Repouso o meu cansaço em ti branco gato onde não preciso de escrever nada.
Os dias pintam-se e molham-se uns atrás dos outros densos à nossa volta sem silêncios pelo meio e eu a precisar deles, dos silêncios, como de folhas brancas, espaços, ar, carinhos mansos, espuma, neve, leveza sem nome, valsa ao luar, nome de princesa, nome de fada... Pergunto-te baixinho por que corremos tanto, em que Primavera ficou o cheiro das minhas rosas?
Ao menos tu escutas o que não tenho para dizer e agradeces os gestos com que afago a nossa solidão sem som. Dom teu e meu este de parar no tempo como se o tempo pudesse mesmo ser parado assim, separado do outro tempo que corre.
Deixa-te ficar só mais um bocadinho a fingir que és meu. Sem nada de importante ou urgente para dizer. A ver se o cansaço voa e restamos apenas nós sem pressa de chegar a outro dia qualquer depois deste.
Recordação
Há 5 anos