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sexta-feira, junho 12, 2009

«Desemprego custou eleições a Sócrates»

Há uma relação directa entre as regiões do país onde o desemprego mais subiu e os concelhos onde o PS perdeu mais votos. (in TV)



Meus senhores é mesmo um problema.

Esse desemprego!

Com satisfação acolhemos

Toda oportunidade

De discutir a questão.

Quando queiram senhores!

A todo o momento!

Pois o desemprego é parar o povo

Um enfraquecimento.

Para nós é inexplicável
Tanto desemprego.
Algo realmente lamentável
Que só traz desassossego.
Mas não se deve na verdade
Dizer que é inexplicável
Pois pode ser fatal

Dificilmente nos pode trazer
A confiança das massas
Para nós imprescindíveis.
É preciso que nos deixem valer
Pois seria mais do que temível
Permitir ao caos vencer
Num tempo tão pouco esclarecido!
Algo assim não se pode conceber

Com esse desemprego!
Ou qual a sua opinião?
Só nos pode convir
Esta opinião: o problema
Assim como veio, deve sumir.
Mas a questão é: nosso desemprego
Não será solucionado
Enquanto os senhores não
Ficarem desempregados!


(BERTOLD BRECHT)

segunda-feira, maio 11, 2009

Rap da Globalização

Globalização



Nenhum sistema político é eterno
Nenhum é totalmente justo...é efémero
A cada dia que passa estamos mais longe
do capitalismo consumismo e imperialismo
cada dia que passa estamos mais longe
da desigualdade fome e tristeza
a cada dia que passa estamos mais perto
doutra coisa melhor de certeza
o capitalismo incita destrutivismo
o culto ao dinheiro poder fama e egoísmo
culto à porcaria ou festas de civismo
à corrupção para ter sucesso e dinamismo
campanhas de solidariedade para ter mediatismo
culto à ignorância para ter o monopolismo
que é dado pelos media com o todo cinismo
Agora expliquem-me como é que
no meio de tanta pluralidade de tanta cultura
de tanta identidade de tanta amargura
de tanta diferença económica de tanta diferença metódica
no meio de tanta e principalmente diferença social
querem globalizar tudo a uma escala Mundial?
Com globalização os países não se ajudam
aproximam-se para sugar e ver quanto facturam
A globalização é uma desunião disfarçada de união
onde somente o mais forte ganha vantagem
e o mais fraco é simplesmente deixado na margem
obrigando a ter falta de originalidade
fazer tudo o que o mais forte faz e sem capacidade
para pensar e agir em conformidade
com os seus interesses e do seu povo
que é sujeito a importar tudo o k é internacional
esquecendo se que o melhor e mais seguro é NACIONAL
perde-se assim autenticidade e patriotismo
ganha se falta de capacidade de pensar e consumismo
A globalização tem sido um avanço!
assim é nos apresentada
se um avanço e sermos todos iguais quero um recuo
e se não vier um recuo eu não vou ser mais um recluso
desta globalização que tem eliminado línguas
massacrado culturas atrasando a verdadeira meta
imposto uma única visão do mundo como correcta
Será que vou andar na rua e ver
pessoas a lutar para sobreviver
vitimas deste sistema que não tolera diferença
gera pobreza, massificaçao e alienação
ao império que nos leva à destruição




para ampliar carregue no cartoon

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Ana Gomes mais próxima do que nunca do primeiro, quase segunda!

Kaótica

PS

Ana Gomes espera abertura no Congresso do PS para ouvir vozes criticas



No congresso do PS, Ana Gomes espera que haja abertura para ouvir vozes criticas e ainda que considere que nesta altura é muito importante obter uma convergência de pontos de vista, confessa sentir-se cada vez mais próxima do primeiro-ministro, José Sócrates.


Oiça Ana Gomes dizê-lo por sua própria voz

Jornalista Teresa Dias Mendes ouviu a posição de Ana Gomes

A socialista Ana Gomes mantém o espírito crítico e noutras circunstâncias talvez tivesse contribuído para redigir uma moção política alternativa, mas a crise exige a todos um esforço de convergência.

Ana Gomes que não vai, portanto, levar nenhuma moção ao Congresso do PS, confessa cinco anos depois que está muito próxima de Sócrates.

«Isso resulta da avaliação positiva que faço globalmente da acção do Governo e das qualidades que vi o primeiro-ministro José Sócrates ter e das competências que vi crescer ao longo destes anos de governação», considera.

… (ler tudo)

A Ana Gomes é conhecida por ter uma postura crítica e exigente mas o seu medo de perder o emprego de deputada na união europeia é tão grande que não lhe resta senão pôr-se publicamente de cócoras diante do primeiro-ministro e passar-lhe a mão pelo pêlo. São posturas que se assumem nesta vida e é preciso não esquecer as contingências da crise. Segundo a própria, “a crise exige a todos um esforço de convergência.” Por isso Ana Gomes não hesita em convergir e promete ficar quieta, deixar a sua postura crítica e exigente de lado, não apresentar moções e deixar passar, que é o mesmo que se deixar ir. Diz que “está (agora) muito próxima de Sócrates” (note-se que não é uma questão de sentir que Sócrates cada vez se aproxima mais dos seus pontos de vista e das coisas que diz defender)…! Não! Ela é que deixou as suas convicções de parte, fintou os seus princípios e prefere seguir o líder e defender a organização incondicionalmente, leia-se defender o seu tacho ou fazer-se ao piso para outro ainda melhor. É o que todos da sua laia estão a fazer neste momento.

Eis a deixa para chegar mesmo ao elogio e à bajulação: “avaliação positiva global da acção do governo”! “as qualidades que vi o senhor primeiro-ministro José Sócrates ter e das competências que (lhe viu) crescer”!

Avaliação positiva, Ana Gomes? O modo como o país está a responder à crise é disso exemplo: como avaliarão este governo todos os desempregados deste país?

Qualidades do primeiro-ministro? – ser mentiroso compulsivo, e teimoso, e arrogante, e peixeira, e puta ofendida, e tratante, e falsário, e ter esperteza saloia, e ser fingido, e ser vaidoso, e ser convencido e ser vendido e falso à nação.

Competências sim: de ministro do ambiente a engenheiro de sanitários com diploma reconhecido pela Universidade Independente, isso sim, todos as vimos crescer e também às falcatruas.


Dedico este poema à Ana Gomes e ao José Sócrates

quinta-feira, novembro 06, 2008

Hino da Indignação Docente

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Marcha da Indignação, 8/Março

Conheci mais uma "colega" dos blogues, a Safira. Encontrei num dos blogues dela - que merecem ser visitados - este poema que dedico a todos os professores que continuam a lutar pela dignidade da sua profissão, pela escola pública portuguesa e pelo futuro dos seus alunos:

Professores de Portugal



Gente nobre e dedicada

Força fértil e vital

Desta Pátria sufocada

Acorrei todos à praça

Resgatar a Educação

Perdida na nevoaça

Do Outono da Nação

Está na hora de lutar

Com a nossa indignação

Está na hora de bradar

É preciso dizer NÃO

NÃO à condição servil

NÃO à vã mediocridade

NÃO à demissão de Abril

Aos chacais da liberdade

NÃO ao sonho amordaçado

NÃO ao silêncio da voz

NÃO à perda do legado

Da Escola de todos nós

Está na hora de lutar

Com a nossa indignação

Está na hora de bradar

É preciso dizer NÃO

Luís Costa

in ROSA AMARELA



sábado, outubro 18, 2008

«Migalhães»

' MIGALHÃES '

Lá vem com o Avelar
O filho do Zé João
Vem do centro escolar
Cansado de palmilhar
A caminho da povoação

Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem pitróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou

O seu pai foi para França
Trabalhar na construção
E a mãe desta criança
Trabalha na vizinhança
Lavando pratos e chão

Mas o puto vem contente
Com o 'Migalhães' na mão
E passa por toda a gente
Em alegria aparente
De quem já sabe a lição

Um senhor muito invulgar
Que chegou com mais senhores
Veio para visitar
O novo centro escolar
E dar os computadores
E lá vem o Joãozinho
No seu contínuo vaivém
Calcorreando o caminho
Desesperando sozinho
À espera da sua mãe

Neste país de papões
A troco de dois vinténs
Agravam-se as disfunções
O rico ganha milhões
E o pobre, 'Migalhães'!


(autoria desconhecida, recebido por mail)

segunda-feira, agosto 11, 2008

Maré de Poesia Brasileira

Image Hosted by ImageShack.us

Imagem daqui

isadora, aos 14 anos, hoje

Filha, omundoestádifícil, eu sei.
O teu anti-americanismo é justo
e compreensível, eu sei.
Há crianças morrendo de fome:
na África e nas Américas.
Também na Ásia
e nos bairros da periferia.
Vi as tuas lágrimas de revolta
quando os jornais
anunciaram os bilhões de dólares
que as guerras contra a humanidade
consumiram em 2003.
Por quê?, por quê?, por quê?,
indagavas.
Mas as minhas explicações
de nada adiantavam. Eu sei, eu sei.
Os pássaros azuis da madrugada
sonham com os teus sonhos
rebeldes.
E choram.
Eu sei:
há a poesia.
Mas para que serve a poesia
diante da miséria humana e social?
Há a beleza da vida.
Mas para que serve a beleza da vida
diante das impunidades e dos assassínios em massa?
Eu sei, eu sei:
omundoestámaiscrueldoquenunca,
e só tenho algumas auroras
prateadas pranteadas
para te oferecer de presente.

Moacy Cirne

(poema retirado daqui)




terça-feira, junho 03, 2008

Não Fiques aí Parado

Foto de Eduardo Gageiro

Nada é impossível de mudar, Bertold Brecht

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Dificuldade de Governar

1.

Todos os dias os ministros dizem ao povo

Como é difícil governar. Sem os ministros

O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.

Nem um pedaço de carvão sairia das minas

Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda

Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra

Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol

Sem a autorização do Führer?

Não é nada provável e se o fosse

Ele nasceria por certo fora do lugar.

2.

E também difícil, ao que nos é dito,

Dirigir uma fábrica. Sem o patrão

As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.

Se algures fizessem um arado

Ele nunca chegaria ao campo sem

As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,

De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que

Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3.

Se governar fosse fácil

Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.

Se o operário soubesse usar a sua máquina

E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas

Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.

E só porque toda a gente é tão estúpida

Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4.

Ou será que

Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira

São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

quinta-feira, outubro 04, 2007

Bárbara Barbárie

Imagem retirada daqui

Léo Ferré
BARBARIE

Dans la rue anonyme
Y'a partout des Jésus

Qui vont quêter leur dîme

Avec des yeux battus

Barbarie donne-lui quelques sous
Barbarie Ô cet air aigre-doux!

Barbarie après tout je m'en fous


Dans la rue où l'on pèche
Y'a des filles d'amour

Qui mettent leur chair fraîche

A l'étal des carrefours

Barbarie garde donc ton écu

Barbarie c'est toi qui l'as voulu

Barbarie le remède est connu


Dans la rue à nausée

Y'avait un assassin

Qui donna la saignée

Au galant pèlerin


Barbarie ce fut accidentel

Barbarie en sortant de l'hôtel

Barbarie le péché fut mortel


Dans la rue infernale

Qui nous mène au sapin
Lave ton linge sale

Mais prends garde aux pépins


Barbarie si tu veux de l'amour

Barbarie méfie-toi des discours

Barbarie le bonheur est si court

Barbarie...

Barbarie...

sexta-feira, setembro 28, 2007

Uma estrada e sua poeira...








A Pasta (poema corrupto)

Por Rinaldo de Fernandes


Uma estrada cabe

dentro de minha pasta.

Uma estrada e sua poeira.


Um edifício fino

Um educandário

três pontes

mil touros

dormem em minha pasta.


De asas estou largo:

comprei a pasta

porque nela um importado parou

que me dará férias ao avião.


Encerrei na pasta

uma fauna e uma flora:

basta abrir o zíper

e um papagaio alarda anedotas,

um canário coça-me os ouvidos,

uma andiroba atira-me um galho...


Eu como florestas,

eu bebo andorinhas.


Almoço de folhas,

sobremesa de penas.


Cabe não perder a pasta

(como certos peixes)

nos remansos de meus sábados.


sexta-feira, setembro 14, 2007

A Escola do sonho da vida da poesia

Outra Margem

E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?

Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.

Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?

Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.

E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.

Maria Rosa Colaço
(poema musicado pelos Trovante no álbum «Baile no Bosque», 1981)


Este foi o primeiro poema que dei aos meus alunos do 7º. ano, na minha primeira aula, no primeiro ano que dei aulas, há mais de uma década, algures nos Açores. Deixo aqui esta homenagem a todos os meninos que hoje começam o ano lectivo. Espero que encontrem lá uma réstea do sonho da vida da poesia... e não apenas computadores!

sexta-feira, setembro 07, 2007

A Corrente da Amizade

A Corrente da Amizade consiste em que cada pessoa escolhida indique mais dez blogues com o objectivo de agradecer a gentileza que tiveram de compartilhar connosco as suas artes, pensamentos e um pouco da sua vida. Depois de escolhidos os participantes, devemos fazer uma visita ao blog de cada um e deixar um comentário avisando da corrente. Aqui ficam 10 blogues de amigos bem queridos :

O Wehavekaosinthegarden primeiro porque considero o Kaos genial por tudo e mais alguma coisa.

O “Outminder” porque o Outsider apesar de andar ausente foi durante muito tempo um visitante assíduo do Pafúncio e uma excelente pessoa que nem mesmo na sua ausência deixou de dar o seu apoio num momento bem difícil da minha vida pessoal;

O “As Vicentinas de Bragança” porque o Arrebenta é para mim uma espécie de guru da blogosfera e porque as nossas intuições face à realidade são irmãs gémeas completamente desprovidas de uma moral cristã hipócrita e causadora de muitos dos males da nação (ex: parece que o António Calvário é bicha -- frase emblemática que traduz toda a realidade portuguesa). Além disso partilhamos uma paixão comum: Fernando Pessoa;

O Que Conversa! porque a Renda de Bilros é uma doçura de pessoa, que escreve poemas que eu gosto e uma excelente colaboradora no Conto Livre. Além disso tem uma paciência infinita para visitar o Pafúncio mesmo quando este anda desinspirado;

O Rei dos Leittões porque o João Rato é um amigo sempre presente e também encontrámos uma paixão comum que evocamos a toda a hora: José Mário Branco;

O A Sinistra Ministra porque a Moriae é uma amiga sempre pronta a ir à luta;

O Florzinha de Estufa porque a TC é uma amiga de peso que tem o dom de fazer florir tudo à sua volta e de tornar a blogosfera num lugar mais colorido e perfumado onde é possível apaziguar as almas cansadas de tantas politiquices e trafulhices;

O Oficina Cultural porque o Luiz Carlos Reis (saravá, Luiz Carlos!) tem muito bom gosto e sabe ser aquele amigo silencioso de quem não precisamos de muitas palavras para sabermos que está presente;

O A Braganzónia, porque a Porca da Vila também aparece sempre quando é preciso receber algum alento para continuar;

O Apanha Moscas porque o Luikki é daquelas pessoas que não papam grupos e que certamente não arredam pé quando for mesmo preciso dar a cara e ir à luta.

E cedi a esta corrente (ÚLTIMA VEZ!) porque acredito que é possível conservar um amigo no coração toda a vida mesmo sem o ver ou mesmo conhecer pessoalmente;

Porque acredito que há cumplicidades preciosas do outro lado do mundo que nunca nos chegam a olhar nos olhos, a todo este cordão da amizade dedico um poema de um amigo muito querido que nunca conheci: o Chico Buarque.

Cordão

Ninguém
Ninguém vai me segurar
Ninguém há de me fechar
As portas do coração
Ninguém
Ninguém vai me sujeitar
A trancar no peito a minha paixão

Eu não
Eu não vou desesperar
Eu não vou renunciar
Fugir
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir

Ninguém
Ninguém vai me ver sofrer
Ninguém vai me surpreender
Na noite da solidão
Pois quem
Tiver nada pra perder
Vai formar comigo o imenso cordão

E então
Quero ver o vendaval
Quero ver o carnaval
Sair
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder seguir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir

terça-feira, setembro 04, 2007

Prémio Blog Solidário e um poema

Imagem retirada daqui

Dedico este poema ao João Rato

do blog Rei dos Leittões

que tão amavelmente atribuiu ao Pafúncio

o título honorífico de

Blog Solidário

Ser Solidário - José Mário Branco

Ser solidário assim pr’além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz

De como aqui chegar não é mister
Contar o que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção

Ser solidário assim tão longe e perto
No coração de mim por mim aberto
Amando a inquietação que permanece
Pr’além da inquietação que me apetece

De como aqui chegar nada direi
Senão que tu já sentes o que eu sei
Apenas o momento do teu sonho
No amor intemporal que nos proponho

Ser solidário sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime

De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu te daria
No ventre das canções sabedoria

segunda-feira, maio 07, 2007

Inspiração publicitária de Domingo às tantas

Posted by Picasa
Trimtrim trimtrim trimtrim pela casa fora
três jovens vieram de putas parar aqui
estarei a sonhar?
não, o cabrão do trim trim ainda está a tocar
atendo ou fodem-me direitas a mim?
o melhor é atender o telefone para descontrair
.
Tenho a impressão que dentro em breve as acompanhantes
virão mesmo incluídas no preço das chamadas para todas a s redes
mas as facturas prometem ser discretas
e sua mulher não vai nunca saber de tal coisa
a não ser que acorde com o trimtrim trimtrim trimtrim
.
E o senhog, senhog engenheigo, não atende esses telefones?
Publicidade enganosa? Virão três por cada um
que comprar três telemóveis
sonsas, delambidas e bem putas
.
como foge, o senhor! Às três, para o acordar
foi naquela noite, senhog engenheigo que tem um aganhão na caga
trimtrim trimtrim trimtrim pela casa fora na noite de insónia,
.
o telefone a tocar e o aganhão na caga, senhor doutog engenheigo, e o aganhão?
Duas no cu e três na peida
.
Trimtrim trimtrim trimtrim, senhor engenheigo

sexta-feira, abril 20, 2007

O que cabe e o que não cabe num poema


NÃO HÁ VAGAS

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás,
a luz, o telefone,
a sonegação
do leite
da carne,
do pão.


O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome,
sua vida fechada
em arquivos.

Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.

-----

Porque o poema senhores,
está fechado:
"não há vagas".

Só cabe no poema
o homem sem estômago,
a mulher de nuvens,
a fruta sem preço.
O poema senhores,
não fede,
nem cheira.

Ferreira Gullar
(página oficial)

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