sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ANTEVISÃO 2011

Fotografia de Ian Britton

2011 adivinha-se um ano difícil, como todos já sabem de antemão, não vale a pena bater na mesma tecla. Mas que mais nos reservará?
As eleições presidenciais são garantidas a 23 de Janeiro. Aqui dificilmente haverá surpresas, a reeleição do actual Presidente da República é quase certa, goste-se ou não de um homem que afirma não ser político, mas que anda nessa vidinha há mais de 20 anos. Adiante!
Como as estações já não são o que eram (?!) quando aprendíamos as suas datas na primária, este ano terá o seguinte calendário (o que também não quer dizer que corresponda ao calor ou frio que se sente na rua):
- Primavera - 20 de Março, às 23h21m;
- Verão - 21 de Junho, às 17h16m;
- Outono - 23 de Setembro, às 09h04m;
- Inverno - 22 de Dezembro, às 05h30m,
Para os cinéfilos, a cerimónia dos Oscars de Hollywood terá lugar no dia 27 de Fevereiro, sendo as nomeações divulgadas em Janeiro.
O Carnaval será a 8 de Março (ui, ui, é um 3 em 1, ihihih!), a Páscoa a 24 de Abril e o dia de Corpo de Deus a 23 de Junho - quer dizer, se a ideia de reduzirem os feriados nacionais não resultar!
Entretanto, segundo a astrologia chinesa, depois do ano do Tigre em que eram previsíveis mudanças e agressividade q.b. (na natureza do felino), segue-se um período mais calmo que se iniciará a 3 de Fevereiro, sob o signo do Coelho. Sim, leram bem, não estou a inventar!
Portanto, meus caros, é começar a contagem decrescente das 12 badaladas, ir engolindo as passas uma a uma sem se engasgarem  e esperar por esse futuro próximo...

12... 11... 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1...

FELIZ ANO NOVO!!!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DE LUPA EM RISTE!

Ao contrário do que acontece com os livros, vi muito mais filmes do que os 23 que mencionei por aqui ao longo dos últimos 12 meses. Regra geral actuais e num cinema próximo, sendo as raras excepções de alguns que me escaparam na devida altura, via TV ou DVD. Assim, na minha modesta opinião, os melhores filmes do ano são:
- "O segredo dos seus olhos", o filme argentino que ganhou o Oscar para melhor filme estrangeiro;
- "Tudo pode dar certo", como comédia, de Woody Allen;
- "Gru - o maldisposto", em desenhos animados.
Por seu turno, "O Leitor" e "Ruptura" são os que mais me cativaram entre os filmes de anos anteriores que vi em 2010 pela primeira vez.
Mas como nem só de filmes e de livros vive o homem (neste caso moi), em 2010  também visitei as Feiras do Livro de Lisboa e Portimão (OK, são mais livros, eheheh!), a Fiesa (Festival Internacional de Esculturas em Areia), em Pêra...

... que embora não conseguisse alcançar grande coesão na temática, vale sempre a pena pelas próprias esculturas - essas sim ao nível das de anos anteriores - e o 21º FIBDA (Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora), que tento nunca perder!

Visitei ainda a exposição de World Press Photo, que salvo erro nem mencionei - além de que as fotos estavam muito longe de fazer justiça às presentes no certame, obviamente!
Last but not least, assisti a duas peças de teatro: uma amadora, representada pelas alunas do Colégio de Odivelas, e  a comédia "Assim também eu!" do grupo "Nós-Mesmos", sobre a qual escrevi recentemente. E aí há novidades, que sejam Eles-Mesmos a divulgá-las:


Portanto para já vêm para Lisboa (Telheiras), durante o mês de Janeiro, a restante digressão ainda é uma incógnita...
E pronto, o balanço "cultural" de 2010 resume-se assim, aqui pelo Quiproquó! Já agora, fico a aguardar as vossas próprias opiniões sobre o que de mais interessante assistiram, participaram ou visionaram este ano... (e o futebol não conta!)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

JONAS E A ENSITEL

Alguém se lembra que em 2007 Sócrates tentou processar o bloguista "Do Portugal Profundo", António Balbino Caldeira, por ter afirmado que o primeiro-ministro mentiu sobre já-não-me-lembro-o-quê? O resultado, para os que se recordarem do episódio, foi que essa publicidade aumentou substancialmente o número de leitores e comentadores do referido blogue e, mais tarde, Sócrates acabou por desistir do processo. 
Agora o assunto em questão até parecia de somenos importância: uma cliente, cujo telemóvel ficou sem luz ao fim de uma semana, foi à loja da rede Ensitel onde tinha sido adquirido, mas os funcionários alegaram não ter outro para troca; no fabricante disseram-lhe que podiam arranjar, mas que ela tinha direito à troca ou à devolução do dinheiro; nas andanças que se seguiram, entre o Saldanha, Oeiras e novamente Saldanha (não exactamente ao virar da esquina), as recusas mantiveram-se tanto de troca como de devolução do dinheiro, com várias desculpas de permeio. Até que muitas mãos depois ficou com um risco na tampa da bateria e aí a "culpa" era da cliente...
Naturalmente irritada, Jonas escreveu sobre este caso no seu blogue entre Fevereiro de 2009 e Maio do mesmo ano, deixando bem evidente o seu antagonismo com a empresa e a forma como a trataram. Mesmo que tenha obtido mais comentários que o habitual, de outras pessoas com queixas contra a Ensitel (há por aí muitas grandes empresas ou multinacionais que nunca tenham recebido reclamações?!), facto é que o assunto já estava morto e enterrado, quando a empresa resolve recorrer a tribunal, com o intuito de a obrigar a apagar todos os posts pouco abonatórios sobre os seus serviços. Recebeu a citação agora, mais de ano e meio depois!  Ah, e um tiro no pé, não é boa ideia?!
Como mal ou bem já todos passámos pela sensação de impotência frente a grandes interesses empresariais, facto é que há mais de 24 horas as redes sociais não param de divulgar o caso, entre indignações variadas contra a arrogância da empresa em pretender cercear a liberdade de expressão e muitas gargalhadas, como por exemplo neste clip


Moral da história: o cliente tem sempre razão; mas mesmo quando eventualmente não tem, não vale a pena à empresa armar em tubarão (ou baleia?), accionar tribunais e chamar a equipa de advogados de gabarito, para intimidar o cliente insatisfeito - nem todos se calam com as ameaças!!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

NA PRATELEIRA DE 2010...

... constaram cerca de 20 títulos novos, onze estrangeiros e nove lusófonos, alguns de escritores que desconhecia. Não se pode dizer que seja um grande prodígio, especialmente para quem gosta de ler, mas não há tempo para tudo...
Então, assim em jeito de balanço anual, mesmo tendo em conta que quase todos me agradaram imenso, os que preferi foram:
- A trilogia "Millennium", de Stieg Larson - um enredo policial inusitado, de acção à beira do terror, absolutamente fantástico;
- "Os Espiões", de Luis Fernando Veríssimo, como lusófono;
- "Somos o Esquecimento que Seremos", de Héctor Abad Faciolince e "A Tia Julia e o Escrevedor", de Mario Vargas Llosa, como estrangeiros.  
Pelo caminho ficaram três livros, dois que espero recomeçar em breve e um de que desisti, não por ser desinteressante (antes pelo contrário), mas devido às irritantes e imensas gralhas por página - está certo que custou 1€ por ser vendido com uma revista, mas "pechinchas" dessas não contribuem para incentivar a leitura de ninguém. Aliás, acho até uma vergonha que se vendam livros sem qualquer tipo de revisão de texto, da editora, da gráfica ou de quem quer que seja.
Agora, vem a pergunta que se impõe: qual foi o livro mais marcante que leram em 2010?

Boas leituras!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ASSIM TAMBÉM EU!

A companhia de teatro "Nós-Mesmos, Invenções Teatrais", recentemente formada por Simão Rubim, João Marta e Vanessa Agapito, termina hoje às 21h30m a exibição da peça "Assim também eu!" no Teatro Municipal Mirita Casimiro (também conhecido por TEC - Teatro Experimental de Cascais), após dois meses em palco.  Quer dizer, termina naquele espaço, porque os membros do grupo prevêem apresentá-la noutras salas do país - agendada já está a exibição em Coimbra no Dia Mundial do Teatro (a 27 de Março) e aguardam a confirmação de novas perspectivas.
A comédia decorre na "caverna" de um actor, ao alucinante ritmo de um texto inteligente e actual, embora Platão, Shakespeare ou Sócrates não deixem de ser citados, onde a interactividade com  o público e o talento dos actores em palco são uma constante. Escusam de torcer o nariz "ah, que é dessas 'modernices' que ninguém percebe patavina", porque não é! Antes pelo contrário, a  peça (ou workshop, como lhe preferem chamar) cumpre integralmente a sua função de divertir os espectadores, ou seja, risos e gargalhadas marcaram presença na plateia, não se ouviu um único ressono para amostra! Como é óbvio, o factor surpresa é fundamental para manter a dinâmica da ribalta, daí não divulgar mais sobre o tema...
Sem pretender "puxar dos galões" de que Simão Rubim não necessita - ao longo dos últimos 20 anos foi membro da companhia teatral do Chiado, a convite de Mário Viegas - recordo que foi protagonista d' "As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos", peça que intermitentemente se manteve em cartaz durante cerca de 14 anos. Para o país (e teatro) que temos, é obra!
Se entretanto surgir num teatro próximo de vossa casa, não percam!

Fotografia partilhada no Facebook de "Nós-Mesmos, Invenções Teatrais".

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

HO! HO! HO!

E pronto, o Pai Natal está a chegar - circulam por aí uns boatos de que ele não existe, mas não acreditem... - esperemos que carregadinho de saúde e alegria para todos! E se trouxer também alguns presentes para pôr no sapatinho, melhor ainda. O modernaço já vem de comboio e tudo e Rudolfo (ou Randolph) parece estar a apreciar a viagem. Pudera, isto de voar da Lapónia para todo o mundo numa só noite é canseira a mais, até para renas voadoras! Já partiram com antecedência, como comprova a imagem...
Importante mesmo é que não falte nada de essencial na mesa da consoada e que reine um clima de paz e harmonia entre todos os familiares e amigos que a vão compartilhar. (mesmo que esteja repleta de iguarias convém não abusar, que esses excessos pagam-se com dietas e "malhação", pelo menos para quem quiser ir à praia em 2011...)
Entretanto, recebi diversos mails a que vou tentar responder atempadamente (desculpem lá se não conseguir!) e este cartão de Boas Festas:

Obrigada, Paulofski!
Antecipadamente, o primeiro presente deste Natal chegou via Licas, que decidiu enviar, em nome de todos os concorrentes e participantes do seu desafio/concurso de contos natalícios, uma contribuição para as crianças doentes e mais desfavorecidas de Moçambique:

Obrigada, Licas!
Resumindo, os meus votos para todos estão expressos a negro (há quem lhe chame bold), para o caso do Pai Natal, dada a sua provecta idade, precisar de óculos para ver melhor... Sem ofensa para ele, evidentemente!

FELIZ NATAL,
QUERIDOS AMIGOS E COMPANHEIROS
DA BLOGOSFERA (E NÃO SÓ)!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O PIANO

Andava em busca de um filme que toda a gente me aconselhou a ver, até que alguém me emprestou "O Piano", que não sendo exactamente o que procurava também me escapou na época.
Em meados do século XIX, a família de Ada McGrath - uma mulher muda, com uma filha de 9 anos - contrata o seu casamento com um fazendeiro neo-zelandês. Apesar de muda a mulher não se considera silenciosa, pois transmite os seus sentimentos através de um piano. Após uma longa viagem, ela, a filha, o piano e demais bagagem encontram-se numa praia solitária, onde o marido que nunca viu a deveria ir buscar, o que só acontece depois de passaram a noite ao relento. Stewart chega na manhã seguinte, acompanhado por vários carregadores de tribos locais, que assustam Ada com a sua curiosidade e modos desabridos. Para colmatar, dada a dificuldade de transporte pelos lamaçais que os conduzirão a casa, o fazendeiro resolve deixar o piano na praia, como carga supérflua, apesar dos protestos gestuais e escritos da mulher.
A história terminaria por aqui se, assim que o marido se ausentou, ela e a filha não fossem procurar o vizinho Baines, que os guiou da praia a casa, para as levar de volta ao instrumento abandonado. A alegria de ambas quando tocam e dançam ao som da música cativa o homem analfabeto e rude, que posteriormente propõe a Stewart ficar com o piano, em troca de umas terras. Desde que Ada lhe dê lições, o que o fazendeiro aceita com satisfação, apesar de novamente contrariar a vontade da mulher.
Se de início a acção lenta não augura grande interesse - solidão, chuva e lama só contribuem para uma certa nostalgia, não tão distantes assim das janelas de quase todos nós - o ritmo vai entrando em crescendo como numa peça musical, onde perpassa o desejo, o sexo, o romantismo ou até a fúria e a violência, o que torna o filme da neo-zelandesa Jane Campion (que também escreveu o argumento, o que lhe valeu o Oscar  de melhor original, em 1993) simplesmente inesquecível .
Por seu turno, Holly Hunter e Anna Paquin também ganharam os Oscars nesse ano (respectivamente para melhor actriz principal e secundária), sendo que os desempenhos de Harvey Keitel e Sam Neill são igualmente memoráveis. Espreitem o trailer aqui

Imagem de cena do filme da net.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

DEMOCRACIA... MAS NÃO TANTA?!?


A maior democracia do mundo, assim se auto-intitulam os norte-americanos, parece estar a ter dificuldades em lidar com o "problema" Julian Assange e a Wikileaks: a revelação de inúmeros documentos que põem a nu o envolvimento dos EUA (e não só!) em guerras e outras actividades insuspeitas  em países democráticos, conseguiram abalar o poderio da grande potência mundial.
Enfim, não estou exactamente a par dos "incómodos" que a divulgação jornalística provocou nos meios diplomáticos mundiais, suponho que devem ter sido avassaladores, a julgar pelas opiniões exacerbadas de alguns comentadores, como este Bob Beckel:


Tão fofo! É contra a pena de morte, mas a favor das execuções sumárias dos "terroristas" e "traidores" que infrinjam as leis americanas, pelas tropas especiais. E já agora, Assange é americano, o que eventualmente lhe imporia algum "dever" patriótico? Não, coitado, nasceu na Austrália!
Mas não é o único a aventar a solução drástica, portanto a coboiada ainda vai no adro...
     
Imagem da net.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CONCORDAR EM DISCORDAR...

Fotografia de Ian Britton

Em tempos conheci uma mulher que considerava que o marido era do contra, ou seja, se ela era a favor, ele era contra, se ela dizia branco, ele dizia preto e por aí adiante. Assim, para evitar muitas chatices e discussões, passou a emitir sempre opiniões contrárias à sua e ele acabava por decidir da maneira que ela desejava. Fácil, não? 
Ora os tempos são outros e a blogosfera (ou o facebook) está longe de corresponder a uma vida de casal - assim, parece-me que todos são livres de afirmar aquilo que pensam, em concordância ou discordância com outras opiniões. Pessoalmente costumo ser sincera, sem alimentar polémicas de qualquer ordem, nem pretender convencer ninguém de que tenho razão. Eventualmente nem comento, se @ bloguista se sai com um poema da sua autoria (também entendo pouco de poesia) - embora perceba que os amigos tentem incentivar, com epítetos de "lindo", "fantástico" ou "maravilhoso", mesmo que os versos se limitem a rimar amar com luar ou chorar.
Claro que há sempre gente que tenta impor a sua opinião pessoal, política, religiosa ou outra, daí já ter sido "varrida" de um blogue ou ter visto um comentário meu apagado e outros tantos simplesmente ignorados. Onde não voltei a entrar, obviamente! OK, se é para ler e assentir com um "Amén", mais vale ficar quieta, sossegada no meu canto ou escrever um diário, sei lá! Nunca apago comentários? Errado! Apago todos os spams, publicidades e até anónimos ofensivos.
Ah e tal que fico chateada, amuada ou zangada com pontos de vista diferentes do meu? Nada disso! De início até ficava assustada, com tantas susceptibilidades "à flor da pele" ou com a violência no argumentar, enquanto existem assuntos bastante mais importantes nesta vida. Agora é pacífico: escrevo o que penso - "only once", como dizia  a espia da resistência francesa -, muda não fico, mas também não viro "camaleão" como este, em nome de uma falsa concórdia:


Hei-de ter muitos amigos assim?! Não faz mal! Sempre preferi poucos, mas bons!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O NATAL DA TIA

Fotografia de Ian Britton

Apertou o blusão de cabedal preto e saiu do apartamento. Chovia. Na noite escura e mal iluminada por candeeiros de luz tremeluzente, a figura alta, esguia e vestida de negro de Luisa confundia-se com as sombras. Ao entrar no carro, pousou no banco do pendura o enorme saco que transportava na mão. Não se via vivalma na rua, mas à medida que foi avançando para o centro, a cidade ganhou cor com as lâmpadas coloridas que ornamentavam árvores e postes com os enfeites natalícios. O movimento era praticamente nulo, conduzia lenta e tranquilamente na direcção da casa da tia Magui, relembrando aquela primeira consoada, mesmo decorrida mais de uma década.
Tinha então 14 anos e mal conhecia a tia, que encontrara apenas esporadicamente em criança. Nesse ano, os pais tinham viajado em negócios para Nova Iorque e por lá tinham ficado, para evitar idas e vindas inúteis de avião. Sentia-se acabrunhada, não porque sentisse a falta deles – aliás, nunca celebravam o Natal conjuntamente, nem participava nas faustosas recepções que a mãe promovia, primeiro porque era pequenina, depois porque ia atrapalhar com as suas infantilidades, por último porque era desengonçada – mas porque preferia ter ficado sozinha no seu quarto, como de costume. “Mais vale só...”, repetia para si própria! Comemorar o quê?
Assim, quando Magui abriu a porta encontrou uma adolescente espigada e de cenho franzido, vestida de negro dos pés à cabeça, como se fosse uma carpideira em dia de funeral. Exibindo um sorriso, abraçara-a com emoção: “Há quanto tempo, Luisinha?!” O espanto da rapariga tornou-se evidente, não a reconhecia naquela mulher de aparência tão jovem, mais baixa e roliça do que recordava, envergando uma espécie de sari multicolor, com o cabelo liso e castanho a escorregar-lhe pelas costas. O seu casaco foi prontamente pendurado num bengaleiro sobrecarregado, enquanto era conduzida à sala onde se encontravam outros desconhecidos, que riam e conversavam como se se conhecessem há milénios. Consternada e arrastada pela tia entre os convivas, onde não faltava um gato listado que passarinhava entre todas as pernas, as apresentações sucediam-se, de passagem: “É a Isabel, a vizinha do lado, o primo Zé, a minha amiga Gracinda...” enquanto repetia “é a Luisinha!”. Ela acenava com a cabeça, meio tonta, com a certeza que não se lembraria de nenhum nome, tentando sorrir, vagamente ciente do contraste entre as duas irmãs.
No palacete raramente se ouviam vozes mais elevadas, mesmo em dias de festa - uma eventual casquinada de conveniência, de bom tom. A mãe tinha uma voz de gelo, metálica, mas quase inaudível, mesmo a tratar com a criadagem: “Maria, faça a mala e vá-se embora. Já!” Ou quando se dirigira a ela, ainda há poucos meses: “Uma vez que a menina não tem a mínima noção de cor, faça-me o favor de se vestir sempre de preto, sem ofender o bom gosto de ninguém!” Muito menos qualquer daqueles indivíduos seria convidado a pisar o hall de granito cinza, nem seria a mãe a cozinhar aquele jantar simples mas apetitoso - no cardápio dela só constavam receitas sofisticadas com pomposos títulos afrancesados. Quase conseguia vislumbrar o seu ar de horror e o comentário viperino que se seguiria, na sua voz gélida: “Que fauna... digna de um Zoo!”
À meia-noite, Magui sentou-se no chão junto ao galho prateado que fazia as vezes de árvore de Natal e começou a distribuir os embrulhos que se encontravam debaixo, enquanto chamava um por um todos os presentes, que os abriam com alegria e agradeciam simpaticamente, mesmo desconhecendo o dador. Luisinha ultrapassou o tédio de receber mais uma Barbie de colecção (longe de alguma vez ter brincado com bonecas), mas rebuçados, bombons, bolachinhas e compotas não faltaram, a par de um quadro, um livro e uma camisola de malha vermelha, sem referir as pegas de cozinha em crochet que couberam a todos, supostamente da lavra da vizinha velhota. Só regressou ao palacete vazio no dia seguinte, carregando consigo esses “tesouros”, mas o que guardou na memória foi o Natal mais feliz de sempre!
Agora, tanto tempo volvido, sabia onde a magia do Natal acontecia e onde nunca deixara de voltar. Ao tocar a campainha, o sorriso alegre de Magui já não a surpreendia, nem que a chamasse de Luisinha e o abraço foi inteiramente correspondido. Após pousar o saco no chão, despiu o blusão preto e, exibindo uma camisola vermelha, retirou do bolso um barrete condizente, que pendurou no cocuruto, declarando: “Este ano, o Pai Natal sou eu!” E riram-se ambas, enquanto entravam na sala de braço dado, onde os amigos de sempre as aguardavam...

Foi com este conto que participei no desafio/concurso da Licas, que conseguiu angariar 10 participantes, e que obteve um brilhante 7º lugar. Brilhante?! Sim! Não votei em mim própria, nem pedi a ninguém para o fazer, ahahah!

BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS!!!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UM FRIO DE RACHAR

Fotografia de Ian Britton

Está mesmo, mas para constatar isso basta pôr o nariz fora da janela, sem mais conversas. O que me intriga mesmo é a origem da expressão, que tentei pesquisar na net, em vão. O significado todos sabemos que é o de "muito frio", mas porquê rachar?
À partida associei ao rachar da lenha no Inverno e aos lenhadores (dos contos infantis e não só!) que tinham essa tarefa, para alimentarem fogões, fornos ou lareiras que permitiam aos povos sobreviver mesmo com baixas temperaturas, num tempo em que Edison ainda nem sonhava em nascer. Já os imaginava a sair de casa de machado ao ombro, enquanto avisavam a famelga que "está um frio de rachar (lenha)", que toda a vizinhança agradecia. Um cowboy também serve para a imagem, embora esses às vezes apareçam nos filmes em tronco nu, a exibir a musculatura, sem sombra de qualquer incómodo devido à temperatura ambiente. Adiante! Dessa explicação, que inicialmente me parecia tão óbvia, não encontrei nem vestígios...
Longe de não reconhecer a facilidade da informação via net (com todas as Wikis, incluídas), convenhamos que nem sempre é isenta e fiável. O que descobri é que uma frase tão comum na língua portuguesa - mesmo que de origem incerta - recebe título de regionalismo tanto numa aldeia recôndita de Portugal, como assume  foros de gíria gaúcha ou portoalegrense, no lado de lá do Atlântico. Se bem que aqui já tenham acrescentado (ou mantido) "os beiços" - faz sentido, mas será a fórmula original ou alterada pelo tempo?
Claro que ainda existe a vaga hipótese de ser um estrangeirismo qualquer, mas quem souber a resposta para esta questão faça-me o favor de esclarecer, sem "bairrismos", que estas saloíices de quem "inventou" a expressão tiram-me logo a vontade de investigar mais...
Resumindo: está um briol do caraças! 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

INDICADORES...

... em riste é do pior que há! Nunca se sabe quando alguém vai apontar na nossa direcção...

Imagem da net.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SEM AÇÚCAR!

Tanta campanha publicitária e tanto médico a desaconselhar o seu consumo, tantos produtos alternativos (desde pastilhas elásticas a refrigerantes) a bani-lo da própria composição e, de repente, gerou-se o caos: o açúcar desapareceu das prateleiras dos hiper, super ou mini-mercados e até da mercearia da esquina! 
Num desses sites bem intencionados, que pretendem dar conselhos sobre a saúde alimentar, li a seguinte afirmação: "Açúcar pode causar o mesmo efeito da cocaína no cérebro."  Finalmente, convenceram-me! Se não, porque é que os portugueses de repente viraram baratas tontas, a percorrer todos os grandes ou pequenos mercados em busca de açúcar? Porque é Natal e não passam sem a rabanada ou a filhós? E os repórteres televisivos atrás deles, em entrevistas de rua manhosas, que acabam invariavelmente com um desinspirado "aqui o senhor Zé vai ter um Natal mais amargo"...?
Duvido que a falta seja inocente ou ocasional, a matéria prima chega aos portos com a frequência habitual, as fábricas não notam quebras na produção. Portanto, o agora tão ambicionado produto eclipsa-se algures entre a refinaria e a distribuição. Porquê? Provavelmente para estipularem um aumento de preço acima do razoável. Vale a pena entrar nesta histeria de açambarcamento, com malta a levar 5 e 6 quilos para casa? Esses sim, devem ter uma consoada bem enjoativa! rsrsrsr

Imagem da net

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A TIA JULIA E O ESCREVEDOR

"Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e horário elástico: director de Informação da Rádio Pan-Americana. Consistia em recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um pouco para que fossem lidas nos noticiários", revela "Marito", o jovem estudante de Direito a viver com os avós. Que outro não é que o escritor Mario Vargas Llosa, nesta obra autobiográfica, onde em jeito de romance relata os seus primeiros passos no mundo da escrita e o envolvimento amoroso com a tia Julia, mulher mais velha e recém-divorciada, com quem casaria em meados dos anos 50, contra a vontade de toda a família.
No início da leitura este livro pode parecer confuso: começamos por seguir a história do jovem e os seus primórdios na radio, onde a grande estrela era um tal de Pedro Camacho, um boliviano que escrevia, interpretava e dirigia os folhetins radiofónicos de maior sucesso na época, com o qual está simplesmente fascinado - "Como é que era possível que, à velocidade com que os seus dedinhos caíam sobre as teclas, estivesse nove, dez horas por dia, a inventar as situações, as anedotas, os diálogos de várias histórias diferentes? E, no entanto, era possível: os guiões saiam daquela cabecinha tenaz e daquelas mãos infatigáveis, um a seguir ao outro, à medida adequada, como salsichas de uma máquina."; no capítulo seguinte, somos apresentados a personagens absolutamente diversas; sequencialmente (capítulo sim, capítulo não), surgem aqueles enredos estranhos e rocambolescos, em que os protagonistas são quase todos homens na "flor da idade" (leia-se, 50 anos!), que nutrem um ódio visceral por argentinos... AH!
Depois de "resolvida" essa questão, as novelas reais ou imaginárias seguem o seu rumo, sem interrupção até ao final das 336 páginas. Foi o segundo livro que li deste escritor, gostei bastante do primeiro, este estava na calha (e na prateleira), mas talvez o facto de Vargas Llosa ter ganho o Nobel da Literatura este ano tenha influenciado a vontade de o ler. E uma frase à toa nas páginas do "Expresso" de 20/11/2010  também: "Lá por o Nobel da Literatura ter sido atribuído a um ser humano imundo (Vargas Llosa) não quer dizer que ele não seja um grande escritor", Alberto Manguel, escritor argentino. Não sei que autoridade tem este homem para classificar alguém de "ser humano imundo", muito menos entendo o interesse do semanário em publicar opiniões destas, avulsamente. Apesar de tudo, concordo que um escritor não se mede pelo homem, político ou (não) religioso que é, mas pelo que escreve.

Pessoalmente, fiquei sem dúvidas! O sentido crítico e a ironia patente (até com os seus próprios arroubos juvenis) nestas páginas, confirmam que o galardão foi merecido, como se evidencia nas linhas seguintes:
"[...] encontrei Pascual com o noticiário das nove já pronto. Começava com uma das notícias tão a seu gosto. Tinha-a copiado de 'La Crónica', enriquecendo-a com adjectivos do seu próprio acervo: 'No proceloso mar das Antilhas, afundou-se ontem à noite o cargueiro panamiano Shark, perecendo os seus oito tripulantes, afogados e mastigados pelos tubarões que infestam o referido mar.' Alterei 'mastigados' para 'devorados' e suprimi 'proceloso' e 'referido' antes de o aprovar. Não se aborreceu, porque Pascual nunca se aborrecia, mas deixou assente o seu protesto:
- Este senhor Mario, sempre a lixar-me o estilo."


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CADEIRA VAZIA

Terá hoje lugar a entrega do Prémio Nobel da Paz, em Oslo. Uma "entrega" simbólica, uma vez que Liu Xiaobo, o galardoado, se encontra preso na China e impossibilitado de comparecer. Do mesmo modo, sua mulher Liu Xia permanece em prisão domiciliária e os amigos e simpatizantes do activista dos Direitos Humanos foram impedidos, pelo governo chinês, de sair do país. Assim, na cerimónia, supõe-se que  marcará presença uma cadeira vazia...
No facebook decorre o protesto de substituir a nossa imagem de perfil por uma cadeira vazia, como forma de solidariedade para com Liu Xiaobo que, recorde-se, cumpre uma pena de prisão de 11 anos por alegadas "actividades subversivas" (versão da justiça chinesa) - traduzidas por colaborar na escrita de um manifesto, defendendo a liberdade de expressão. Obviamente, aderi! 
Ah e tal, que não vale a pena protestar, que fica tudo na mesma? Não é bem assim: ontem, a iraniana Sakineh Ashtiani condenada à morte por apedrejamento, após confessar o adultério (não se sabe se de livre vontade ou forçada), foi libertada no seguimento de uma campanha a nível mundial nesse sentido. Uma boa notícia! Se bem que a luta continua, em prol de muitas outras mulheres que aguardam a sua vez nos corredores da morte das prisões iranianas...

BOM FIM DE SEMANA!

Imagem da net.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

JOHN LENNON FOREVER!

Fotografia de Ian Britton (mural em Praga)

Faz hoje precisamente 30 anos que John Lennon foi assassinado à porta de sua casa, em Nova York, quando regressava de um estúdio de gravação. Tinha 40 anos. Músico e compositor, o ex-Beatles era também um pacifista convicto, activamente empenhado na luta contra todas as guerras do seu tempo. Como todos os ídolos que morrem prematura e drasticamente, tornou-se um mito.
A sua mensagem permanece actual, hoje e enquanto a nossa memória o permitir:


John Lennon, thank you, forever!!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

OS CONDENADOS DE SHAWSHANK

Com o título original "The Shawshank Redemption", este filme de 1994 passou relativamente despercebido na época - apesar das 7 nomeações para os Oscar, não ganhou um para amostra,  cilindrado pela concorrência de "Forrest Gump" (sem dúvida, outro grande filme) - mas é actualmente considerado um dos melhores de sempre.
Baseado num conto de Stephen King, devidamente adaptado  e realizado por Frank Darabont, conta com dois grandes trunfos nos principais papéis - Tim Robbins e Morgan Freeman - que coadjuvados por Bob Gunton, William Sadler, Gil Bellows e James Whitemore, entre outros, conferem credibilidade ao que seria uma prisão norte-americana em meados da década de 40.
O bancário Andy Dufresne é condenado a prisão perpétua pelo duplo homicídio da mulher e do amante desta, afirma-se inocente, mas ninguém acredita, já que em Shawshank (quase) todos os prisioneiros protestam a sua inocência. A adaptação ao meio prisional é dura, especialmente devido à perseguição que lhe é movida por um grupo de violentos homossexuais e ao desinteresse dos restantes, mas aos poucos aproxima-se de Red, um negro com a experiência suficiente para conseguir adquirir no exterior tudo aquilo que não se compra dentro de uma cadeia. Andy deseja um martelo de esculpir pedra, alegadamente para moldar as peças do xadrez que está a construir. Simultaneamente, o ex-bancário auxilia um guarda a escapar a um pagamento avultado legalmente, o que rapidamente lhe confere um estatuto de consultor dos outros guardas e até do director da penitenciária, a quem desvia dinheiro para uma reforma dourada. Promovido a bibliotecário, obtém melhores condições para a biblioteca, enquanto ensina Tommy a ler. Este jovem, que passou a maior parte da sua adolescência atrás das grades, confessa-lhe que conheceu noutra prisão o verdadeiro autor do crime pelo qual foi incriminado e está disposto a testemunhar em tribunal. Será que ao fim de 20 anos de pena cumprida, Andy consegue repor a justiça e recuperar a liberdade? 



Mais vale tarde que nunca - vi agora em DVD - e o filme é daqueles que dificilmente esquecemos, mesmo com o passar dos anos: MUITO BOM!

Imagem de cena do filme da net.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CHOCOLATE - HISTÓRIAS PARA LER E CHORAR POR MAIS

Seis contos "confeccionados" por seis mãos diferentes, que têm em comum girarem em torno de receitas com chocolate, dá nisto: uma saborosa amálgama, para todos os paladares! De leitura, que as receitas não experimentei!
Assim, Alice Vieira dá-nos a conhecer uma triste mulher enclausurada na própria casa durante dez anos, que se alimenta de filmes a preto e branco da Audrey Hepburn e centra os seus dias na cozinha e no Livro de Pantagruel, enquanto inventa estranhos provérbios da sua lavra: "quando o passado avança, o presente amocha", "para que a dor não mate se inventou o chocolate" ou "vida acabada, louça lavada".
Mais hilariante, a história de Catarina Fonseca podia ter sido argumento de um filme de Charlot, como se percebe nesta passagem: "Ó mãe, não vou, desculpa lá. Quantas vezes tenho de te dizer que odeio casamentos? Toda a gente passa a vida a dizer que já acabou o meu prazo de validade, haha, o pai acaba bêbedo a atirar-se para a piscina, tu acabas bêbeda a dizer que ele te deixou porque não sabe distinguir uma mulher de um tucano, depois querem sempre casar-me com o primo Juca que planta rosas na Madeira, é gay desde que nasceu e mesmo assim acham que é um óptimo partido e o ele ser gay não tem importância nenhuma, até é uma sorte, é da maneira que não tenho de olhar para o tecto e pensar na Inglaterra." Lógico que foi...
A ambição reinante serve de mote a Isabel Zambujal: por uma razão ou por outra, todas as suas personagens são cativadas pelo brilho de uma taça de cristal, "desconhecendo o seu terrível e gelado destino". E mergulham de cabeça!
Dócil, obediente e submissa, assim aparentava ser Ágata, menina de refinada educação com dotes de doceira, a quem todos chamavam Doce. Sentimental, "acreditava na plenitude eterna do amor", quando se apaixonou por José. Contudo, com as imposições maternais a um namoro recatado aprendeu a arte de improvisar, de ser sonsa, mentirosa e sem vergonha. Casou e a vida foi seguindo harmoniosa, durante dois, cinco, dez e vinte anos. "Não passou pela cabeça de José que naquele exacto dia eu tivesse a certeza de que ele tinha estado com outra mulher: Porquê? [..] Quem pode cheirar a Feno de Portugal ao fim de um dia de trabalho? Só quem acabou de passar uma água pelo corpo, a apagar sinais de outro corpo no seu." Como reagirá esta mulher perante a traição? Leonor Xavier revela...
Maria do Rosário Pedreira confessou não possuir nenhum talento para culinária mas, graças à magia da escrita, transformou a sua protagonista (Rosemary) numa cozinheira de mão cheia, que dá cursos nessa área e a vários níveis. Enquanto decide qual os pratos a ensinar - mesmo no básico tinham de "ser minimamente criativos, sob o risco de os pretendentes a cozinheiros se sentirem a brincar com os tachinhos em casa da avó" - secretamente não resiste a dar um empurrãozinho ao destino e "corrigir nos outros uma solidão que, nela, parecia decididamente colada à pele." Um romance pode nascer na cozinha? Porque não? (Nota: curiosamente, na receita final, a escritora esqueceu-se de juntar o chocolate à massa, embora seja fácil adivinhar quando! Ela avisou...)
Por seu turno, Amparo, a personagem retratada por Rita Ferro, representa a mulher de alta sociedade histérica, frustrada e vingativa - devido a "um marido cumpridor na fachada, escorregadio na intimidade e safado nas costas" - que educa os filhos à chapada e despede a criadagem à mínima falha, "cenário de tantas casas portuguesas daquela época".  Há quem prefira chocolate amargo, certo?    
Seja como for, este livro abre o apetite para a leitura... Saboreiem!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A EMBRULHAR...

A árvore de Natal já está no seu canto, enfeitada por bolas coloridas e luzinhas a piscar. O presépio voltou a ocupar o lugar costumeiro, onde as figuras principais se centram numa cabana com telhado de palha, rodeada por Reis Magos, pastores, lenhadores, carneiros, um galo e até um camelo. 
Como as lembranças para os familiares e amigos mais próximos já estão quase todas compradas, os papéis, laços e fitas já estão a  postos para iniciar a tarefa dos embrulhos. Que me dá gozo efectuar, porque os chocolatinhos não serão surpresa para ninguém, mas sempre é mais agradável virem numa embalagem decorativa...
Ah e tal, que ainda falta muito tempo para o Natal? Pois, mas assim evita-se muito stress, porque andar à última hora a correr em lojas atulhadas de gente é de enlouquecer qualquer um. E a contagem decrescente até ao Natal já começou, como podem ver neste relógio de Francis Lam (clicar em cima, com o rato, e clicar novamente nos bonecos, depois de entrar):


BOM FIM DE SEMANA!

Imagem do relógio recebida por mail.
(Obrigada, Marilú!)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A TEMPO E HORAS

Esta comédia de Todd Philips não será para todos os gostos: dois homens de feitios diametralmente opostos encontram-se acidentalmente num aeroporto e a partir daí sucedem-se uma série de peripécias disparatadas, que os leva a percorrer em conjunto as auto-estradas que ligam Atlanta a Los Angeles, com alguns desvios de caminho, nem sempre intencionais.
Peter Highman (Robert Downey Jr) é um sério, ansioso e bem-sucedido arquitecto desejoso de regressar a casa, onde a sua mulher Sarah (Michelle Monaghan) está prestes a ter o primeiro filho do casal. O confronto com Ethan Tremblay (Zack Galifianakis), um imaturo aspirante a actor, que pretende arrebatar Hollywood com os seu talento - levando consigo apenas os seus parcos haveres, que incluem o cão Sonny e as cinzas do pai - é instantâneo, pois a sua constante tagarelice e infantilidade transtornam ainda mais o já de si nervoso arquitecto.
Non-sense ou não, certo é que o filme dispõe bem, tendo até alguns momentos hilariantes. Julgo que sobretudo devido ao talento dos actores (em que o próprio realizador e Jamie Foxx também participam em papéis secundários). De notar ainda, pela positiva, a cena onde Zack cantarola "Hey you", dos Pink Floyd, a contrabalançar a acção e a relembrar que "together we stand, divided we fall"...
Segue o trailer, para os mais curiosos:


Imagem de cena do filme da net.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A VERDADE DAS MENTIRAS!

 Fotografia de Ian Britton

Tal como prometido, aqui seguem as respostas deste desafio, com explicação sumária:

1. Em criança tive aulas de piano mas, de ouvido duro, hoje nem consigo tocar o "Frére Jacques". Verdade! Talvez conseguisse, com um professor ao lado;
2. Num aniversário ofereceram-me um peixinho vermelho, que no dia seguinte estava a boiar no aquário, pois todos lhe deram comida, com receio que me esquecesse. Mentira! (passou-se uma história idêntica com o maridão, em que o peixe se "suicidou" com tanta abundância); 
3. Troco mails pessoais com uma amiga quase diariamente e há largos anos, mas raramente reenvio os que circulam por aí. Verdade! (o que não falta por aí é lixo "informativo"!);
4. Adoro caril de gambas, só de sentir o aroma da especiaria fico com "água na boca". Mentira! Detesto caril (de gambas ou outro), só o cheiro me enjoa;
5. Certa vez encontrei uma mulher que confundi com a minha própria mãe, só pela voz percebi que não era. Verdade! Foi na praia, era miúda e a fulana tinha idade, estatura e corpo idêntico aos da minha mãe, para além de uns óculos escuros muito semelhantes;
6. Participei com diferentes equipas em vários Rallys-Paper e ganhámos medalhas e diversos prémios, incluindo um peru vivo. Verdade! Participei em muitos (e colaborei na organização de outros), mas o grande sufoco foi o que fazer ao peru que, escusado será dizer, acabou num talho com cesta e tudo;
7. A única vez que fui ao antigo Estádio da Luz assistir a um jogo de futebol gostei do resultado (o Benfica ganhou por 2-0), mas não do banho de multidão. Mentira! Não gosto de banhos de multidão, daí nunca ter ido assistir a um jogo de futebol, do Benfica ou de qualquer outro grande clube;
8. Se em Londres a peça "A Ratoeira", baseada num conto de Agatha Christie, se manteve décadas em cartaz, na noite em que a  fui ver, em Lisboa, o público era apenas constituído por 11 pessoas. Verdade! A peça esteve até para nem se realizar, por falta de público;
9. Quando a época natalícia acaba, sinto um enorme alívio por já não ouvir "Jingle Bells" em todo o lado. Verdade! É um verdadeiro enjoo;
10. Odeio touradas! Verdade! Esta era uma "recapitulação", que já tinha colocado no round anterior. Só para ver quem estava atento...
O Paulofski e o Kim acertaram em duas cada um, os restantes participantes apenas numa!
Em jeito de primeiro presente de Natal, que está quase a chegar, segue um prémio para todos os "linkados" na faixa lateral que o queiram receber. Obrigada, Ematejoca, Licas e Turmalina!


BOM FERIADO PARA TODOS!
(para quem o tem, evidentemente!)