O CORDEL COMO MÍDIA ALTERNATIVA EM PROGRAMAS DE
SAÚDE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Paulo Roxo Barja (UNIVAP)
Resumo: Em campanhas de educação ambiental, como em programas de prevenção a doenças e promoção à saúde, o sucesso da iniciativa depende da eficácia da comunicação. A linguagem utilizada deve ser de fácil compreensão, permitindo comunicação direta. Para despertar a atenção e suscitar o envolvimento das pessoas, a forma de apresentação também deve ser atraente. Neste contexto, o formato da literatura de cordel pode ser explorado. A métrica, o ritmo, as rimas e o fato de ser lido em voz alta (ou cantado) contribuem naturalmente para a fixação dos tópicos abordados. Neste trabalho, apresentaremos folhetos de cordel desenvolvidos na Universidade do Vale do Paraíba a partir de temas estratégicos, tanto em ações de promoção à saúde (como no caso do folheto “O Dentista Repentista”) como no que se refere a ações de conscientização ambiental (caso do cordel “Plantação de Passarinhos”).
Palavras-chave: cordel, folheto, meio ambiente, saúde
Abstract: in campaigns of environmental education, as well as in programs of prevention of diseases and health promotion, the success of the initiative depends on the effectiveness of communication. The language used should be easily understood, allowing direct communication. To attract attention and arouse people's involvement, the form of presentation should also be attractive. In this context, the format of the so-called colportage (cordel) literature can be exploited. The meter, rhythm, rhymes and the fact of being read aloud (or sung) naturally contribute to the setting of the topics covered. In this paper, we present cordel pamphlets developed at the University of Vale do Paraiba from strategic issues, both in actions of health promotion (as in the leaflet "O Dentista Repentista") and in environmental awareness (case of the leaflet "Plantação de Passarinhos").
Keywords: colportage literature, pamphlets, environment, health
INTRODUÇÃO
Freqüentemente (e principalmente no Brasil), a chamada literatura de cordel é definida como “uma forma de poesia popular” (WIKIPEDIA, 2010). No entanto, um olhar mais amplo, sob perspectiva histórica, revela que o cordel é mais que uma forma literária, configurando-se na verdade como um modo de apresentação de textos de estilos diversos. Comparando a produção de cordéis na França, na Espanha, em Portugal e no Brasil, Pellegrini Filho mostra que, se no Brasil predomina a forma poética, nos demais países a presença de textos em prosa é acentuada (PELLEGRINI FILHO, 2010). Mesmo em nosso país, é possível encontrar exemplos de folhetos em prosa (em geral contendo receitas ou simpatias populares) ou até mesmo coletâneas de ilustrações (como Rasto das Histórias, publicado pelo mestre Dila em 1973).
A unidade, portanto, não está no estilo, e sim no fato de que o cordel representa uma vertente de arte popular que poderia ser descrita como “literatura de rua”. Como se sabe, o termo “cordel” designa os folhetos pendurados em barbantes em Portugal, e o termo francês “colportage” significa “carregado no pescoço”, referindo-se aos tabuleiros presos ao pescoço em que eram carregados os exemplares pelos vendedores na França. Ainda hoje, no Brasil, as feiras públicas nordestinas são o local por excelência onde se encontra farta literatura de cordel. Assim, os folhetos representam uma ponte entre a tradição oral e a literatura em sua forma mais convencional, a dos livros. Isso transparece inclusive na forma por excelência de divulgação dos textos dos folhetos no Brasil: através da leitura em voz alta.
De origem medieval, e tendo chegado ao Brasil no século XIX, no Nordeste brasileiro o cordel rapidamente se firmou como uma fonte importante de informação e cultura, com alguns folhetos chegando a atingir tiragens impressionantes em meados do século XX (época áurea do cordel), como no caso do folheto “A Morte do Presidente Getúlio Vargas” (1954), de Delarme Monteiro da Silva, que ainda no ano de lançamento ultrapassou a marca de 100 mil exemplares.
Conforme Betioli (2010), a propagação oral das histórias, paralelamente à circulação dos folhetos, estimulou o processo de auto-alfabetização de muitos brasileiros sem estudo formal.
A partir do início dos anos 80, em decorrência das crises econômicas, os folhetos de cordel no Brasil experimentaram um significativo decréscimo nas vendas. Paradoxalmente, no entanto, verificou-se nessa época o surgimento do interesse acadêmico pelo estudo da literatura de cordel, com diversas dissertações e teses surgindo sobre o tema no Brasil. A relevância do cordel brasileiro como mídia alternativa ultrapassou fronteiras, seduzindo inclusive pesquisadores estrangeiros como o holandês Joseph Luyten e o americano Mark Currain, que diz ter aprendido História do Brasil através dos folhetos (CURRAIN, 2001).
Mais de cem anos após os primeiros folhetos do mestre Leandro Gomes de Barros, a produção cordelística brasileira segue firme e forte, com folhetos publicados artesanalmente ou por editoras tradicionais como a Luzeiro sendo encontrados lado a lado com produções de editoras novas como a Tupynanquim, cujo editor, Antonio Klevisson Viana, é ele próprio autor de mais de 100 folhetos.
Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivos: i) apresentar os folhetos de cordel como recurso pedagógico efetivo e de baixo custo em programas educativos e campanhas voltadas às áreas de Meio Ambiente e Saúde, entre outras; ii) relatar a experiência em andamento em São José dos Campos, com a criação de folhetos voltados para ações de promoção à saúde e conscientização ambiental.
OS CORDÉIS COMO RECURSO PEDAGÓGICO
Além dos folhetos impressos, temos hoje a proliferação via internet das formas poéticas associadas à literatura de cordel, com interesse não apenas literário ou artístico: o cordel passa a ser utilizado como recurso pedagógico efetivo, dentro e fora da sala de aula (DINIZ, 2009). É interessante destacar que esta iniciativa engloba diferentes disciplinas, às vezes dentro de um mesmo folheto, permitindo uma abordagem multidisciplinar dos textos.
No ensino de Matemática, são diversos os trabalhos envolvendo o uso do cordel, como é o caso dos folhetos “A Matemática em cordel”, de Pedro Costa, e "Breve histórico do ensino matemático no Brasil", de Luiz Alves da Silva. Em Recife, Ernane Muniz tem um trabalho consistente de adoção do cordel no ensino da Matemática; diversos de seus textos e listas de exercícios podem ser encontrados no blog “Matemática em Cordel” (MUNIZ, 2010).
No estudo da Língua Portuguesa, merece destaque o trabalho do cordelista paraibano Janduhi Dantas, cujo livro “A Gramática no Cordel” (2004), inteiramente escrito na tradicional forma das sextilhas, foi adotado como material paradidático por diversos professores desde seu lançamento (NÓBREGA, 2008).
A maior parte das atividades envolvendo o uso do cordel brasileiro com fins pedagógicos ocorre na região Nordeste - o que é natural, tendo em vista que a produção nacional de folhetos, desde o final do século XIX, concentra-se nesta região (com destaque para Ceará e Paraíba). No entanto, aos poucos o próprio fenômeno migratório se encarregou de propagar naturalmente a cultura dos folhetos por todo o território nacional. Deste modo, o cordel vem se fortalecendo como mídia alternativa em propostas educacionais desenvolvidas em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. O sucesso das iniciativas de autores como César Obeid e Edmilson Santini aponta para um caminho que ultrapassa fronteiras: a fusão entre a arte dos cordéis e a comunicação dos mestres/artistas, proporcionando uma experiência cultural enriquecedora principalmente para crianças e jovens.
Assim como nas disciplinas tradicionais do currículo escolar, o cordel também surge como mídia alternativa para ações educativas tanto na área da Saúde quanto em Educação Ambiental, como veremos a seguir.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ao propor a utilização da literatura de cordel em ações voltadas à conscientização ambiental, vislumbramos duas possíveis formas de trabalho: além da produção e divulgação de folhetos criados para tratar de temas específicos, pode-se pesquisar material já publicado e propor uma leitura analítica desses textos.
TRADIÇÃO - No que se refere à proposta de trabalhar com folhetos antigos, deve-se prestar tributo ao grande Leandro Gomes de Barros, nome maior da história do cordel no Brasil. No folheto “A Seca do Ceará”, ainda na virada do século XIX para o século XX, este autor já comentava as agruras da seca nordestina.
Depois dele, vários outros cordelistas tradicionais trataram de problemas ambientais, ainda que em geral falando sobre a seca e as enchentes. Embora estes sejam mais “folhetos noticiosos” do que propriamente educativos, é possível extrair destas obras informações importantes até no que se refere à contextualização histórico-geográfica dos fatos. Citemos alguns exemplos.
No folheto “A Seca Devoradora e o Pranto dos Sertanejos”, de Joaquim Batista de Sena, o autor comenta que a seca no Ceará parecia afetar mais as pessoas do que animais (“Secou tudo: só tem verde/ Papagaio e periquito”). Em “Catástrofe do Nordeste”, publicado no Rio de Janeiro por Manoel Domingues Ferreira, o autor fala sobre as enchentes que afetaram principalmente o rio Jaguaribe, mencionando o trabalho necessário “dos técnicos da Engenharia”, observando em Orós “O paredão do açude/ Já no ponto de cair”. Pouco depois, os autores Rodolfo Cavalcante e Abdias Soares lamentam, no folheto “O Clamor das Enchentes do Ceará e as Inundações na Bahia”, que no dia 25 de março de 1960 o açude ruiu pelo excesso das águas.
Em trabalho com estudantes, os relatos destes cordéis podem servir de ponto de partida para a discussão de diversos problemas ambientais (e mesmo de engenharia), com os alunos sendo estimulados a pesquisar em outras fontes (como a internet) a ocorrência dos fenômenos relatados no cordel.
No cordel “O Inverno de 1974 e os Sinais dos Fins dos Tempos”, que fala sobre enchentes, Abraão Batista levanta a questão da falta de planejamento habitacional, com as casas feitas "em péssimas localidades", "à beira dos rios". O autor comenta que se estas habitações tivessem sido construídas em outros locais, "Pelas águas da correnteza/ Não seriam tão destruídas".
Ainda no rol dos trabalhos sobre catástrofes naturais, “As Grandes Enchentes do Rio de Janeiro” (1971), folheto de José João dos Santos (o "Azulão"), alerta a população quanto à vacinação necessária para evitar “tifo e epidemia”. Diz o autor: “Nos postos e hospitais/ Se acha grande quantia/ De vacina anti-tetânica/ Que se aplica todo dia”.
CRIAÇÃO - Passando para os textos de cordel criados especificamente para discutir questões ambientais, podemos citar o trabalho “Aquecimento global não dá rima com legal”, de César Obeid (2008), assim como “Oswaldo Cruz, entre a febre e a espada”, de Edmilson Santini – este último, publicado no livro “Cordel & Ciência - A Ciência em versos populares” (MOREIRA; MASSARANI; ALMEIDA, 2005), coletânea que inclui diversos cordéis voltados para temas de Saúde e de Meio Ambiente. Os poetas Raimundo Santa Helena, Manoel Monteiro e Gonçalo Ferreira da Silva também marcam presença neste trabalho, mostrando o potencial do cordel como forma alternativa de se tratar de temas como a preservação ambiental e “O Poder das Plantas na Cura das Doenças” (folheto de Manoel Monteiro), entre outros. Os organizadores desta coletânea, publicada em 2005, afirmam na introdução do livro sua expectativa de que o trabalho estimule “o uso mais amplo de formas alternativas de popularização da ciência”.
SAÚDE
Na área da Saúde (principalmente quando se pensa em Saúde Pública), a transmissão de informações requer uma comunicação direta, acessível ao grande público. A forma de apresentação deve ser atraente para chamar a atenção e envolver as pessoas, e o uso coordenado de diferentes formas de comunicação pode ser estratégico.
A literatura de cordel satisfaz plenamente estes requisitos: é direta e acessível, atraente (com o formato poético inclusive facilitando a memorização das informações) e combina o texto escrito com a difusão oral. Assim, é natural constatar a multiplicidade de iniciativas de sucesso envolvendo a literatura de cordel em ações voltadas para a promoção da Saúde.
A atuação de cordelistas brasileiros nesse contexto é bastante expressiva, com folhetos sobre diferentes temas como doenças sexualmente transmissíveis, males do alcoolismo e tabagismo, entre outros. Destacamos o trabalho de Raimundo Santa Helena, nordestino radicado no Rio de Janeiro, que possui vários cordéis sobre temas ligados à Saúde.
O médico e escritor pernambucano Wilson Freire, que tem pesquisado extensivamente o emprego do cordel como mídia alternativa em campanhas de saúde pública (FREIRE, 2004; FREIRE, 2006), lançou em 2002 o livro “A Literatura de Cordel como Mensageira da Medicina Preventiva”, em que divulga diversos folhetos e autores voltados a esta temática (FREIRE, 2002). Saúde Materno-Infantil, Doenças Infecciosas e Parasitárias, Doenças Crônicas, Fitoterapia e Auto-medicação são alguns dos tópicos abordados pelos cordéis coletados por Freire, num trabalho criterioso que serve ao mesmo tempo de base e incentivo para a concretização de iniciativas semelhantes.
Também na área da Odontologia o cordel tem sido empregado recentemente. Podemos citar o trabalho desenvolvido pelas professoras Daniela Pessoa e Shierlene Medeiros junto aos alunos de Odontologia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), voltado à utilização do cordel como recurso pedagógico nesta área (SOUZA et al, 2010).
Em 2006, o I Encontro de Experiências Exitosas em Saúde da Família premiou o médico cearense José Sávio Teixeira Pinheiro pelo projeto “Receitando o Cordel na Saúde Coletiva”, em que os folhetos escritos pelo próprio médico são utilizados como forma pedagógica para a conscientização da população de Cariús (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Pesquisando a internet, é possível encontrar diversos exemplos adicionais de trabalhos em que as formas poéticas do cordel são empregadas para conscientizar a população a respeito de doenças, medidas preventivas e de profilaxia. É o caso, por exemplo, de “Amor sem DST-AIDS”, de Herculano Duarte (2010), em que o autor se preocupa em deixar clara a importância do uso do preservativo.
Analisando folhetos produzidos especificamente sobre o tema da AIDS, Pagliuca e colaboradores destacam o cordel como ferramenta eficaz de comunicação para promoção à saúde (PAGLIUCA et al, 2007). Segundo estes autores, as estratégias de prevenção à AIDS deveriam levar em conta os ambientes sócio-culturais onde se verifica o comportamento de risco, sendo o cordel uma alternativa interessante neste contexto.
Lembramos ainda que, freqüentemente, saúde e meio ambiente estão correlacionados, o que aparece em produções como “O Cordel Contra a Dengue”, de Tárcio Costa (2010). Embora o próprio título do texto indique a preocupação com uma doença, uma leitura atenta permite verificar que o enfoque dado pelo autor é principalmente o de cuidar do ambiente para evitar a propagação do mosquito transmissor.
Por fim, não podemos deixar de citar uma iniciativa recente que consideramos da maior relevância: o Auto da Camisinha. Após ter sido levado aos palcos (e ruas) por mais de 30 companhias teatrais apenas no Ceará, o texto escrito pelo cordelista José Mapurunga acaba de virar um filme que, assim como a peça, já está sendo veiculado em países onde a incidência de AIDS é grave, como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste.
OS “FOLHETOS JOSEENSES” NAS ÁREAS DE MEIO AMBIENTE E SAÚDE
Em 2008, iniciamos a produção artesanal de folhetos de cordel em São José dos Campos. A ideia era criar textos curtos e simples, com potencial para envolver o público infantil. “História do País do Sonho”, o primeiro folheto produzido, era simples até na forma: composto em quadras, tratava-se de uma história curta ligada à educação ambiental para crianças. Neste cordel, um príncipe abandona seu reino ao descobrir “terras de sonho” em que havia inúmeras riquezas, mas faltava água. Naturalmente, o príncipe não demora muito a perceber a importância da água, e acaba voltando para seu reino.
Outro folheto produzido, “História de Natal”, reconta a história de Jesus, Maria e José, contextualizando-a na região do Vale do Paraíba e trazendo à tona questões como os problemas do serviço público de saúde. O cordel “Jesus Pregado”, composto em décimas, fala sobre um tipo bastante peculiar de poluição sonora: aquela causada por pessoas que, em praça pública, proclamam em alto tom de voz suas crenças religiosas, sem se preocupar com o fato de que podem estar incomodando o próximo.
Já em 2009, na disciplina de Metodologia Científica para alunos de graduação em Odontologia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), para o projeto final da disciplina cada grupo de trabalho deveria escolher um tema e uma forma de apresentação (embora todos também devessem entregar um projeto em formato padrão). Partindo do interesse demonstrado por vários alunos em desenvolver trabalhos de conscientização na área de Saúde Pública, propusemos a um dos grupos a elaboração de um cordel contendo orientações para saúde bucal, o que foi prontamente aceito.
Do trabalho deste grupo de alunos da UNIVAP surgiu o cordel-repente “O dentista repentista” (Figura 1), que teve uma versão cantada preparada pelos próprios alunos para apresentação na Jornada Odontológica da UNIVAP, realizada no final de 2009.
Figura 1 – Capa do Cordel “O Dentista Repentista”, desenvolvido no segundo semestre de 2009 por alunos de graduação em Odontologia da UNIVAP, em São José dos Campos (capa de Isabel Marques Barja).
No encerramento do ano letivo de 2009, a partir de um pronunciamento do reitor da UNIVAP, foi produzido o folheto “Plantação de Passarinhos” (Figura 2), que apresenta a proposta de se plantar árvores frutíferas para atrair pássaros. Para a elaboração do cordel, foi feita uma pesquisa sobre diversos pássaros e seus respectivos hábitos alimentares, de modo que o leitor/ouvinte pudesse aprender como realizar este “cultivo natural de passarinhos”.
Figura 2 – Capa do Cordel “Plantação de Passarinhos”, desenvolvido no início de 2010 (capa de Frederico Lencioni Neto).
Foram elaborados também, até o momento, dois folhetos com adivinhas, voltados para público infantil: “De que bicho estou falando?” e “Adivinhas”. Enquanto o primeiro apresenta características de animais de diferentes partes do mundo, o segundo fala sobre partes do corpo e tipos de alimento “natural, de preferência,/ pra ser melhor o sustento,/ pois a comida enlatada/ é sem graça, eu não agüento”.
CONCLUSÃO
A diversidade e qualidade das iniciativas brasileiras de uso do cordel como mídia alternativa em ações de promoção à saúde e ao meio ambiente atestam a viabilidade e o sucesso dos folhetos como recurso pedagógico. Dado o baixo custo e o amplo alcance deste tipo de iniciativa, vislumbramos potencial para ações semelhantes nos demais países da América Latina, onde os cordéis circulam sob a denominação de “corrido” (ou, na Argentina, “pliegos sueltos”).
A boa receptividade encontrada para os “folhetos joseenses” no Vale do Paraíba nos estimula a continuar e ampliar este tipo de experiência. Próximos passos incluem o envolvimento no projeto de mais alunos de graduação na área da Saúde, para auxiliar na seleção de temas estratégicos e mesmo na produção de novos folhetos.
AGRADECIMENTOS
Aos diversos parceiros em cordéis: Léo e Gabriel, alunos da Odontologia/Univap, pela “parceria odontológica”; Frederico Lencioni Neto e Isabel Barja, pelas capas mostradas nesse artigo; Roberto Bello, por propiciar o mergulho nas águas profundas e férteis dos cordéis brasileiros dos anos 60 e 70; aos professores Baptista Gargione Filho, reitor da UNIVAP, e Sandra M. F. Costa, diretora do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento da UNIVAP, pelo apoio; a todos os leitores e incentivadores dos “cordéis joseenses”.
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