouxe a minha turma à feira do livro como estava no escalonamento?
- Tenho de ir procurar os papéis e já lhe digo...
- É para pôr nas evidências...

(Portanto... deseja-se evidenciar, com prova, que foi levada uma turma à feira do livro. O supremo sinal de que se é excelente a mudar alunos de uma sala para a outra e que se aponta na agenda os dias em que é suposto fazê-lo sem esquecer os compromissos. Um excelente caminho... para a excelência.)


No WC:
- Bolas! Abri agora a gaveta e a DT pôs-me lá uma data de papéis a avisar que tenho de fazer mais de 7 provas orais por causa dos alunos terem ultrapassado o número de faltas! Só que eu já não volto a ter os alunos e acho isto tudo um disparate.
- (alguém segredando uma solução... daquelas que não posso escrever aqui em "voz" alta).

(O estatuto do aluno é um primor. Temos - a maioria - bons alunos com faltas perfeitamente justificadas, que recuperam mais que completamente no andamento do rio - como sempre aconteceu, pois não somos parvos, nem os pais o são quando todos estamos empenhados no sucesso, e sempre existiram amigos e telefones e o que é que demos e o que é que é preciso fazer e tal e mais uma ajudinha do prof.- que nos chegam ao fim do período com necessidade de fazer provas orais ou escritas ou outros trabalhinhos, porque e tal o limite foi ultrapassado e essas coisas da lei. Anedótico. Não faríamos mais nada se levássemos a sério este disparate. Ah! Não era suposto eu dizer isto. Delete. Pois... Nós levamos tudo muito a sério! (O que é para ser levado a sério). Admiram-se do número de faltas ter diminuído? Já andávamos a ver se, enfim e tal, nos distraíamos de vez em quando... que a nossa cabeça anda cansada... agora, depois deste final de período em que descobrimos que há dezenas de provas para fazer às crianças de todos os tipos (empenhadas, com sucesso, sem sucesso - a minoria), que agora ultrapassaram o dito limite, e já sem aulas para aplicar coisa alguma, não sei o que vai acontecer nos próximos tempos... mas imagino... Aquelas crianças que realmente são um problema... continuam a ser um problema, independentemente de provas ou outras coisas que apenas dão mais trabalho sem qualquer utilidade... e estando os professores entretidos com tantas burocracias... onde está o tempo para fazer o que era importante fazer por essas crianças... assim... tipo acompanhamento realmente útil e prevenção?... Evidências... Concordo com a Sra D. M.E.: "Tanto aqui lutaram contra o estatuto do aluno que o resultado foi exactamente o inverso do que aquilo que os senhores deputados aqui anunciaram". Ah pois foi! Não foi é bem por causa das razões invocadas... digamos que... nos casos em que... e tal... nós agora... pensamos duas vezes antes de... e assim...
Devia existir um prémio para leis que, por linhas tortas, acabam por escrever as estatísticas direito. Ah! E um outro para estudos conclusivos a olhómetro, daqueles que nem é preciso ir estudar que a gente está mesmo a ver que a causa do fenómeno foi a suprema inteligência das medidas tomadas como comprimidos milagrosos em forma de leis...)

No Clube
- Professora! Este não tem internet!
-Professora! Este já não tem os programas!
- Professora! Professora! Professora!
- Oh meninos! Então quando é que têm os vossos portáteis para ver se não temos de depender destes que nunca funcionam?
- Resposta de todos: mas ainda não temos nada e mesmo quando tivermos não vamos trazê-los para a escola porque temos de andar a carregá-los e porque podem roubar-nos.

(Mais uma sessão de Clube praticamente inviabilizada pela má qualidade dos recursos tecnológicos a que temos acesso - portáteis da escola - que são mais as vezes que dão problemas do que aquelas em que nos ajudam realmente. Viva o plano tecnológico! Viva! - Isto são alguns deputados a celebrar ontem na inauguração do novo e hi-tech hemiciclo).

Evidências. E não escrevi todas. Porque se escrevesse todas as linhas do desencanto e das conversas diárias ou da infidelidade normativa causada pelos disparates legislados... enfim... talvez nem acreditassem.

Só há duas soluções: implodir a escola com os absurdos, fazendo tudo como querem que seja feito (a impossibilidade levaria à completa paralização), ou contorná-los até a inteligência regressar, para proteger as crianças e as famílias dos malefícios causados por estes anos que ficarão na história por todas as más razões...

(Parece-me que nesta entrada há também evidências de desencanto, azedume, irritação, revolta... Mas estas não vale a pena apontar no papelinho porque sem sorrisos e acomodação não há excelentes. Certo? Certo... )

Vou mas é almoçar... devo estar com falta de açúcar no sangue e quero estar bem docinha daqui a pouco para continuar o trabalho com os meus meninos... Eles merecem todas as calorias, energias e sorrisos que guardo exclusivamente para tudo e todos os que amo.

ADENDA:
À tarde... finalmente a turminha B conseguiu ir para a sala dos portáteis em AP (há sempre uma reunião ou qualquer coisa a ocupar a dita e todas as semanas tem sido uma imensa desilusão). Só que... a desilusão manteve-se... fomos para a sala... mas eles são 26... e com os computadores no estado em que estavam de manhã - apenas 4 completamente funcionais - impossível fazer alguma coisa do previsto. Só coisas mínimas e com muitos a refilar, pois não puderam ter acesso a computadores para continuar trabalhos. Também reclamaram, e muito, das idas infinitamente repetidas às lojas em busca dos e-escolas... as recusas... os códigos errados... os espere mais dois meses...
O ano lectivo está a acabar. Dos e-escolas e dos e-escolinhas nem sinal!
(Propaganda? Pois...)

terça-feira, março 03, 2009

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Escapa-me... (ou talvez não, se pensar bem)

... se pensar bem... há muito que existe uma extraordinária coerência interna nas medidas avulsas determinando a forma como a avaliação da competência se processa... e as consequências que dela resultam.


Via 'Umbigo, cheguei aqui:

O Carnaval da sintaxe

...e depois aqui:

Português Suave (sem filtro)


Nas minhas constantes correcções, alegações e argumentos para convencer os alunos a terem mais cuidado com a língua materna (confesso-me intolerante nesta questão)... sai-me por vezes aquela de que um dia terão de ser testados nessa competência para recrutamento em vários tipos de empregos...

Por enquanto (são pequeninos e não lêem certas coisas) acho que vão acreditando em mim.

Com os exemplos variados de incompetências básicas várias que vão cogumelizando à nossa volta com lugar de destaque e responsabilidade garantido...

... acreditarão até quando?

Ofício original Carnaval
Ofício Magalhães


---------------------------------------------------------
ADENDA

QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Vasco Graça Moura

Artigo completo AQUI

(...)
O mesmo professor tem chamado continuamente a atenção para o facto de o Acordo gerar, "para além do elevado número de grafias duplas, formas com quatro grafias distintas e um conjunto incontável de expressões compostas com oito, 16 e até 32 grafias possíveis, sem oferecer qualquer critério normativo", facto que, acrescenta, "põe em causa a estabilidade das terminologias técnico-científicas", essencial para o desenvolvimento.
Mas então como é que a lição, o manual, o livro de leitura, o auxiliar de estudo vão escolher uma das grafias possíveis? E como é que se vai explicar a docentes e a discentes a razão por que não se opta por qualquer das outras?
Com a TLEBS e com o português de uns ofícios recentes de uma dama que é directora regional de educação do Norte, o Carnaval já tinha chegado à língua portuguesa. Mas é verdadeiramente deprimente a ressaca ortográfica que se vislumbra nesta Quarta-Feira de Cinzas.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Notificação

Estou em intervalito de almoço.
Toca a campainha.
Carteiro.
Sabe o número do seu BI?
De cor não...

Volto a casa.
Saio de casa.
O número do meu BI é copiado para um papel e eu assino dois papéis.
Para receber uma carta.

Lá dentro?

Isto:

Não se aplica, portanto, devido ao meu gesto, o artigo 37º.

Que é o quê?

Isto:

Artigo 37.º

Progressão
1—A progressão na carreira docente consiste na
mudança de escalão dentro de cada categoria.


(...)


Ok.


Como decidi não me candidatar a titular... ficarei para sempre parada onde estou. Portanto, se tivesse entregue os Ois, que não existem em lado algum no ECD, já se aplicava o 37, mas sem se aplicar propriamente, porque eu não verifico os requisitos e daqui já não irei a mais lado nenhum na minha carreira. Logo... ???

Sorte a do sistema educativo e da Escola Pública, eu não precisar de progressões ou outras cenouras que tais, para cumprir em consciência com a maior das dedicações todos os meus objectivos individuais, que afinal são colectivos, coisa de missão de quem abraça esta causa, colocando sempre a fasquia bem alta e as minhas crianças no topo de qualquer disparate. Sorte.

Sorte eu não recear que a tutela me venha a prejudicar se, por algum acaso, eu vier a precisar de ser deslocada para outras missões educativas noutros locais, um dia. O que for será. Não condiciono os meus gestos com o receio de mais tarde não ter certos benefícios por não estar na graça dos deuses do Ministério da Educação.

Me aguardem miúdos! Estou já já a chegar! E levo mais sorrisos para vos oferecer esta tarde que completarão os sorrisos da manhã... :)

terça-feira, janeiro 13, 2009

Nem só de tecnologia...

Esclarecendo...
A verdade é que na escola uso muito menos tecnologia do que precisava e deveria... Não confundam o meu entusiasmo, partilha de pistas, produção e experiências... com imensidade de recursos disponíveis a todas as horas na escola. Nem confundam o meu entusiasmo com a ideia de que tudo gira em torno da tecnologia para mim. Nem só de tecnologia deve viver a escola, nem a vida... Nós é que escolhemos a importância e o tempo que ela ocupa a nossa existência.
Mas gostava, claro, de poder fazer a opção sem estar condicionada pela permanente falta de acesso ao equipamento...

A maioria do tempo que passo com os alunos é sem computadores por perto em quantidade suficiente para colocarem as mãos na massa (sala com um PC e quadro electrónico portátil é bom, apenas uma vez por semana em Matemática, mas não chega para pôr em prática as muitas coisas que gostaria de fazer com os alunos).

A turma G não pode aceder a computadores em nenhuma aula que tem comigo (equipamentos e duas salas sempre ocupados com TIC de 3º ciclo). Às vezes Estudo Acompanhado... Só às vezes. A turma B pode aceder apenas em Área de Projecto, quando não há reuniões na sala dos portáteis.

Em síntese?
Verdade, verdade, cada turma tem direito a apenas 45 minutos semanais de clube. Sim. Depois também trabalham um pouco em casa e assim se vai conseguindo a produção que partilho. Pouca para a quantidade de alunos que tenho, essa é que é a verdade, embora de muito valor e qualidade, porque eles são empenhados e eu tento não os desamparar.
Como fiz para ampliar um pouco este tempo? "Colei" a aula de apoio de cada uma das turmas (ficando com muito mais trabalho) a esses 45 minutos de clube para garantir que entre tira portáteis do armário, liga portáteis, desliga e arruma não estivessem apenas meia hora por semana nos computadores e pudessem ficar pela sala mais 45 minutos enquanto apoio quem precisa (mesmo quem não esteja designado para ser apoiado). Não tem sido tarefa fácil: é como se fosse uma aula normal com estratégias diferenciadas... e demasiados alunos, no tempo de estabelecimento e nos 90 minutos da "redução por idade" para além da minha ainda densa componente lectiva (que eu sou velha com horário de menina). Mas... acham que lhes recusaria a inscrição voluntária no clube, quando mais nada têm de parecido como oferta? Pois...

A sessão de clube dos pequeninos tem 90 minutos, mas esses não são meus alunos e não sei que mais tempo têm. No clube são sessenta miúdos ao todo, distribuídos por três sessões, duas das quais têm oficialmente 45 minutos e não 90, como tento fazer todas as semanas com esforço, como se imagina.

Hoje, tal como a Turma G faz habitualmente, alguns alunos da Turma B surpreenderam-me com o pedido de 90 minutos de apoio a Matemática... mesmo com os PCs à mão de semear. Aproxima-se avaliação... e pediram ajuda.

Claro que os acolhi. Que valorizei a sua escolha e decisão (mesmo sabendo que deviam ter o direito a não ter de fazer a opção dessa forma algo cruel: ou uma coisa, ou outra, nesse bocadinho único que temos uma vez por semana).

E foi assim hoje a sessão do clube e do apoio: eu correndo de um lado para o outro (nada de novo aí), fracções, números, do lado do grupo que trabalhava no apoio, coordenadas no projecto do sistema digestivo da Mel e do Anjobranco, os desejos de 2009 da Lilimix e da V. e o cartão animado de Natal do H. do lado dos scratchers...

A seguir saí a correr, sem o segundo intervalo (já tinha perdido o primeiro), para mais uma aula de Matemática. Das 8:15 às 13:15 sem parar um minuto pelo meio.


E, para concluir, provando que o sistema recompensa bem os filhos da nação que tentam empenhar-se em alguma coisa... partilho (mais) um espanto. Aproxima-se um evento importante onde se vai firmar um protocolo "especial" com a presença de um elemento do MIT e me foi dada a oportunidade de falar e contar a história do trabalho com o Scratch nas aulas e fora delas... Aceitei o convite. Passei o fim-de-semana a preparar um slideshow digno e bonito que honre o nosso país aos olhos de um investigador estrangeiro e estimule o público português presente. Uma apresentação com sentido, que motive, que cative, que ajude a semear... Como o evento é na sexta... tenho de faltar nesse dia (em que estarei a trabalhar de outra forma, não só para a escola, mas também para outras escolas...). Mesmo tendo convite formal provando a necessidade da minha presença para apresentar trabalho feito na escola, com crianças da escola (entre os presentes estarão também coordenadores TIC), já me foi respondido (à pergunta se havia uma maneira da escola justificar a minha presença por lá) que esta falta não tem "enquadramento legal" pelo que terei de usar uma falta normal por conta de um dia de férias.
Acrescento apenas que... só muito muito raramente falto. E este ano só tive de o fazer uma vez a uma aula de Área de Projecto (ficando o meu par pedagógico com os alunos)... também para dar uma aula a alunos de mestrado da FPCE da Univ de Lisboa, a convite da professora, sobre o Scratch e o trabalho que desenvolvo na escola. Tudo em "tempo de férias"... porque nada disto é trabalho... tudo isto é triste... provavelmente... tudo isto é fado...
De mim só querem, ao que parece, a entrega dos objectivos individuais.
Um papel estéril que nada dirá sobre quem sou e o que ando a fazer. O "sistema" ficará sem ele, porque para mim há coisas muito mais importantes e dói-me ver a educação e a avaliação dos professores reduzida a esses nadas. Uma empresa privada teria por mim, penso eu, maior consideração. A avaliação serve afinal para quê? Me carimbarem como a um bezerro ou me ajudarem a fazer mais pela escola? Me darem condições para ajudar outros a conseguir um pouco mais, um pouco melhor?
Acontecimento como o de sexta, objectivos que tenho traçados há muito e ando a cumprir com esforço, tantas vezes sem condições, isso não é importante nem interessa muito... De tal forma que terei de fazer esse trabalho... mais uma vez... num dia de férias.
Pois.
(Vou até ali ver uns testes e depois continuar a preparar a apresentação e depois tentar ler alguma coisa - ai a minha tese sem aconchego esta semana! - e depois morrer de cansaço até às 6 da manhã debaixo do fofo edredon novo e dos lençóis de tecido polar. Ninguém me rouba a alegria de participar nestas aventuras! A alegria de partilhar. É que a minha alegria, felizmente, não precisa de enquadramento legal e posso usufruir dela sempre que quero sem pedir autorização a ninguém...)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Para não ficar vazio...

... encho com outras coisas
(se clicarem em play... vão mesmo até ao fim aos últimos segundos... como em outras coisas da vida... pois...)

Palavras?
Não me apetece(m)... pronto.




quarta-feira, outubro 22, 2008

Para ler...

... e não esquecer o acumular de absurdos e coisas estranhas que se amontoam como cartas de papel.

Mangas-de-alpaca
Outubro 21, 2008 by Miguel Pinto

Quando juntamos todos os normativos produzidos em cascata nos últimos anos sentimo-nos dentro de um pesadelo no interior de um filme de David Lynch...

... Um dia vai perguntar-se: "Quem matou... a Escola?"

sábado, outubro 11, 2008

"Motivados e muito felizes!"

Depois de ler o comentário da minha Amiga 13inha da Península, sabia o que iria encontrar lá no cantinho dela.
Vai seguir os passos da nossa outra Amiga comum (de que falei) com decisão tomada no Domingo passado.

Casualidades, coincidências, excepções, casos isolados, tão naturais e confortáveis que não devem causar aflição a ninguém.
Claramente estamos todos muito felizes e motivados.

Mais palavras para quê?
Basta ler aqui (mais) uma das evidências da motivação e felicidade de todos os professores lúcidos e empenhados, que continuam a tentar fazer dos seus alunos o centro da Escola.

[teacher-clipart-web.jpg]

E grandes Professores continuarão a partir...
uma média de centenas de casos isolados por mês. Casos sem rosto.
(Interessante seria algum jornal procurá-los a todos e contar as suas razões...)

E chegaremos ao futuro dia a que Fátima C. se referiu como presente cruel na sua terra:
"A grande questão do Brasil é que a pobreza tem as dimensões do país. Quem tem emprego não põe filho em escola pública."
(A Fátima é uma colega nossa do Brasil, que conheci virtualmente através dos nossos blogues e que se queixa de coisas muito parecidas com as nossas... Preservo o anonimato e não deixo ligação para o seu espaço, porque a frase surgiu numa troca de correspondência pessoal a propósito do uso das TIC no ensino... se ela me autorizar... :)

Seja o que for que se venha a fazer no futuro para salvar o pouco que resta da Escola, nunca será possível reparar todo o mal e estrago que já foi feito e continua a fazer-se...
Só quem lá vive sabe.

Eu sei.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Inenarrável

Sábado recebi o telefonema de uma amiga Professora... daquelas empenhadas, dinâmicas, sempre em roda viva na sua escola a promover o livro, leitura, actividades com alunos, exigente, incansável, aperfeiçoando competências TIC a todo o momento... Dizia ela que agora coordenava a Biblioteca da escola, tinha seguido o meu trabalho como coordenadora (blogues, site, iniciativas) e perguntava se podia aproveitar alguns dos materiais e ideias para juntar às suas...
Domingo (soube hoje por uma amiga comum) decidiu pedir a reforma. Chegou ao limite. Tentou, não conseguiu.
400 por mês?
Pois.
Mais seriam, se pudessem. É o que escutamos em cada esquina acumulados pela sala de professores à espera da centésima reunião deste ano, mãos cheias de papéis. Horas a fio, noite fora.
Hoje continuámos o karma dos planos de acção, mais reuniões (e em simultâneo continuam as reuniões de CT de 5º e 7º e começam as reuniões de DT com os pais e prolongam-se as dos avaliadores com o CE e as do CE para fazer mais umas grelhas gigantes e também recolher as infinitas assinaturas em papelinhos que avaliam o que fizemos no ano que passou...). Inenarrável.

Aulas? Quéláisso?

Há professores com 8 e mais turmas que nem os testes diagnóstico conseguiram corrigir ainda. Eu cá vou agora para a cama com os meus de Matemática... a ver se consigo antes de sexta dar conta do recado... É que para a semana... faço uns de Ciências...

Sei de uma colega que está prestes a cometer a loucura de, com 27 anos de serviço (sem direito a reforma) pura e simplesmente sair. Acrescento que também será daquelas de quem se sentirá muito a falta...

Lembrei-me outra vez daquela peça de teatro... a que uma vez aludi. Mas agora lembrei-me dela "ao contrário".

Alguém, em reunião secreta, deve ter imaginado a torrente legislativa sem nexo para construir um plano prático e eficaz de acção que desse rápida resposta ao problema: "e não se pode exterminá-los?"... aos professores?

Parabéns!
Estão a conseguir...

terça-feira, outubro 07, 2008

Desilusões...

... tecnológicas e não só.

Haverá um limite para a resistência às contrariedades?
Será que para o ano voltarei a apresentar este projecto ou aceitarei placidamente o destino de me sentar na sala dos professores à espera que me chamem para substituir alguém nos dois blocos de hora e meia cada (um de "velhice" e outro de "estabelecimento")?

Bem... vou ver testes que já fiz hoje às crianças (e matriz e critérios e afins e notas e portefólio digital aos poucos e...), vou continuar a tratar questionários de todos os alunos de quinto ano do ano passado - sim, a tese- , vou dar mais uma mão no plano de acção de Ciências (amanhã mais reuniões), a ver se esqueço a palavra "proxy"...

Ok. Ok. Stop na lamúria.
Melhores dias virão...

segunda-feira, outubro 06, 2008

Acordamos?


Enquanto estou aqui afogada a trabalhar há horas seguidas, vou recebendo mensagens:

- da escola: com listas infindáveis de docs...
(!!!!!! a mais pura das realidades... Há pouco tempo - semana passada - recebi lista idêntica... não tão extensa, mas quase...)



- de uma aluna: Professora! Vá ver o blog! (Lá reformularam o cabeçalho...)

Como o tempo é o que é e estou deveras decidida a estabelecer prioridades com sentido...

é claro que apenas interrompi o trabalho para ver o blogue e responder à aluna (e vir aqui pendurar ao sol os disparates). Que sim, que alguns documentos até nem são para mim... que é EFA, que é Módulos, que é Especial... sim... mas se já me tinham enviado Objectivos e tal e Planos de Aula e afins e Indicadores e Taxas disto e daquilo... porquê a tortura outra vez? Reformulações? Acrescentos? Pressão neuronial para não nos esquecermos dos mais importantes deveres do estatuto (preencher papéis)?

Em síntese...

Ler os textos e grelhas e indicadores e etc e tal? Quem sabe um dia... Quem sabe não troco por outra leitura mais edificante e útil... tenho aqui bons livros na prateleira, com os quais aprendo imenso como ser melhor professora para os meus alunos... Quem sabe em vez de ler... descanso... que também tenho direito... (Tirando a manhã e parte da tarde de sábado, o resto do tempo foi na labuta intensa do costume...)

Isto começa ter contornos de absurdo pesadelo.

Acordamos?

ADENDA (Estou irritada, o que querem? Tinha de dizer mais umas coisinhas depois de imprimir dezenas de folhas de estéril papel às minhas custas e às da Terra...)

Os Alunos agradeciam, e o Planeta também, que acordássemos todos... São de dimensão escandalosa as muitas horas roubadas a quem merece toda a nossa atenção e são muitas, mas mesmo muitas, as toneladas de papel que pesarão na consciência (des)ecológica do ME e das Escolas, sem falar do acréscimo orçamental por conta das resmas. Claro que quando se falar na despesa da educação ou do insucesso real provocado por tamanho desconcerto... tudo será esquecido e atirado para baixo do tapete... Ninguém se lembrará de quem esteve nos gabinetes... e que, por estranho que pareça, só é avaliado com o voto de outrém (que aborrecimentozito já não poder governar durante uns anitos até ao esquecimento na memória do povo) e nunca vê a progressão na carreira em risco, ou penalizada, por nenhum dos disparates e erros do passado...

quarta-feira, outubro 01, 2008

Engenharia de papel...

... foi a coisa que hoje me tomou tempo demais e continua a tomar... e vai continuar a tomar... planos de acção e afins... disciplinas a dobrar, reuniões a dobrar todas as semanas e até tarde, (trabalho que continua noite fora, como se vê, mas preciso de arrancar isto de mim como um dente: depressa), papéis a dobrar, grelhas a dobrar... metas a dobrar... como, por exemplo, elevar em... uma décima o sucesso de (!)... e... os papelinhos têm de estar todos conformezitos e tal... para olhos internos e alheios (que vêm aí! ui que medo!)... e sempre mais qualquer coisita que falta fazer... mais um papelito para preencher...

...Não fosse a vontade de arrancar cabelos com tantas horas desperdiçadas, talvez me risse desta coisa sem nexo... talvez um dia ria, ou chore... ou quem sabe fuja antes (confesso haver momentos de profunda crise existencial... do tipo.. quem sou... donde vim... para onde vou... o que faço aqui...). Interrompi apenas para vir arejar o desalento.

Tanto tempo gasto a enunciar tudo o que vamos fazer de bonito e belo com os alunos... tão pouco tempo para fazer bem feitas essas coisas bonitas e belas minuciosamente enunciadas...
Paradoxos de uma escola pequena que não reconheço e onde não me revejo.

(O tamanho da letra é a condizer... O cinzento também)

Felizmente ainda há crianças na escola!

(Mas o papel almeja roubar-lhes o natural direito a um lugar de destaque... A bem dizer... o papel já tem, neste momento, o papel principal na escola... e não perdoo aos culpados a ignomínia, o opróbrio, o desdouro...)

quarta-feira, setembro 17, 2008

Alunos: zero - resto: tudo

Adivinhava-se que começaria a acontecer. As reuniões cada vez mais difíceis (em quantas escolas país fora?). Zangados, aborrecidos, tristes ou só indiferentes. Discussões sem rumo, feridas abertas. Avaliação de desempenho, horários, avaliação de desempenho, diagnóstico, objectivos, grelhas, guiões, avaliação de desempenho, horários, distribuição de serviço, horários, avaliação de desempenho... Durante duas horas pouco mais conseguimos do que sentir o peso e aflição de tudo o que está a ser feito à escola. Alunos? Já não é tema de conversa possível nas reuniões. Há lá tempo! O mal-estar instalou-se há alguns anos e não reconheço esta escola. Cada ano pior que o anterior. Mais feridos, mais distantes, daquilo que importa e uns dos outros.
Escola sem sorrisos é como ave sem asas: não há magia que a eleve.
Deixa de ser lar. É só madrasta casa que, por sorte, ainda tem alguns jardins com flores onde entro a certas horas do dia para me purificar de todo o mal.
Sonho com o dia de amanhã, sem reuniões. Com o momento em que vou fechar a porta da sala.
E não me venham dizer que faço mal em me esconder, me proteger.
Tenho ninhos para tomar conta: quero sobreviver, por eles. Precisam do alimento que lhes levo. Da força das minhas asas para o procurar. Cada vez menos energia para combater por todos. Mão sábia soube como nos levar à rendição, à subjugação. Regra a regra, lei a lei, quase sem darmos por isso. A extinção do melhor que sempre habitou as escolas. De uma escola com tempo a uma escola sem respiração.
Tentarei continuar a combater os absurdos como puder, em cada gesto com sentido. Fundamentarei cada decisão em direcção contrária. Continuarei a aceitar as penalizações como consequência das opções que for fazendo. Não farei nada que sinta ser prejudicial aos alunos. Partilharei reflexões durante o processo. Falarei sempre de esperança e de luz (a dos jardins)
Objectivos individuais escassos para tanto mal a precisar de emenda, eu sei, mas não consigo mais...
(O resto da energia pertence-lhes a eles.)

terça-feira, setembro 16, 2008

Simplex...

... notificação por carta que chega na sexta 12, com data de 5... e 15 dias para resolver (ontem foi feriado)... divergências de valores (no caso a página, como todos os anos, só tem zeros... não se percebe a divergência, mas pronto... depois de tantas dezenas de anos sem aborrecimentos, haveria de chegar o dia da burocracia... sempre se atrasa mais uns dias a devolução do que nos é devido por pagarmos sempre a mais antes de tempo). Que é simples, que vai-se à net, que se procura em divergências e que se resolve. Sim, lá se vai à net (até porque o contribuinte está fora do país para além do prazo dos 15 dias). E na net lê-se: nesta data, não há quaisquer divergências a registar. Telefona-se para as finanças a explicar e perguntando afinal há ou não há?... Pois, não sei...Tem de vir cá com os papéis! Mais uma hora para levar tudo a Setúbal a quem tratou do assunto (esperando que consigam resolver), pois já não são horas de finanças e amanhã são aulas e reunião de tarde e depois de amanhã aulas desde cedo até tarde sem horário para finanças e depois de depois de amanhã exactamente o mesmo. Faltar aos meninos? Nem pensar. E depois acaba o prazo.
Assim gastei esta tarde.
Simplex!

Os reencontros matinais com os meninos que se conhecem, as boas vindas aos novos. O melhor do dia.

O pior? Pela frente turmas que deixaram de poder ter só 20 alunos, mesmo com crianças especiais e numa delas, para além dessas, três que mal falam o português... E nas aulas de Matemática a minha turma Scratch nunca poderá ter acesso (para darmos continuidade ao trabalho) à única sala com computadores fixos de uma escola que funciona das 8:15 à meia-noite e tem de responder a TIC 9º, AP TIC 8º, CEF informática, e mais CNO (já temos um e os formadores e os alunos também vão precisar ajustar horários... diurnos...) e mais o que for que não me lembro... que tem de dar um bocadito a cada...
Se nem um projectozito em sala de aula tem espaço, que fazer se a maioria realmente precisasse não de um PC por sala mas de vários, como eu gostaria de ter nesta turma e não consigo? (Portáteis nem pensar em tentar... só para montar e arrumar no fim, gasto tempo a mais de aulas... isso é bom em clube... onde tentarei compensá-los com o possível, uma vez por semana...Também foi azar... não coincide o horário desta turmita com um buraquito ou outro para requisitar a sala... está sempre ocupada nos blocos de M e de CN... isto na educação às vezes ter tecnologia, com qualidade, disponível é assim como uma roleta...)

Não se faz e pronto! (Depois logo explico na minha auto-avaliação... e fica tudo resolvido... há lá problema em privar os alunos da experiência! Mania minha que tenho de fazer estas coisas diferentes. Vê se sossegas!)

Tudo tão simplex, não é?

domingo, setembro 14, 2008

Não consigo entender...

Educadora de Infância de mão-cheia, com trabalho sempre excelente junto dos seus meninos. Paixão que lhe vem de longe. No seu grupo de pré-escolar a única que podia ser avaliadora. Concorresse ou não a titular, lá viria a comissão de serviço para a designar como responsável pela avaliação, sempre que necessário.
Tem passado estes últimos tempos em reuniões e formação para a Avaliação.

Abriu o ano triste, com comunicação aos pais explicando onde a fazem gastar o tempo em vez de se se dedicar a preparar as actividades (coisa que sempre fez de forma carinhosa e criativa... podia contar-vos histórias de magia e sonho que tem proporcionado aos meninos, ao longo de muitos anos de dedicação intensa, iniciativas onde tem participado com eles, prémios que lhes foram atribuídos por um desempenho especial... talvez vos conte uma).

Pelo menos seis (com a possibilidade de virem a ser sete) manhãs por período (um mês inteiro de actividades) terá de faltar aos seus meninos para visitar e avaliar as suas colegas. E gastará muitas horas de volta de grelhas e portefólios para cumprir os absurdos emanados em gabinetes por quem parece preocupar-se tanto com papéis que se esquece do mais importante.
Durante o encontro, os pais espantados, sem perceber exactamente o que era aquilo. Tanta coisa a precisar de ser desocultada, denunciada. Tanta coisa escondida, tanta coisa na sombra. Uma Mãe pediu para se escrever na acta que não concordava com o facto de ver a educadora do seu filho mais ocupada com burocracias do que a exercer a sua real função.

Mais perto de mim, no agrupamento, uma das melhores professoras do primeiro ciclo que conheço, ficará sem turma e sem aulas para poder... avaliar os seus colegas. Já nem falo do que vai acontecer aos professores avaliadores na minha escola.
Tudo multiplicado por Portugal inteiro.
Isto é o quê, exactamente?
Que consequências trará a um já tão débil sistema?
Contribuirá realmente (como supostamente pretendido) para uma melhoria da qualidade educativa e do sucesso escolar?
Não consigo entender...

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Partilho uma das histórias desta Educadora:


Há uns anos encomendou à Amazon uns livros para os seus meninos.Explicou-lhes que o havia feito e que os livros viriam de avião… e teriam que passar por vários meios de transporte até chegarem às suas mãos…
Oh Lena! Achas que o avião podia passar por aqui e deixar cair os livros para não se gastar tanto tempo?
Hummmmm. Talvez... Acho que vou falar com eles...
Nascida ali a ideia, foi ao aeroclube da zona e convenceu um dos pilotos a fazer um voo sobre o jardim, em dia a combinar. O resto ficaria por conta dela.
Uma costureira, avó de uma das crianças, em segredo construíu um pára-quedas grande e colorido. Depois a Lena guardou a chegada dos livros. Atou-os ao pára-quedas e escondeu tudo. No dia certo, à hora combinada, momento de recreio, um contacto do piloto por telemóvel anunciava estarem os motores a aquecer… passados poucos minutos já o avião fazia vários voos sobre o Jardim, luzes acendendo e apagando, piloto acenando... (ela soube mais tarde que algumas pessoas da zona, surpresas, haviam telefonado ao aeroclube preocupadas com as manobras.)
As crianças, que ao longo do tempo foram sendo preparadas para a possibilidade, ficaram agitadas e felizes:
Lena! Lena! Deve ser o avião que traz os nossos livros!!!! Vamos ver! Vamos ver!
Sim, sim... mas primeiro vão já com a Cristina lavar as mãos porque está quase na hora do almoço e depois vêm ter comigo lá fora.
Saíu a correr, trepou a uma árvore com atrapalhação e prendeu o pára-quedas como se este tivesse caído dos céus e ali tivesse ficado suspenso...
Conseguem imaginar a festa, a alegria das crianças quando vieram ao exterior e deram com os livros na árvore? Pois...
E aqueles livros, para sempre com um significado especial, tornaram-se durante muito tempo o centro da vida... já fazendo crescer água na boca pelo aprender a ler um dia e decifrar-lhes todos os mistérios escondidos nas palavras...

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Mais aventuras e actividades da Lena e dos seus meninos descritas por si própria...
http://jornalnaonda.blogspot.com/search?q=helena+martinho

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Participação activa no Latitude 60 com o seu grupo. Foram premiados pelos trabalhos apresentados no concurso “À descoberta das regiões polares”e a Lena apresentou a actividade num Encontro, a convite dos responsáveis. (Página 2 do folheto, sessão 4)http://anopolar.no.sapo.pt/comite/docs/IIIWorkshop_panfleto.pdf

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Alguns artigos da Lena (sobretudo para a publicação Cadernos de educação de infância )
AQUI

e haveria muito mais para contar...

Já perceberam o que se perde afastando estes profissionais do que é realmente importante?

(E não é coincidência o apelido Martinho... é minha mana e tenho imenso orgulho nela. Era muito pequenina quando decidiu ser educadora. Há paixões assim. Triste é haver quem insista em afastar-nos do amor que nos move...)

sábado, agosto 09, 2008

Uma das leituras de férias que aconselho...



O livro não é recente (Quatro textos excêntricos, 2000 - prefácio e tradução de Olga Pombo, Relógio d'Água)...
Tão pouco os textos seleccionados para o incluir.
Vão dos anos 30 (caso de Ortega y Gasset... não se iludam com as datas dos anos 80... publicações póstumas...) até à década de 60...

O que é mais curioso?

Lá atrás... bem lá atrás (por exemplo, Bertrand Russel... em 1950) já dizia coisas como:

(...)Tal como as coisas hoje se apresentam, muitos professores estão longe de dar o seu melhor. Há inúmeras razões para este facto, umas mais ou menos acidentais, outras profundamente enraizadas. Começando pelas primeiras: a maior parte dos professores estão de tal modo sobrecarregados de trabalho que se vêem limitados a ter de preparar os alunos para os exames em vez de lhes darem uma formação sem preconceitos. Quem não tem prática de ensino - e isto inclui praticamente todas as autoridades educativas - não faz ideia do dispêndio de energia espiritual que o ensino envolve. Não se espera que os padres façam sermões durante várias horas todos os dias mas, aos professores, pede-se esforço análogo. O resultado é que muitos ficam esgotados e nervosos, alheados das obras recentes relativas às matérias que ensinam, incapazes portanto de comunicar aos seus alunos a sensação de prazer intelectual que resulta da conquista de uma nova compreensão e de um novo conhecimento.(...)

E encontramos outras preciosidades.
E uma tristeza se instala porque a História continua a ser apenas conto antigo para adormecer criancinhas.
Quando será que vamos aprender alguma coisa com ela?

O ECD produzido nestes últimos anos que promove exactamente, sem qualquer pudor, o que aqui é descrito foi feito para matar depressa a essência do ensino e da escola. Já não consigo sequer conceder o benefício da dúvida e pensar que foi feito por e com ignorância. Formar para excelência? Educar mentes críticas, capazes de tomar decisões? De se oporem ao que destrói a essência da liberdade e autonomia humanas? Não... Não queremos isso. Está à vista a opção.
Sinto-lhe na pele os efeitos: um Agosto sem férias, porque o tempo do professor é para tudo menos para estudar, progredir e assim trabalhar seriamente, exigentemente com os seus alunos. Sobram-lhe os intervalos da vida. Onde teria direito a descansar.
É consciente esta minha forma de resistir, com sacrifício pessoal, à mediocridade que nos vai sendo imposta. Professores que lêem e que pensam não fazem falta... importante é ter funcionários acéfalos que cumpram todos os absurdos.
Recuso-me.

Eu, a última das ingénuas, acordei.
Tamanha perversidade só pode ser intencional.
E isso é grave. Profundamente grave.


quarta-feira, julho 16, 2008

And the nominees are...

You... You.... You and... You! ...

Sim. Os demais professores avaliadores que desdobram a suprema missão do "the chosen one"...
As caras não eram nem de satisfação nem de regozijo.
Procurei descansar os nomeados... olhem que há o tal despachozinho a dizer que podem faltar às vossas aulitas para assistir às minhas!

Há momentos onde volto a confirmar com imensa satisfação que fiz bem em ler as letras miudinhas do contrato antes de enveredar por caminhos que não desejava. Serei penalizada. Sim. Mas nunca da forma como será quem vai fazer estes caminhos. Ser titular parece que oferece mais castigo que recompensa para muitos (embora admita que poderão existir almas que se sintam fortemente motivadas, abençoadas e recompensadas por poderem fazer a avaliação dos seus pares não importa como, nem com que tristes regras e grelhas). E eu que, por sorte, até não tenho nem muitos cabelos brancos nem muitas rugas, acho que compensará no futuro a falta de verba pela eterna não progressão na carreira, porque não precisarei de gastá-la nem em tinta de cabelo, nem numa qualquer clínica espanhola de estética e correcção plástica das consequências nefastas do stress elevado a várias potências, provocado pelo simplex à base de grelhas e contas com que alguns terão de avaliar outros.
Só me custa ver esta maré a avançar como se estivesse tudo certo e bem no reino da educação. Quase se falando a sério de uma coisa sem pés nem cabeça.
(Já me havia custado a aceitação e a adesão à divisão... embora muitos usassem argumentos de segurança para o futuro, ou luta de dentro para fora, que procurei entender... a que se acrescentaram outros como: não dou dinheiro meu ao Governo... que francamente me custaram mais a digerir.)

E agora vem aí uma grelha... está aviso em mais do que um local da escola... que devo levantar e preencher antes de partir. Diz que é uma espécie disto de que se fala AQUI e AQUI... Diz que a avaliação que não era para ser já, afinal tem retroactivos por efeito de um diplomazito de há tempos (mais um) e que convém deixar já os papelitos todos preenchidos e arrumadinhos para que a avaliação no próximo ano seja suave e confortável e não dê muito trabalho a quem tem de a fazer. Como se...
E lá vamos andando certinhos e direitinhos, empenhados em produzir os melhores papéis do mundo para dar cobro ao que prova diariamente não ser coisa séria, em cada desconcerto posto a descoberto (um exemplo aqui de como as grelhas produzem nas escolas efeitos perversos, por serem elas próprias atentatórias, até do direito da igualdade no processo de avaliação).

Eu sempre fui menina certinha e direitinha. Acreditam? Os meus Pais podem atestar. Todos os colegas também. Daquelas a roçar o "betito" que estão ao toque na sala de aula, nunca faltam, levam a sério todas as reuniões e funções e papéis e reformas e orientações. Sempre cheia de ideias e projectos, empenhada em melhorar o menos bom, em lutar com muita serenidade e compostura para corrigir os errados e valorizar os certos. Sorriam se quiserem: até me dei ao trabalho há muitos anos de corrigir os textos das competências de Ciências do Currículo Nacional - incorrectamente formuladas - aguardando a avaliação e revisão anunciada para o final de dois anos de vigência, que nunca aconteceu, para dar o meu contributo na melhoria do documento. Ah! E quando saíu a legislação nova sobre a selecção de manuais escolares com grelhas de pormenor, dei-me ao trabalho de analisar exaustivamente 12 manuais de Matemática do 5º ano, enviando os erros científicos para o ME, como era pedido, para depois de mais uns anos verificar que havia feito o trabalho de revisora científica, sem paga, que os os papéis haviam sido jogados para o lixo e os erros nos manuais continuavam iguais aos de sempre... Muitas horas deitadas fora.

É por tudo isto que sinto que corro o risco de me tornar numa rebelde (suave e educada, mas rebelde assim mesmo) com este acumular de nonsense dos últimos anos.
Portanto, neste momento de balanço, preparo já as minhas formas de intervenção para o ano que vem. Serei a melhor professora para os meus meninos e não farei nada que transporte tempo deles para tarefas sem nexo, ligadas ao processo de avaliação ou a outros sem sentido... (a não ser aquelas em que sou obrigada a estar presente, como encontros e reuniões).

Reparem no absurdo.
Se eu não mexer nem um braço, não posso ficar pior do que já estou. Progredir não progrido. Excelente não tenho (nem Muito Bom, provavelmente).
Ajuizarei seriamente em cada momento o tempo necessário para o que me for imposto, para o que será escolha minha fazer ou não fazer e seguirei a minha consciência. Nos processos de auto-avaliação e de eventual recurso, gastarei então tempo a fundamentar as razões pelas quais considero todo este processo um absurdo no qual não investirei nem preocupações nem tempo. A bem da saúde e, consequentemente, do tempo de qualidade que poderei dispensar aos meus meninos.
E isto faz de mim uma rebelde? Hummmm... afinal acho que não. Ohhhhh...
Não vale a pena estar aqui a armar-me em heroína. Não sou.
Sou apenas sensata, porque quero continuar a ser uma boa professora. Tento ser coerente neste caminho que iniciei quando decidi que queria apenas ser exactamente isso e ficar do lado onde sempre estive. Apenas a lei diz que não posso ter os cargos que sempre ocupei ou contribuir de outra forma. Azar de quem a escreveu. Perdeu muita gente válida nesse caminho de divisão. E nem sempre ficaram os melhores do outro lado a desempenhar as funções que lhes vão ser atribuídas.
É por isso que acredito que um dia se escreverá esta história com pesar e se encontrarão caminhos mais adequados, mais humanos, mais justos e menos controlados por merceeiras intenções.
(A bem dizer... se resolverem correr-me do ensino por não levar a sério o que não é sério... não concorrerei a outro emprego com as grelhas e pareceres da escola... mas sim com o meu currículo, a minha experiência e a minha voz. Esta avaliação vale o que vale e vale muito pouco, para não ser completamente desagradável e dizer que vale nada.)

Money makes the world go around...

segunda-feira, julho 07, 2008

Smile... you're on candid camera...

Deve ter sido a minha carinha hoje ao receber um telefonema de uma amiga do curso de mestrado
que acabara de descobrir que

depois da saída da Portaria nº 350/2008, de 5 de Maio (regulamentação da concessão da licença sabática... com a interessante novidade de possibilidade de pedido de uma sabática a 50%.... redução da componente lectiva... explicando que os prazos para a pedir seriam... Março - que já havia passado à história... o que me tirou o sonho do horizonte...)

fora publicada no dia 2 de Julho (site DGRHE)

uma circularzita (Concessão da Licença Sabática para o ano escolar de 2008/2009 – Circular nº B08037074V - 02/07/2008 ) ... juntamente com um manualzito de apoio - Manual de utilização da aplicação da Licença Sabática para o ano escolar de 2008/2009 - 02/07/2008 a dizer que podíamos candidatar-nos a licença sabática para o próximo ano lectivo.

E de quando a quando poderíamos nós fazê-lo?
.... de 2 de Julho.... a 9 de Julho... (sim, 5 e 6... fim -de-semana).

Ora, tendo em conta tudo o que é necessário solicitar e fazer... entre uma contagem de tubos de ensaio e de outros materiais, reuniões de Departamento sobre Avaliação de Desempenho e outras coisas... e mais matrículas e relatório dos Portáteis, e apresentação de projecto inovador para o ano que vem, e reunião de portáteis, e relatório do Plano de Matemática e... e... ocorre-me perguntar:
quantos se terão dado conta disto... e... quem terão sido esses quantos que, adivinhando estas dádivas do céu, estariam em condições de se candidatar, ou teriam sequer tempo para o fazer?

Se existirem alguns e ficarem os lugares todos preenchidos, chegarei à conclusão de que não só sou muito distraída, como também muito incapaz e incompetente por não ter conseguido antecipar o movimento, preparar-me para ele e arranjar maneira de não ter faltas para ir à capital tratar de papelada, ou encaixar mais relatórios na lista, ou convencer orientador, escola e tal a produzirem pareceres e análises assim do pé para a mão, num instantinho. Ah! E também sou muito mal agradecida com as minhas ironias a propósito da generosa dádiva de que todos se devem ter dado conta, excepto eu e a minha amiga. Melhor... se ela não me tivesse telefonado... nem eu ficaria a saber.

Sou só eu que acho estas coisas estranhas, ou há mais alguém que me acompanha neste meu espanto infantil?