Como todos os anos, duas vezes, muda a hora. Uma vez para trás, outra vez para a frente. A primeira vez em França aconteceu em 1976. E em 2021 devia ser a última vez. Mas parece que irá continuar até um acordo entre os países.
Hoje mudou a hora e as 17 horas já estava a anoitecer. Os dias ficaram ainda mais curtos, menos luz, menos sol. Está bom para hibernar. Com o frio, a chuva, a neve e o gelo a chegar estamos a caminho de muitos dias em casa.
Com este mau tempo, penso nos sem-abrigos, sem tecto, sem aquecimento, na rua, num banco público, debaixo dum caixote de papelão para se abrigar, sem comida, sem condições sanitárias, sem nada. Pessoas como nós, sem ter o mínimo para poder viver com dignidade. E o lado disso vejo leis para proteger os animais, o que acho muito bem; mas deveriam se preocupar mais com as pessoas com poucos recursos, idosos, sem emprego, doentes, mulheres criando sozinha os filhos, precários, educação, saúde, habitação com condições.
Precisando de ajudas do estado para sobreviver, precisando do trabalho precário, aceitam tudo sem criticar, não dizem não. Não podem dizer "não". Mesmo se o mínimo que recebem não chega, sempre é melhor que nada.
Só que não deveria assim ser; é intolerável aceitar ser remuneradas com migalhas.
E o lado disso pessoas recebem milhões.
Dois "mundos" diferentes coabitam neste país.