Naquele dia de outubro cinzento decidi ir visitar minha mãe. O tempo não estava muito bom para aproveitar o sol à beira mar. Fui de autocarro, fica a 10 km da Nazaré. Quando cheguei fui em primeiro em direção ao cemitério visitar meu paizinho. Ele se foi em março de 2019 mas sua ausência ainda é muito grande e falar dele é ainda muito doloroso.
Depois passei toda a tarde com a minha mãe. Conseguimos conversar sem nos chatear. Conversar da vida, da família e outras coisas. O dia não estava quente. Acendi uma fogueira na lareira como meu pai me tinha ensinado com uma pinhoca. Ela tomou um cafezinho com um bolinho. O lume crepitava, iluminava a peça e nos aquecia. No fim do dia, quando a noite já começava a cair, tive de ir embora, apanhar o autocarro. Quando sai a chuva caia e o vento tinha-se levantado. Cheguei à paragem do autocarro toda molhada dos pés à cabeça. No chão onde metia os pés era só poças de água. O abrigo onde esperava o autocarro não abrigava nada. Entrava chuva de todos os lados com a ajuda do vento. Fazia de noite e naquela paragem não havia nenhuma luz. Quando vi aparecer o autocarro ao longe, já com 30 minutos de atraso, fiz-lhe grandes sinais da mão. Ele vinha muito depressa, quando me viu começou a travar, viu que não iria conseguir parar, acelerou e desapareceu. O vi ir sem parar, me deixou ali naquele abrigo que não abrigava. Estava ali a chuva, ao vento, ao frio e toda encharcada. A 500 metros dali havia um supermercado, fui até lá para pensar no que fazer. Até meu telemóvel estava sem rede. Ali bebi um café e sentei-me. Depois consegui encontrar um número de táxi da Nazaré. Só esperei o tempo necessário para ele fazer a deslocação da Nazaré.
São dias assim que ficam a ser dias inesquecíveis.