Mostrar mensagens com a etiqueta competitividade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta competitividade. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mar, Agricultura e Indústria

Transcrição de artigo de opinião que convida a meditar sobre as palavras, ideias ou intenções e as realidades visíveis:

A expiação de Cavaco
Económico. 22/11/12 00:25 | Helena Cristina Coelho

Rodeado por criativos e especialistas em tecnologia e inovação, Cavaco Silva subiu ao palco para falar do futuro.

Rodeado por criativos e especialistas em tecnologia e inovação, Cavaco Silva subiu ao palco para falar do futuro. Mas foi ao passado que acabou por regressar ontem, na abertura do Congresso das Comunicações. Os portugueses, alertou o Presidente, precisam de voltar a olhar para os sectores que esqueceram nas últimas décadas: o mar, a agricultura e a indústria. Isto porque, justificou, é preciso ultrapassar estigmas, é obrigatório criar riqueza no país, é urgente gerar novas bases de crescimento económico. E isso deverá passar por produzir mais e melhor esses produtos e serviços, para chegar aos mercados externos.

Se Cavaco Silva acredita mesmo que a regeneração económica do país passa por voltar a investir em sectores que passaram as últimas décadas a ser esvaziados, é bom que saiba como isso se faz. Porque, nesses mesmos anos, pouca gente ou quase ninguém soube como (ou conseguiu) travar o declínio das pescas, o abandono das terras ou o fecho sucessivo de fábricas.

O próprio Presidente, num artigo de opinião publicado há um ano no ‘Expresso', já discursava nesse sentido. Que venham mais apoios para a agricultura, que se incentivem os jovens, escreveu na altura. Metas bem intencionadas - só é pena que colidam com os números que seguem em sentido contrário.

Já nessa altura, apenas 2% dos agricultores tinham menos de 35 anos e 10% tinham menos de 45 anos, com tendência a agravar-se. É possível que hoje sejam mais, empurrados pela crise e pelo desemprego a criar novas oportunidades onde (ainda) há abandono e desinvestimento.

Mas quantos destes - apesar de tudo, nobres e necessários - projectos empreendedores podem dar verdadeira escala à economia portuguesa? E quantos serão necessários para que Portugal resgate da sombra sectores tão maltratados como o mar, a terra ou a indústria?

Haverá muitos culpados nesta história, desde as políticas e quotas comunitárias que condicionaram os volumes de produção no país, aos subsídios que fomentaram muita dependência e comodismo em vez de competitividade, sem esquecer o próprio plano económico do país que, a certa altura, preferiu o betão das autoestradas a pastos e searas.

Cavaco Silva estava lá e sabe como poucos o impacto que essas decisões tiveram na sobrevivência desses sectores. O que faz parecer esta sua proposta um acto de expiação pelos factos passados. Os portugueses, ao contrário do que diz o Presidente, não esqueceram esses sectores - tanto é que muitos estão a regressar a esses negócios, investindo, inovando, diversificando. Porque sabem que o mar, a agricultura e a indústria estão longe de se esgotar no peixe, na fruta ou numa peça de roupa. Mas acreditar que isso basta para alavancar a economia não é um plano para o futuro. Parece mais uma remissão do passado.


Imagem de arquivo

sábado, 19 de novembro de 2011

CUIDADO com as «divindades» da TROIKA

Errar é humano, mas há erros previsíveis pelas tendências e interesses subjacentes às atitudes. Os «sábios» da Troika são representantes de interesses poderosos no mundo, o FMI, e como tal, por mais que quisessem não conseguiriam descer aos problemas das pessoas, compreendê-los e procurar para eles as melhores soluções em conformidade com todas as vicissitudes das circunstâncias.

Por isso, como foi há dias referido aqui, veio a público a notícia de que a Troika quer que empresas também cortem nos salários em 2012, contra o que surgiram de imediato várias reacções e a que o PR não ficou indiferente, como diz a notícia Cavaco critica sugestão de baixar salários no privado.

Por um lado, há que atender a que não é favorável ao desenvolvimento procurar a competitividade com salários mais baixos, mas sim, aumentando a capacidade de inovação e melhorando a qualificação dos recursos humanos, simultaneamente com investimento na eficiência dos equipamentos industriais e nos métodos de trabalho com uma boa ligação entre o ensino superior e as empresas, além de muitos outros factores como a qualidade da marca e o marketing.

Por outro lado, de acordo com o modelo económico português, “o poder político não tem competência para determinar directamente os salários praticados no sector privado”, devendo deixar funcionar a livre iniciativa, dentro de limites que salvaguardem o respeito pelas regras da leal concorrência.

Esta atitude da Troika, ao contrário dos milionários americanos, pretende que Portugal resolva o problema da crise, gerada por más decisões de governantes sob pressão de grandes empresários e outras espécies de milionários, não à custa de quem mais tem mas à custa de quem vive do salário do trabalha e que se vê frequentemente espoliado do pouco que recebe.

Agudizar o empobrecimento já bastante notório inviabiliza qualquer esforço de desenvolvimento e de recuperação da crise, como se vê pelas notícias Indicador de consumo privado com novo mínimo histórico e Actividade económica e procura mantiveram perfil negativo em Setembro.

Não é difícil compreender que, baixando o poder de compra das pessoas, o comércio começa a facturar menos, muitas lojas encerram, aumentando o desemprego, a indústria passa a produzir menos, com perigo de falências e desemprego, o total recebido dos impostos diminui e a crise agrava-se.

As «divindades» da troika não são infalíveis, não fazem milagres e nem sempre analisam os problemas nas suas complexas implicações. Cavaco, desta vez, colocou o dedo na ferida com justeza, oportunidade e sem ambiguidade.

Imagem de arquivo

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sector têxtil aumenta exportações

Da notícia do JN «Têxtil e vestuário com exportações recordes» extrai-se:

"Pode dizer-se que 2010 será bastante positivo e que poderemos ter o maior crescimento das exportações da última década", adianta ao JN o director-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Segundo Paulo Vaz, o último ano em que as exportações de têxtil e vestuário cresceram foi o de 2007 e, nesse ano, o aumento foi de 4,6%.

"Até Outubro, as exportações cresceram 4,8% e acredito que vamos fechar o ano acima dos 5%", refere o director-geral da ATP.

A potenciar este aumento estão os sectores dos fios e tecidos e têxteis-lar e, apesar de, no vestuário, o capítulo do vestuário de malha (que tem um peso de mais de 40% nas exportações desta indústria) registar uma diminuição, o sector está optimista. (Para ler toda a notícia faça clic aqui)

NOTA: Seria bom que outros sectores se reorganizassem por forma a aumentar a sua competitividade no mercado internacional. A Balança comercial é uma parcela fundamental da Balança de pagamentos, isto é, da solução da «dívida soberana».

Imagem do JN

sábado, 5 de junho de 2010

Competir e concorrer

Numa época em que se defende a necessidade de aumentar a produtividade e a competitividade da nossa economia em âmbito de globalização, vale a pena meditar no texto a seguir transcrito e na NOTA que se adita:

Regionalizar Portugal
Jornal de Notícias. 31-05-2010. Por Carlos Abreu Amorim

1. Portugal (a par com a Grécia) é o país mais centralizado da Europa. As decisões administrativas e políticas que há muito foram transferidas para entidades locais e regionais nos países que têm sucesso, por cá fazem ainda parte do descomunal acervo de atribuições e competências que empanturra o Governo. Portugal é um país, indecorosamente macrocéfalo e desigual. A discrepância no progresso das suas regiões é o reflexo mais nítido da obstipação centralista que impede a visão de Portugal como o todo uno que deveria ser.

Num país onde quase tudo deriva do Estado, é indubitável a relação directa entre os nossos fraquíssimos índices de desenvolvimento económico, social, cultural e político, e a obsessiva centralização que nos entreva.

2. O Norte perde riqueza e população, desbarata a sua massa crítica, arruína as oportunidades e os sonhos das suas gerações mais novas, extravia a sua identidade e amor-próprio ao ver-se forçado a mendigar junto do poder central os refugos daquilo a que tem direito. Apesar de ser a região mais exportadora do país e a que tem melhor saldo na balança comercial, é no Norte que o desemprego mais aumenta e o investimento mais diminui - documentos oficiais demonstram que 58,6% do investimento feito nos projectos PIN estão no Sul do país, sendo que os projectos PIN do concelho de Grândola excedem em quatro vezes o que foi realizado em todo o Norte… Os fundos comunitários têm contribuído para o acentuar deste desequilíbrio: os dois primeiros quadros comunitários de apoio patentearam um subfinanciamento crónico do Norte, sendo que o actual, infelizmente, não deverá primar pela diferença.

Há uma 'Lei de Bronze do Investimento Público': os Estados que perfilham militantemente a 'Tradição do Mau Governo', como o nosso, dão sempre prioridade ao investimento nas suas redondezas territoriais em detrimento das zonas que são mais remotas do lugar onde reside o poder de decisão.

Portugal é o exemplo acabado desse modelo antigo cujo falhanço, em todo o lado, forçou a transferência dos poderes centrais para entidades mais próximas dos cidadãos sobre quem vai recair a decisão pública.

3. Um grupo de cidadãos que não se conforma com este lamentável estado de coisas está empenhado em fazer um partido regional do Norte. O seu desígnio é lutar politicamente para mudar Portugal e forçar a descentralização regional. Como de costume, levantaram-se inúmeros obstáculos. Garantem os centralistas que a Constituição não o consente, que a crise actual não o tolera e que há reformas mais urgentes.

É no mínimo estranho que os centralistas citem a Constituição para contrariar o cumprimento de um princípio que a própria Constituição prevê desde 1976 e que nunca foi executado: a regionalização.

Embora não esteja seguro que um novo partido político seja o instrumento ideal, não há reforma que faça mais sentido - sobretudo neste momento de crise. A reforma regional da nossa Administração tornou-se num imperativo sem possibilidade de recuo, a reforma das reformas o 'sine qua non' do desenvolvimento - ao contrário, a sua falta é a grande explicação para a nossa presente penúria.

A regionalização foi em toda a parte o caminho para diminuir o peso do Estado e de o tornar mais eficiente. Todos os países do primeiro mundo fizeram da regionalização a receita para aumentar a riqueza, o incentivo para a criação de oportunidades nas zonas mais desoladas, a hipótese de fixação de população mais jovem no interior e, principalmente, a fórmula que sedimentou a participação cidadã e fez medrar a ideia da liberdade.

A liberdade só está completa no seu sentido de cidadania quando as pessoas sentem que ela possui significado concreto nas decisões que conformam as suas vidas. Se o poder é distante e alheado, os cidadãos ausentam-se da política e desinteressam-se da sua própria liberdade.

Pois, como ensinava Alexis de Tocqueville, o sentimento da liberdade não se despeja de cima para baixo - a liberdade ou é sentida na dimensão local (e regional) ou não tem alicerces para sobreviver a nível geral.

NOTA: Talvez esta seja a solução para uma competição e concorrência interna entre as regiões que acorde as pessoas e as tire do marasmo que tudo permite e aceita. É preciso acabar com o unanimismo amorfo que se verificou na aprovação da lei do financiamento dos partidos e na votação por unanimidade em congresso do PSD da lei da rolha de que todos, a seguir, se confessaram arrependidos. É este Portugal que precisa de ser mudado urgentemente, através do despertar de energias que têm andado escondidas e transformado as pessoas em ovelhas cegamente obedientes a pastores oportunistas movidos por interesses egoístas.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Inovação e competitividade. 050330

(Publicada no Diário de Notícias em 30 de Março de 2005)

O arquitecto Tomás Taveira, numa publicação dominical, sugere que «nós teríamos que criar condições para atrair os estrangeiros que são melhores do que nós a fim de nos ajudarem a rapidamente atingirmos patamares aceitáveis...» «A inovação não vai ser espontânea, pelo que é necessário uma enorme dose de paciência e capacidade de aceleração».

Taveira fala de um fenómeno que conhece, mas, antes de recorrer à ajuda de investigadores e cientistas estrangeiros, há que apoiar com incentivos os jovens portugueses que evidenciam capacidade igual à dos melhores estrangeiros e que, por falta de estímulos no país, vão trabalhar para instituições científicas estrangeiras. Vale a pena olhar para o exemplo de Taiwan que baseou os primeiros passos do seu processo de desenvolvimento no regresso (conseguido por persistente persuasão) de nacionais que estavam a obter êxito no estrangeiro. Por outro lado, no nosso Instituto Superior Técnico e noutras instituições congéneres, há um número apreciável de docentes e discentes que se evidenciam pela criação de protótipos, muito apreciados no estrangeiro, e que muito podem fazer a favor da inovação nas nossas empresas e da sua competitividade no campo das altas tecnologias. O fecho da abóbada desta metodologia será o incentivo aos que apresentarem projectos mais criativos aplicáveis à necessidade de desenvolvimento do país, incluindo facilidades para registo de patentes. Merece ser enfatizado como exemplo o actual concurso para empreendedores apoiado por uma grande instituição bancária.

Paralelamente a estes aspectos de resultados relativamente rápidos, há que desencadear, desde já, estratégias de longo prazo assentes na reestruturação do ensino com vista à «reforma das mentalidades», ao incentivo de comportamentos e vivências culturais orientadas para a inovação e a competitividade. As empresas precisam de técnicos jovens preparados para as três fases da sua laboração: fabrico do produto actual e respectivo marketing; preparação do produto da geração seguinte (a seguir um ano após); e formulação técnica do produto seguinte. Na era da alta tecnologia, as inovações estão a suceder-se com intervalos cada vez mais pequenos. Uma marca não pode adormecer sobre o êxito obtido por um modelo, descurando a criação de um melhor. Li, há pouco tempo, que uma conhecida marca divulga as inovações dos produtos logo que os coloca no mercado, para ter concorrência que a incentive no aperfeiçoamento das tecnologias e na criação de produtos mais sofisticados. Sem concorrência cairia na estagnação e, quando acordasse, poderia estar em atraso irremediável em relação ao mercado concorrente.

Certamente que autores e actores do «choque tecnológico» terão presentes as considerações dos aspectos práticos mais prioritários. Oxalá as suas intenções tenham eco no entusiasmo dos responsáveis pelo ensino e pelas empresas, para darem as mãos na conquista deste objectivo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Bem haja Presidente Sampaio - É preciso competitividade. 030425

(Publicada no «Expresso, 25 de Abril de 2003)

A actual presidência aberta constitui um passo muito significativo para o país. Não é vulgar ver-se um acto tão positivo, tão estimulante como este. Temos a psicose de chorar sobre o leite derramado, de olhar para trás à procura de algo bom que alimente a saudade e as críticas negativas ao presente e os presságios de desgraças.

É preciso não ouvir os «velhos do «Restelo»; é preciso olhar para a frente; é preciso «marchar, marchar» como dizem as últimas palavras do Hino Nacional. E para avançar, no mundo actual, é imperioso aceitar a competição, os desafios, ir à luta, inovar. Há que apontar como exemplo aquilo que deve ser imitado, e há que incitar as pessoas a seguirem esses bons exemplos.

Um dos grandes males do país fica bem traduzido na última palavra dos Lusíadas, «inveja». As pessoas, com a sua escassa formação escolar e cívica, cultivam a inveja no aspecto mais negativo que consiste em destruir tudo o que sobressai pela positiva. Gostam de nivelar por baixo. Mas é imperioso levá-los à ambição de querer subir até ao nível do mais alto ou até ultrapassá-lo, de forma honesta e construtiva.

Para o país se desenvolver, temos de encarar todos os factores, desde a escolha dos sectores mais adequados aos recursos humanos e físicos, até aos variados aspectos que contribuam para a inovação, a produtividade e a competitividade. A isto não é alheia a qualidade do ensino e da formação profissional quer dos trabalhadores, quer dos gestores, quer dos serviços públicos que devem reduzir a burocracia para diminuir a corrupção, tão referida por toda a gente e tão ignorada pela justiça.

Devem ser estabelecidos prémios aos inventores, aos investigadores e aos técnicos de desenvolvimento que apresentem programas e objectivos realistas, com resultados comprovados.

Bem haja Presidente Sampaio por querer acordar o nosso povo e dar-lhe um grande empurrão para a frente em direcção ao desenvolvimento de que resultará benefício para todos os portugueses.