Em Lisboa, caso não saiba, há bairros como a Liberdade e a Serafina, ambos na Freguesia de Campolide, onde os munícipes ainda esperam realojamento que lhes permita viver condignamente. Ainda há gente a viver miseravelmente em vilas e pátios degradados, como a Vila Janira, na Penha de França, ou a Vila Joaquina, na Ajuda. Subsistem lugares como o Bairro Portugal Novo, cooperativa de habitação que faliu nos anos 70, logo depois do 25 de Abril, e foi posteriormente ocupada, sendo hoje uma espécie de no man's land onde impera o medo.
Em Lisboa, todos os dias se encontram histórias tristes sobre habitação. Sobre pessoas sem casa ou a viver em casas degradadas. Reflexos de arbitrariedades institucionais e incompetência.
O Bairro das Amendoeiras é mais um exemplo. História triste numa capital à deriva.
O Bairro das Amendoeiras é mais um exemplo. História triste numa capital à deriva.
Conta-se em poucas linhas a história rocambolesca do Bairro das Amendoeiras, mas estas poucas linhas são uma vida inteira de milhares de pessoas que vivem na Zona I de Chelas.
Vamos, então, à história do Bairro das Amendoeiras. O Diário de Notícias, de 23 de Janeiro de 2006, conta-a assim:
"O Bairro das Amendoeiras, ou antiga zona I de Chelas, é formado por 963 fogos, construídos pelo antigo Fundo de Fomento da Habitação (FFH). Praticamente concluídas em 1974, as casas inicialmente destinadas a funcionários da Administração do Porto de Lisboa e da PSP foram então ocupadas por pessoas provenientes de bairros degradados de Lisboa. A legalização das ocupações foi longa e dura. Criou-se uma comissão de moradores que negociou com Spínola. E ficou a promessa de que as casas após 30 anos seriam alienadas pelo Estado aos moradores.
Passados 30 anos, o IGAPHE, herdeiro do FFH, no âmbito do seu processo de extinção/fusão com o INH, resolveu transferir o seu património para a autarquia de Lisboa, que recusou a sua recepção após decisão da Assembleia Municipal de Lisboa, alegadamente devido à degradação daquele parque habitacional e aos custos que a sua recuperação exigiria ao município.
As casas acabariam por seu doadas, após concurso público, a uma IPSS, a Fundação D. Pedro IV, administrada por um ex-funcionário do IGAPHE. A decisão de actualizar as rendas com base no decreto-lei 166/93 deixou em pé de guerra os moradores que não aceitam os aumentos, alegando que são incomportáveis para a maioria dos agregados familiares, compostos em grande parte por pensionistas e trabalhadores de baixos rendimentos."
"O Bairro das Amendoeiras, ou antiga zona I de Chelas, é formado por 963 fogos, construídos pelo antigo Fundo de Fomento da Habitação (FFH). Praticamente concluídas em 1974, as casas inicialmente destinadas a funcionários da Administração do Porto de Lisboa e da PSP foram então ocupadas por pessoas provenientes de bairros degradados de Lisboa. A legalização das ocupações foi longa e dura. Criou-se uma comissão de moradores que negociou com Spínola. E ficou a promessa de que as casas após 30 anos seriam alienadas pelo Estado aos moradores.
Passados 30 anos, o IGAPHE, herdeiro do FFH, no âmbito do seu processo de extinção/fusão com o INH, resolveu transferir o seu património para a autarquia de Lisboa, que recusou a sua recepção após decisão da Assembleia Municipal de Lisboa, alegadamente devido à degradação daquele parque habitacional e aos custos que a sua recuperação exigiria ao município.
As casas acabariam por seu doadas, após concurso público, a uma IPSS, a Fundação D. Pedro IV, administrada por um ex-funcionário do IGAPHE. A decisão de actualizar as rendas com base no decreto-lei 166/93 deixou em pé de guerra os moradores que não aceitam os aumentos, alegando que são incomportáveis para a maioria dos agregados familiares, compostos em grande parte por pensionistas e trabalhadores de baixos rendimentos."
É caso para perguntar: onde andam os vereadores da CML? O que é feito do Vereador do Urbanismo e Planeamento Estratégico, Engº Manuel Salgado, e da Vereadora da Habitação e Acção Social, Dr.ª Ana Sara Brito? Além da conveniente aparição semanal na «Quadratura do Círculo», onde pára o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa? Em que está ocupado, que afazeres o prendem? Que prioridades tem?
2 comentários:
As casas já são dos moradores por direito. Tentar vender-lhas agora, mesmo por baixo preço, não parece muito correto.Mas...Bom trabalho...Boa reportagem.
Pedro Duarte
Mais de dez anos depois, encontro estas suas fotografias por acidente, de um bairro que já não conheci assim. Muitos parabéns pela reportagem.
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