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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

MUDANÇAS PARA O DESENVOLVIMENTO

Mudanças para o desenvolvimento
(Public em O DIABO nº 2278 de 28-08-2020, pág 16. Por António João Soares)

As reformas para o desenvolvimento têm sido objecto de notícias e de opiniões de cidadãos esclarecidos e interessados no melhor futuro para Portugal, dos seus cidadãos e do seu património nacional. Há muita gente a falar de mudanças, mas sem ter algo de concreto e realizável com utilidade para a sociedade de amanhã, através de uma evolução adequada, sem roturas nem alterações dolorosas, e que contribuam para as melhorias desejadas nos sectores fundamentais.

Mudar por mudar, normalmente, pode nada trazer de positivo e, além dos custos financeiros, pode arrastar a vida das pessoas para situações de crise de difícil ou impossível retorno. Para se conseguir melhorias, as decisões devem ser tomadas segundo uma metodologia semelhante à que referi no segundo artigo que aqui publiquei, há quase quatro anos, depois do convite que aceitei, com a íntima e não divulgada missão de contribuir para um futuro melhor de Portugal e da humanidade. Depois de 200 artigos publicados, que guardei no blog “Do Miradouro”, quis fazer aqui referência a dois ou três com maior interesse sobre o assunto, mas encontrei 31 de onde será trabalhoso retirar os que devia escolher para isso. Mas deixo a indicação aos eventuais interessados de que, mais fácil do que procurar e folhear duas centenas de jornais, podem encontrar os textos em http://domirante.blogspot.com, onde os tenho guardado depois de publicados.

Para decidir e concretizar a mudança, é imprescindível e fundamental definir o objectivo essencial e alguns secundários que para ele concorram e, depois, deve ser escolhida a estratégia para os atingir. Em qualquer destas tarefas a metodologia deve ser lógica e racional, sempre de olhos postos nas realidades e potencialidades nacionais, sem olhar a interesses parciais, para não lesar a escolha da finalidade desejada, que deve estar sempre em mente, de criar um melhor futuro para Portugal e para os portugueses. Por isso, a escolha de cada troço do itinerário estratégico não deve ser eivada de interesse partidário ou ideológico, para isso resultar do consenso de um pequeno grupo de especialistas altamente competentes no assunto e que se comprometam a não se deixar tentar a aceitar pressões inconvenientes.

É certo que, para cada objectivo, pode haver mais do que uma solução defensável e, quanto a isto, recordo o General Bettencourt Rodrigues que, como professor do Curso Complementar de Estado-Maior, em Pedrouços, ao preparar-se uma decisão e ao fazer a lista das soluções possíveis, dizia para os alunos: “agora durante cinco minutos a asneira é livre”. Com isso, queria dizer que na fase seguinte da discussão para escolha da melhor solução, não devia deixar de se contar com qualquer hipótese e é claro que, na maior parte, eram postas de lado à primeira vista de olhos e o maior tempo para a escolha era dedicado a duas ou, no máximo, três. E dessas a escolhida era esmiuçada em todos os aspectos para a concretizar em acções bem definidas a realizar pelos variados executantes e especialistas, sempre com os olhos postos no objectivo a atingir, a missão, como era designado em termos militares. E só depois de todo esse trabalho ser aprovado pelo responsável máximo pela operação é que eram difundidas as missões específicas para cada sector executante. E na acção, perante alterações das condições de inimigo, terreno, meteorologia e meios, podia haver ajustamentos para se manter a finalidade desejada.

Esta metodologia é aplicável a qualquer decisão individual, empresarial ou estatal e deve iniciar-se pela definição do problema, suas causas, suas condições, o meio ambiente, as pessoas afectadas, etc. A aplicação desta metodologia às decisões para a recuperação da actual crise económica e sócio-cultural pode ser uma garantia de êxito. ■

sexta-feira, 26 de julho de 2013

DEMOCRACIA É UM SONHO IMPERFEITO


A Democracia constitui uma forma de governar os destinos dos países muito difícil de concretizar, podendo ser considerada um sonho imperfeito, pois parece praticamente irrealizável no seu mais alto ideal. O povo vota sem ter conhecimento satisfatório dos efeitos da sua opção, sem conhecer os factores da decisão nem poder prever razoavelmente os efeitos desta nem das alternativas por onde escolher, isto é, as qualidades e capacidades dos candidatos.

Este assunto é grave porque da parte dos candidatos há pouco amor ao seu País e são arrastados por pressões inconfessadas de grupos sombra que acabam por dominar o poder sem serem eleitos. Na generalidade são adoradores de «ídolos efémeros» como o dinheiro, o poder, a ostentação, o egocentrismo, etc.

E o pior é que não se aparenta fácil encontrar uma solução para a cura dos males que afectam a democracia e que infestam a vida da generalidade dos seres humanos, em todos os continentes.

Vejamos os efeitos da «primavera» que parecia libertar o Norte de África do domínio ditatorial. O Egipto, tentou enveredar pela democracia e hoje ainda não estabilizou uma vivência pacífica e duradoura. Nestes dias mais recentes, na sequência de perturbações e do golpe militar  foi noticiada nova onda de violência no Cairo entre simpatizantes e opositores de Morsi, o presidente deposto, o que acabou por levar a ONU a tomar uma atitude, aparentemente ineficaz, com o seu Secretário-geral a pedir a libertação de Morsi.

Na Tunísia, político da oposição foi assassinado, o que deu ocasião de o PM qualificar o assassínio de "crime odioso", talvez sem verdadeira convicção, mas com a prudente tentativa de evitar que a oposição se vire para ondas de violência que criem uma instabilidade que coloque em risco a vida económica do país, nomeadamente o turismo, uma importante origem de divisas e ponto alto dos interesses nacionais.

E apesar de a democracia ser um sonho imperfeito, cabe a todos os políticos no Governo ou na oposição a fazer um esforço persistente, continuado e patriótico com a finalidade de garantir uma vida socialmente justa, pacífica, com pernas para andar cada vez melhor no futuro dos Estados e da Humanidade. E um tal objectivo não pode ser atingido se forem desprezados os bairros dos arredores das cidades, as gentes do interior, oe reformados e, de uma forma geral, os mais indefesos, isto é, se não se cuidar da «justiça social». Todos somos pessoas, todos fazemos parte da Nação, da Humanidade, que desejamos mais justa, solidária e fraterna.

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sinais de esperança ou de preocupação ?

Extracto de notícia do Público (para a ler tudo faça clic no texto entre aspas):

«Dados cedidos ao PÚBLICO pelo Instituto Informador Comercial (IIC), uma empresa de gestão de crédito que compila as insolvências publicadas em Diário da República e no portal Citius (do Ministério da Justiça), mostram que entre 1 de Janeiro e 26 de Dezembro de 2012 foram declarados falidos 18.627 empresas e particulares, a um ritmo de 52 casos por dia. Um número que compara com os 11.515 processos registados no ano passado e que, face a 2010, representa um acréscimo de 174%.»

Realmente, esta notícia vem provar que este «não foi o Natal que merecíamos”, depois de tantos sacrifícios e privações desde há mais de ano e meio. Precisamos de um raio de esperança que surja de entre as núvens escuras que nos impedem de ver um futuro, no mínimo, condizente com um passado não muito distante.

Oxalá os governantes sejam capazes de nos satisfazer, proporcionando-nos esse raio de esperança, concreto, viável, racional, sem fantasias nem falácias. Por favor, tornem o próximo ano melhor do que aquele que agora termina sem deixar saudades.

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mar, Agricultura e Indústria

Transcrição de artigo de opinião que convida a meditar sobre as palavras, ideias ou intenções e as realidades visíveis:

A expiação de Cavaco
Económico. 22/11/12 00:25 | Helena Cristina Coelho

Rodeado por criativos e especialistas em tecnologia e inovação, Cavaco Silva subiu ao palco para falar do futuro.

Rodeado por criativos e especialistas em tecnologia e inovação, Cavaco Silva subiu ao palco para falar do futuro. Mas foi ao passado que acabou por regressar ontem, na abertura do Congresso das Comunicações. Os portugueses, alertou o Presidente, precisam de voltar a olhar para os sectores que esqueceram nas últimas décadas: o mar, a agricultura e a indústria. Isto porque, justificou, é preciso ultrapassar estigmas, é obrigatório criar riqueza no país, é urgente gerar novas bases de crescimento económico. E isso deverá passar por produzir mais e melhor esses produtos e serviços, para chegar aos mercados externos.

Se Cavaco Silva acredita mesmo que a regeneração económica do país passa por voltar a investir em sectores que passaram as últimas décadas a ser esvaziados, é bom que saiba como isso se faz. Porque, nesses mesmos anos, pouca gente ou quase ninguém soube como (ou conseguiu) travar o declínio das pescas, o abandono das terras ou o fecho sucessivo de fábricas.

O próprio Presidente, num artigo de opinião publicado há um ano no ‘Expresso', já discursava nesse sentido. Que venham mais apoios para a agricultura, que se incentivem os jovens, escreveu na altura. Metas bem intencionadas - só é pena que colidam com os números que seguem em sentido contrário.

Já nessa altura, apenas 2% dos agricultores tinham menos de 35 anos e 10% tinham menos de 45 anos, com tendência a agravar-se. É possível que hoje sejam mais, empurrados pela crise e pelo desemprego a criar novas oportunidades onde (ainda) há abandono e desinvestimento.

Mas quantos destes - apesar de tudo, nobres e necessários - projectos empreendedores podem dar verdadeira escala à economia portuguesa? E quantos serão necessários para que Portugal resgate da sombra sectores tão maltratados como o mar, a terra ou a indústria?

Haverá muitos culpados nesta história, desde as políticas e quotas comunitárias que condicionaram os volumes de produção no país, aos subsídios que fomentaram muita dependência e comodismo em vez de competitividade, sem esquecer o próprio plano económico do país que, a certa altura, preferiu o betão das autoestradas a pastos e searas.

Cavaco Silva estava lá e sabe como poucos o impacto que essas decisões tiveram na sobrevivência desses sectores. O que faz parecer esta sua proposta um acto de expiação pelos factos passados. Os portugueses, ao contrário do que diz o Presidente, não esqueceram esses sectores - tanto é que muitos estão a regressar a esses negócios, investindo, inovando, diversificando. Porque sabem que o mar, a agricultura e a indústria estão longe de se esgotar no peixe, na fruta ou numa peça de roupa. Mas acreditar que isso basta para alavancar a economia não é um plano para o futuro. Parece mais uma remissão do passado.


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domingo, 14 de outubro de 2012

Jorge Sampaio alerta para perigos da austeridade

Transcrição de notícia:

Jorge Sampaio quer renegociação do empréstimo da troika
PÚBLICO. 14-10-2012 - 09:55

Antigo presidente vê perigos para a democracia

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio (PS) diz ser necessário um consenso alargado para conseguir renegociar as condições do empréstimo com a troika (Comissão Europeia, BCE e FMI).

Em entrevista no programa “Portugal 2012”, da SIC Notícias, o Presidente que precedeu Cavaco Silva explicou que “já toda a gente percebeu que a austeridade rebenta com o país, com os portugueses e a sua esperança, com os direitos e até com a própria democracia”.

Jorge Sampaio referiu-se também ao perigo de uma “explosão social incontrolável”, e admitiu que o Governo acabe por cair. Realçou também a importância “de uma nova manifestação de cidadania” demonstrada nos recentes protestos que têm tido lugar em todo o país.

"Há um caminho que pode deslizar para um certo desespero" e "a democracia tem que responder com ideias, com aberturas partidárias", defendeu o antigo Presidente.

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OE 2013. Cavaco avisa Passos

Segundo a notícia Cavaco avisa Passos: não se pode cumprir o défice a “todo o custo”, o Presidente da República envia recado ao PM em vésperas da apresentação na AR do OE 2013:

“Nas presentes circunstâncias, não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público fixado em termos nominais”

(...)“devem ser definidas políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas a médio prazo e deixar funcionar os estabilizadores automáticos”.

“Se o crescimento da economia se revelar menor do que o esperado, o défice nominal será maior do que o objectivo inicialmente fixado, porque a receita dos impostos é inferior ao previsto e as despesas de apoio ao desemprego superiores”.

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terça-feira, 1 de maio de 2012

Educação é prioritária

Transcrição de notícia, com afirmações de conteúdo de importância fundamental para o Portugal de amanhã:

Medidas de austeridade não podem prejudicar a Educação, diz Ramalho Eanes
TSF 30-04-2012 às 20:38


O antigo Presidente da República Ramalho Eanes considerou ser importante que as medidas de austeridade aplicadas em Portugal não prejudiquem a área da Educação.

O general Ramalho Eanes falava no final da cerimónia em que recebeu o doutoramento Honoris Causa da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, por ocasião do 26.º aniversário da instituição do distrito em que nasceu, Castelo Branco.

O antigo Presidente reconheceu que, «em tempos de crise, as dificuldades estendem-se a todas as atividades públicas, nomeadamente à Educação».

No entanto, frisou ser «necessário que as medidas de austeridade não prejudiquem a coerência estratégica de desenvolvimento da Educação, para que o país tenha futuro».

O alerta é baseado na História Europeia, que, como sublinhou, mostra que a qualificação do capital humano «é indispensável para a produção de riqueza, mas também para a concretização da equidade» social.

Com um sistema educativo competente, Ramalho Eanes acredita que Portugal pode passar da atual situação de crise para outra em que seja «muito mais competitivo».

«Isso passa sobretudo pela qualificação da juventude», defendeu, considerando que «não há governo nenhum que não tenha que ter esta preocupação», embora sem fazer qualquer referência direta ao atual Executivo.

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Classe média em risco de «implosão»

Desde 1 de Setembro de 2010, com o post «Justiça Social???», foi aqui feito eco dos insistentes alertas surgidos na Comunicação Social, pela voz de pessoas cujo nível de pensamento é inquestionável, sobre o perigo do aumento escandaloso do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, o qual foi agravado pela política de austeridade criada pelo «ultraliberal» actual ministro das Finanças e que afecta mais duramente os níveis sociais mais carentes e a classe média.

Surge agora a notícia Classe média está em risco de “implosão” que refere um estudo da autoria do sociólogo Elísio Estanque, a chegar às bancas esta semana, da qual extraímos algumas frases, podendo os interessados ler todo o texto clicando no seu título:

Os indícios técnicos da degradação social da classe média são visíveis a cada momento: "Todos os dias há algo de novo: o acordo de concertação social, o anúncio de uma nova vaga de excedentários na função pública, o abandono da universidade pelos estudantes, as novas vagas de desemprego, o aumento das taxas moderadoras, a desmontagem do Estado Social – está tudo a acontecer de uma forma extraordinariamente rápida e intensa"

A classe média está " fraca e ameaçada de ‘proletarização’" e «em escassas dezenas de anos passou de predominantemente rural a marcadamente urbana".

As consequências, "que hoje estão à vista", "foram agravadas, por um discurso político que, ao invés de ter um teor pedagógico e preventivo, instigou ao consumo e ao progressivo endividamento".

"A maior parte das famílias tem cinco ou mais créditos, sendo que os mais recentes são contraídos para fazer face aos antigos..."

O presidente da Caritas, Eugénio Fonseca, faz uma descrição do mundo em que se move diariamente e que lamenta: "As pessoas recusam-se a assumir a perda de status, aguentam muito para além do limite do razoável, procurando manter a aparência de um estilo de vida que já não são capazes de pagar. E quando finalmente nos procuram, a gravidade das situações é tal que ultrapassa, em muito, a nossa capacidade de intervenção".

"São professores, juristas, arquitectos, engenheiros", enumera Eugénio Fonseca. E não procuram apenas o que comer: "Pedem ajuda para pagar a renda, a água, a luz, as propinas dos filhos",

"Os poderes políticos deviam estar mais preocupados com a possível implosão deste grupo [classe média] do que com a sua eventual manifestação nas ruas".

Porém, noutros países, já está a desenvolver-se a sensibilidade para o fenómeno da injustiça social e da estratificação dramática entre uns tantos ricaços e uma maioria que tende para a pobreza e a escravidão. Em França o Presidente Nicolas Sarkozy anunciou a criação da taxa «Robin Hood», de 0,1% sobre as transacções financeiras. Na América, Bill Gates acha que não paga impostos suficientes, tal como outros ricaços têm declarado publicamente.

Também entre nós, já há, no próprio PSD, quem ache que a austeridade que nos oprime tolhe as hipóteses de desenvolvimento e que é preciso governar com as pessoas para as pessoas e não apenas com números interpretados sempre em benefício das maiores fortunas, como se vê na notícia Cavaquistas defendem saída de Vítor Gaspar do Governo.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Querem resolver ou agravar a crise ???

A notícia Fundador da UGT diz que acordo pode ser “certidão de óbito” desta central sindical vale mais pelo conteúdo do que pelo título. Refere receios acerca dos resultados do «acordo de Concertação Social», por parte de Torres Couto, Helena André e Carvalho da Silva.

Estas divergências de opiniões demonstram não haver convergência de interesses para a recuperação da crise, a bem de Portugal, isto é de todos os portugueses. Parece que, acima dos interesses nacionais, são colocados interesses individuais ou de capelinhas, que irão dificultar a saída da crise e a recuperação da economia nacional a qual deveria contribuir para maior justiça social e melhores condições de vida de todos, principalmente daqueles para quem elas são mais difíceis. Se aos mais desfavorecidos é retirado o pouco que têm, ficando com dificuldades acrescidas para alimentação e cuidados de saúde, não é compreensível que os indivíduos, as instituições e as capelinhas continuem a olhar egoistamente para o próprio umbigo, desprezando o objectivo comum de sair da crise e relançar o desenvolvimento sustentável, de forma patriótica.

Estas divergências conduzem à notícia acerca de Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2011, Professor na Universidade de Columbia, antigo vice-presidente do Banco Mundial, actual presidente da Associação Económica Internacional, que tem insistido recentemente contra uma política de combate à crise apenas centrada na austeridade, que diz ser um caminho insustentável.

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domingo, 25 de dezembro de 2011

A crise deve ser estímulo para nova etapa de civilização


Há muito que aqui tem sido sugerido que sejam retiradas da crise lições para novas formas de gerir a vida individual, económica e política. Com o sensato aproveitamento do resultado das reflexões que cada um deve fazer, poderemos iniciar uma Nova Era, uma nova etapa de civilização.

Na sua mensagem de Natal o Patriarca pede uma ordem económica que vença desigualdades e ajuda a elaborar as nossas reflexões acerca das circunstâncias actuais.

Devemos aprender «a viver positivamente este momento de crise que o país atravessa.»
“Um dos frutos do presente sofrimento colectivo pode ser levar a sociedade a abrir-se a uma nova etapa da civilização.”

É imperioso dar “maior prioridade à pessoa, uma ordem económica que acentue o bem comum, vença os individualismos, as desigualdades chocantes, todas as formas de materialismo; que aprenda a dar prioridade aos valores do espírito e não apenas ao dinheiro”.

É preciso enfrentar a crise com coragem, porque “em ambiente de crise, há desempregados, famílias em dificuldade, há mais pobreza, mais sofrimento, há crise de esperança”.

Não devemos assustar-nos com o sofrimento, mas enfrentá-lo com coragem e generosidade.

É desejável “que a nossa aflição, o nosso grito de equidade e de justiça, não nos impeça de procurar sempre, nas novas circunstâncias, a paz, isto é, a harmonia social que permita e favoreça mais a cooperação do que o confronto” “Esta busca da paz pode ser atitude decisiva para vencermos a crise”.


Estas palavras constituem mais um reforço ao que ficou gravado nos posts a seguir linkados, além de outros em que se defende que a crise deve ser aproveitada para fazer uma revisão de comportamentos e criar novos hábitos de melhor gestão pessoal, privada e pública. Será benéfico aproveitar este momento de provação para rever a escala de valores éticos, desenvolver atitudes construtivas para recuperar a paz e a harmonia, destrinçar o que é material e aparente daquilo que é essencial e humano que é fonte da verdadeira felicidade, da esperança no amanhã. É desejável que cada um procure manter activo o espírito de Natal, durante todo o ano, sempre.

Eis os mais recentes dos posts referidos:

- Preparar um futuro melhor
- Coragem para pensar e falar
- Diagnósticos preocupantes
- Para um futuro melhor. Achegas
- Crise definida claramente por um político
- Futuro problemático

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Europa ou muda ou terá revolução

Mário Soares alerta Se a Europa não muda, terá de haver uma revolução, o que nada tem de novidade para os leitores deste espaço, onde por várias vezes tem sido lançado tal aviso aos políticos, com a intenção de serem implementadas mudanças tendentes a restabelecer a ordem, a paz e a confiança do povo (dos 90% do povo) que vive em piores condições e que é o mais sacrificado pelas crises criadas pelos mais beneficiados pela «legalidade» existente.

É comummente aceite que todo o ser vivo, toda a actividade humana, estão sujeitos a mudanças e as da humanidade têm pouco de espontâneo, pois são, em grande parte resultado de atitude e de comportamentos, nem sempre bem pensados.

A crise actual demonstra que qualquer decisão exige uma preparação prévia, exige que se Pense antes de decidir. Sem uma perfeita análise do problema que é preciso resolver, este além de não ter a melhor solução, causa danos e perdas de recursos de que o tempo não é despiciendo.

Para que a solução das mudanças sociais não venham a ser obtidas por revolução, tem que ser bem preparada uma evolução eficaz e pacífica. É precisa uma mudança adequada e bem analisada.
Ao ler as palavras de Mário Soares surgem pontos de meditação e dúvidas sobre o real significado das sugestões que aparecem pelos jornais., Qual é a direcção de mudança que é considerada mais benéfica para os europeus e para o mundo? Que tipo de revolução prevê Mário Soares? Como evita os habituais estragos em património e vidas humanas, característicos das revoluções? Qual a estrutura de governo, de relações internacionais, de sistema financeiro, que prevê para depois do dia da revolução? Como encara a hipóteses da «ditadura Merkozy»?

Para o esclarecimento das realidades actuais com vista a dar o passo em frente, para a mudança para uma NOVA ERA, não podemos usar linguagem hermética e ilusória, como a argumentação usada por alguns «pensadores» baseada na «legalidade». Ora, a legalidade não passa de uma artificialidade criada pelos políticos para satisfazerem os seus intuitos pessoais e de «bando» de ambição e poder financeiro. Há que preparar uma rotura de regime e de mentalidades dos governantes e isso tem que contrariar a legalidade vigente. Sem tal ilegalidade o mundo não evolui tanto quanto o desejável.

O povo merece mais do que a triste realidade que o explora e oprime. O regime impõe a escolha entre listas que contêm nomes que não são conhecidos da maioria dos eleitores, mas estes acabam por votar numa delas, levados por promessas mentirosas ou sem a suficiente credibilidade.

Depois, aceita a desgraça embora tenha a convicção de que, 4 anos depois, será o caos, o qual fica para martírio dos seus filho e netos. Seria mais honesto, coerente e corajoso que não se adiasse o caos para quem vier a seguir. Porque não se arrisca o caos agora mesmo? Porque não se elimina um dos mentirosos, já, para levar os outros a serem mais sérios e prudentes, dedicando-se mais às suas tarefas, para bem dos cidadãos? Se a eliminação desse não for suficiente para moralizar os restantes, aplica-se a mesma receita a outro... e assim sucessivamente até a governação ser feita para os cidadãos comuns e não para os do poleiro contra os interesses nacionais. Quanto mais tarde for aplicada a terapia maior o risco de o doente se tornar incurável e morrer da pior forma.

Porém, para evitar a revolução a que se refere Mário Soares, e este mau (mas justo) destino dos políticos actuais, está na mão destes fazer a reforma indispensável das suas mentalidades. Têm que se convencer seriamente de que a sua tarefa não pode continuar a ter como principal objectivo o seu enriquecimento ilícito à custa do povo, nem pelo processo do bando do BPN, nem com as conivências da Face Oculta, ou do IPO/Lima/Isaltino...

Como a Humanidade se regozijaria se os actuais poderes procedessem já à moralização do regime, à reforma pacífica do sistema. Com essa solução evitar-se-iam os graves prejuízos de uma mudança violenta. No caso do Egipto, passado quase um ano após o «sucesso» da revolta popular, ainda não foi ultrapassada a crise, o seu PREC ainda dura, o povo ainda não está a colher benefícios do golpe.

A nível Europeu e Mundial, a reforma dos sistemas que ocasionaram a crise actual é indispensável e inadiável. Mas tem que ser muito bem pensada e preparada, não com base na legalidade vigente, mas numa moralidade que tenha as pessoas como objectivo. Não convém que seja imposta por um teórico distante do mundo real, mas também não se pode esperar que seja apoiada pela generalidade dos políticos actuais, porque a esses não interessa mudar os vícios e as manhas que os tornaram ricos por efeito de varinhas mágicas e truques inconfessados. Ninguém mata a galinha dos ovos de ouro!

Na Europa, dado o entendimento Merkel- Sarkozy, está adiado o perigo que ocasionou as duas guerras mundiais, devidas a problemas entre os seus dois Estados, mas se encarassem uma solução para uma NOVA ERA, tendo em vista a Paz e o desenvolvimento dos mais carenciados, reduzindo o fosso entre os G20 e os P20 (países mais pobres e mais pequenos), poderiam estar no bom caminho para a felicidade das gerações do porvir. Mas trata-se de um duo que inspira pouca confiança aos restantes Estados da EU, pelo que, sem precipitação mas com espírito construtivo deve procurar-se um consenso sensato entre os membros da União, com a preocupação permanente de melhorar a vida dos cidadãos, o que deve ser mais importante e permanente do que os frios números da dívida actual.

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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Estratégia de empobrecimento ???

Embora seja admissível que as palavras do secretário-geral da CGTP possam enfermar dos exageros inerentes à luta política, elas devem ser objecto de meditação para analisar a sua sintonia com as realidades presentes e onde poderá começar a virtualidade da politica.

Tem, por isso interesse a leitura da seguinte notícia:

Governo defende "estratégia criminosa" de empobrecimento, diz Carvalho da Silva
Jornal de Notícias. 03-11-2011. 13h05m

O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, criticou, esta quinta-feira, o Governo por defender uma estratégia de empobrecimento da sociedade portuguesa, classificando-a de "criminosa".

"O Governo assumiu como estratégia a necessidade do empobrecimento da sociedade portuguesa e isto é criminoso. Nós dizemos que está por demonstrar, nas sociedades humanas, que alguém possa cumprir com as suas obrigações [compromissos e dívidas] empobrecendo", justificou o líder sindical num fórum de debate, em Lisboa.

Carvalho da Silva, que falava no Encontro sobre o Estado, Administração Pública e Direitos Sociais, organizado pela CGTP, realçou que "o empobrecimento não melhora a vida" dos portugueses.

O líder da central sindical garantiu que, actualmente, Portugal está confrontado com "políticas de retrocesso social", as quais classificou de "muito perigosas".

As políticas seguidas pelo governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho estão a pôr em causa "o princípio da universalidade, da solidariedade e da coesão social", justificou.

"Andam-nos a dizer que devemos empobrecer, sem discutirmos instrumentos importantes como são o Estado e Administração Pública. Vivemos numa situação muito delicada em que é preciso termos consciência real das coisas, mas o máximo que se pode exigir é tomarmos consciência do patamar em que estamos e não agravarmos a solução", avisou.

A partir daqui, "é [fundamental] buscar soluções económicas, políticas e sociais para sair do buraco e nunca aprofundar o buraco", sublinhou.

Carvalho da Silva alertou também para o facto de o Governo estar a "aprofundar as desigualdades". "Ao alterarem as estruturas, os papeis do Estado e deslocarem meios e funções querem levar o dinheiro para os interesses privados, logo vai faltar ao nível dos direitos sociais", concluiu.

O líder da central sindical criticou ainda a "espiral regressiva" a que se está a assistir em Portugal, nomeadamente, na Segurança Social e na Saúde, situação que vai obrigar a que haja "um grande empenho" por parte de todos os trabalhadores na adesão à greve geral de 24 de Novembro, uma acção de luta contra a exploração e a retirada dos direitos sociais.

Imagem do JN

domingo, 2 de outubro de 2011

Greves contra o quê e para quê?

Parece que, no final das manifestações promovidas pela CGTP como protesto contra as medidas de austeridade do Governo, de 1 de Outubro, foi aprovada uma resolução para ser realizada uma semana de greves e paralisações, entre 20 e 27 de Outubro. Haverá a realização de um vasto conjunto de greves e paralisações nos locais de trabalho dos sectores público e privado”, também estando previstas “acções com expressão de rua”.

A referida a aprovação, nas circunstâncias emocionais existentes, perde «valor» real, fazendo lembrar a unanimidade da aprovação da «lei da rolha» num congresso do PSD, ou da aprovação no Parlamento da «lei de financiamento dos partidos».

Uma tal decisão devia ser precedida de uma metodologia do género da indicada em «pensar antes de decidir». Com efeito, analisando, mesmo que superficialmente, a situação da economia e das finanças do país e a necessidade de aumentar a produção, as exportações, o que obriga a melhorar a competitividade com melhor qualidade dos produtos a exportar, fica a dúvida sobre a racionalidade, a sensatez, de uma semana de greves. Será que pensam dessa forma desenvolver a produção em qualidade e quantidade? Será com greves que se aumenta a riqueza a distribuir pelos cidadãos para lhes aumentar o poder de compra? Tais greves afinal são contra quem e para quê? Como colher benefícios delas? De que forma elas melhorarão o futuro dos nossos filhos e netos?

Sem dúvida, é preciso estarmos atentos às decisões e às promessas dos governantes, criticar o que não estiver correcto e indicar, sugerir, propor, melhores soluções. Porque não organizar reuniões de discussão de problemas concretos e depois apresentar propostas ao Governo e exigir que sejam por ele devidamente apreciadas? Os trabalhadores conscientes e bem informados poderão e deverão contribuir para um Portugal mais desenvolvido e mais rico, com a riqueza distribuída com melhor justiça social.


Imagem do Google

domingo, 11 de setembro de 2011

Costa propõe caminhos

A situação actual é de tal forma crítica que todos os partidos, todos os portugueses, devem fazer o esforço possível para a vida nacional se normalizar no mais curto prazo e iniciar o desenvolvimento para bem de todos os cidadãos. Essa colaboração pode ir desde a perfeição e o rigor no desempenho das suas tarefas até ao alerta para algo que julguem não estar bem e poder ser melhorado e até sugestões para soluções melhores. Depois os técnicos e os responsáveis pelas decisões escolherão o que lhes pareça mais adequado, em função de factores que são do seu conhecimento.

Por isso, têm sido aqui trazidas dicas oriundas de qualquer ponto do leque político, apenas por parecerem merecedoras de meditação pelo Poder. Assim, transcreve-se algumas frases, com interesse nacional, do artigo Costa pede “equidade” nos sacrifícios e propõe caminhos.

«…criticou os cortes nos investimentos que “são estrategicamente essenciais para a nossa competitividade” para reequilibrar as contas públicas, disse que “a gestão da conjuntura exige inteligência e visão estratégica” e pediu “equidade” na repartição dos sacrifícios.

“Os sacrifícios são necessários mas têm de ser repartidos com justiça. Se é necessário aumentar os impostos é injusto que só aumente a tributação sobre os rendimentos do trabalho e não se reparta esta carga com a tributação do património ou dos rendimentos de aplicações financeiras. Mais do que nunca em épocas de crise os valores da igualdade, da justiça e da solidariedade têm de se afirmar como condição de reforçar a coesão nacional”.

Este é o momento de executar [o acordo com a troika] e de não se desperdiçar a oportunidade de ter um amplo apoio nacional à sua execução”.

“Se é necessário diminuir a despesa, o sistema de saúde ou de educação, então que se tomem medidas que melhorem a sua eficiência, gerando poupança e permitindo mesmo fazer o melhor com menos”, … “não é aceitável que pura e simplesmente se decretem cortes cegos, fixando metas de redução da despesa sem garantia que não afectam a qualidade do sistema de ensino e de saúde”. “A cada dia há mais portugueses que sabem que a escola pública de qualidade e o Serviço Nacional de Saúde são serviços públicos essenciais, são a rede pública de segurança que garante o acesso à educação e à saúde a todas as famílias portuguesas”.

“Só o crescimento económico garantirá a prazo a consolidação sustentável das finanças públicas, pelo que comprometer o crescimento é comprometer essa consolidação e é, no fundo, esgotarmo-nos hoje num esforço inglório e em vão para o nosso futuro colectivo”.»

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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cavaco e o desenvolvimento


O desenvolvimento é o resultado de uma boa governação suportada por estruturas eficazes de educação, saúde e Justiça e da capacidade dos diversos sectores económicos, com bons factores de competência administrativa, técnica e de trabalho. O conjunto de agentes activos nestes variados campos deve ser organizado e estimulado, tendo sempre em vista a criação de condições de desenvolvimento para gerar uma vida melhor para o cidadão comum.


Segundo a notícia do PÚBLICO Produzir melhor, Cavaco Silva, na visita à Ovibeja, disse palavras de bom senso: "É essencial para Portugal produzir mais e produzir melhor", sublinhou Cavaco, garantindo que assim será possível reduzir o "desequilíbrio" e as "necessidades de financiamento externo" do País, além de se dinamizar "os espaços rurais" e criar mais emprego.

Já noutras ocasiões referiu a importância de aumentar as exportações e dinamizar a produção interna por forma a reduzir as importações, do que resultaria a redução da balança comercial e a dívida que tanto nos está a preocupar.

Mas não pode ficar pelas palavras, tem que dar exemplos, tem que ser coerente com elas. Por exemplo, será que as comendas que irá conceder em 10 de Junho serão convergentes para este objectivo? Ou irão cair, como de costume, nas actividades de ócio ou em serviços públicos com muita despesa, muita burocracia, corrupção e sem produtividade, pouco ou nada contribuindo para o desenvolvimento no significado mais prático para o quotidiano e o futuro, como agora se pretende?

Seria mais coerente que condecorasse empresários que mais exportam, que mais impostos pagam, que mais empregos dão, que maiores salários pagam (sem contar com os administradores e os mais altos gestores).

Esperamos que os seus múltiplos assessores saibam encontrar a melhor solução para estimular o desenvolvimento de Portugal, pensando nos portugueses comuns.

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quinta-feira, 31 de março de 2011

Carrilho propõe desenvolvimento

Manuel Maria Carrilho oferece mais um tema para reflexão, com a sua lógica e clareza ímpar, no artigo que se transcreve.

Diário de Notícias. 31-03-2011. por MANUEL MARIA CARRILHO


Reduzir o que está em causa nas próximas eleições à tagarelice contabilística em torno do défice é de uma lamentável cegueira e mediocridade. Na verdade, só uma coisa verdadeiramente interessa agora - é que as próximas eleições legislativas abram mesmo um novo ciclo na vida do País.

E se um novo ciclo implica naturalmente uma maioria, ele exige bem mais do que isso: exige, para lá de uma clara maioria parlamentar, um novo projecto e uma nova confiança que conquistem a sociedade. Nas actuais circunstâncias, exige uma legislatura patriótica que integre vários partidos, motive os parceiros sociais e mobilize a sociedade civil em toda a sua diversidade.

O País precisa de austeridade, mas precisa também de crescimento. Austeridade sem crescimento não altera o caminho para o colapso, apenas muda a sua natureza e, talvez, o seu timing. A ortodoxia "austeritária" sem mais conduzirá o País por uma espiral cada vez mais intensa de cortes e de protesto, que deixará o País em pele e osso.

É por isso fundamental articular a austeridade com o crescimento. Mas como a austeridade é imediata e o crescimento é a prazo, é fundamental que a sua articulação dê origem a um projecto estruturado que seja bem explicado aos portugueses.

Um novo ciclo também é isso: a substituição da infernal demagogia em que temos vivido por uma pedagogia que saiba combinar o realismo com a ousadia, isto é, reconhecer os problemas que temos e, sobretudo, avançar com soluções inéditas mas credíveis. É tempo de mostrarmos que somos capazes de fazer mais do que auto-estradas, rotundas e estádios de futebol!

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A China em fase de evolução rápida

O Post «Como ficará a China do futuro?» no blog A Tulha do Atílio suscitou-me um extenso comentário que, pela sua extensão não terá a leitura e a atenção que julgo merecer, como ponto de reflexão nos dias de hoje. Por isso o publico aqui.

Os comentadores anteriores são consonantes em afirmar que o mundo está louco. Louco de verdade.

Como disse, há dias, noutro comentário, «desde a época da pedra lascada, paleolítico, tem havido evolução nas tecnologias (televisão, telemóvel, etc), mas na alma dos homens tem havido degradação, na maneira de encarar a vida, a Natureza, os outros. As relações em família, em grupo e em sociedade estão de tal forma degradadas que já temos muito a aprender com os animais da selva de que frequentemente se vêm imagens das televisões».

Porém, este texto contra a China é horrivelmente tendencioso, escrito por alguém que está habituado a defender a sociedade do lucro exagerado que não reverte para remuneração justa à mão-de-obra, mas sim para o enriquecimento dos donos das empresas que não dispensam as mansões, os caros de luxo, os jatinhos, o consumismo de luxo.

A China deve ser observada, tendo em vista a sua história. No tempo do Império do Meio, o seu desenvolvimento deu ao mundo inventos que ainda hoje são úteis. Depois teve um largo período de apagamento no seu pacifismo atacado pela Mongólia e pelo Japão. O fracasso da revolução maoísta serviu de vacina para reestruturar o País de forma cautelosa, persistente que tem dado bons frutos, apesar da grande extensão, do excesso de população e da sua grande diversidade de problemas.

Quando a União Soviética implodiu, receava-se que acontecesse algo de muito grave na China, o que seria perigoso para todo o mundo, mas a sensatez serena e eficiente dos governantes levou a medidas eficientes que fizeram a China crescer economicamente a um ritmo único no mundo moderno. Aprendeu o que de melhor encontrou nas regras do capitalismo ocidental.

O autor do texto, que defende a regra de que o lucro a qualquer custo é símbolo de modernidade, condena a China de estar a utilizar as regras ocidentais a seu modo e estar a orientar-se para o desenvolvimento económico. É uma contradição sua, que descredibiliza o texto.

Não concordo com o conselho de preferirmos produtos fabricados no nosso País, pois o consumidor deve ser livre de comprar o que mais lhe interessar em qualidade e preço, seja qual for a origem, pois é essa a lei da globalização que os ocidentais criaram. Por outro lado o facto de ser cá fabricado, não quer dizer que os lucros beneficiem o País, pois o capitalista pode ser estrangeiro ou, sendo nacional,, pode depositá-lo numa off-shore ou paraíso fiscal longínquo.

Por seu lado, os trabalhadores são na sua quase totalidade estrangeiros que enviam para a terra quase todo o salário. Os portugueses não sentem a obrigação de trabalhar e candidatam-se a assessores, deputados ou outro género de parasitas e, se o não conseguem, procuram viver de subsídios – há-os para todos os gostos – sem nada criarem para a riqueza nacional.

Falta aos empresários ocidentais a capacidade de adaptação aos novos tempos como os chineses têm feito desde há várias décadas. É preciso que nós os ocidentais passemos a raciocinar e aplicar quotidianamente os valores éticos e saibamos equacionar os problemas da melhor forma com respeito pelos outros, sejam de onde forem.

Quanto á imagens das crianças (ver o post referido), não são realmente edificantes, mas há por cá casos menos humanos. Até recentemente, nas aldeias, os pais iam trabalhar para o campo deixando as crianças fechadas em casa sem apoio nem comodidade. Já tem havido notícias de crianças asfixiadas por terem ficado fechadas no carro durante horas. Estas fotos da China mostram que há preocupação com a proximidade dos pais, que os observam com frequência e os miúdos observam que a vida é trabalho e vão aprendendo esse aspecto do civismo. Cá as crianças, pouco tempo após nascerem, apenas vêm os pais durante poucos minutos no fim do dia e, nas creches e jardins de infância, recebem o cuidado mínimo para não se ferirem e serem devolvidas em bom estado no fim do dia. Uns com os outros, sem educação cívica de adultos, só aprendem a desenvolver os piores instintos. Portanto, à luz dos conceitos, a diferença não é grande. Do ponto de vista humano, certamente, estas fotos não são uma amostra válida da média dos chineses.

É preciso ter respeito pelos que são diferentes de nós. «Amai-vos uns aos outros», e os outros são os diferentes. A China tem tradições diferentes mas tem evoluído aproveitando o que de melhor vê no mundo. Assim Fossem os ocidentais!!! Mas não são e querem torpedear quem, se ergue acima da mediocridade do Ocidente.

Juntam-se links de textos já aqui publicados referindo temas semelhantes:

- 2010 Ano de Transformações
- Transformações no Mundo
- Como será o mundo amanhã?
- A China e os direitos humanos
- Um ricaço a contas com a Justiça na China
- Lição da China contra a desertificação

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Conselhos aos políticos, para bem de Portugal

Transcrição de artigo que merece ser ponderado, seguido de NOTA

Viajar menos e trabalhar mais!
Jornal de Notícias. 26-05-2010. Por Manuel Serrão

A diminuição dos salários dos políticos não vai causar um impacto decisivo nas contas a fazer para a redução do défice, mas tem um valor simbólico que não devemos negligenciar. Quando as agruras da crise obrigam o Estado a aumentar os impostos em geral e a cortar nos rendimentos dos seus funcionários, não podem existir "uns funcionários" que sejam menos funcionários públicos que outros.

A medida soprada por Passos Coelho e aceite por Sócrates é o mínimo que a classe política tinha de assumir para não correr o risco de ser vilipendiada na praça pública por quem acha que são os seus membros os principais responsáveis pelo mau momento financeiro do país. Já aqui vimos que não são só eles... mas enfim.

Sendo verdade que estas "mensagens simbólicas", tendo o valor que têm, são imprescindíveis, não se percebe como é que a Assembleia da República se descuida e se desliga deste pacote, aprovando um orçamento que inclui aumento (em vez de redução) da despesa com o seu funcionamento e os seus deputados para 2010.

Apesar do que dizem alguns dos seus defensores, não é com uma comissão de inquérito com a da PT/TVI, que o Parlamento e os deputados reforçam a sua credibilidade perante o país. (Então quando chegamos à conclusão de que não serviu para nada...).

Já a manutenção de um orçamento que prevê e autoriza um aumento dos gastos em transportes dos deputados, realização de seminários e até de despesas de decoração do Parlamento, em vez de conferir credibilidade, mostra uma classe insensível à imagem que dela tem quem mais vai sofrer com as desgraças da crise.

Sou dos que pensam que devíamos ter políticos mais profissionais, mais bem pagos e mais focados nos assuntos da governação e da legislação. Na busca do desiderato de ter mais e melhores. Mas não cabe na cabeça de ninguém que no actual momento a Assembleia da República tenha o topete de se preparar para gastar mais dinheiro sem uma justificação plausível, que não descortinamos.

Logo agora que até o problema com as viagens da deputada Inês de Medeiros acabou em águas de bacalhau, quem é que é capaz de explicar que só os gastos com os transportes possam ter um
aumento de 25%?

Só pode ser por gralha ou distracção dos senhores deputados.

NOTA: Em concordância com esta crónica, terá interesse a leitura dos seguintes textos de grande utilidade para uma melhor compreensão da actual crise e das «medidas» incapazes de eliminarem os erros de estrutura que, se não desaparecerem, originarão em breve nova crise que obrigará a mais apertos de cinto ou a substituir este por uma pequena pinça (isto para os que não mamam do orçamento).

Além de viajarem menos e trabalharem mais, convém que falem menos, se deixem de baladas para adormecer os cidadãos e passem a dizer apenas coisas verdadeiras, úteis e consequentes para o desenvolvimento da felicidade dos portugueses. Devem falar apenas quando o que querem dizer tenha mais valor do que o silêncio. Queremos planeamento estratégico, programações lógicas e coerentes para bem de Portugal, focando os temas indicados no último link da lista seguinte:


- O tango e a tanga
- "Sacrifícios para todos"
- "Se Governo achar mole, carrega", diz Jerónimo
- O saber científico e a realidade
- Os Pobres que paguem a crise ?!
- Ocultação sistemática da verdade ???

domingo, 16 de maio de 2010

Colher informação para não errar

Dentro do são critério de que é indispensável pensar antes de decidir, os médicos apenas receitam a terapia depois de fazerem o diagnóstico, por vezes com o apoio de vários exames prévios variados e cruzados. Também na governação de um País, problema bem mais complicado por afectar milhões de cidadãos, se deve usar igual cuidado. Impõe-se ouvir opiniões de pessoas imparciais, conhecedoras dos problemas não apenas nos aspectos teóricos e científicos mas principalmente nos aspectos técnicos e práticos e nas suas implicações na vida dos mais desprotegidos e indefesos. E nas decisões, em momentos difíceis em que não se pode errar, nem entrar num esquema de zig-zag ou de começa, pára e volta a começar de outra forma, com os consequentes esbanjamento de recursos, depois de definidas as soluções que parecem melhores e de bem ponderadas, devem ser ouvidas as forças da oposição e outras forças vivas, para chegar a uma espécie de compromisso, ou de consenso.

É isso que tem feito o PM com o líder da força mais representativa da oposição e é isso que hoje faz o PR em conversa com os ex-ministros da Finanças dos últimos governos. A intenção não é má, embora o governador da Madeira afirme que todos esses ex-ministros contribuíram para a crise. Realmente esta não surgiu de repente do nada, mas, pelo contrário, foi germinando com a corrosão da estrutura financeira que foi desenvolvendo formas lesivas dos interesses nacionais, em benefício da corrupção e do enriquecimento ilícito, a que todos fecharam os olhos apesar de alguns terem alertado para esse cancro mortal. E depois da implosão social, os governantes continuam subordinados aos poderosos da alta finança a agir como marionetas bem seguras pelos cordelinhos de controlo, sem atacarem os pontos fracos causadores da derrocada que continua o seu trajecto demolidor.

Um facto curioso é que muitos desses sábios são professores universitários que sabem recitar de cor frases bombásticas de «grandes» cientistas, parecendo, no entanto, ignorarem o que isso tem realmente a ver com as realidades no terreno e sem saberem explicar por palavras simples essas regras para o povo as compreender. Mas a clareza não é o seu forte, porque para manterem a aura de sábios, convém usar de tabus, controlar os silêncios e usar sabiamente a burka dos génios!!!

Um dos problemas do País é o desemprego, mas esse não deve combater-se com investimentos de elevado custo que não resolvam necessidades fundamentais da população de hoje e de amanhã, que não sejam rentáveis, produtivos de bens que sirvam para consumo interno e para exportação. Sem estas características, tais «investimentos» são apenas esbanjamentos de ostentação de consumismo destruidores de recursos, já escassos. Investimentos há que se parecem com o facto de um remediado comprar um Jaguar ou um Maserati, quando as suas necessidades seriam bem resolvidas com um Smart, ou Citroen C-1. E o pior são os custos encarados com o crédito a juros elevados.

Outro problema é o fosso existente entre os mais ricos e os mais pobres. E lembram as conclusões do encontro das Fundações Portuguesas, que ocorreu na Fundação Eng. António de Almeida, no Porto, que o combate à pobreza "não se restringe a questões de distribuição de rendimentos". Segundo o presidente do Centro Português de Fundações, Emílio Rui Vilar, a erradicação da pobreza é uma "utopia", que comparou à abolição da escravatura: uma utopia também "que se tornou realidade".

Um dos alvos prioritários será a educação ensinando, ensinando a gestão da vida particular, a administração do dinheiro que é finito, o estabelecimento de prioridades nas necessidades a satisfazer, e paralelamente a formação profissional em moldes práticos por forma a criar mais riqueza, a ter flexibilidade de emprego, opinião própria que contribua para a inovação. Empreendedorismo que permita fazer face ao desemprego com a criação de actividades úteis, rentáveis e sustentáveis.

E se não forem esquecidos os objectivos claramente definidos e orientados estrategicamente para o desenvolvimento em benefício da população, então pode dizer-se que reduzir os investimentos bem decididos poderá estar errado e conduzir à estagnação.

Um ministro disse que a América saiu da crise de 1929 através do investimento público. Mas não se tratava do investimento no Jaguar e no Maserati referido atrás, mas na decisão judiciosa e proporcional à necessidade, rentável, geradora de recursos e de bens indispensáveis. Os políticos «intelectuais» procuram espantar o cidadão com tiradas de «elevado» saber, mas apresentadas de forma errada, por ignorância ou por má intenção.

sábado, 15 de agosto de 2009

O futuro de Portugal assentará no turismo?. 060315

(Publicada no Diário de Notícias em 15 de Março de 2006, p. 9)

Um amigo meu, regressado de uma visita aos Emiratos Árabes Unidos, confessa-se fascinado com a aposta séria no turismo traduzida em novas instalações hoteleiras únicas no Mundo e em obras de grande vulto por todo o lado. Isto não surpreende porque, há já vários anos, chegavam notícias da preparação para a época pós-petróleo. Havia que decidir o futuro destes países e a escolha caiu nas altas tecnologias e no turismo, com prioridade para este. Depois havia que actuar com perseverança em consonância com esse objectivo nacional. E a coerência e convergência de acções está a produzir resultados bem visíveis.

Em Portugal, também já se ouviram vozes dizendo que o futuro do País assentará no turismo, mas tal não constitui, ainda, objectivo nacional aceite e difundido por todos os partidos com potencialidade governativa. No entanto, e por não estar claramente definido e aprovado como objectivo nacional, já temos verificado muitos passos atrás e muita burocracia retardadora: foram os impedimentos levantados contra três empreendimentos turísticos em Belmonte por estar próximo de zona protegida, em Benavente por ameaçar alguns sobreiros, em Baião, por estar à beira do Rio Douro. Também no Algarve um empresário pensou construir uma ilha artificial à semelhança das existentes no Dubai, mas a burocracia e os pruridos ecológicos irão produzir, certamente, os habituais efeitos desencorajadores. Agora surge a notícia do encerramento das viagens do intercidades entre Porto e Régua que retira as esperanças que localmente vinham sendo desenvolvidas quanto às perspectivas do turismo do Alto-Douro.

Afinal, qual será o futuro económico do País, por forma a poderem ser pagas as importações que crescem a ritmo preocupante, sem contrapartida proporcional por parte das exportações.