Quase a terminar a meia dúzia de livros de bolso de Ruth Rendell, que comprei na Feira do Livro de Lisboa do ano passado, a bom preço (como se nota!), devo esclarecer o seguinte: não fosse eu fã incondicional da escritora, há muito tinha desistido! Talvez com o tempo me tenha tornado mais exigente, mas é tanta gralha uma atrás da outra, que nem sei se a culpa é do tradutor, da gráfica ou do desplante da editora de colocar à venda livros que, obviamente, nunca foram lidos ou revistos.
Quanto ao enredo - policial, como é timbre da escritora - as surpresas sucedem-se a cada uma das 129 páginas. Até meio, só ficamos com a sensação que naquela zona residencial de elite, em Linchester, na Inglaterra dos anos 60 do século passado, a prosperidade e a felicidade são apenas aparentes à primeira vista. Mas tudo começa com ninhos de vespas... e na vontade de as exterminar!
Tamsin Selby, uma bela, simpática e rica herdeira parece ser a maior atração local, enquanto o seu marido (e primo), Patrick, vai conquistando ódios e invejas em seu redor, como empresário bem sucedido. Para comemorar o seu aniversário, Tamsin resolve dar uma festa convidando toda a vizinhança - o dr. Greenleaf e a esposa, os casais Gage, Gaveston, Miller e Smith-King, os irmãos Edward e Freda Carnaby e o solitário Marvell. No meio da festa, um súbito ataque de vespas sobre os convivas e a comida faz com que o dono da casa tente exterminar um ninho delas, que se encontra no telhado, com um spray adequado. E é quando está a realizar essa operação que é picado quatro vezes, quase caindo da escada onde está empoleirado. O desconforto e as dores que as picadas lhe provocam acabam com a festa e os convidados retiram-se, ficando apenas o médico que lhe prescreve um anti-histamínico e um comprimido para dormir. Contudo, no dia seguinte, Patrick é encontrado morto. A autópsia revela que morreu de paragem cardíaca e a vida prossegue como de habitual em Linchester. Até que as bisbilhoteiras locais começam a lançar boatos de que a viúva tinha tudo a ganhar com a morte do marido, que pretendia o divórcio...
Muito bom, para não variar!
Citações:
"As tentativas para detectar pulsações ou palpitações do coração não passavam de uma farsa, pois apercebera-se da realidade no momento em que entrara no quarto. Os mortos parecem sempre muito mortos, como se nunca tivessem estado vivos."
"Enquanto lavava a louça e a colocava no secador, reflectia, com a ponta de superioridade que se permitia, que, quando alguém mencionava as compensações de uma vocação para a medicina, ignorava aquela: o prazer de demolir as teorias dos leigos."
eu ando a ler o V., de Pynchon, e já dei por mim a fazer contas de cabeça sobre uma frase que não fazia sentido nenhum e, afinal, 'pára' agora escreve-se 'para'. Só lá cheguei porque 'pára' era a única coisa que ali fazia sentido. rai's parta lá o aborto ortográfico :(
ResponderEliminarmas reconheço que pior, bem pior, são as gralhas e a falta de atenção com que alguns livros são publicados. o preço é baixo mas não devia ser aí que a poupança editorial devia acontecer.
Achei curioso teres referido o facto do livro possuir imensas gralhas. Eu tenho uma cadeira na universidade denominada, "Introdução à Crítica Textual/Edição de Textos" e no outro dia estávamos a falar acerca de editoras. A minha professora disse-nos que a Europa América é uma das editoras com mais gralhas ou erros, como queiramos chamar, não sendo muito aconselhável começarmos leituras de clássicos por essa editora.
ResponderEliminarQuanto ao livro, (para não me alongar muito mais), devo dizer que nunca o li mas vou anotando as tuas sugestões.
Beijinhos
Patrícia
Ah, a esses preços também quero.
ResponderEliminarUma vez comprei 3 livrinhos assim, pequeninos e super baratos, um deles faltava-lhe uma folha na numeração, podia ser erro, mas não, no desenrolar da história percebia-se que faltava uma parte...como se isso não bastasse uma das páginas estava em branco...primeiro fiquei irritada, mas depois deu-me vontade de rir...quem compra barato...mesmo assim deu para ler e perceber.
Gosto de policiais e apesar de anotar todos os que aqui deixas, quando vou comprar nunca me lembro do nome desta escritora ehehe
E o Moyle agora lembrou-me do pára, no livro da Sveva que andei a ler, O Mister Gregory, o pára também é para, quando aparece uma frase com pára tenho que voltar a ler a frase porque para não faz sentido...raios.
E a propósito do livro, eu gostei, é uma história interessante...
"Aos 85 anos Gregory Caccialupi passa em revista uma vida intensa de contrariedades e vitórias. Para trás ficam as recordações de uma infância pobre na Itália dos anos 30 e uma decisão que mudou para sempre a sua vida - emigrar para a América em busca de um futuro melhor..."
Se é que já te "conheço" um bocadinho, acho que não vais gostar ou vais achar que é mais do mesmo...
Beijinho :)
*o assassino é o mordomo! (assobiando)
Pára! Pára para pensar! - Agora escreve-se: Para! Para para pensar!
ResponderEliminarParece um gago a falar.
Há uns tempos foram exibidos na TV 2 filmes baseados em obras da RR (depois saiu em DVD e acabei por comprar), mas acho que só li um livro dela.
Agora o que achei curioso, é que o tema não me é estranho, e acho que uma questão centrada num ninho de vespas (não de abelhas) é a base de uma das obras de Agatha Christie (não me recordo se o personagem era o Poirot ou a Marple, mas creio ser esta última).
Afinal encontrei. Chama-se mesmo Ninho de Vespas, e é uma das 1ªs obras de Agatha com Poirot
ResponderEliminarRealmente, não se pode dizer que a leitura esteja cara ! :)))
ResponderEliminar... e por falar nisso. Já não me lembro de comprar um livro ! :((
Já agora, espero pela feira do livro e vou lendo emprestado ! :))
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Tenho a certeza que foi a mulher, o que elas não fazem para nos ficarem com a herança! Beijocas!
ResponderEliminarGosto muito de ler policiais. Já li os livros todos de Agatha Christie!
ResponderEliminarBoas leituras e bons mistérios!
Creio já ter dito aqui que há muito não leio policiais, mas a sua "paixão" pela Ruth Rendell está a aguçar-me a curiosidade.
ResponderEliminarJá li dois livros escritos segundo o acordo ortográfico, MOYLITO, e não me fez confusão nenhuma, excepto exatamente nesse "pára" que virou "para". Tive de ler a frase duas ou três vezes até perceber... :)
ResponderEliminarDe qualquer das formas, podes crer que estes livros cheios de erros e gralhas custam muito mais a ler. São os verbos que não concordam com os predicados, erros ortográficos e coisas como se estar a falar de uma mulher e os adjetivos virem todos no masculino! Que nóia! :P
PATRICIA, fartei-me de comprar livros desta editora, nomeadamente os de Agatha Christie, e notava realmente umas gralhas. Mas nada que fosse assim tão anormal, afinal é relativamente frequente existir um erro ou outro. Mas agora está demais, a tua professora está carregada de razão! De algum modo, tira um certo prazer à leitura... :S
ResponderEliminarBeijocas!
Não queiras, MARIA, que se torna um bocado irritante ler livros assim. Era bom que existissem livros a bons preços, mas LEGÍVEIS!
ResponderEliminarAconteceu-me com um livro (nada barato e de uma editora melhor) chegar quase ao final e faltar um capítulo inteiro de páginas em branco. Reclamei, mas como não tinham o livro, trouxe outro da mesma escritora - Elizabeth George. Com tanto azar, que esse não o tinha, mas já mo tinham emprestado e já tinha lido em tempos... :S
Tal como já disse ao Moyle, esse "para" também já me confundiu, de resto não notei outras dificuldades na leitura... :)
É, esse da Sveva parece-me mesmo mais do mesmo. Mas se leres algum que gostes particularmente, sem ser nessa mesma onda, avisa-me, OK? :))
Mesmo assim, obrigada pela informação! :)
Beijocas!
Eheheh, VDEALMEIDA, aproveitei a tua indicação e fui espreitar o livro da tia Agatha, da qual sou fá incondicional desde a adolescência e tenho 38 livros duplos da coleção Vampiro Gigante, sendo esta de 40 (nunca consegui encontrar os que faltavam à venda). Então "Ninho de Vespas" é o segundo livro do nº 18 e é constituído por 17 contos que ela escreveu entre 1923 e 1940. Sendo "Ninho de Vespas" o título do primeiro conto, com apenas 9 páginas, que aproveitei para reler (comprei o livro em 1981 - anoto [quase] sempre a data da leitura)! :))
ResponderEliminarA história é do Poirot e não tem nada a ver com o enredo da Ruth Rendell, já agora!
Hei de espreitar na FNAC esse DVD, até porque estou a fazer anos e pode ser que convença alguém a oferecer-mo... :D
É raríssimo emprestar livros e também não os peço emprestados, RUI, depois de vários desaires. Abro duas ou três exceções! :)
ResponderEliminarMas leitura barata desta não compensa! :P
Beijocas!
São umas ambiciosas, e pérfidas, ainda por cima, RAUF! :))
ResponderEliminarSomos duas, GRAÇA! Tenho a coleção quase toda dos livros policiais dela, dois dos seus romances (menos bons), falta-me ler a sua auto-biografia. Mas como também não é género que goste por aí além, só ela fará com que o leia. ;)
ResponderEliminarAh, e as quatro histórias que me faltam nestes livros duplos policiais, suponho que as li em livros policiais de bolso, noutros tempos! :))
Boas leituras também para ti!
A paixão é relativamente recente, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, já tinha lido um livro ou outro dela, até que houve um que me cativou mais. E depois quando a procurei nas livrarias, não a encontrei, os livros dela estão (ou estavam esgotados). Daí ter comprado 6 de uma penada na Feira do Livro, devido ao preço baixo... Aliás, comprei 7, o outro é de outra editora (Círculo dos Leitores) e comprei também baratinho, em segunda mão... Daí também esta quantidade de livros dela no último ano. Agora, só falta um... :D
ResponderEliminarAchei muita piada ao teu comentário, Teté!
ResponderEliminarOs tarados ao verem o meu bichano à entrada do "ematejoca azul",
compreendem logo que a autora é uma mulher burguesa, que não vai lá muito com a "mènage à trois", mas que gosta de empregar esta expressão por ser muito usada na literatura alemã.
Este romance ainda não o li, mas tenho que ler "Lágrimas" desta mesma autora, até à próxima sexta-feira (encontro do Círculo Literário), dando depois a minha opinião.
Boa noite!
Já leste algum livro de Henning Mankell? Ontem comecei a ler “Sidetracked”. Creio que a fase dos policiais está a necessitar de uma pausa. À noite leio este e durante o dia (enquanto conduzo) oiço o “Unaccustomed earth” de Jhumpa Lahiri. Mas o que eu preciso mesmo é de uns dias na praia! : )
ResponderEliminarA expressão francesa é utilizada em todo o mundo, EMATEJOCA... :))
ResponderEliminarFalta-me ler um livro dela dos que comprei no ano passado, depois vou fazer uma pausa. Pelo menos, até ver se saem umas edições melhores! :D
ps - já tinha lido a tua resposta... ;)
Falta-me ler um, CATARINA, depois também vou fazer uma pausa nos policiais... :)
ResponderEliminar... e ler outros que aguardam a sua vez na estante! Já estive com um de Donna Léon na mão, mas resisti à tentação. Primeiro tenho de ler (pelo menos alguns dos) outros! :D
Também alinhava nessa de um bom dia de praia! :))