Sábado passado, vários amigos meus fizeram anos. Ou, melhor dizendo, uma das minhas quatro sobrinhas fez 17 anos, um amigo meu fez 48 e o outro completou meio século de existência!
Isto significa que passámos o dia a comer e a correr de um lado para o outro. O almoço, com a sobrinha e a família, consistiu em arroz de pato e salada de alface, mais uns aperitivozitos de ovos de codorniz, crepes de vegetais, guacamole, tiras de milho, cajus, amêndoas e amendoins salgados, sem contar com os doces. Discutiu-se então que seria engraçado darmos uma prenda conjunta ao “menino” de 50 anos, lá andámos a telefonar a uns e a outros para organizar quem contribuiria para esse presente colectivo, que até já decidiramos o que seria – um Ipod – em combinação com a mulher do aniversariante.
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Entretanto, tivémos de ir buscar o filhote à estação de comboio, que chegava por volta das 17 horas, com a malta alfacinha que participou no Festival do Secundário em Gouveia. Considero a Gare do Oriente uma obra arquitectónica lindíssima, mas aguardar lá pela chegada do “pouca terra” (que vinha com 54 minutos de atraso), já não tem grande graça, porque é muito desabrigada: mesmo em dias que só corre uma leve brisa parece que estamos no meio de um vendaval, em dias de vento a sensação é a de que aterrámos no centro de um ciclone.
Alguém imagina o que é um comboio cheio de adolescentes entre os 14 e os 19 anos, todos de mochilas às costas, porque na verdade eles foram acampar, e ainda entusiasmados com o evento? Vi um homem a sair da carruagem, com um ar absolutamente esgazeado! Pudera, três horas e oito minutos a vivenciar uma experiência das mais infernais...
O rapaz regressou da viagem ensonadíssimo (não percebo porquê...), porquíssimo (as unhas mais negras do que um cavador de batatas) e claro, esganado com fome, porque o dinheiro tinha acabado na véspera e ainda estava em jejum (não morreu por isso e foi útil porque, para a próxima, gere melhor a massa que leva no bolso).
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Por esta altura, informaram-nos que vários convivas do almoço apresentavam sinais de indigestão, enquanto aqui o parceiro já se tinha queixado de uma ligeira indisposição. Escusado será contar o filme que se seguiu, né?
Lá arranjei boleia para mim e para o filhote, enquanto a cara metade esperava que a indisposição passasse, ficando de ir ter connosco, caso melhorasse, o que se verificou mais tarde.
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Então o jantar - creme de legumes ou de marisco, medalhões de peixe guisado com arroz branco e cabrito assado com batatas e esparregado, pudim flan ou salada de frutas – decorreu em amena cavaqueira, como vem sendo hábito nestas festas.
Um antigo colega da primária apareceu já o jantar terminara, para abraçar o amigo, trazendo com ele a “namorada” (chamemos-lhe assim, para simplificar), ilustre desconhecida do resto do pessoal. E diz o fulano para rapariga: “Senta-te aí, Ana!” Ao que ela obedeceu, mesmo tendo em conta que o “aí” era um canto da mesa onde não estava ninguém, nem à frente, nem ao lado, com quem pudesse eventualmente trocar um sorrisinho circunstancial.
Conhecendo as cerca de 40 pessoas presentes à mesa, ele foi então cumprimentá-las uma a uma, mantendo com algumas pequenas conversas informais... Mas porque é que os homens são sempre iguais? Custava alguma coisa, pelo menos, apresentá-la à malta que estava mais próxima? Quando percorreu o circuito todo, ao sentar-se junto da jovem para aí uns 20 minutos depois, é que se lembrou: “Ah, é verdade, esta é a Ana!”
“Obrigada!”, agradecemos em uníssono, uma vez que já tinhamos tratado do assunto...
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Este é só o primeiro de quatro amigos que este ano completam meio século de existência! Nós, mulheres, somos todas muito, mas mesmo muito, mais novas (cof... cof...)!