E esta é a
coisa completa, o corpo todo, intimamente fotografado ao longo dos últimos
vinte e tal anos ou coisa assim, quando ainda se faziam aquelas magníficas
chapas, radiografias de uma vida menos luminosa, acidentes e mazelas, histórias
de dores e aflições, hospitais e clínicas, o tempo suspenso das salas de espera
- a desintimidade do corpo catalogado em braçadeiras coloridas…
Resolvi fazer
disto uma exposição em que me exponho sem me expor. Como? Eu explico, estas
coisas na parede – chapas digitalizadas, editadas e impressas em papel
fotográfico - perderam, curiosamente, toda a carga, como dizer… medicinal, como
se fossem esterilizadas, desinfectadas de todos os miasmas contagiantes. Expostas
assim ganharam vida própria, como as lagartas das couves, e transformaram-se em
objectos estéticos, mais ou menos estranhos, como outros, numa exposição de
artes plásticas.
Podemos ainda chamar a isto fotografia? Não sei, também não me importa
nada. Se quiserem ver este é o meu corpo
(fotografia
de paisagem íntima) ao vivo e a cores, é só irem até Vendas Novas, no Alentejo, onde estará
patente até ao dia 23 de Junho, integrada, como já disse antes, na 18º
Exposição Internacional de Artes Plásticas.