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Os Daupiás
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Em 1755, o Marquês de Pombal, «o Bismark português, depois de torcido o pescoço à Companhia de Jesus, entendeu reformar a sociedade por meio da mais profunda revolução que homem algum ousou jamais impor a um país. (...) Para uma tal construção faltavam na sociedade portuguesa todos os materiais. Pombal preocupou-se pouco com a resolução desta pequena dificuldade (...) importou do estrangeiro o que não tínhamos em casa. (...) Precisávamos primeiro que tudo, de ideias. Mandou-as vir. E chegaram, para resolver as questões coloniais do Brasil, Vellasco e Brunelli, e para fundar o ensino chegaram Cecchi, Vandelli Birmingham, Tallier e vários outros. Não tínhamos comércio criaram-se as Companhias dos Vinhos, do Grão-Pará, do Maranhão, etc. Não tínhamos pão: arrancaram-se as vinhas e plantaram-se cearas nos mateiros do Tejo e do Mondego.Não tínhamos industria: mandaram-se vir de fora industriais: os Vanzeller, os Bon, os Polyart, os Georges, os Crammer, os Lecussen Verdier, os Mathevon de Curnieu, os Roland, os Simion, os Borel, os Bertrands, e, finalmente, o mais ilustre de todos, Jacome Ratton, de cuja família, aliada aos Daupias, o visconde Daupias é hoje o descendente e o representante na sociedade de Lisboa. (...)A maior parte das famílias (...) que o ministro e D. José atraiu ao nosso conflito industrial vingaram, constituíram verdadeiras dinastias burguesas e fundaram consideráveis exemplos de iniciativa, de trabalho inteligente, de probidade inexcedível, de dignidade perfeita e absoluta. (algumas destas famílias ainda hoje perduram) Deve-se-lhes inteiramente a criação da nossa industria fabril, e pela comunicação das ideias da Revolução Francesa, de que alguns deles foram os portadores e protagonistas, como Ratton, Verdier e Curnieu deve-se-lhes também em grande parte o fermento democrático de 1820. O visconde Daupias é como dissemos o descendente e o representante de Jacome Ratton. Poderíamos acrescentar que é o continuador da sua obra».
Em 1755, o Marquês de Pombal, «o Bismark português, depois de torcido o pescoço à Companhia de Jesus, entendeu reformar a sociedade por meio da mais profunda revolução que homem algum ousou jamais impor a um país. (...) Para uma tal construção faltavam na sociedade portuguesa todos os materiais. Pombal preocupou-se pouco com a resolução desta pequena dificuldade (...) importou do estrangeiro o que não tínhamos em casa. (...) Precisávamos primeiro que tudo, de ideias. Mandou-as vir. E chegaram, para resolver as questões coloniais do Brasil, Vellasco e Brunelli, e para fundar o ensino chegaram Cecchi, Vandelli Birmingham, Tallier e vários outros. Não tínhamos comércio criaram-se as Companhias dos Vinhos, do Grão-Pará, do Maranhão, etc. Não tínhamos pão: arrancaram-se as vinhas e plantaram-se cearas nos mateiros do Tejo e do Mondego.Não tínhamos industria: mandaram-se vir de fora industriais: os Vanzeller, os Bon, os Polyart, os Georges, os Crammer, os Lecussen Verdier, os Mathevon de Curnieu, os Roland, os Simion, os Borel, os Bertrands, e, finalmente, o mais ilustre de todos, Jacome Ratton, de cuja família, aliada aos Daupias, o visconde Daupias é hoje o descendente e o representante na sociedade de Lisboa. (...)A maior parte das famílias (...) que o ministro e D. José atraiu ao nosso conflito industrial vingaram, constituíram verdadeiras dinastias burguesas e fundaram consideráveis exemplos de iniciativa, de trabalho inteligente, de probidade inexcedível, de dignidade perfeita e absoluta. (algumas destas famílias ainda hoje perduram) Deve-se-lhes inteiramente a criação da nossa industria fabril, e pela comunicação das ideias da Revolução Francesa, de que alguns deles foram os portadores e protagonistas, como Ratton, Verdier e Curnieu deve-se-lhes também em grande parte o fermento democrático de 1820. O visconde Daupias é como dissemos o descendente e o representante de Jacome Ratton. Poderíamos acrescentar que é o continuador da sua obra».
Isto escrevia Ramalho Ortigão sobre o Visconde de Daupiás, em 1881, no Comércio e Industria.
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Pedro Eugénio Daupias, 1.º visconde e 1.º conde de Daupias.
n. 28 de Maio de 1818. f. 25 de Janeiro de 1900.
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n. 28 de Maio de 1818. f. 25 de Janeiro de 1900.
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Chalet Mon Plaisir
Rua do Arco de São Mamede, nº 6 a nº 8.
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Quanto tempo restará a estas varandas em ferro?
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«Construção do elevedaor que gerou polémica em 2001 com João Soares vai arrancar para o ano. Obra será financiada com verbas do Casino Lisboa» (Correio da Manhã, de 25/11/2008).
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«Acesso ao Castelo custa 5 milhões» (Correio da Manhã, de 25/11/2008).
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«A Câmara de Lisboa pediu à empresa TMN para reduzir a publicidade natalícia com que ocupou todo o Terreiro do Paço» (Público, de 25/11/2008).
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Isto está bonito, não?
Isto foi bonito, não?
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«Sou um social-democrata como Olof Palme» (José Sá Fernandes, Público, de 28/11/2008).
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«Câmara prepara-se para aprovar financiamento três vezes superior para a futura sede da Fundação Saramago, que alega não poder pagar nada» (Correio da Manhã, de 18/11/2008).
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«Mais um milhão na Casa dos Bicos» (Correio da Manhã, de 18/11/2008).
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Contrastes.
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A cidade não é apenas um instante. É um conjunto de momentos que se sucedem sem poderem sobreviver isoladamente. O futuro da cidade é o seu presente e (muito) o seu passado histórico. As suas pedras, mas também as gentes que a construíram e desenharam em todos os sentidos. É por isso que o que resta de uma pequena casa no n.º 6 da Rua do Arco de São Mamede não é apenas o resto de uma casa. É tudo o que aqui lemos, desde que o Marquês de Pombal chamou Jácome Ratton até aos nossos dias. Que alguém o não entenda, podemos perceber. Que uma cidade inteira o ignore, é preocupante. É por isso que temos de saudar o esforço de um punhado de pessoas que se tem dedicado para que esta memória não desapareça. Tudo têm feito para poder salvar o «Chalet Mon Plaisir» (ou, como dizem, a «Casa Daupiás), na Rua do Arco de São Mamede n.º 6.
Parece que, apesar disto tudo, a cidade continua de costas para a Casa Daupiás.
É muita pena...
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